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𝔗𝔞𝔢𝔥𝔶𝔲𝔫𝔤
"Não importa o esconderijo ou quantas pessoas estão ao meu lado, James me encontrará e terminará o que começou. E de alguma forma, eu nunca deixei de ser dele ou deixei de ser torturada por ele."
As suas palavras doeram mais do que o esperado, por fora eu a tentava passar segurança, mas por dentro eu estava em dor. A mulher que me ensinou a ser feliz lutava com um fantasma pior do que o meu, e mesmo assim encontrou momentos para me curar. Ela teve todos os motivos do mundo para desistir da sua vida e mesmo assim, não o fez. A mulher que aos poucos chamava de minha era engolida por segredos obscuros, guardados em sua alma sem apoio. Ela optou por proteger a sua família e aceitou ter a sua inocência roubada por um cretino que não merece ser chamado de homem. A sua serenidade naquele parque transmitia a dor de alguém que não sabe como sofrer, ela apenas aceitou a vida que tinha antes dele voltar e agora voltaria para o seu estado de dor.
Para uma mulher não existe dor maior do que ser tocada sem a sua autorização, ser tocada sem ser desejado. Tirar a opção de escolha de uma mulher é retirar o seu único direito de decisão e obrigá-la a viver com as regras machistas da sociedade que criamos. Me senti impotente perante a sua dor, não podia fazer nada para amenizar o que ela sentia e isso me revolta. As marcas que observei em seu corpo eram marcas dolorosas que ela jamais falaria sobre se não fosse necessário. Eu gostaria de arrancar o coração de James e o fazer comer ainda vivo. Queria me vingar e fazer justiça por ela, eu faria isso com as minhas próprias mãos. No entanto, no momento não ganharia nada ao agir de cabeça quente. Primeiro, eu precisava organizar os meus pensamentos e achar uma forma de mostrar que sou diferente dele.
A Alice precisa entender que a quero ao meu lado e que não permitirei que ninguém a maltrate de novo. Agora ela estava comigo e deixou de ser dele, no momento que nos envolvemos no primeiro abraço ela passou a ser minha companheira e eu faria tudo para a proteger do mundo. Não agiria de cabeça de quente e no momento o que eu podia fazer, era consolar a pessoa que tanto sofria em minha frente. Agora que éramos um, James não seria capaz de nos separar. Lutaria por ela mesmo que eu tenha de sofrer no processo. Me ajoelhei no chão e deitei a minha cabeça nas suas pernas, olhando em seus olhos. Ela tinha a cabeça baixa e não olhava em meus olhos, o seu semblante partia o meu coração.
— Ei, Alice? – sussurrei procurando contato visual.
Ela sorriu de canto, mas permaneceu de cabeça baixa me olhando. Os seus longos cabelos caiam sobre os seus ombros e faziam um casulo nos escondendo.
— Fala comigo meu amor. – pedi baixinho.
Ela permaneceu em silêncio e a sua respiração ofegou, no momento seguinte apenas os seus soluços ecoaram.
— Me desculpe. – pediu chorando. — Não consigo falar nada.
Senti as lágrimas caírem sobre o meu rosto e me senti mal, não queria ver o meu amor chorando. Alice era a única felicidade da minha vida e eu não podia permitir que ela chorasse assim, ela não merecia sofrer desta forma. Era injusto para ambos, em seguida senti as suas mãos em meus cabelos e ela gentilmente me acariciou.
— Tae. – sussurrou entre os seus soluços.
— Sim meu amor. – sussurrei de volta.
— Eu me sinto tão cansada. – assumiu deixando o seu corpo pesar. — Estava com medo de dormir, o pânico não me deixou descansar.
O meu coração doeu ao ouvir as suas palavras, sai da posição que nos encontrávamos e me levantei, a pegando no colo. A carreguei de volta para a cama e a deitei, ajeitando as almofadas logo em seguida. Ela fechou os seus olhos e sentiu o meu cuidado, sorri de canto e a cobri de um lençol passando as minhas mãos por seu rosto em seguida. Ela estava cansada e parecia estar em dor, o meu desejo de matar James só aumentava ao vê-la assim.
— Fica comigo. – pediu ainda antes de fechar os olhos.
