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— Não gostou? – indagou, quebrando o silêncio entre nós.
As suas palavras ecoaram, mas não despertara nenhuma reação em mim. A paralisia tomou conta do meu corpo após os seus beijos. Em minha mente, eu procurava processar tudo o que estava acontecendo, sem deixar a eloquência de lado. Taehyung também estava paralisado em minha frente, o seu olhar era gentil e carinhoso. A sua atenção não o deixou se desviar de mim e os seus olhos pediam por uma reação.
Eu não sabia o que fazer e em momentos como estes, eu sempre optaria pelo sorriso. Não seria muito, mas era o suficiente no momento para que tudo não ficasse estranho entre nós. Antes de falar alguma coisa, precisei limpar a minha garganta e controlar os tremores em meu corpo.
— Taehyung. – murmurei. — Por mais que goste dos momentos que criamos, e deseje que eles durem mais um tempo. Não posso esquecer dos riscos que corro me entregando desta forma, não me leve a mal, mas eu não sou sua e posso nunca vir a ser. – os seus olhos me transmitiam calma.
— Alice. – disse. — Eu sei que parece desespero e que estamos dando passos maiores que as pernas, provavelmente seja. Porém, eu sinto que nós temos muito para construir juntos. – ele respirou antes de continuar. — Tudo o que eu peço é uma chance.
— Uma chance? – questionei rapidamente.
— Sim, uma chance para conquistar o seu coração. – disse. — Quero te mostrar o que eu vejo quando estou ao seu lado, quero que você sinta os mesmos desejos que eu sinto quando te vejo. – respirei fundo. — Se ao fim concluirmos que você não sente nada, eu prometo, que continuaremos amigos e eu deixaria os meus sentimentos serem apenas meus.
Me sentia confusa mesmo compreendendo as suas palavras. O que ele pedia era provável e as chances de acontecer também, mas ainda possuía o medo que não me deixava continuar. Não podia me magoar de novo e nem correr nenhum risco em suas mãos. Taehyung provavelmente não seria capaz de me magoar, mas me lembraria como não confiar em um homem cada vez que se aproximasse de mim.
— Quanto tempo você precisa para fazer isso? – murmurei.
— Não se pode colocar tempo em sentimentos. – respondeu. — Não sei como te mostrar isso, então, eu preciso de tempo para que ambos conheçamos os sentimentos que pairam pelo ar. – precisei respirar fundo novamente. — O que me diz?
— Digo que é repentino e provavelmente vou me arrepender de aceitar. – murmurei. — Mas confesso que ter a sua amizade tem me feito sorrir e sentir outra coisa, além da solidão que paira pelas paredes deste apartamento. Então, acreditando que no fim seremos bons amigos, eu aceito a sua presença, assim como as suas demonstrações de sentimentos. – pude ver um sorriso nascer em seus lábios.
— Que palavras bonitas. – sussurrou. — E eu garanto que não se arrependerá disso.
— Taehyung? – chamei.
— Sim? – retrucou.
— Não machuque o meu coração. – pedi.
— Daremos um passo de cada vez, até você sentir o que eu sinto. – respondeu. — Não machucarei o seu coração e em troca, peço companhia e os seus sorrisos que alegram os meus dias. – sorri de canto ao ouvir.
Os seus olhos continham esperança e eu no fundo, me sentia bem por aceitar. Algo em mim me dizia que tentar não custaria muito e que eu sempre poderia dizer que não, ao contrário do meu passado, Taehyung não tentaria me matar se não conseguisse continuar em minha vida. Pelo menos, essa era a esperança que eu depositava em suas mãos, sem saber se ele conseguiria arcar com tudo.
— Eu prometo. – sussurrou.
Aos poucos eu perdia o juízo e indiretamente afirmei sentimentos que não devia. Não sabia nada sobre o homem que queria o meu coração, mas sentia que podia confiar em suas palavras. Como podia acreditar em alguém que não conhecia? Chega a ser cruel como um coração pode ser enganado apenas por desejar algo melhor para si além do sofrimento que não conseguimos evitar. A minha única esperança era não encontrar o mesmo destino que quase me levou a morte.
— Você conseguiu confirmar o que veio fazer aqui? – questionei. — Ou ainda precisa de tempo?
— Bom. – ele sorriu. — Não tenho certeza, os meus estudos precisam de confirmações e certezas. Por isso, ainda é cedo para debater os resultados. – do que ele estava falando?
— O senhor veio para ficar ou prefere ir embora e voltar amanhã? – retruquei.
— Ficar? – ele parecia confuso. — Aqui?
— Não Taehyung, do lado de fora. – respondi com sarcasmo. — Claro que é aqui.
— É uma proposta interessante, mas não sei se posso. – murmurou. — Não queremos dar passos maiores que as nossas pernas, lembra? Também não quero abusar da sua companhia e hospitalidade.
— Está bem. – aceitei. — Mas se deseja, podemos ver um filme. Pessoas gostam de fazer isso quando estão juntas. – propus.
— Você tem a certeza que deseja fazer isso? – perguntou. — É sério, você não precisa fazer isso por mim, eu entendo se quiser ir dormir.
— Eu tenho certeza. – respondi. — Mas não sei se você tem, não foi você quem me pediu um tempo para mostrar os seus sentimentos?
— Está bem. – disse se levantando. — Você insiste e eu estou tendo dificuldades em dizer que não, mas que fique claro, você pediu. – sorri de canto ao ouvir.
