O dia de domingo amanheceu bem ensolarado depois de uma noite de chuvisco. O sol nasce e logo a sala está toda iluminada recebendo os primeiros raios de sua luz, e são esses raios que bate bem no rosto de Mau fazendo despertar lembrando que esqueceu de fechar as cortinas de novo.

Ainda de olhos fechados Mau sente Juliah se mexer um pouco em seus braços, ele abre vagarosamente um olho e percebe que estão dormindo agarrados e de conchinha ...apesar de cada um ainda estar enrolado em seus devidos edredons, Mau estava abraçado a garota tão apertado que como se estivesse impedindo-a de fugir. Não faz a menor ideia de como chegaram nessa posição, já que na noite anterior estavam com um certa distância um do outro.

O perfume suave dela invade suas narinas que o faz suspirar, mas essa posição que se encontravam era realmente perigosa, por mais que Mau a respeitasse demais ele não saberia dizer se teria tanto auto-controle assim. O calor vindo da garota fez o seu corpo reagir automaticamente e precisava fazer alguma coisa rápido, antes de perder o pouco juízo que tentava manter pelo menos.

Vagarosamente ele tenta retirar seu braço.

_ Eu já estou acordada. - a garota fala

Mau para de se mexer no mesmo instante sem saber direito o que fazer.

_ Só estou esperando você me...soltar. - ela completa.

_ Oh, me desculpe... - ele fala tirando os braços meio sem jeito. - _ Eu...eu nem sei como é que ficamos assim...

_ Tudo bem...eu acho. - ela diz sentando e ficando em silêncio olhando para o nada.

Mau também senta sem saber o que falar e fica em silêncio junto.

Depois de um tempo ela solta um longo suspiro. - _ Isso foi bem constrangedor.

Ele entorta a boca ainda em silêncio, foi constrangedor realmente mais não conseguia negar que adorou acordar com ela desse jeito. - _ E está tudo bem mesmo assim?

_ Eu não faço a menor idéia de como vou explicar essa situação para meu futuro namorado. - ela fala ainda olhando para o nada.

_ Você só pensa em namorar. - Mau revira os olhos, porque no fundo era tudo que ele queria ser dela...mas não podia.

_ Mas é verdade!!! É a nossa primeira vez de dormir de conchinha e essas coisas se fazem com namorados e não com amigos. Você também deveria pensar como se explicar para a sua futura namorada. - ela faz uma careta indignada por ele não achar que isso não é normal.

Mau morde os lábios segurando a risada, estava achando muito divertido a fisionomia indignada que ela fazia e estava tão linda.

_ Você está achando engraçado??? - ela fala mais indignada ainda olhando para ele e balançando suas mãos para os lados.

Foi o suficiente para Mau soltar uma gargalhada voltando a deitar.

_ Não tem graça!!! - ela diz cruzando os braços tentando ficar brava mais acabou rindo da risada dele.

_ Desculpa Ju, eu nem sei o que dizer. - ele realmente estava adorando ter sido o primeiro dela nisso assim como ela também era a primeira dele que dormia desse jeito tão íntimo.

Ela também começa a rir alto, é o que resta para fazer.

_ Faz tempo que está acordada? - Mau pergunta meio sem graça.

_ Meia hora mais ou menos.

_ E porque não me acordou?

Juliah fica corada na mesma hora. - _ Eu tentei mas você me abraçou mais ainda...e...estava bom...

E foi a vez de Mau também ficar vermelho e surpreso, a garota faz um estilo mais quieta como ele, então é difícil para ele decifrar alguma coisa, ficou satisfeito em saber que ela também gostou disso, ele ameaça abrir a boca para falar exatamente sobre isso mas ela continua.

_ Deu para pensar pelo menos. - a garota muda de assunto.

_ Pensar sobre o que? - ele diz curioso.

_ No que você me disse ontem, e eu vou voltar hoje, preciso enfrentar logo isso.

Mau solta um longo suspiro de alívio, ela não iria ficar longe dele enfim. - _ É o melhor a fazer.

Ela sorri e se levanta. - _ Vamos tomar um banho bem quente porque estamos um caos total.

Ele levanta também indo cada um para seus devidos quartos trancando as portas.

A manhã passou tranquila ficaram pela casa mesmo, até porque caiu uma neblina forte no meio da manhã, dificultando a visão. Nunca faltava assunto para eles, as suas linhas de raciocínio eram muito parecidas.

Resolvem fazer um piquenique no almoço depois que o tempo abriu completamente. Saem da casa levando algumas coisas numa cesta. Estendem uma toalha grande embaixo de uma árvore a beira do lago, sentam um de frente para o outro com alguns petiscos e sucos entre eles. Vez ou outra um esquilo desce o tronco da árvore pedir alguma noz que eles também levaram.

_ Sabe Mau, eu consigo ver um luz no final do túnel dessa vez.

_ Por que você diz isso?

_ Sobre achar um meio termo, eu acho que poderei realmente ampliar minha capacidade de ajudar animais seguindo outro caminho além da veterinária.

_ Olha o que você fez na ONG, sob sua direção, você ampliou espaços, parcerias e tudo isso sem nenhuma verba, apenas com acordos e negociações. Você é uma líder nata, exatamente como seu pai, acho que por isso tem tantos conflitos entre vocês. - Mau diz tomando um gole do suco.

_ Eu quero realmente sentar e conversar com ele agora, quero compartilhar minhas idéias mas com propósito dessa vez, não sei como será isso.

_ Eu tenho certeza que você achará um meio e sairá muito bem como tudo que você faz. - ele diz encostando no tronco das árvore ainda sentado.

