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Despertei sentindo o meu corpo doer, abri os meus olhos e descobri o que era. Taehyung tinha metade do seu corpo sobre o meu e pelos sinais, dormimos juntos. Respirei fundo e olhei para o relógio, ele marcava sete horas da noite. Passamos o dia dormindo e isso não era saudável, mas sabia os meus motivos. As palavras de Namjoon voltaram a me assombrar e nada fazia sentido no momento. Porém, ele tinha razão em vários momentos e eu não podia esquecer das responsabilidades que carregava comigo. Após todas as informações que recebi, não cheguei a ver o fim do mundo, mas senti uma pequena amostra na pele. Procurei me desenroscar dos braços de Taehyung, no entanto, ele sentiu e me puxou de volta.

— Está querendo fugir de mim? – perguntou me causando um sorriso de canto. — Sabe que eu não deixarei.

— Não seja maluco. – murmurei. — Preciso ir ao banheiro, quero fazer xixi.

— Faz xixi aqui mesmo. – retrucou me apertando. — Não tem problema.

— Não seja nojento! – exclamei me debatendo. — Me solta porquinho.

Taehyung soltou uma gargalhada e me soltou, me levantei e calmamente caminhei em direção ao banheiro. Pude sentir os seus olhos me acompanharem durante todo o processo. Além da necessidade de ir ao banheiro, eu estava com fome. Agora eu sabia os motivos e precisava disfarçar isso, ninguém podia saber de nada. Terminei de usar o banheiro e lavei as minhas mãos, voltando para o quarto em seguida. Taehyung estava sentado na cama e me esperava com um sorriso, o seu olhar curioso penetrou o meu e me examinou de todas as formas possíveis. O meu coração palpitava a ver, ele tinha mais controle sobre mim do que eu gostaria de assumir.

— Está saindo? – questionou ao ver que ia em direção a porta.

— Estou com fome. – respondi me olhando no espelho. — Preciso comer algo, mas eu já volto.

Ele se levantou e veio em minha direção, dei um passo para trás e procurei me afastar. Isso não o impediu, assim que bati contra o guarda-roupas, ele se aproximou mais. Taehyung sorria com ternura e por um momento a sua sinceridade me trouxe paz, eu gostava disso.

— Não fuja de mim. – murmurou. — Eu sei que você não quer isso e eu não deixarei.

Senti a minha respiração oscilar e a sensação de paz aumentou, ele me causava uma mistura de sentimentos bons. As minhas pernas tremiam e o meu coração acelerou ao ponto de não conseguir respirar, ele se aproximou mais e calmamente encostou os seus lábios aos meus. Fechei os meus olhos e esperei para ver o que ele faria a seguir.

— O que você deseja comer meu amor? – sussurrou soltando os meus lábios.

Soltei a respiração que prendia e ouvi o seu sorriso, sem falar nada ele se afastou e esperou por mim.

— Não sei. – respondi. — Estou com vontade de comer Ramen.

Ele me olhou com uma incógnita no rosto, desviei o meu olhar para não parecer óbvio. Não podia levantar suspeitas sobre a minha gravidez e ele não podia notar isso.

— Vamos sair para jantar? – propôs. — Eu conheço um lugar que serve Ramen.

— Todos os restaurantes da Coreia servem Ramen. – retruquei lhe arrancando um sorriso. — Você é um péssimo guia.

— Aish! – bufou. — Depois podermos ir lá para casa, os meninos estão com saudades de você. – tentou.

— O que aconteceu sobre você me dar um tempo? – indaguei.

— Estou tentando, mas não pensei que você negasse comida. – sorri de canto ao ouvir. — É apenas um jantar entre amigos.

— Veremos. – murmurei.

Respirei fundo e me ajeitei para sair do quarto, não podia ir até a sua casa e sinceramente eu gostaria que ele fosse embora para que eu concluísse os meus planos. Sem falar nada, eu saí do quarto e ele calmamente me seguiu. Precisava manter a calma e todos os sentimentos dentro de mim, não podia fraquejar. Essa seria a última vez que estaríamos juntos e isso precisava ser memorável. Não havia muito o que fazer além de aceitar o destino que escolhi para mim mesma, assim que saímos pudemos avistar os meus pais na sala e ao fundo James, na cozinha.

Taehyung se posicionou ao meu lado e segurou a minha mão, respirei fundo e contive o meu nervosismo. Ver James me causou raiva, o homem que tanto me fazia sofrer e se aproveitava da minha inconsciência para usar o meu corpo. Engoli as lágrimas que lutava para descer, não podia brigar por isso. Não era importante e a minha resposta seria a minha morte, então, tudo precisava ser calmo até lá.

— Filha. – disse o meu pai. — Que saudades de você. Olá, Taehyung.

— Oi. – murmurei indo em sua direção. — Também estou com saudades. – disse me despedindo com um beijo no rosto.

— Oi. – sussurrou Taehyung com frieza.

— Alice, eu gostaria de conversar com você. – disse a minha mãe do nada.

Em silêncio ela veio em minha direção e me segurou no braço, me puxando para o meu quarto. Pude ver que Taehyung queria resistir, mas eu acenei que não. Não entendi o que estava acontecendo, mas não queria brigar com ela na minha última noite na terra. Ela me matou aos poucos e agora não havia mais nada a ser feito, finalmente ela poderia comemorar ao lado de James.

