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O almoço correu melhor do que imaginávamos, estar ao lado de Taehyung me passou confiança. Eu queria acreditar que nada seria capaz de acabar com os sentimentos que sentíamos e tudo ficaria bem. Enquanto comíamos um pouco pude sentir uma das mãos de Taehyung tocar as minhas pernas por baixo da mesa. Os arrepios passeavam por meu corpo e eu me lembrei dos nossos momentos de amor, estava morrendo de saudades do seu corpo. Era raro sentir estes sentimentos, mas ele me fazia desejar toques eu não pensei gostar. A sua mão estava fria como uma pedra de gelo, mesmo não demonstrando, ele estava nervoso e com raiva por estar no mesmo lugar com James. Voltei o meu olhar em sua direção e ele sorriu carinhosamente. Taehyung ignorou a presença de James como se ele não estivesse ali, isso era um talento que eu não tinha.
— Há quanto tempo vocês estão juntos? – indagou o meu pai quebrando o silêncio. — A Alice nunca falou sobre vocês. – o meu pai estava genuinamente curioso.
Ambos trocamos olhares e ele sorriu de canto, não podíamos contar que o nosso relacionamento era algo tão novo e havia desabrochado em apenas algumas semanas. Se a minha mãe ou James soubesse disso, eles poderiam usar a situação contra nós, precisávamos ser discretos e evitar detalhes desnecessários que pudessem levar a nossa separação.
— Bastante tempo. – respondi evitando comentar os detalhes. — Não queríamos assumir um relacionamento público ainda, por isso, evitei comentar sobre ele.
Mesmo nos conhecendo há pouco tempo, o sentimento era outro. Sentíamos como se fosse amor de outras vidas, como se devêssemos estar juntos. Taehyung entrou em minha vida para mostrar que ainda podia ser feliz, que ainda podia esquecer a maldade feita por James. Ao seu lado, eu tive a audácia de desejar um futuro e ver uma família ao meu redor. Assumir que estávamos juntos era um passo necessário para a conclusão de todos os nossos desejos e sonhos.
— Que bom meu amor. – disse o meu pai. — Estou muito feliz por vocês, você merece uma pessoa boa como esse rapaz. – sorrimos ao ouvir.
O meu pai colocou a sua mão sobre a mão de Taehyung e a apertou, essa era a sua forma de expressar felicidade. Taehyung sorriu para o meu pai e eu pude sentir que eles se gostavam, a minha mãe por outro lado permaneceu em silêncio. Ela trocava olhares com James e ambos nos olhavam com muita raiva, eles passaram o almoço em silêncio. Por um momento desejei vê-los engasgado com o próprio ódio.
A melhor virtude de um ser humano é saber perdoar, mesmo sendo maltratada por James e a minha mãe, eu procurei perdoar as atrocidades feitas por eles. As pessoas não mudam do dia para a noite e ele ainda me fazia muito mal, não podia aceitar ser amiga de um criminoso e por isso necessitava manter a distância. Afastei os meus pensamentos e respirei fundo, precisava aproveitar a companhia de Taehyung. O meu ato de coragem era oficial, assumi a sua presença em minha vida e não deixaria ninguém nos impedir. Em silêncio ele se aproximou de mim e sorriu, encostando os seus lábios aos meus.
— O almoço estava muito saboroso meu amor, parabéns. – a sua voz rouca em sussurro me despertou arrepios e um sorriso de felicidade.
— Realmente estava uma maravilha. – o meu pai sabia como me agradar. — Esse refogado sempre me lembra dos nossos momentos em família.
— Obrigada. – murmurei.
O clima estava pesado e o único que não sentia a tensão, era o meu pai. Ele aproveitou cada momento do almoço e isso me fez bem. Me levantei com cuidado e juntei todos os pratos onde havíamos comido a sobremesa. Taehyung rapidamente se levantou e me ajudou, sorri ao ver. Sem falar nada, ele tomou a frente e começou a limpar os pratos, o deixei, pois precisava ir ao banheiro. Saí da cozinha e fui em direção a sala, caminhando para o meu quarto. Antes de conseguir entrar me deparei com James, ele me olhava com raiva e rapidamente colocou as suas mãos em meu pulso. Ele se movia com rapidez e eu quase nunca conseguia acompanhar os seus gestos.
— Isso não ficará assim. – ameaçou apertando o meu pulso. — Acha que pode jogar a sua felicidade na minha cara, após o meu sofrimento por você?
— Você tem a certeza de que mudou e desistiu de mim? – retruquei.
— Você acabou de assinar a sua sentença de morte. – tremi ao ouvir. — E ele morrerá junto.
Sem falar nada ele me soltou e se afastou de mim. Pude sentir o meu coração acelerar e todo o medo que sentia voltou a me consumir, não podia demonstrar isso ou o nosso dia acabaria em guerra. James se vingaria de mim e eu precisava estar preparada para isso, contando que ele se vingasse apenas de mim, tudo ficar bem. Respirei fundo e me recompus, voltando para a cozinha.
Ao notar a minha presença, Taehyung caminhou em minha direção junto com o meu pai. A minha mãe continuou na cozinha e James foi ao seu encontro, não podia pensar nisso agora. O meu pai foi em direção ao sofá e se sentou, Taehyung sorriu e o acompanhou. Sorri e os acompanhei em silêncio, não queria falar sobre os medos que consumiam o meu corpo. A minha vontade de ir ao banheiro havia passado e neste momento eu só queria ficar ao lado de Taehyung, assim estaria segura.
— Sinto muito por todos os obstáculos. – comentou o meu pai. — A minha mulher não aceitará isso, mas não desistam do amor de vocês.
