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O dia passou rápido e foi incrivelmente calmo, o que me assustou. Passeamos por Seoul e conhecemos alguns lugares novos que eu também ainda não havia visitado. O meu pai me contou as novidades da nossa cidade e como tudo mudava rapidamente, eu me sentia bem por estar ao seu lado e por alguns momentos eu me senti mal por não o visitar em Daegu. O meu pai não tinha muito contato com a minha mãe, mesmo sendo casado com ela. Ela passava mais tempo conversando com James e o meu pai ficava sozinho, olhando para o nada. Infelizmente esse era o cenário que eu mais via e isso não era bom, não me lembro de um dia em que James não estava presente.
O restaurante estava cheio e eu me sentia mal por estar ali sem a presença de Taehyung. Aceitei estar ali por causa do meu pai e não me arrependia disso. Respirei fundo e olhei para James que estava sentado em minha frente, ele conversava com o meu pai e sorria. James era um homem esteticamente bonito, era grande e sempre soube que era desejado por muitas mulheres. Os seus cabelos negros cuidadosamente estilizados tornavam o seu rosto em algo mais lindo ainda. O seu maxilar era firme e as suas feições masculinas o tornavam em algo muito belo, mas cruel.
No entanto, toda a sua beleza não se comparava ao seu caráter duvidoso. James tinha crueldade em seu sangue e ele gostava de assumir isso, antes, eu admirava o seu sorriso e me sentia bem ao seu lado. Costumava dizer que ele tinha o sorriso mais lindo do mundo, cheio de desejo e charme. Ao notar que ele se divertia com o meu pai, a minha mãe se intrometeu e chamou a atenção para ela. O meu pai que estava ao meu lado apenas sorriu de canto e procurou se concentrar no que ela contava a James. Eles eram idênticos, será que ninguém via isso? A relação doentia que eles construíram durante anos e a confiança que ela depositava em James era assustadora.
James conquistou o meu coração em um momento de fraqueza e foi assim que ele também conquistou a minha mãe. No fundo do meu coração, eu desejava que ela não presenciasse o seu outro lado e que ele assim não a fizesse sofrer como fazia comigo.
— Filha? – sorri de canto ao ouvir a voz do meu pai.
— Sim. – murmurei.
— Eu vou lá fora fumar um cigarro, você ficará bem sozinha? – ele não queria me deixar sozinha com James. — Tudo bem?
— Sim. – sussurrei ao ver que ele olhava para James.
— Eu também vou. – disse a minha mãe se levantando.
O meu pai me deu um beijo no rosto e se levantou, a minha mãe também se levantou e o seguiu. James estava sentado em minha frente e me olhava com ternura, algo que eu desconhecia. Ele também fumava, mas não havia feito em minha presença e isso fazia parte do seu plano. Ele queria mostrar que estava diferente e para isso acontecer, eu precisava acreditar que ele tinha mudado e que tudo ficaria bem.
— Os seus pais fumam muito. – comentou puxando assunto comigo.
— Você também não fumava? – retruquei.
— Sim, mas decidi parar. – respondeu tamborilando os seus dedos sobre a mesa. — Não estava me fazendo bem, a minha saúde é mais importante que o meu vício.
— Os meus pais não pensam assim. – murmurei. — Seria bom se o meu pai pensasse assim também, eu quero que ele viva por muito tempo.
— Não se importa com a sua mãe? – retrucou me olhando nos olhos.
— Não. – respondi friamente.
— Os seus pais são de outra geração e não mudarão nunca. – ele estava tão calmo que me assustava.
— Pode ser. – sussurrei.
— Alice? – chamou. — Acabou mesmo?
James me olhava com atenção e ternura, pude ver lágrimas em seus olhos e isso me causou confusão. As suas lágrimas eram nítidas e eu senti que ele poderia chorar a qualquer momento, não queria brigar com ele, mas não queria continuar neste momento.
— Sim, por favor. – respondi contento os meus sentimentos.
Ele respirou fundo e tentou engolir os seus sentimentos.
— Espero que ele seja melhor do que eu fui e que cuide de você com mais carinho. – disse baixinho. — Sinto muito por tudo o que eu fiz e eu te desejo felicidade.
— Obrigada. – murmurei.
James sorriu de canto e desviou o seu olhar, a minha cabeça girava em várias direções possíveis e eu estava confusa. Ele parecia aceitar a minha decisão e mesmo demonstrando algum sentimento, ele parecia estar bem com isso. O silêncio reinou e eu não me senti na obrigação de continuar uma conversa com ele. James não voltou a me olhar e eu comecei a sentir sinceridade em suas palavras, respirei fundo e voltei o meu olhar para os meus pais que fumavam do lado de fora.
— Vou buscar mais bebidas. – comentou quebrando o silêncio. — O que deseja beber?
— Água, por favor. – ele sorriu e saiu da mesa.
Assim que ele se afastou, peguei o meu telefone e mandei uma mensagem para Taehyung, queria estar com ele.
Sorri ao ler, ele sabia como me deixar feliz.
Sorri e coloquei o meu telefone no bolso, os meus pais vinham em minha direção e eu não queria ouvir comentários desnecessários vindo da minha mãe. Os meus pais se sentaram e sorriram, fiz o mesmo para deixar o clima mais leve. Após alguns minutos James se aproximou com uma bandeja cheia de bebidas e nos serviu, após o jantar tudo mudaria drasticamente. Os meus pais começaram a falar sobre algo que eu não tinha interesse e eu procurei por algo cardápio. James abriu a garrafa de água e colocou um pouco no copo em minha frente, sorri de canto e agradeci.
Ambos desviamos os nossos olhares para os meus pais e fingimos interesse em seus assuntos, a minha cabeça aos poucos começava a pesar e eu sentia o peso do dia. Tomei mais um pouco da água e senti a minha cabeça girar, provavelmente era o resultado da fome que sentia. Passei o dia sem comer e isso não era bom, respirei fundo e tentei dispersar a tontura que invadia o meu corpo. Em breve pediríamos comida e tudo ficaria bem de novo.
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