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Todo o meu corpo tremia e eu procurava controlar as minhas emoções, mas tudo parecia ser em vão. Ergui as minhas mãos e vi o quanto elas tremiam, não conseguiria fazer mais nada e eu não tinha o controle de mim. Todos os músculos do meu corpo reagiam de acordo com a adrenalina que percorria as minhas veias. Respirei fundo e tentei controlar o ritmo dos meus batimentos cardíacos, o meu peito doía e apertava tudo em mim me deixando sem ar. Enquanto procurava me acalmar pude ver o semblante de Namjoon entrar no quarto, ele trazia um copo com água em suas mãos. Segurei o copo, mas as minhas mãos tremiam tanto que todo o líquido caiu no chão. Namjoon gentilmente apertou as suas mãos contra as minhas e estabilizou o copo em minhas mãos, com cuidado ele guiou as nossas mãos até a minha boca.

As suas palavras me assombravam e toda a dor causada por elas, ainda doía em mim. Tomei um pouco da água e coloquei o copo em cima da mesa de cabeceira, eu não sabia o que fazer e no momento, só queria morrer. Isso não podia ser real, eu não podia acreditar que estava vivendo isso de novo. Por qual motivo eu precisava presenciar o fim do mundo várias vezes seguidas? Por qual razão eu não podia ser feliz como o resto do mundo?

— A sua família já foi embora? – perguntou me olhando.

— Não. – murmurei trêmula. — Estão passeando por Seoul com James. – pude ouvi-lo respirar fundo.

— O que exatamente você não entendeu? – continuou voltando para o tema. — Você parece perturbada. – que poder de observação.

— Tudo. – sussurrei. — Você me acusa de coisas tão sérias e eu não sei do que você está falando, eu juro que não sei Namjoon.

— Você não se lembra de nada? – ele não acreditava em mim. — Nada mesmo?

— Não sei do que eu preciso me lembrar. – respondi tentando conter o tremor em minha voz. — A minha memória tem pedaços de momentos aleatórios que eu não sei onde encaixar.

— Lembra onde esteve há uma semana? – indagou.

Ergui o meu rosto e encontrei o seu olhar, a seriedade não deixou o seu rosto, mas a fúria não estava mais ali.

— Sim. – murmurei. — Em sua casa.

Senti que ele poderia estar me testando, porém, eu não sabia o tema do teste então não tinha como mudar os acontecimentos.

— Após os dias que você ficou lá em casa, o Taehyung te trouxe de volta. – me lembrava disso. — Neste mesmo dia, você saiu para jantar com os seus pais.

— Eu me lembro disso. – murmurei.

Ele respirou fundo e com muita calma, continuou explicando. Em seus olhos eu via que ele não acreditava em mim, mas o que eu podia fazer se nem mesmo sabia do que se tratava?

— Depois desse jantar você mandou uma mensagem para o Taehyung e pediu que ele viesse até aqui. – prosseguiu.

— Eu? – não podia ser. — Não mesmo, eu mandei mensagem para ele no restaurante antes do jantar, mas não pedi que ele viesse até aqui depois. – eu me lembrava disso.

— Alice, não se finja de boba. – pude ver que ele estava nervoso. — Você é mais inteligente do que isso. – as suas palavras me magoaram.

— Namjoon, eu não pedi para que ele viesse até aqui e não mandei mensagens após o jantar. – eu procurei não me alterar com ele.

Eu realmente não tinha feito isso ou pelo menos não me lembrava, Namjoon me olhou com seriedade e franziu o sobrolho, ele também parecia confuso.

— O que aconteceu com você? – questionou me olhando. — Você não parece estar bem.

— Acredito saber muito menos. – murmurei. — Me lembro de jantar com os meus pais e me lembro de comentar isso com Taehyung ainda no restaurante. – procurei organizar os meus pensamentos. — Só me lembro disso, no dia seguinte eu acordei passando muito mal. O meu pai me conto por alto o que aconteceu e eu só me lembro disso. – conclui.

— Não se lembra de ver o Taehyung aqui? – ele arqueou uma das suas sobrancelhas.

A realidade voltou a me invadir e isso me causou mais dor, não queria me sentir assim e eu jamais imaginei sentir isso ao lado de Taehyung ou por Taehyung.

— Até agora eu pensava que isso era um delírio meu. – respondi. — Eu tenho passado mal e vomitado bastante. Imaginei que por causa da fraqueza eu o vi ali naquele canto. – o meu corpo voltou a tremer. — Eu não sabia e não tinha a certeza, mas parece que foi real.

— Taehyung veio aqui como você pediu. – murmurou. — Mas quando chegou, você estava na cama com o seu ex. – procurei assimilar sem enlouquecer, o meu coração doía. — Ele disse que vocês estavam nus, dormindo.

As suas palavras me magoavam tanto, estava confusa e não sabia o que fazer com todas as informações que ouvia. Pude sentir as minhas lágrimas me invadirem de novo e os soluços ecoaram por todo o meu quarto, eu me encontrava em sofrimento e isso nunca era uma coisa boa.

— Ele passou a noite aqui observando vocês. – sentia que deveria tirar a minha própria vida. — Quando você o viu, ele foi embora. Bom, pelo menos foi o que ele me disse. – sim, isso era verdade.