— Me solta. – pedi tentando me soltar.

— Você está louca? – gritou fechando a porta.

— Do que está falando? – indaguei com calma.

— O que ele está fazendo aqui? – retrucou furiosamente. — Não acredito que está tendo relações sexuais com ele aqui. – ela estava descontrolada. — Você está louca?

Ela parecia indignada como se fosse um crime tê-lo ali, não tínhamos feito nada e jamais faríamos de novo.

— A casa continua sendo minha, esqueceu? – rebati. — A senhora é uma visita indesejada e não tem o direito de escolher quem fica aqui ou não.

— Acha mesmo que eu não tenho direitos sobre você? – gritou. — E o que fará com essa gravidez? – gelei ao ouvir.

As suas palavras ecoaram e me fizeram tremer, ela sabia. Será que James também sabia disso?

— Não sei do que você está falando. – disse procurando desentender.

— Não se faça de idiota, sabemos que você não é. – gritou. — Está grávida de um homem que mal conhece, o que você pretende fazer com essa criança? – matá-la. — Quando pretende tirar esse bebê?

Ela sabia das minhas intenções sem ao menos saber, acho que isso significava que ela conhecia um pouco de mim. Não pretendia tirar apenas a vida do bebê, mas também a minha. Só a vi zangada assim uma vez, quando recusei a faculdade de medicina, o seu sonho de me ver como médica caiu por terra. Agora, ela estava diante de mim, revoltada por causa de um bebê que eu também não queria e tiraria a minha vida para provar.

— Como sabe que estou grávida? – não tinha motivos para continuar fingindo.

— Pensou que eu não descobriria? – retrucou se alterando. — Te conheço melhor do que você pensa, está com barriga de grávida e todos os sintomas indicam isso. – senti um nó na garganta. — Não é difícil reconhecer uma grávida, você está diferente.

— Também sabe de tudo o que ele tem feito comigo? – a raiva me consumia por dentro. — James tem feito atrocidades comigo e algo me diz que você sabe de tudo, esse filho aconteceu por causa do envenenamento com a sua permissão. – ela me olhou sem entender.

— Está louca? – gritou novamente. — Ele não está fazendo nada com você, ele nem dorme aqui. Agora procure tirar essa coisa de dentro de você e dê valor ao homem que tanto te ama.

Seria isso tudo verdade ou eu estava louca?

— Você não manda em mim. – disse agressivamente. — Eu decido o que fazer com esse bebê e você não me obrigará a fazer nada.

Ao ouvir, a fúria aumentou e ela me olhou com muito ódio. A mulher em minha frente tinha perdido todo o senso de realidade e toda a razão possível. Ela queria se vingar de Taehyung usando o filho que carregava em meu ventre, isso estava indo longe demais e mesmo não querendo ser mãe, não podia aceitar isso. Ele não merecia sofrer assim e continuaria sofrendo após a minha morte se não colocasse um fim nisso agora.

— Você fará o que estou dizendo! – continuou vindo em minha direção.

— Não! – gritei.

O seu semblante mudou e ela se aproximou mais, me pegando pelos braços. Assim que senti as suas mãos, ela rapidamente sacudiu o meu corpo e me deu um tapa na cara. A força dos seus movimentos fez com que eu perdesse o equilíbrio do meu corpo e caísse no chão. A mulher em minha frente perdeu toda a sua razão e todos os seus direitos como mãe ao levantar a sua mão para mim. Antes de conseguir fazer qualquer coisa, a porta do quarto se abriu e os homens entraram. Taehyung e meu pai vieram em minha direção e procuravam entender o que estava acontecendo. James permaneceu na porta e observou tudo, ele parecia estar com raiva da minha mãe.

— Alice, o que aconteceu? – indagou Taehyung tentando me levantar. — Você está bem?

— O que aconteceu aqui? – questionou o meu pai.

Sem falar mais nada, ele foi em direção a minha mãe e a segurou pelos braços, a sacudindo com muita força.

— O que você fez com a nossa filha? – gritou ele. — O que você fez com ela?

— Ela não é nossa filha. – respondeu se soltando dos seus braços.

A minha mãe saiu do quarto e James a seguiu em silêncio. Taehyung me ajudou a levantar e me apoiou, o meu pai rapidamente veio em nossa direção e também me segurou. O meu rosto queimava e a sua agressão deixaria marcas, mas estava acostumada a ser agredida. Por algum motivo, isso soava normal.

— Filha? – murmurou. — O que ela fez?

Eu ainda estava em choque e os seus atos foram inesperados. A minha cabeça estava as voltas e eu queria compreender os motivos de tanta violência. O que eu havia feito para merecer tanta crueldade? Por qual motivo todas as pessoas queriam o meu mal?

— Ela me bateu. – sussurrei segurando as lágrimas.

— Vamos embora daqui. – disse Taehyung me puxando pelo pulso.

— O quê? – eu me sentia tonta.

— Vamos para a minha casa. – respondeu. — Não precisamos passar por isso, se não vai me deixar matar a sua mãe, vamos embora. – ele estava furioso. — Você não merece passar por isso, entenda isso!

— Não! – gritou o meu pai. — O problema aqui é a minha mulher, e ela sairá daqui agora mesmo.

As suas palavras me chocaram e antes de conseguir impedir, ele saiu do quarto batendo a porta. A guerra havia começado e eu não sabia como terminar isso sem me magoar mais. 

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