Ela sorri e encosta ao lado dele olhando para o lago.

_ Só preciso achar um jeito de juntar soja nisso tudo que eu quero.

_ Porque não começam a investir em alimentação animal de soja? - Mau diz olhando a embalagem de patê de soja Jrs. que estava em cima da toalha enquanto pegava um pedaço de pão.

Ela vira a cabeça para ele vagarosamente. - _ Para animais?

_ É possível, sei de algumas empresas que revertem o lucro para causas variadas, poderia também reverter para algo animal ou algum dos seus projetos.

_ Mas isso é uma ideia incrível Mau!!! - ela diz animada. - _ Rações específicas para cães e gatos!

_ Até outros. - ele diz jogando o pedaço de pão no lago e logo vem alguns peixes comer. - _ Peixes, aves, equinos, bovinos enfim, acho que todos podem comer, sei lá, deve ter pessoas específicas que produzem ou formulam isso, químicos... não sei como funciona.

_ E também reverter lucros para revitalizações de áreas!!! - ela fala animada.

_ Seria ótimo, sua ideia de árvore frutíferas é incrível, meus vizinhos todos querem plantar depois que viram o que plantei em casa e entenderam para que serve, tem muitas pessoas disposta a ajudar e não fazem por falta de ideia ou recursos, mas oferecem mão de obra. Falta alguém que os orientem com fazer. - ele explica a reação em seu bairro. - _ Você tem esse poder de persuasão.

Juliah abriu um sorriso enorme, não falou nada, mas tinha um brilho diferente no olhar, dava para perceber milhões de idéias borbulhando em sua cabeça. Mau gostou de vê-la assim, no fundo ele só queria ela feliz perto dele e se ela chegar a um acordo com o pai dela será declarado paz.

Ela o abraça calorosamente e ele lógico retribui na mesma intensidade. - _ Obrigada Mau.

Seu corpo reage automaticamente quando a garota faz isso, se arrepia inteiro quando ela fala desse jeito tão perto do seu ouvido.

_ Vamos voltar? - ela diz animada.

_ Vamos!!! - responde rápido mais animado ainda.

Despedem-se dos caseiros e no caminho da casa Mau pede para voltar com ele de moto.

_ Não...eu volto dirigindo!

_ Sem documentos, sem carteira de motorista e sem experiência em direção? - ele franze as sobrancelhas.

_ Lógico que sei dirigir, eu já falei que tenho carta!!!...Só não tenho muita experiência.

_ Eu sei que você sabe e eu não duvido disso, mas mesmo assim vem comigo, depois o James ou sei lá quem vem aqui pegar seu carro.

_ Mau eu juro que não consigo compreender a sua linha de raciocínio, como que você vê perigo em tudo desse jeito?

_ Eu é que não entendo como que você não enxerga o óbvio, você tem idéia de quantos acidentes de carros acontecem por dia? Quantos caminhoneiros ou motoristas imprudentes tem nas rodovias? Para alguém sem muita experiência é arriscado. - ele fala indignado dela não perceber o quanto estradas são perigosas.

_ Agora eu acho que consigo entender isso. - Juliah diz pensativa refletindo o que o rapaz disse.

_ Eu sei que você precisa praticar para adquirir experiência e dou o maior apoio para isso, mas nas suas atuais condições eu seria totalmente irresponsável incentivar alguém pegar estrada sem documentos.

_ Ok, já sei que não adianta argumentar com você, seu teimoso.

Mau pilota devagar, adora a sensação da garota abraçada na sua cintura. Ele percebe pelo retrovisor um carro preto com duas pessoas dentro seguindo eles todo o trajeto, apesar de estarem com roupas comuns Mau reconheceu que são os dois seguranças do pai, lógico que o Sr. Ryckel mandaria vigiar, porém Mau preferiu não contar isso para Juliah que odiava quando o pai fazia isso.

Agradeceu mentalmente por ter conseguido reverter essa situação sem confronto direto entre pai e filha. Agora era o momento de deixar ela calma, nem queria imaginar a reação de Juliah se os seguranças tivessem entrado para pegá-la na propriedade de Bath.

Em pouco mais de 40 minutos ele estaciona em frente ao portão da casa dela, ela digita um código e o portão abre e agora ele se dá conta que os pais da garota está na casa.

Engole a seco, não podia fazer Juliah descer no portão e andar até a casa, mas, também não queria que os pais dela visse ele, embora soubessem que ele passou o final de semana junto com a filha deles.

"Que droga!" - pensa por um momento antes de acelerar residência adentro sem ter a menor idéia do que fazer.

Logo estaciona em frente ao pórtico a garota convida para entrar e ele recusa imediatamente.

_ Vocês todos tem muito o que conversar, me prometa que se alguma coisa acontecer a você, qualquer coisa mesmo: me ligue?

_ Ok... prometo!

_ E nunca mais fuja de novo assim...nunca mais mesmo...se você sentir-se sufocada, quiser dar um tempo longe disso tudo me fale, eu "fujo" com você. - ele fala em tom de brincadeira mais no fundo era bem sério.

Ela o abraça calorosamente e ele retribui afundando seu rosto no pescoço da garota, queria ter esse perfume dela com ele mais um pouco, já estava viciado e ia sentir falta assim que ele fosse embora...e é o que aconteceu.

Mau não estava totalmente tranquilo pois não fazia a menor idéia se Juliah iria se acertar com seus pais, é uma relação complexa de anos...mas pelo menos ele sabe que transmitiu confiança a garota para ela procurá-lo quando quisesse.