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Eu sabia que não seria fácil, mas precisava tentar. Precisava usar o pouco tempo que tinha para manter um relacionamento saudável e longe de arrependimentos, ele não merecia isso. Enquanto estava presa em meus pensamentos, pude ouvir a campainha tocar e o meu corpo voltou a gelar. James poderia estar ali e se bem o conhecia, ele voltaria para pegar o que era seu. Em sua mente ele jamais aceitaria que essa criança não seja dele, mesmo não sendo. Taehyung notou a minha reação e caminhou com cuidado em direção a porta, me levantei e olhei em volta procurando a melhor forma de escapar.
De longe pude ver que a janela da sala estava aberta, se corresse rápido o suficiente conseguiria me jogar e a minha morte seria instantânea. Não ficaria presente para ver que eles se matariam até um deles me ter, James cumpriria as suas promessas e eu não podia fazer nada contra ele.
— Taehyung! – exclamou Hoseok entrando no apartamento.
O alívio que senti foi tão grande que o meu corpo pesou e a minha postura mudou, me apoiei na bancada e respirei fundo. Se não acabasse com a minha vida, essa situação acabaria comigo aos poucos e as dores seriam maiores. Os meninos entraram e a alegria ecoou por todos os lados até chegar a mim.
— Entrem. – disse Taehyung sem felicidade.
Sem perceber os movimentos, do nada senti alguns braços me envolverem. Deixei as minhas emoções tomarem conta de mim e as lágrimas desceram por meu rosto, sentir um pouco de proteção me passou segurança. Jimin, Jungkook e Hoseok me abraçaram com tanta força que eu não queria me desligar do abraço. Neste momento eu estava protegida com amor e isso me confortou, ergui o meu rosto e pude ver Namjoon, Seokjin e Suga. Os três estavam diante de nós e sorriam, até mesmo Namjoon que não gostava de mim.
— Cuidado. – pediu Namjoon.
— Não é o momento para ter ciúmes. – murmurou Jimin. — A Alice também é nossa, que coisa. – sorri de canto ao ouvir.
Após alguns minutos eles me soltaram e me olharam com carinho. Me senti bem ao vê-los, os rostos alegres que ali se encontravam traziam consigo conforto. Ao fundo nos observando da sala, estava Taehyung que também nos olhava com ternura. Voltei o meu olhar para Suga que sorriu de canto, mas logo ele se virou e foi para a sala.
— Como você está, Alice? – murmurou Seokjin.
— Melhor agora. – sussurrei. — Obrigada por estarem aqui. – queria me despedir deles.
— Eu disse que ela adoraria a minha companhia. – comentou Jimin. — Quem não gosta, né? – sorri de canto.
— Cala a boca. – rebateu Jungkook empurrando Jimin.
Taehyung veio em nossa direção e se posicionou ao meu lado. Os seus olhos estavam fixos em Namjoon que me olhava com carinho. Não me esqueceria de todas as suas ações para me ajudar, desviei o meu olhar ao notar que Taehyung não gostou dos olhares de Namjoon.
— Me sinto bem, como a branca de neve. – comentei arrancando sorrisos.
— Que bom. – murmurou Taehyung.
— Se olharmos em volta, encontramos os sete anões. – começou Jimin. — Hoseok é o feliz, Jungkook é o atchim, Suga o soneca, eu sou o dengoso, mas por favor, me chamem de perfeito. – todos sorrimos ao ouvir. — Namjoon é o mestre, Seokjin o zangado e o Taehyung o dunga. – as gargalhadas ecoaram pelo ar.
O meu apartamento estava cheio de alegria e amor.
— Ei, por qual motivo eu sou o atchim? – indagou Jungkook após um tempo. — Seu gnomo de jardim! – segurei o meu sorriso.
— Filho, você já se ouviu espirrando? – todos gargalharam. — Você parece um coelho frágil espirrando. – concluiu Hoseok.
— Vocês são loucos. – murmurei.
— Eu acho fofo. – rebateu Hoseok.
— Isso inclui você? – retruquei sorrindo de canto.
— Bom, não queria falar assim. – respondeu passando a mão por seus cabelos. — Mas sim, sou o mais fofo de todos. – sorri de canto.