À medida que ele falava a minha memória voltava, aos poucos eu me lembrava de ver o Taehyung ali e de avistar James nu em minha cama. Não dormi com James, eu não faria isso. Não era verdade, certo? Não podia ser verdade. Por qual motivo eu precisava sofrer tanto?

— Não me lembro de nada. – sussurrei. — Mas não posso pedir que acredite em mim, nem eu acreditaria. – não precisava discutir com ele.

— O que aconteceu? – indagou se sentando na cama. — Me conta o que aconteceu com você.

— Não sei. – murmurei chorando mais. — Eu juro que não sei.

— Não sei se posso acreditar em você. – disse. — São duas versões diferentes e o Taehyung não mentiria para mim, ele é meu amigo.

— Me desculpe, não quero que pense que precisa duvidar do seu amigo. – procurei me controlar. — Você tem razão em me tratar assim, todos vocês possuem alguma razão. Eu mereço morrer e isso também é um problema meu, não se preocupe comigo.

Namjoon se aproximou mais e me abraçou, senti o seu toque e deixei as lágrimas descerem novamente. Agora eu tinha os motivos necessários para acabar com a minha vida, não podia compactuar com tanta dor, eu não estava pronta para isso. Se as palavras de Namjoon fossem verdadeiras, eu não conseguiria voltar disso.

— Tudo ficará bem. – murmurou acariciando os meus cabelos.

— Eu perdi o meu telefone. – era isso o que eu queria dizer desde que ele chegou ali. — Não o encontro em lugar nenhum e eu não tenho como falar com o Taehyung, pensei em ir até a casa de vocês. – a minha voz estava fraca. — Ainda bem que você apareceu antes, não quero ser maltratada por ele.

— Isso explica você não responder as minhas mensagens. – murmurou me soltando. — Ficamos à espera de um sinal seu, mas o seu silêncio fez com que ele pensasse que você estava com o seu ex. – a dor me consumia por dentro.

Isso não podia estar acontecendo, isso era um pesadelo e eu precisava acordar. A raiva começou a tomar conta de mim e eu comecei a deixar isso ser nítido, belisquei a minha pele e bati em meu rosto, eu necessitava acordar. Arranhei a minha pele e senti a dor me invadir, eu merecia isso, merecia sofrer.

— Alice. – disse Namjoon. — Pare com isso! – pediu segurando as minhas mãos.

Eu só conseguia chorar, não sabia como agir ou o que dizer. Precisava sumir, fugir, esse era o meu momento de sumir do mundo que tanto me fazia sofrer.

— Ele me odeia. – gritei batendo em mim. — Ele tem todo o direito de me odiar, eu causei tudo isso e eu mereço isso.

— Ele não te odeia. – respondeu me segurando. — Mas está triste, muito triste.

O meu estômago revirou e eu sentia a ânsia de vômito me invadir, me soltei das mãos de Namjoon e me levantei da cama correndo para o banheiro. Inclinei a minha cabeça sobre o sanitário e deixei tudo sair, pude ouvir os passos apressados de Namjoon em minha direção. Ele colocou as suas mãos em meus cabelos e os segurou, eu me sentia tão fraca. Quando pensei que os vômitos cessariam, ali estavam eles de novo. O que acontecia comigo?

— Não acha que está vomitando de demais? – questionou. — Lá em casa você não fez o mesmo?

— Não sei. – e antes de conseguir continuar, vomitei de novo.

— Há quanto tempo você está assim? – continuou. — Vomitando assim?

— Alguns dias. – murmurei. — A pressão e a angústia estão acabando comigo.

— Está assim desde que esteve lá em casa? – insistiu. — Desde aquele dia você está assim?

— Sim. – respondi retirando a minha cabeça do sanitário.

Namjoon não fez mais perguntas e permaneceu em silêncio, após sentir que não vomitaria mais, me levantei e me sentei em um banquinho que tinha em meu banheiro. Respirei fundo e procurei controlar a minha respiração, precisava manter a calma. Se perdesse o controle de mim, os vômitos não cessariam.

— Preciso de um banho. – murmurei após um tempo.

— Quer ajuda? – ofereceu se ajoelhando em minha frente.

— Quero. – aceitei.

Me sentia sem forças e também não sentia o meu corpo. No momento eu me encontrava em piloto automático e tudo o que fizesse agora seriam comandos automáticos do meu corpo, eu desisti de mim e da minha vida. Namjoon se levantou e ergueu o meu corpo no processo, com muito cuidado ele colocou as suas mãos na minha blusa e calmamente a retirou. Em seguida ele continuou para as minhas calças, ele me deixou apenas de calcinha e a todo momento evitou olhar para o meu corpo. Respirei fundo e me segurei em seu braço, eu senti que ia desmaiar.

Namjoon me segurou e ligou a ducha, ainda em silêncio ele se ajoelhou e retirou a minha calcinha. Senti as suas mãos deslizarem por minhas pernas e me apoiei em seus ombros para o ajudar. Ele rapidamente se ergueu e colocou a minha roupa no cesto, no momento seguinte ele segurou as minhas mãos e me ajudou a entrar no box do banheiro. Assim que ele fechou a porta pude ver o seu semblante do outro lado da porta de vidro, ele se sentou no banquinho e esperou. Não conseguiria ficar de pé, então deslizei o meu corpo até o chão e deixei a água escorrer por minha pele.

As lágrimas me dominavam e eu me sentia um lixo, eu era um lixo e ninguém mudaria isso. 

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