— Para sempre. – sussurrei me aproximando.
Com cuidado, eu me aproximei e dei um beijo leve em sua testa. Ela sorriu de canto e fechou os seus olhos, deixando o seu corpo pesar.
— Por qual razão você não me contou isso antes? – indaguei passando a minha mão por seu rosto.
— Eu confiei tanto em você que esqueci a minha dor. – sussurrou. — Por um momento acreditei que era feliz e que o destino me trouxe você para o meu bem. – outra lágrima desceu no canto dos seus olhos.
— Jamais te magoarei assim. – disse limpando a sua lágrima.
— Você é o melhor acaso do destino. – murmurou. — É a melhor decisão que tomei em tantos anos.
Senti as minhas lágrimas, mas me controlei. Ela acariciou a pele do meu braço com a pontinha dos seus dedos e isso me aqueceu por dentro, eu tinha o seu amor em minhas mãos e honraria cada momento deste sentimento. Em minha frente estava a minha definição de amor, esperei tanto tempo até encontrar alguém que me completasse pelo simples fato de viver. Alice era o meu fio oculto, sinto que todos estes anos ela foi preparada para estarmos neste momento. Fomos preparados para nos encontrar no momento certo, calmamente aproximei o meu rosto do seu e lhe dei um beijo quente nos lábios.
— Te gosto. – sussurrei.
Ela sorriu de canto e acomodou a sua cabeça na almofada, deixando a sua respiração acalmar. Em nenhum momento ela me olhou nos olhos, podia sentir a sua vergonha. Não permitiria que ela se sentisse assim por muito tempo, passaria o resto da minha vida cuidando do amor que me cuidou. Após alguns minutos observando o seu rosto compreendi que ela estava dormindo, a sua respiração pesou e pude finalmente vê-la em paz. Soltei a sua mão e sem fazer barulhos me levantei da cama, apaguei as luzes e sai do quarto. Assim que entrei na sala pude ver o pânico que ela sentiu me invadir, por todos os lados havia sinais de desespero e isso era assustador. Respirei fundo e me sentei no sofá, pegando o meu telefone em seguida.
— Alô? – respondeu cansado. — Está tudo bem?
— Sim. – murmurei. — Eu ficarei por uns dias.
— Eu estava certo? – indagou. — O que aconteceu?
— Sim, ela precisava de mim. – respondi. — Não posso falar muito, mas por favor, guarde isso para você Nam.
— Não se preocupe com isso. – afirmou. — Mas se preocupe em ter a certeza de que vale a pena se arriscar por ela.
— Acha que não vale a pena? – retruquei.
— Acho que se tem amor, tudo vale a pena. – respondeu. — Mas você está preparado para salvar alguém sem ter se salvo antes?
— Namjoon, ela salvou a minha vida. – murmurei segurando as lágrimas. — Se ela morrer, eu farei o mesmo.
— Não chegaremos a este ponto. – respondeu limpando a garganta. — Procure não se envolver em confusões e eu procurarei uma forma de ajudar.
— Isso será inevitável, não a deixarei sozinha. – respondi. — Nunca mais!
— Eu disse que as coisas melhorariam e que você encontraria um motivo para viver, então faça isso. – comentou. — Fique o tempo que precisar, cuido de tudo por aqui.
— Obrigado Namjoon. – agradeci desligando o telefone.
Desliguei o telefone sem falar mais nada, ele saberia como ajudar. Namjoon aprendeu que com o tempo tudo passa e a dor pode ser invertida em algo bom, não entendia o seu pensamento até me encontrar neste momento. A Alice me deu um motivo para lutar e eu não renunciaria ao seu sorriso por receio de alguém que não conheço. James não faria da Alice o que a vida fez de mim, não permitiria isso. Respirei fundo e me levantei do sofá, organizando a sua sala. Havia vários objetos jogados no chão e no canto da sala pude avistar a caixa com o anel que lhe havia dado. Respirei fundo e a peguei, o anel estava intocável. O guardei e continuei organizando o seu apartamento, todo esse medo seria arrancado dela e eu faria questão de acabar com a vida do seu ex, só assim eu a teria bem para o resto das nossas vidas.
Neste momento eu desejei que ela acreditasse em amor à primeira vista.
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