— Com todo o respeito. – murmurou Taehyung. — Não precisamos do apoio da sua mulher, tê-la ao nosso lado pode ser sinal de azar. – o meu pai sorriu e pousou uma de suas mãos sobre a de Taehyung.
— Vocês não precisam dela. – sorri ao ouvir. — A minha benção já está concedida e eu espero que você saiba cuidar da minha filha, ela não merece sofrer novamente. – senti as lágrimas me invadirem, ele mal sabia da história. — A Alice é o meu bem mais precioso, não posso correr o risco de a perder.
— Não se preocupe senhor. – afirmou Taehyung. — Ao meu lado ela será a mulher mais feliz do mundo.
— Me chame de pai. – pediu nos assustando.
Ambos sorrimos ao ver que o meu pai parecia feliz, desde que havia chegado ele fazia de tudo para nos confortar. Taehyung parecia feliz e isso também me deixou feliz, pelo menos alguém estava do nosso lado. A minha mãe veio em nossa direção juntamente com James, ambos com a mesma cara de sempre. Em silêncio, eles se sentaram no sofá em frente e os seus olhos nos fulminaram com ódio. Por vezes, eu gostaria de saber o que eles pensavam e se era tão importante me magoar.
— Alice? – sussurrou Taehyung chamando a minha atenção. — Posso falar com você em privado?
Sorri de canto e me levantei, ele fez o mesmo e esperou por mim. Caminhei com calma em direção ao meu quarto, não queria demonstrar medo e não podíamos falar em frente de James. Taehyung me seguiu em silêncio e entrou atrás de mim, fechando a porta. Sem falar nada, ele me segurou pela cintura e delicadamente me posicionou contra a porta. Sorri ao sentir os seus beijos em meus lábios, o seu beijo tinha gosto de saudade. A sua língua me invadia com tanto desejo que podia sentir as suas vibrações contra o meu corpo, queria poder tocar o seu corpo e o amar por muito tempo.
— Tae. – gemi baixinho. — Se controle, por favor.
— Não consigo. – sussurrou em meu ouvido. — Eu estou com saudades de você.
— Você está me deixando excitada, vamos com calma. – pedi sabendo que não podíamos fazer amor no momento. — Eles podem nos ouvir.
Após alguns minutos ele parou as suas investidas e me olhou nos olhos, sorri ao ver que ele estava muito excitado e fazia carinha de cachorro pidão.
— Me desculpe. – disse baixinho. — Estou com saudades de você.
— Tudo bem meu amor, mas não podemos ainda. – respondi acariciando o seu rosto.
— Eu preciso ir. – sussurrou passando os seus dedos por meus lábios. — Prometi ao Namjoon que não ficaria muito tempo, temos algo importante para fazer amanhã.
— Já? – retruquei procurando conter a minha tristeza. — Não pode ficar mais um pouco?
— Me perdoa. – murmurou beijando o cantinho da minha boca. — Se eu não for, ele ficará chateado comigo.
Abaixei a minha cabeça e procurei controlar os meus sentimentos. Segurei as minhas lágrimas e ergui o meu rosto, o sorrindo docemente. Após um belo dia ao seu lado, ele merecia o meu carinho e merecia saber que eu estava muito agradecida.
— Tudo bem. – aceitei. — Eu entendo.
— Ei, não fica assim. – disse sorrindo. — Posso voltar amanhã se você desejar, o que me diz?
— Promete? – fiz biquinho.
— Prometo, amor da minha vida. – sem esperar, ele me abraçou.
Senti o seu coração bater junto ao meu e isso me acalmou, me acalmou mais do que necessitava. Ele me soltou deixando o gostinho de quero-mais, me ajeitei e antes de abrir a porta para sairmos, ele me beijou de novo. Não queria me despedir dele, mas compreendia que ele precisava ir. Abri a porta e esperei por ele, calmamente ele segurou uma das minhas mãos e me guiou para fora do quarto. Andávamos de mãos dadas até a sala e isso despertava ódio em James, a tensão aumentou e os seus olhos me comiam viva.
— Foi um prazer, mas infelizmente eu preciso ir. – disse ele se aproximando do meu pai.
Ele sorriu e se levantou, apertando a mão de Taehyung.
— Foi um prazer meu filho, espero vê-lo novamente. – disse piscando para Taehyung. — É bom saber que a minha filha está em boas mãos.
— Com certeza nos veremos de novo. – respondeu indo em direção a porta. — E o prazer foi todo meu.
A minha mãe não disse nada e Taehyung também não fez questão, ele a ignorou do jeito que ela merecia e eu me senti bem por isso. Sentia orgulho dele, assim ele me passava confiança para fazer o mesmo. O segui em silêncio e juntos fomos em direção a saída, não queria me despedir dele, mas não queria impedir a sua partida.
— Ei, Alice? – murmurou se virando para mim. — Te gosto muitão.
Sorri e passei uma de minhas mãos por seu rosto, ele sorriu e fechou os seus olhos sentindo o meu toque. As suas palavras aqueceram o meu coração, ele era o homem que eu queria. Em seguida ele abriu os seus olhos e beijou a minha mão, me aproximei e lhe dei um beijo nos lábios. Senti os seus beijos e contive as minhas emoções de novo, ele respirou fundo e me olhou no fundo dos olhos ao parar os nossos beijos. Taehyung se afastou de mim e sorrindo, caminhou pelo corredor. Quanto mais ele se afastava, mais triste eu me sentia. O meu amor me deixava sozinha em um mundo cheio de escuridão e ódio.
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