Eu passei aquele dia ao lado de Josh. Enquanto estava com ele, não desgrudei do mesmo um segundo sequer. E ele não pareceu se importar com isso.

Infelizmente, aquele dia passou muito rápido. Nós dois ficamos juntos o tempo inteiro e quando vimos... já era noite.

- Está com expectativas? - Perguntei enquanto segurava sua mão e na outra meus ténis. Estávamos caminhando na mesma praia.

- Acho que sim. Não sei. - Josh respondeu. - Eu... eu estou meio confuso. Vou ligar para minha mãe hoje para dar a notícia e ver o que ela me aconcelha a fazer.

- Por que está confuso? - O olhei curiosa.

- Porque eu não sei se é a hora certa, amor. - Josh balançou a cabeça. - Eu fiquei muito empolgado com a proposta porque é a primeira vez que alguém tão importante e influente no mundo da dança nota o meu trabalho. Mas... eu não sei. Acho que... vou pedir um dia para o Sr Leblanc. Se eu for na casa da minha mãe... acho que consigo conversar melhor com ela. Mas, talvez isso não mude muito, até porque já confirmei com o Jean.

- Pensa bem, ok? Essa não é uma oportunidade que aparece sempre. Pode mudar sua carreira.

- Eu sei. - Ele olhou pra mim. - Você é tão linda. - Josh parou de andar e segurou meu rosto. - Não vai me trocar por outro não, né? Eu acho que volto na França no mesmo momento se te visse com outro cara.

- Não vou te trocar, bobo. - Ri do mesmo.

- Eu não suportaria ver outro cara beijando essa boca linda que você tem. - Josh aproximou seu rosto de mim e me deu um selinho demorado. - Promete que mesmo distantes vamos fazer isso dar certo? Não quero perder você.

- Prometo. - Assenti.

[...]

Hoje é segunda-feira. Josh acabou conseguindo mais um dia com o Sr Leblanc e foi até a casa de sua mãe. Porém, o mesmo tinha o vôo marcado para hoje às cinco da manhã.

Eu quis ir com ele até o aeroporto, mas Josh disse que era muito cedo e não queria atrapalhar a rotina do meu dia. Eu não estava dando a mínima para minha rotina, eu só não fui porque odeio despedidas.

Eu não queria ver o Josh partindo. Não queria vê-lo entrando num avião e indo para longe de mim. Seria uma dor horrível e eu não queria passar por aquilo.

Quando o dia amanheceu, meus olhos se abriram ao som do despertador. Passei as mãos no meu rosto e tentei pensar positivo. Eu amava o Josh, mas não era dependente dele. Eu seguiria minha vida e aguardaria o momento em que fôssemos nos ver de novo.

Naquela manhã me arrumei e tomei café em perfeito silêncio. Sim. Pela primeira vez eu não fiquei feito uma louca ouvindo músicas e fazendo tudo enquanto dançava.

Depois de ter seguido minha rotina normalmente, saí do meu apartamento e fui para a BDC.

Fui direto para a aula de Luke e assim que cheguei na sala vi os mesmos rostos familiares, menos Luke que estava atrasado.

- Oi Thalia. - Lily sorriu para mim.

- Oi Lily. - Respondi a mesma enquanto esticava os meus braços.

Fiquei cerca de cinco minutos junto com os alunos na sala até Kelly se colocar na frente da turma segurando seu celular.

- Ok, Luke me mandou uma mensagem dizendo que vai se atrasar um pouco mais e pediu para que repassássemos a coreografia da apresentação principal. - Todos concordaram com o que ela disse e a mesma soltou a música.

Estávamos passando a música quando eu me desconcentrei e acabei tropeçando em meus próprios pés.

Kelly olhou para mim com um olhar sério e em seguida se dirigiu a caixa de som.

- Sempre que alguém errar... eu volto a música no começo. - Ela deu um meio sorriso e voltou a música. Ninguém pareceu gostar muito daquilo e eu acabei me sentindo culpada.

Repetimos a coreografia e no meio da música eu me desequilibrei de novo e acabei errando. Por pouco eu não caí.

Kelly bufou e foi até a caixa de som. A mesma voltou a música no começo e eu já conseguia ouvir reclamações. Os alunos já estavam de saco cheio e era óbvio que com raiva de mim.

- Ta tudo bem, Thalia. Só respira e se solta. - Lily tocou meu ombro com seu sorriso.

Tentei crer em suas palavras e me concentrei ao máximo. Estava reproduzindo os passos quando, quase no final da música, eu tropecei nos cadarços do meu tênis e acabei esbarrando em Kelly.

Kelly foi imediatamente até a caixa de som e pausou a música.

- Qual é, Thalia?? Assim não dá! Vai fazer a turma ficar aqui pelo resto do dia?? Temos pouco tempo e isso aqui não é para amadores! Se não consegue reproduzir esses simples passos, nem deveria estar na turma avançada! - Kelly gritou e seu tom de voz deixava claro a raiva que ela estava sentindo.

- Ei? Pega leve, Kelly. - Lily intercedeu por mim.

- Pegar leve?? Ela só está atrasando a gente! Desde que você chegou que isso aqui virou uma bagunça! Todos discutem, Luke facilita as coreografias pra você pegar, só passa vergonha e compromete a imagem da BDC, você nem era pra estar aqui! Nem o emprego que você tem era pra ser seu! - Kelly gritou novamente.

Aquelas palavras doeram. E muito.

Eu podia ter achado ela grossa ou o que for, mas eu não podia dizer que era mentira. Talvez eu só estivesse atrapalhando mesmo.

- Calma, Kelly. A Thalia não tem culpa. - Brice falou logo em seguida.

- Parem de defender ela! A Lisa estava certa. Ela só se aproximou de nós para ter privilégios. - Kelly me encarou. - Você não merece estar aqui. Você chegou roubando o emprego da Veronica e depois quis roubar MINHA apresentação anual de casal. Mas olha só! Nem consegue dançar direito se o " namoradinho " não estiver junto. - Kelly cuspiu as palavras. - Aqui não é seu lugar, Thalia. Faça como o Josh e... vá.

Um silêncio horrível se firmou pela sala enquanto eu me sentia péssima.

Eu não soube o que fazer, dizer ou responder. Eu senti uma sensação horrível dentro de mim e por um momento me perguntei se tudo aquilo havia sido um terrível erro.

- Vai Thalia! Aqui não é seu lugar! - Kelly gritou novamente e eu não tive outra reação a não ser pegar minha mochila e sair correndo dali.

Eu não parei para ouvir o que Lily havia dito a Kelly, eu estava me sentindo muito mal para dar atenção a isso.

Acabei saindo da BDC sem dar consentimento a ninguém. A sensação que eu sentia era horrível e eu queria chorar. Me sentia sem propósito. Me sentia sem utilidade e a pior das pessoas.

Eu nunca havia sido humilhada daquela forma e aquilo atingiu em cheio o meu coração.

Será que foi tudo um erro?
Será que meu lema de "tudo acontece por uma razão" estava errado?
Será que eu ter entrado por engano na BDC aquele dia foi apenas uma das minhas atitudes impensadas?
Será que eu ter vindo para Nova Iorque foi uma boa escolha?
Será que eu deveria voltar para o Texas... de onde eu nunca deveria ter saído?

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Continua...