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— O que acha de comer uma sobremesa? – indagou.
Taehyung me olhava com carinho, eu ainda terminava de comer o meu peixe e não havia pensado na sobremesa. A noite ao seu lado passou tão rápido e sorrimos bastante, ele contou histórias alegres e eu amei ficar do seu lado. Me sentia bem ao seu lado e percebi que tínhamos tomado a decisão certa ao sair do hotel. Ele me passou a segurança que eu precisava para esquecer a minha paranoia. Por dentro eu ainda sabia que precisava falar sobre o comportamento de Yoongi, mas não queria estragar a nossa viagem com as suas indelicadezas.
— Eu ainda nem terminei. – respondi de boca cheia. — Me dê um minuto, por favor.
Ele soltou uma gargalhada e tomou um pouco de suco, sorri ao ver.
— Desculpa meu amor. – disse. — É o meu sangue diabético falando, você está se alimentando tão bem que eu quero te oferecer mais comida.
Sorri ao ouvir, ele adorava doces e curiosamente após a gravidez, eu também. A comida estava melhor do que eu esperava e isso me animava para provar mais restaurantes e comidas típicas.
— Ainda me pergunto o que eu fiz para merecer você. – murmurou. — Como alguém pode ser tão lindo?
— Não minta para mim. – respondi limpando a minha boca. — Pronto, agora podemos falar de sobremesas.
— Estive pensando, um sorvete poderia ser uma boa ideia? – retrucou mordendo os seus lábios. — Você ama chupar um sorvete. – sorri ao entender a sua indireta.
— Acho que não. – respondi. — Me viciei tanto em sorvetes na Coreia que acho que estou enjoada. – ele sorriu.
— O que você deseja meu amor? – sorri. — Basta pedir que eu dou um jeito de conseguir para você.
— Não sei. – e realmente não sabia. — Vamos perguntar ao garçom o que ele tem para oferecer? – ele olhou em volta e sorriu.
— Claro. – disse.
Em seguida ele fez sinal para o garçom que prontamente veio em nossa direção, sorri ao ver que ele fazia tudo para me ver bem e feliz. A nossa viagem me proporcionaria memórias agradáveis e eu as colocaria na coletânea de momentos que não gostaria de esquecer. Me sentia bem e a minha insegurança não estava mais presente, aos poucos, eu voltava a ser eu e esquecia dos problemas que ainda precisávamos resolver.
— Sim, senhor? – indagou o rapaz todo sorridente.
— A minha esposa e eu gostaríamos de saber o que vocês têm de sobremesa. – sorri ao ouvir o seu inglês meio quebrado. — Adoraríamos adoçar o nosso amor, o que sugere?
Senti o meu coração bater forte ao ouvi-lo dizer que eu era a sua esposa, eu me senti bem e estava completa. O rapaz sorriu e respirou fundo, ponderando a sua resposta.
— Temos sorvetes de vários sabores. – começou. — Mousses, bolos e cheesecakes. – senti água na boca ao ouvir.
— Amor? – ambos olharam para mim.
— Mousse? – murmurei arrancando sorrisos.
— No momento temos de chocolate, limão e laranja. – respondeu o moço.
— Chocolate, por favor. – pedi.
— Duas e a conta, por favor. – corrigiu ele.
O rapaz sorriu e se afastou, levando os pratos consigo. Taehyung voltou a sua atenção para mim e eu sorri, queria muito provar a mousse e já sentia a felicidade dos meus filhos. Após algum tempo, eu desviei a minha atenção para a janela e respirei fundo. As estradas movimentadas e as conversas de fundo tornavam o momento em algo bom, me lembraria destes momentos ao lado de Taehyung e contaria aos nossos filhos o que vivíamos ali.
— Eu te amo, sabia? – murmurou.
Sorri de canto e voltei o meu olhar para ele.
— Sério? – indaguei.
— Não, é piada. – retrucou revirando os olhos.
Sorri ao ouvir e tentei me controlar, ele era tão fofo.
— Você é a cereja do meu bolo, o sol da minha manhã, a luz que me ilumina. – ele respirou fundo. — O Yin do meu Yang, o chocolate da minha mousse. – soltei uma gargalhada ao ouvir. — Os testículos do meu pênis, o bater do meu coração. – outro suspiro se fez e eu o impedi controlando o meu sorriso.
— Eu já entendi. – ele sorriu.
— Se sente melhor agora? – ele me olhava com carinho.
— Sim. – sussurrou.
— Alice, você e o Yoon. – começou sendo interrompido pelo garçom.
— Aqui está. – disse o moço. — Bom apetite.
— Obrigado. – respondeu ele sorrindo.
Ao ver o doce, o meu estômago revirou e a minha boca se encheu de desejo. A mousse parecia deliciosa e ao olhar para Taehyung encontrei confiança, sem esperar mais, peguei a colher e comecei a devorar tudo.
— Bom apetite. – disse ele.