— Passarei a morar aqui. – disse Taehyung do nada.
Todos os olhares foram voltados em sua direção, inclusive o meu. O que ele estava fazendo? Ao fundo pude ver Suga se aproximar e em todos os rostos havia espanto. Ele não tinha o direito de passar por cima das minhas decisões, isso era cruel.
— O quê? – questionou Jimin.
— Por qual razão? – Jungkook também estava curioso. — Aconteceu alguma coisa?
Taehyung me olhou e respirou fundo, ele não podia fazer isso. Ele não tinha o direito de fazer isso comigo, não podíamos falar sobre a gravidez, eu não queria isso.
— A Alice está grávida. – tremi ao ouvir.
Todos os olhares se voltaram para mim, eu me senti mal. Respirei fundo e tentei controlar a raiva que sentia dele.
— Você está grávida? – Hoseok estava em choque.
— Sim. – disse. — Mas não terei essa criança, então não fiquem felizes e o Taehyung não precisa se mudar para cá. – eu estava com raiva.
Todos estavam em choque, Hoseok se aproximou e sem falar nada, me abraçou. Não comentei e procurei não retribuir o seu abraço, ao me soltar pude ver que ele tinha lágrimas em seus olhos e isso fez o meu estômago revirar. Ainda em silêncio, ele colocou uma de suas mãos sobre a minha barriga e a acariciou.
— Isso é lindo. – murmurou. — Posso saber por qual motivo você não deseja essa bênção?
Desviei o meu olhar para Namjoon que acenou negativamente, ou seja, eles não sabiam de nada sobre James.
— Não desejo ser mãe. – respondi com calma. — Isso foi um erro e por isso, não pretendo ter a criança.
Hoseok se afastou ao ouvir, mas Jungkook e Jimin se aproximaram, ambos com lágrimas nos olhos. Senti os seus braços me envolverem e o abraço veio com força, mas não me atreveria sentir algo. Namjoon permaneceu sério, Suga e Seokjin estavam tão espantados que não conseguiram expressar nenhuma reação e do outro lado, Taehyung procurava controlar as suas emoções.
— Podemos saber de quanto tempo? – murmurou Jimin me soltando.
— Quatro semanas. – respondi friamente.
— E não quer mesmo ser mamãe? – questionou Jungkook também me soltando.
— Sim. – precisava manter a minha firmeza.
— Eu posso te ajudar. – continuou Jimin. — Não se preocupe com nada, você sempre terá a minha ajuda.
— Sim, Alice. – retrucou Jungkook. — Eu também te ajudo, não tira não, Alice. – pediu ele.
— E você está de acordo com isso? – questionou Hoseok olhando para Taehyung.
— Vamos morar lá em casa. – rebateu Jungkook sem esperar uma resposta. — Será mais fácil para te ajudar.
— Verdade! – exclamou Jimin. — Assim eu estarei sempre presente para te ajudar na criação do meu afilhado(a).
— Mas quem disse que é o seu afilhado(a)? – questionou Hoseok.
— Está na cara que sou. – respondeu Jimin com ironia. — A Alice escolherá um anjo para cuidar de outro. – sorri de canto ao ouvir e Taehyung sorriu ao ver a minha reação.
— A Alice já disse que não terá a criança. – comentou Namjoon mudando de assunto. — Então precisamos entender as suas decisões e se por um acaso ela mudar de ideias, eles precisarão de privacidade.
— E de ajuda. – murmurou Jungkook. — Quer ajuda melhor do que a minha? O padrinho? – sorri de canto.
— Aish! – bufou Jimin. — Olha esse pivete.
— Chega. – disse Taehyung. — A Alice precisa descansar.
— Vem cá. – disse Jimin me puxando pela mão. — Como você está se sentindo?
— Bem. – menti. — Mas realmente preciso descansar.
— Já podemos saber o sexo? – os seus olhos continham esperanças.
— Não. – murmurei. — E eu não quero saber.
— Vamos pedir comida? – perguntou Seokjin mudando de assunto. — Estou com fome e acredito que ninguém aqui comeu ainda.
— Sim. – respondeu Namjoon. — Ótima ideia.
— O que deseja comer, Alice? – indagou Jimin.
— Ramen? – ele sorriu.
