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••• quatro semanas depois •••
𝔗𝔞𝔢𝔥𝔶𝔲𝔫𝔤
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Eu não sabia explicar exatamente o que sentia, mas me sentia muito bem. A Alice estava deitada ao meu lado, ainda adormecida, algo que me transmitia paz. Vê-la emanar serenidade e paz pelo ar, me lembrava que ali ainda havia resquícios da mulher alegre e amorosa que conheci antes de toda a tormenta. Para a minha felicidade, ela vestia uma das minhas camisas preferidas e esbanjava a sua beleza por todos os lados. Os seus longos cabelos estavam espalhados pela cama e o seu perfume dominava o ar, me passando confiança. A sua barriga estava linda e contemplar o crescimento do nosso filho era a melhor coisa do mundo, vivia a melhor experiência do mundo.
Após várias conversas e vários pedidos de perdão de ambas as partes, chegamos a vários consensos importantes. Em um deles, decidimos que não saberemos o sexo do nosso bebê. O seu nascimento seria para ambos uma surpresa e ao mesmo tempo, poderíamos contemplar a dádiva dos céus. Apesar da minha curiosidade e dos questionamentos dos meninos, eu me aguentava bem. Respirei fundo e me aproximei do meu anjo, encostando os meus lábios em sua pele quente.
— Eu sonhei tanto com você. – murmurei. — Sonhei com um anjo salvador e aqui estamos. Acredito que somos almas gêmeas de outras vidas, amores de outros sonhos que nasceram para se encontrar de novo. – ela sorria de canto ao me ouvir. — Em você eu encontrei acalento para o meu amor.
Neste momento eu podia dizer que o meu coração estava completo e feliz. Aos poucos, as lembranças ruins eram apenas lembranças. Eu precisava convencer a Alice de que precisávamos nos casar o mais rápido possível, somente assim, eu teria a certeza de que não nos deixaríamos de novo. Me aproximei mais e passei uma das minhas mãos por sua barriga, eu mal podia esperar para ter o nosso bebê em meus braços. Respirei fundo e me deitei ao seu lado, a puxando para mim, ficando atrás do seu corpo. Não queria que ela acordasse, mas necessitava sentir o seu cheiro pertinho de mim. Podia passar a minha vida toda, preso neste momento.
— Bom dia, Mr. Lindo. – a sua voz estava sonolenta e isso me arrancou um sorriso.
— Bom dia, amor da minha vida. – sussurrei passando uma de minhas mãos por seus cabelos. — Dormiu bem, meu amor?
— Sim e você meu amor? – ela se aninhou em meus braços.
— Com você ao meu lado, eu sempre estarei bem. – sem falar nada, ela sorriu e se virou para mim.
Acompanhei os seus movimentos com atenção, a minha felicidade estava presa em meus braços e eu não a deixaria partir de novo.
— Tae? – sussurrou abrindo os seus olhos.
— Sim. – respondi a olhando nos olhos.
— Eu te amo. – o meu coração acelerou ao ouvir. — Eu te amo muito.
Sem esperar a minha reação, ela deitou a sua cabeça em meu peito e passou as suas mãos por meu corpo. Se pudesse desejar algo, eu desejaria ficar assim para o resto da minha vida, essa era a vida que eu queria ter.
— Não podemos esquecer da consulta. – lembrei acariciando os seus cabelos.
— Sim. – sussurrou. — Confesso que estou ansiosa e não sei como reagir ao ouvir o coração do nosso bebê pela primeira vez. – respondeu se soltando dos meus braços.
— Tudo ficará bem. – disse ao vê-la se levantar da cama. — Não podemos esquecer de nos despedir dos meninos. – continuei também me levantando. — Eles viajarão em breve.
— Você acredita que eu já estou com saudades deles? – indagou vestindo a sua roupa.
— Acredito. – respondi fazendo o mesmo. — Também sentirei saudades deles, mas estou feliz por passarmos um tempo sozinhos.
— Eu também meu amor. – sorri ao ouvir.
Sempre que a olhava, eu me sentia bem. A viagem dos meninos nos daria um tempo a sós e nos proporcionaria a chance de procurar uma casa maior e comprar algumas coisas para o bebê. Eu também queria um espaço para que a Alice pudesse trabalhar sem que ninguém a atrapalhasse. Enquanto ela se preparava, eu a observava com muita atenção. Todos os seus movimentos eram graciosos e me arrancavam suspiros aflitos. O meu coração era dela e nada mudaria isso, faria de tudo para proteger o amor que tanto me amava. Desta vez, eu daria a minha vida para que ninguém a machucasse de novo.