Me levantei e sorri novamente, gostava das suas palavras confusas ao tentar entender os nossos momentos. Taehyung tinha um cheiro contagiante e todo o meu apartamento já possuía o seu odor, o que me fez sorrir. Ele me olhava e esperava alguma reação, não sabia o que dizer, então optei por sorrir novamente.
— E qual filme veremos? – questionou.
— Não sei. – respondi dando de ombros. — Vamos para o meu quarto, será mais agradável para assistir e eu gostaria de adormecer na minha cama. Sempre que adormeço no sofá, acordo com dores horríveis.
— Você não acha perigoso? – perguntou andando de um lado para o outro. — Acabamos de nos beijar pela segunda vez, não acha que estamos indo com pressa? Você é mais velha do que eu e pedofilia continua sendo crime neste país, não quero te causar problemas. – ele falava com seriedade, mas não tinha graça.
— Por acaso você bateu com a cabeça ao nascer? – perguntei. — Para a sua informação, eu não sou velha, sou experiente. E terceiro, você é louco.
— Terceiro? – a sua gargalhada ecoou e me deixou feliz, era bom vê-lo sorrir. — De onde saiu esse terceiro?
— Você quer ver o filme ou não? – retruquei bufando.
— Só se prometer não abusar de mim. – ele fez biquinho e tentou se aproximar de mim.
— Eu não curto crianças. – respondi indo em direção ao meu quarto.
Pude ouvir o seu sorriso logo atrás de mim, me recompus e continuei firme. Ele me seguia em silêncio, cedendo aos poucos. Os seus passos eram calmos e calculados, entrei no meu quarto e esperei por ele. Em seguida, ele entrou e os seus olhos dobraram de tamanho ao avistar o ambiente. Taehyung não se atreveu a entrar, apenas encostou o seu corpo na soleira da porta e deixou os seus olhos observarem todo o lugar onde nos encontrávamos.
— Interessante. – murmurou. — O seu quarto se parece com você, o que são essas palavras na parede?
— Poemas. – respondi me virando em sua direção. — Gosto de poder acordar com algo a mais, encontro paz nestas palavras.
— Você escreve os poemas? – questionou.
— A minha escrita não é boa o suficiente para ser exposta. – respondi. — Por mais que gostasse, não sou confiante quanto a isso. Estes são poemas de personalidades famosas, que em algum momento me ajudaram a passar por uma situação, e como lembrança, os colei na parede.
Taehyung respirou fundo e entrou no quarto, deixando o seu olhar se expandir. Ele leu alguns dos poemas e ponderou os seus significados, observei os seus movimentos por algum tempo e sorri ao ver o quão belo ele era. Gostaria de saber o que ele estava pensando neste exato momento.
— Você é realmente uma caixinha de surpresas. – disse. — Quando penso que não pode ser mais única, me encontro aqui.
— Obrigada. – disse ajeitando a cama.
— Ei, Alice?
— Sim? – retruquei.
— Por acaso você não tem a intenção de colocar um pijama como aquele que usou pela manhã? – o seu sorriso entregou os seus pensamentos.
— Ha ha ha. – ele segurou o seu sorriso pressionando os seus lábios. — Não tem graça e em minha defesa, estou em casa. Possuo o direito de me vestir como bem entender.
— Entendo. – murmurou. — É uma pena se deseja saber, você fica linda quase nua. – senti um arrepio ao ouvir e voltei o meu olhar para ele.
— Veio com a intenção de fazer inimigos? – indaguei cruzando os braços.
— Eu? – retrucou. — Eu sou um santo, é você que não tem estilo senhorita Griffin. – mordi os meus lábios ao ouvir.
Tentei conter a minha indignação para mim e cerrei os olhos, como alguém podia ser tão lindo e irritante ao mesmo tempo. Em seus lábios havia um sorriso bobo e muito brincalhão.
— Se não se calar, vou te colocar para fora. – disse com descaso.
— Eu posso estar errado. – disse se aproximando. — Mas você não conseguiria me colocar para fora, pois, sentiria a minha falta.
Sem falar mais nada, ele se aproximou e me olhou nos olhos. As suas mãos rapidamente encontraram a minha cintura e em um movimento delicado, ele me virou de costas, me dando um beijo no pescoço. Senti um arrepio me percorrer e o meu corpo se entregou aos seus toques, pedindo que ele não parasse. Taehyung percorreu o lado do meu corpo com as suas mãos, sem tocar em nenhum lugar onde não devia e lentamente apertou a minha pele por cima do vestido. Ainda em silêncio, ele levou uma de suas mãos aos meus cabelos e os acariciou.
Tremi novamente, soltando um suspiro aflito. O meu coração já não sabia como bater, então, ambos desistimos de tentar.
— Eu amo os seus cabelos. – sussurrou, beijando a minha pele.
Não respondi, apenas me virei para ele e coloquei as minhas mãos em seu peito procurando por equilíbrio. Taehyung sorriu e me entrelaçou em um beijo molhado, cheio de segundas intenções. Apreciaria cada segundo ao seu lado, apreciaria os seus beijos e os desejos escondidos com o tempo que o meu corpo aprendeu a não amar mais. As suas mãos agora percorriam as minhas costas e os seus beijos faziam longos caminhos em meu pescoço, indo de encontro ao meu colo. Não queria que o momento acabasse, mesmo sabendo que era errado, repentino e que não devíamos.
Porém, por dentro, quis que esse momento durasse para sempre.
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