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As minhas pernas doíam e após um longo dia, chegamos em casa acabados. Passamos um dia maravilhoso, fomos ao parque e aproveitamos para conhecer lugares que eu ainda não havia visitado. Por algum motivo eu nunca me interessei por conhecer Seoul, eu apenas vivia ali e para mim, isso era o suficiente. Taehyung contou um pouco sobre a sua carreira e sobre os seus objetivos ainda como membro do grupo gerido por Namjoon, algo que me deixou orgulhosa. Não me esqueceria destes momentos e juntos criávamos memórias que seriam difíceis de esquecer.
O nosso amor era leve e me transmitia muita paz, desta vez, eu não desistiria tão fácil do seu amor e lutaria por nós. Ele sentiria o meu amor na pele e ficaria feliz com isso, essa era a minha promessa para nós. Não deixaríamos de ser, mesmo o mundo lutando contra os nossos sentimentos, cuidaríamos do nosso amor assim, um dia de cada vez.
— Preciso levá-lo de volta para a casa dos meus pais. – comentou ele se levantando do sofá.
Afastei os meus pensamentos e me concentrei nele. Estávamos jogados no sofá desde que chegamos ali e a nossa aproximação era notória, queríamos estar juntos e isso era um sentimento bom. Amava isso, pensei que jamais conseguiria me aproximar dele e que o nosso amor estaria para sempre condenado.
— Por qual motivo? – questionei, não queria que o cãozinho fosse embora.
— Não temos nada para ele aqui. – explicou. — Ele precisa comer e a sua caminha está na casa dos meus pais. – continuou o pegando no colo. — Será melhor se ele ficar com os meus pais até decidirmos o que fazer.
— Isso é injusto. – rebati. — Você precisa permitir que ele fique comigo, não pode sair e comprar algumas coisas para ele? – fiz biquinho esperando funcionar.
— Amor. – tentou com calma. — Prometo trazê-lo com mais frequência, em breve. – ele se aproximou e colocou o cãozinho no chão. — Não se preocupe, ele é nosso e em breve estará para sempre conosco.
Sem esperar alguma reação, ele se aproximou e entrelaçou os seus lábios aos meus. Me sentia bem e acreditava em suas palavras, mas achava o Yeontan tão fofo que adoraria tê-lo em minha vida por algum tempo.
— Está bem. – aceitei parando o nosso beijo.
— Volto logo. – disse me sorrindo. — Por favor me espere, quero ir para a cama contigo.
Taehyung se afastou e pegou o seu animalzinho no colo, caminhando em direção a saída. Respirei fundo e me levantei, indo em sua direção. Antes de sair por completo, ele me abraçou e me permitiu despedir de Yeontan. Com um sorriso doce e gentil, ele se afastou. O meu corpo estava pesado e eu me sentia cansada, não conseguiria ficar acordada por muito tempo. Fechei a porta e voltei para o sofá, onde me sentei novamente. Apesar de todo o cansaço, o nosso dia foi perfeito e eu amava cada minuto ao lado do meu amor.
Não me esqueceria de tais momentos e a felicidade reinaria em nosso lar por um bom tempo, até compreendermos o que era certo para então passar aos nossos filhos. A felicidade ao lado do amor de Taehyung tinha um outro significado, algo que eu não conseguiria descrever, mesmo tentando muito. Não foi possível continuar a minha linha de raciocínio, pois, ao fundo, a campainha tocou.
— Estou indo. – gritei me levantando.
Caminhei em direção a porta com muita vontade, sem hesitar ou pensar, girei a maçaneta da porta e a abri. Assim que os meus olhos avistaram o rosto conhecidos, mas odiado, as minhas pernas tremeram e eu senti que poderia cair a qualquer momento. A paralisia tomava conta de mim e as probabilidades de estar sonhando eram grandes, mesmo assim, distantes. Respirei fundo e procurei conter tudo o que estava sentindo dentro do meu peito.
— Mã .. mã .. mãe? – não conseguia proferir e um calafrio percorreu o meu corpo, me assustando.
— Filha. – murmurou sorrindo.
Algo estava errado, algo havia acontecido. Ela estava muito feliz e isso só podia significar que estávamos diante de uma guerra, o seu sorriso não possuía um significado bom. Lembro de amar o sorriso da minha mãe, assim como tudo o que ela representava em minha vida. No fundo, sempre fiz o que ela quis por querer uma aprovação da sua parte. Ela era a pessoa que eu mais amava no mundo e eu queria manter isso, por anos, ela foi e permaneceu o meu maior exemplo.
— Vá embora! – pedi. — Não quero você aqui.
— Filha, eu só quero conversar com você. – disse. — Por favor, me escute
— Você não quer nada, não tem o direito de querer algo. – disse. — Vá embora! Não quero você perto de mim ou da minha família.
— Não posso. – ela cruzou os braços e esperou a minha resposta. — Preciso que você me escute, é importante.
— O que você quer? – não tinha nenhum interesse em saber o que ela queria de mim. — Veio aqui para me maltratar de novo? É isso? Pedir que mate os meus filhos ou pretende fazer isso com as suas próprias mãos? – o pavor em seus olhos foi nítido.
— Após tudo o que eu fiz, sei que não mereço o seu respeito ou perdão. – ela falava com calma. — Mas queria avisar que ele está aqui e desde que soube que são gêmeos, está aficionado na ideia de que os bebês são dele. – ela falava, mas eu só sentia raiva. — James acha que as crianças pertencem a ele, assim como você, eu não consigo tirar essa ideia da sua cabeça.