Não prestei atenção, apenas devorei a minha sobremesa procurando manter a minha delicadeza. Ele sorria ao me ver feliz e eu precisava pedir para Seokjin aprender essa receita, ele precisava fazer mousses com mais frequência. Podia ver os olhares de Taehyung em minha direção, no entanto, não me importei e continuei me divertindo com o momento. Ao terminar de comer, limpei a boca e fingindo que nada havia acontecido, olhei para ele.
— Isso era desejo? – questionou me arrancando um sorriso.
— Talvez. – respondi sem jeito.
— O que você deseja fazer agora? – continuou pagando a conta.
— Não sei. – murmurei. — O que você tem em mente?
— Bom, aqui ao lado tem uma praia. – arregalei os meus olhos ao ouvir. — Podemos caminhar até lá e nos sentar um pouco a beira do mar, o que acha?
— Sério? – o meu coração batia aceleradamente.
— Sim, vamos? – sorri ao ouvir.
— Claro! – exclamei me levantando com prontidão. — Agora, meu amor.
Taehyung sorriu e também se levantou, pude ver que ele havia deixado uma boa gorjeta para o garçom e isso me deixou feliz. Fomos bem atendidos e ele foi muito simpático conosco, merecia o reconhecimento. Juntos caminhamos para fora do estabelecimento e me abraçando, ele me guiou pelas ruas. Me sentia tão bem ao seu lado e queria prolongar estes momentos por muito tempo. Ele caminhava com calma e eu olhava para todos os lados, admirando a beleza das ruas e das pessoas que passavam por nós. Tudo era muito bonito e as ruazinhas de pedras davam um toque único ao lugar.
— Sempre quis fazer isso contigo. – comentou.
— O quê? – indaguei.
— Caminhar sem destino por um país qualquer, sem medo de ser reconhecido e perseguido pela mídia. – sorri de canto ao ouvir. — Não parece, mas eu agradeço muito por estes momentos.
— De fato, é muito agradável. – murmurei. — Obrigada por estes momentos.
Assim que avistamos o mar, ambos paramos. Ao ver a imensidão, os meus olhos se inundaram de lágrimas e eu senti a emoção me invadir. Rapidamente, me soltei dos braços de Taehyung e tirei os meus sapatos, indo em direção a areia. Taehyung não me seguiu, apressei os meus passos e molhei os meus pés nas águas geladas. A sensação foi boa e ao mesmo tempo aterrorizante, por algum motivo, um sentimento ruim tomou conta de mim e isso me assustou. Após alguns minutos, pude sentir a presença de Taehyung ao meu lado e sorri ao ver que ele lambia um sorvete.
— Quer um pouco? – questionou me olhando.
— Não. – murmurei. — Pensei que você estava cheio. – ele sorriu.
— Está gostando? – retrucou me olhando nos olhos.
— Sim. – sussurrei. — Isso é tão lindo, é diferente das nossas praias. – o meu coração se enchia de amor.
— Eu não saberia viver sem você. – sussurrou respirando fundo. — Não imagino uma dor maior.
— Não diga isso. – murmurei. — Claro que saberia.
Taehyung fechou a cara e me olhou com seriedade, ele pareceu não gostar da minha resposta. Permaneci em silêncio e esperei por alguma reação da sua parte, mas nada aconteceu.
— Você conseguiria viver sem mim? – a sua pergunta soou traiçoeira, mas optei por responder.
— Não vivíamos antes de nos encontrar? – indaguei. — Não é que eu consiga viver sem você, mas precisamos aprender coisas novas e nos adaptar a situações novas por causa dos nossos filhos. – procurei explicar. — Precisamos passar a segurança de que conseguiremos qualquer coisa, mesmo não estando juntos. – ele me olhava com seriedade. — Mesmo não sendo tão comum hoje em dia, eu ainda posso morrer durante o parto.
— Alice. – disse respirando fundo. — O que está acontecendo?
— Do que você está falando? – questionei sentindo o meu coração acelerar.
— Por acaso você pensa em me deixar? – eu estava sem rumo. — É isso?
Os seus olhos se inundaram de lágrimas, não entendi o que estava acontecendo, mas optei por não falar nada que pudesse piorar o momento. Após respirar fundo por alguns segundos, eu ponderei as minhas palavras para que ele não se magoasse mais.
— Não! – exclamei. — Por qual motivo pensa isso? – questionei.
Ele mudou a sua expressão e eu pude ver a ira tomar conta do seu rosto, ele estava furioso e eu não sabia os seus motivos.
— Por nada. – respondeu com descaso. — Vamos voltar para o hotel.
Sem esperar a minha reação, ele brutalmente saiu da minha presença e caminhou em direção as ruas. Acompanhei os seus movimentos e ele furiosamente jogou o sorvete no lixo, não compreendi o que havia acontecido, mas respirei fundo e caminhei em sua direção. Não seria bom questionar ou procurar entender a situação, esperaria por ele até o momento certo chegar. Neste momento o silêncio seria melhor do que qualquer outra coisa.
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