***
O meu coração estava acelerado e as minhas pernas tremiam, me sentia nervoso e isso era notório pelo suor que despregava das minhas mãos. Desde que nos encontrávamos ali, tudo o que ouvimos era as vozes das funcionárias e ocasionalmente alguns médicos que caminhavam pelo corredor. A Alice estava tão nervosa que não se atrevia a falar comigo, algo compreensível, pois, me sentia do mesmo jeito.
— Está tudo bem? – sussurrei me atrevendo a perguntar.
— Não. – sussurrou me olhando de relance. — Estou muito mais nervosa do que gostaria estar.
Não queria compartilhar o meu nervosismo, então, guardaria os meus sentimentos para mim.
— Não fique nervosa. – disse procurando confortá-la. — Está tudo bem meu amor. – ela sorriu ao sentir a minha mão sobre a sua.
— É a primeira vez que escutamos o coração do bebê bater. – pude sentir o nervosismo em sua voz. — Estou com medo de algo dar errado.
— Alice, tudo ficará bem. – eu sabia disso. — O nosso bebê é saudável e muito perfeito.
— Alice Lee? – trememos ao ouvir o seu nome ser chamado. — Por favor, me acompanhem. – pediu uma enfermeira.
Ambos nos levantamos com algum receio e após respirar fundo, seguimos a enfermeira pelo longo corredor. Estávamos em uma sala privada, então, ninguém podia testemunhar o que passávamos. Aos poucos, eu me sentia mais nervoso do que ela e sentia que poderia passar mal. Nunca havia estado em uma clínica para mulheres antes e era a primeira vez que avistava tantas mulheres grávidas juntas.
— Bom dia, Alice. – cumprimentou o médico. — Como está se sentindo hoje?
— Cheia. – sorri ao ouvir. — Não consigo parar de comer, mas fora isso tudo bem. – ela escondia bem o seu nervosismo e mentia bem já que mal se alimentava.
— Isso é bom. – respondeu sorrindo. — Se alimentar bem é uma obrigação, não se esqueça disso. Por favor, se troque.
A Alice sorriu e seguiu a enfermeira, permaneci parado e ponderei tudo o que eu queria perguntar ao médico. Não sabia o que fazer e procurei não olhar para o médico durante todo o tempo. Em suas outras consultas, ela veio sozinha ou acompanhada por Namjoon e eu aceitei isso por saber que ela se comunicava com um profissional sobre os abusos que sofreu.
— Doutor. – disse chamando a sua atenção. — Não queremos saber o sexo do bebê. – avisei.
— Curioso. – comentou. — Normalmente e principalmente os pais mais jovens adoram saber o sexo do bebê para prepararem tudo. – ele sorria. — Hoje vocês presenciaram um bebê completo, já que a Alice está no sexto mês de gestação. Mas não compartilharei o sexo do bebê. – sorri de canto ao ouvir. — Por qual razão estão fazendo um ultrassom tão tarde?
Respirei fundo e me lembrei do que a Alice disse. Esse médico não sabia o que havia acontecido e eu não queria expor os nossos motivos, a decisão era dela e eu assim esperei. Namjoon esteve presente em algumas das suas consultas e ele confirmou que o bebê estava bem, então, eu também estava bem. Esse tempo foi necessário para amenizar as dores e curar algumas das feridas que ela tinha por causa dos acontecimentos.
— Achamos que o momento certo é agora. – respondi evitando detalhes.
— Tudo bem. – aceitou sem mais questionamentos.
Não conseguimos continuar com a nossa conversa, pois, a Alice e a enfermeira entraram na sala. Ela vestia uma veste branca e a sua barriga ficou mais evidente ainda, a sua beleza me roubou a respiração. Como alguém podia ser tão perfeito?
— Por favor, se deite aqui. – pediu o médico.
Enquanto ela seguia as suas indicações, o meu corpo tremia novamente.
— Preparados? – questionou ele colocando o gel em sua barriga.
— Sim. – respondemos juntos.
O médico colocou o aparelho sobre a sua barriga e fez movimentos circulares. Ao fundo ouvimos alguns barulhos e do nada, um eco se fez presente em batimentos velozes. O meu coração acelerou e os meus olhos se encheram de lágrimas, eu sabia o que era. Os ritmos do pequeno coração estavam descompassados e do nada, os tons se dividiram em dois que ecoaram com mais intensidade pela sala. Não compreendi o que estava acontecendo, a Alice me olhou com certo espanto e logo em seguida olhou para o médico.
— O que está acontecendo? – indagou ela assustada. — Tem alguma coisa errada? – podia sentir o medo em sua voz.
— Tem alguma coisa errada com o bebê? – questionei me aproximando mais.
— Por qual motivo o coração do nosso bebê tem sons duplos? – ela tremia por todos os lados. — O que está acontecendo?
— Não são sons duplos. – respondeu o médico sorrindo. — São dois corações.