— Boa escolha. – respondeu Namjoon me piscando.
Sorri de canto e saí da cozinha, eu não me sentia bem. Caminhei com calma até a sala onde deixei o meu corpo pesar sobre o sofá, eu precisava descansar ou não conseguiria acompanhar o ritmo dos meninos. Inspirei algumas vezes e procurei o meu centro de paz, eu não tinha um no momento, mas o encontraria em breve. Me assustei ao sentir uma presença ao meu lado, Suga se aproximou e se sentou ao meu lado.
— Posso? – indagou me olhando.
— Agora que já se sentou, pode. – ele sorriu de canto.
— Você está radiante. – comentou baixinho.
— Obrigada. – murmurei. — Para alguém que não fala muito, isso é um bom começo.
— Não há muito o que falar. – as suas palavras soavam vazias.
— No fundo, você é a minha definição de humor. – comentei.
Ele me olhou com seriedade, os seus olhos continham espanto e eu não entendi se ele havia compreendido.
— Como assim? – murmurou.
— Frio e sem reação. – respondi desviando o meu olhar. — O meu estado de humor se encontra assim nos últimos dias. – e pela primeira vez, eu ouvi um sorriso.
— É a segunda vez que você fala isso. – me assustei ao ouvir e olhei para ele. — E eu responderei a mesma coisa, você também é a definição do meu estado de humor. – como assim segunda vez?
— Do que você está falando? – perguntei.
— Pura e calma. – ele ignorou a pergunta. — Nada dura para sempre, você tem força e sabe disso. Independente das suas escolhas, você sairá de tudo isso muito bem, eu conheço você e sei a mulher que cresceu aí dentro. – o meu coração apertou ao ouvir.
Suga me olhou nos olhos e por alguns segundos eu perdi a minha respiração, eu sabia que o conhecia de algum lugar, mas não sabia de onde. Em silêncio ele se aproximou e deitou a sua cabeça em meu ombro, respirando fundo em seguida. A sua respiração acariciava a minha pele com gentileza e me arrancava arrepios. Os amigos de Taehyung me passava a impressão de serem solitários e necessitarem de atos assim, atos de carinho. Suga me conhecia e eu o conhecia, mas até me lembrar de onde, permaneceria em silêncio.
— Quero voltar a ser teu amigo. – murmurou.
— Nós somos amigos por associação. – sussurrei.
— Mas não éramos. – retrucou em sussurro.
— Do que está falando agora? – eu estava confusa.
— Compreendo você não se lembrar de mim. – respondeu acariciando a minha mão. — No seu lugar eu também faria o mesmo, mas o teu cheiro continua o mesmo. – tremi ao ouvir.
Precisava me lembrar dele.
— Quero ser o teu melhor amigo e proteger você. – continuou em sussurro.
— Você não tem um melhor amigo ali? – indaguei apontando para os meninos na cozinha.
— Não. – sussurrou.
Permanecemos em silêncio, ele deixou a sua cabeça em meus ombros por mais alguns minutos. No entanto, assim que notou a presença de Taehyung ele se levantou e se sentou em outro lugar. Rapidamente ele voltou a sua forma natural e não demonstrou nenhuma emoção.
— Alice. – tremi ao ouvir. — Após algumas decisões e muita confusão, decidimos por também pedir Ramen e Kimchi para acompanhar. – sorri de canto.
— Foi difícil? – indaguei.
— Muito. – respondeu colocando as mãos na cintura. — Quase uma terceira guerra mundial. – sorri de canto novamente. — Parece que vivemos em uma epidemia, tomamos decisões difíceis. – ele queria me fazer sorrir, mas não deu certo.
— Que bom. – murmurei.
— O que ele queria? – questionou olhando para Suga.
— Um ombro amigo. – era o que eu também precisava.
Taehyung não disse nada, apenas me deixou sozinha. Em minha mente eu pensava em meu pai e a dor que ele sentia no momento, sentia medo por ele. James não ainda não havia terminado comigo e não desistiria de me magoar, então, a qualquer momento ele voltaria. Respirei fundo e desviei o meu olhar para a cozinha, os meninos brincavam e pulavam de um lado para o outro. A alegria os acompanhava com tanta facilidade e isso aquecia o meu coração.
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