— A culpa de tudo isso é sua, foi você que começou com isso. – a raiva e o ódio que sentia saía por meus lábios sem que eu pudesse me controlar. — Você me jogou nos braços de James, permitiu que ele fizesse horrores comigo e ao invés de ficar ao meu lado, me proteger como uma mãe deveria fazer, você o elogiou por isso. Acha normal o seu comportamento? O que espera que ele faça, desista de mim? Após você o atiçar contra mim e contra a minha vida? – as minhas palavras eram duras, mas necessárias.
— Eu sei! – exclamou. — Não me orgulho disso, mas não posso voltar atrás e nem o controlar. – ela respirou fundo. — Sinto muito por tudo o que aconteceu e a única forma que encontrei para me redimir, é avisando. Ele está com ódio e tentará algo contra a sua vida ou contra a vida de Taehyung.
— Vá embora! – gritei. — Suma com o seu amante e nunca mais apareça. – pedi em gritos.
— Irei. – respondeu com calma. — Mas não diga que não foi avisada. – ela me olhou de cima a baixo. — Está linda, sinto muito por não ser a mãe que você merece.
— Guarde a sua falsidade para você. – desdenhei. — E suma da minha vida. – exigi ainda alterada.
O meu coração palpitava forte e a minha respiração ofegou, não queria passar raiva e nem queria começar uma briga maior. No entanto, a presença da minha mãe sempre significava problemas e ela não parecia ver isso. Estava nesta situação com James por sua causa e somente ela deveria ser culpada por isso. Agora era um pouco tarde demais para mudar de opinião ou querer mudar de lados.
— O que está acontecendo aqui? – ouvi a voz de Taehyung seguindo por seus passos apressados.
— Nada! – exclamei. — Essa mulher já está indo embora.
— Você está bem? – ele passou as suas mãos por meu rosto e por minha barriga, procurando algum sinal de ferimento. — Ela fez alguma coisa meu amor?
Acenei negativamente com a cabeça e segurei as minhas lágrimas, não podia sofrer agora. O dia ao seu lado foi tão belo, seria cruel fazer isso conosco e terminar o dia sofrendo por uma pessoa que não se importava comigo ou com o nosso amor.
— Alice, por favor entra! – ele parou em minha frente e ficou imóvel. — Agora!
— Mas. – tentei.
— Entra! – o seu tom de voz me assustou e ele estava firme. — Entra agora.
Assim o fiz, ele fechou a porta atrás de si e eu rapidamente encostei os meus ouvidos a ela. Procurei ouvir algo, mas foi em vão. Não queria deixá-lo sozinho com a minha mãe, ela não era uma pessoa de confiança e poderia usar todo o seu veneno para o magoar.
— O que está fazendo aqui? – indagou ele com muita rispidez. — Já não basta todo o sofrimento que nos causou?
— Eu só vim avisar que James está louco e cego pelo ódio. – respondeu ela. — Sei de tudo o que fiz e não vim atrás de perdão.
— Engraçado, você criou essa situação. – respondeu ele. — Não permitirei que ele nos magoe novamente. Se ele tentar se aproximar, eu juro que acabo com ele contigo. – a sua voz continha a fúria do seu coração.
— Aqui está o cartão do hotel onde estamos hospedados, vá até lá e converse com ele. – senti o meu coração gelar. — O faça entender que ele não é o pai das crianças ou isso ficará muito pior. – pediu ela.
Após um longo silêncio, a maçaneta da porta se mexeu e eu rapidamente corri para o sofá. Não queria que ele me encontrasse escutando atrás da porta, o assunto era do meu interesse, mas não queria passar a impressão que desconfiava dele. Ele entrou e a fúria logo se tornou presente, mas com calma, ele veio em minha direção e se sentou. Me senti mal por colocar o nosso amor em uma situação como ela, nenhum de nós merecíamos passar por isso e no fim, a culpa era somente minha.
A sua respiração estava ofegante e os seus olhos fitaram o seu reflexo na televisão desligada. Permaneci em silêncio sem saber o que dizer, eu queria conversar sobre o que tinha acontecido, mas não queria magoar os seus sentimentos. Em algum momento ele chegaria ao seu limite e eu não queria ver isso, nenhuma pessoa aguentaria tanto sofrimento por causa de outra pessoa. Mesmo lhe proporcionando momentos bons, tinha plena certeza de que os momentos ruins seriam o suficiente para nos destruir em algum momento.
— Quando você pensa que está em paz. – murmurou ele quebrando o silêncio. — O mal aparece e te consome por dentro, como acabaremos com isso? – os seus olhos me fitaram e junto com ele, as suas lágrimas caíram. — Eu não aguento mais, Alice.
O envolvi em meus braços sem falar nada e procurei lhe passar algum conforto, mesmo não o tendo.
— Taehyung, eles não podem nos machucar. – murmurei acariciando os seus cabelos. — Sinto muito por te causar tanta dor, não é a minha intenção. – ele respirou fundo.
— Tenho a certeza de que não, nem que eu tenha que matá-los. – as suas palavras saíram com crueldade e frieza. — Você é a razão da minha felicidade e eu me certificarei que você não sofra novamente.
— Não fala assim, você não é assim. – sussurrei. — Por favor, não precisamos chegar tão longe. Talvez seja melhor irmos até a polícia e tentar nos proteger de uma forma legal.
— Eu faço tudo por vocês! – exclamou. — Até mesmo matar os dois.
Taehyung se soltou dos meus carinhos e se levantou indo em direção ao quarto. Permaneci sentada ao ver que ele fechou a porta, eu estava assustada e todo o terror começava novamente. Não seria capaz de fazer nada para impedir, lembro de imaginar todos estes acontecimentos, mas não acreditei que eles aconteceriam tão cedo. Após alguns minutos, ouvi a voz de Taehyung e gelei. Ele falava com alguém no telefone e isso me fez ter mais medo ainda.
Céus, será que o fim do mundo estava próximo?
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