Ao ouvir, o meu coração parou. Será que havia alguma coisa errada com o bebê ele estava desenvolvendo alguma doença genética?
— Dois? – indaguei confuso. — É possível isso? Ele está doente?
O médico sorriu e balançou a sua cabeça, não entendi o motivo da sua risada.
— Não tem nada de errado com o bebê. – respondeu ele. — Vocês serão pais de gêmeos, por isso, dois corações. Parabéns! – parei de respirar por alguns segundos ao ouvir.
— Gêmeos? – a voz da Alice tremeu e eu fiquei com receio de a ver passar mal. — Não pode ser.
Ao notar o seu desespero, eu me aproximei e segurei as suas mãos. As lágrimas desciam por meu rosto e a felicidade tomou conta de mim, eu não conseguia acreditar. Não podia me sentir mais completo, aos poucos, eu estava sendo recompensado por toda a dor que senti durante a vida. Desejei gritar de alegria, o nosso amor era tão grande que crescia em duas vidas.
— Meus parabéns! – repetiu o médico. — Está tudo bem com ambos. – sorri ao ver que ele evitou mostrar muito e comentar o sexo. — Estão vendo aqui? São eles, bem saudáveis.
O médico nos mostrou os bebês procurando não mostrar o sexo de ambos, eles eram perfeitos e pelo tamanho, tudo estava bem. Os meus filhos estavam bem e tudo o que eu mais queria, era tê-los em meus braços.
— Isso é tão louco. – comentou a Alice se levantando. — Não acredito nisso.
— É algo bom, não tem nada de louco. – o médico era simpático. — O meu colega lhe passou algumas vitaminas, certo?
— Sim. – respondeu ela.
— Passarei mais algumas, preciso que você continue se alimentando bem e cuidando da sua saúde. – ele se afastou e foi para a sua mesa. — Não há sinais de Ketamina nos seus últimos exames, e por sorte, os bebês não foram afetados. – me sentia bem ao ouvir.
— Está bem. – murmurou ela.
— Quero que você volte na próxima semana e gostaria de fazer mais alguns exames. – explicou. — Preciso controlar alguns níveis de oxigênio no seu corpo e os gêmeos requer mais atenção. – sorri ao ouvir.
— Não se preocupe, cuidarei disso pessoalmente. – disse me intrometendo.
Ele sorriu e se despediu de nós, saindo da sala em seguida. Ela me olhou e saiu da sala, seguindo a enfermeira para vestir as suas roupas. Eu estava em choque, seríamos pais de duas crianças e isso causaria uma alegria enorme nos meninos e nos meus pais. Precisava fazer o que estava ao meu alcance para cuidar da saúde dela, tudo necessitava ser perfeito até o nascimento deles.
— Eu estou em choque. – comentou ela me assustando.
— Você está bem? – essa seria a minha preocupação.
— Sim, mas você já imaginou o que faremos com dois bebês? – disse me esperando.
— Teremos uma casa cheia de amor. – ela sorriu. — Eu quero um time de futebol, lembra?
— Meu deus, que medo. – sorri. — Vamos?
Sorri e a segui em direção a saída, ela parecia mais feliz. Caminhamos lado a lado de mãos dadas, era bom poder dizer que ela era minha. A minha cabeça girava e eu precisava me manter firme, seríamos pais de bebês lindos e muito saudáveis. Será que a minha felicidade poderia aumentar?
— Está tudo bem com você? – questionei a olhando.
— Sim. – murmurou. — Mas será que daremos conta? – sorri ao ouvir.
— Será perfeito, é o nosso momento. – ela sorriu. — Teremos ajuda dos meninos e seremos felizes para sempre.
— O que faremos agora? – indagou me olhando.
Saímos do consultório e paramos no meio da rua, olhei em volta e me localizei. Estávamos perto de casa, mas também estávamos perto do parque que adorávamos ir. Por mais que gostasse de passear, eu queria contar aos meninos que estávamos esperando duas crianças, eles ficariam radiantes. A Alice me olhava com os seus olhinhos brilhantes e calmamente esperou por mim. Sorri de canto e apertei as suas mãos, lhe direcionando para casa. Ela me seguiu sorrindo e isso me fez bem.
— Vamos para casa. – disse. — Os meninos ficarão tão animados. – ela sorriu e me acompanhou.
Ter a Alice do meu lado era de fato a melhor coisa do mundo, eu me sentia tão bem. Neste momento o meu coração estava cheio de amor para dar e eu mal podia esperar para ver como os meus pais reagiriam a tanto amor, eles ficariam tão orgulhos de mim por saber que estava fazendo história e criando uma família ao mesmo tempo. As boas notícias seriam frequentes e se dependesse de mim, viveríamos no paraíso criado por nós para os nossos filhos.
Agora sim, podíamos afirmar que a felicidade batia em nossa porta.
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