Sinceramente, eu não sei o que se passa na cabeça da minha irmã.

Será que ela não entende que eu NÃO preciso de ajuda pra passar vergonha?? Eu já faço isso naturalmente.

Eu realmente não soube o que fazer naquele momento. Josh havia curtido o comentário. Ele já tinha visto! E agora pensava que eu havia dito à minha irmã que ele era gostoso. GOSTOSO! Eu nunca falo isso de homem algum.

Com que cara vou aparecer amanhã na BDC? Vou fugir do Josh o máximo que eu puder, isso sim.

Depois de fingir demência com relação àquele comentário e mandar um áudio cinco minutos perguntando se a minha irmã tinha algum problema de cabeça ou alienação, eu finalmente liguei a televisão e consegui almoçar.

No restante daquele dia, eu arrumei minhas roupas, que haviam sido a única coisa que eu não havia arrumado na noite passada, vi alguns desenhos animados e também uns da Disney e passei um tempo na janela da sala.

Eu não fazia ideia, mas aquela janela tinha uma vista privilegiada do pôr do sol por entre os prédios mais baixos.

Eu passei um bom tempo ali apenas observando.

Eu até queria poder dizer que passei um tempo ali observando em perfeita paz e silêncio. Mas seria mentira. Nova Iorque tinha seu som próprio. Que era alto, muito alto.

Depois que anoiteceu, eu tomei um banho, separei minha roupa para meu primeiro dia de trabalho que eu nem cria ainda que teria e pesquisei algumas bios de empresas famosas e importantes para ter algumas ideias.

Porém, acabei chegando a conclusão de que eram todas horríveis. Algumas raras salvavam, mas não passavam o que a empresa era de verdade. Eu teria que ser original, prestar atenção nos detalhes da BDC amanhã e tentar mostrar no Instagram o que realmente aquele lugar era.

Depois de pesquisar bastante, mexer um pouco no meu celular e acertar o despertador para mais cedo, eu acabei indo dormir.

[...]

~Yeah, you're lookin' at the truth, the money never lie no...~

Meu despertador me acordou com a voz do Justin Bieber e eu rapidamente o desliguei.

Ao contrário de ontem, eu permaneci na cama por uns segundos encarando o teto. Eu estava assustada.

Aquele seria oficialmente meu primeiro dia de trabalho e eu não queria fracassar. Não queria estragar tudo. Eu estava lidando com redes sociais. Um erro meu ali e não seria dezenas de pessoas a verem, seriam milhares.

- Ok, Thalia. Deixa de ser pessimista. Esse é o melhor emprego da sua vida e você só precisa relaxar e agradecer por ter o conseguido. - Falei para mim mesma e tentei colocar um sorriso no meu rosto, porém falhei quando me lembrei de Josh e da vergonha que minha irmã havia me feito passar.

Eu realmente não estava com coragem de sair da cama por conta disso. Eu vou querer enfiar minha cabeça num buraco se ele aparecer na minha frente.

Bufei e passei as mãos no meu rosto.

- Calma, Thalia. O estúdio é grande, há poucas chances de você topar com ele lá. - Respirei fundo. - É só agir naturalmente e fingir que aquele comentário da maluca da minha irmã nunca existiu.

Acreditei em minhas próprias palavras e me levantei da cama já colocando minha música favorita para tocar. Eu precisava começar o dia na animação.

[...]

- Oi Thalia! - Lily foi a primeira que eu vi assim que entrei na BDC.

- Oi Lily! - Sorri para a mesma. - Quais aulas você faz para estar aqui tão cedo?

- Muitas. Eu praticamente moro aqui. - Lily falou rindo. - Mas eu tenho uma de ballet daqui cinco minutos. E então? Animada pro seu primeiro dia?

- Um pouco nervosa, na verdade. - Respondi apertando minha pequena bolsa de lado.

- Ah, relaxa. Você vai se sair muito bem. - Ela sorriu dando um tapa leve no braço.

- Contanto que minha melhor amiga não tenha vindo junto. - Murmurei para mim mesma.

- Han? - Lily me olhou confusa.

- Nada não. - Sorri sem graça.

- Então tá. - Ela deu de ombros. - Eu acho que vou pra minha aula. Vai lá na sala do Sr King. Ele deve te passar o que fazer.

- Ok. - Sorri grata por ter Lily ali e me dirigi até o corredor colorido.

Cumprimentei a moça da recepção e olhei na direção do corredor. Porém, assim que pisei no mesmo, Josh apareceu saindo de uma das portas que, na verdade, parecia ser a mesma que ele saiu ontem.

Senti a vergonha surgir naquele momento e arregalei meus olhos. Dei um passo pra trás e fui para atrás da parede para que ele não me visse.

Josh fechou a porta daquela sala e foi para a porta da frente, para minha sorte. Ali ele entrou e a fechou.

Vi que era minha oportunidade e sai de trás da parede. Contudo, antes de entrar no corredor, olhei pra trás vendo a recepcionista olhando pra mim como se eu fosse uma maluca.

Dei meu sorriso sem graça ao perceber que minha melhor amiga estava ao meu lado como sempre e comecei a andar de forma rápida pelo corredor para não correr o risco de Josh sair daquela porta e dar de cara comigo.

Andei rápido, passei direto pela porta que ele havia entrado e andei na direção da sala do Sr King.

Assim que me aproximei da sala dele, olhei pra trás para ver se Josh estava ali e acabei esbarrando, na verdade, dando de cara com alguém.

Olhei para frente e vi o Sr King que estava saindo de sua sala e eu esbarrei nele com tudo derrubando uma pasta de papéis que ele segurava.

- Ai meu Deus... - Meu coração acelerou ao ver todas as folhas se misturarem. - Ai perdão, Sr King! Eu não tive a intenção, eu...

- Tudo bem, elas não estavam organizadas ainda. - Ele sorriu. Na verdade, acho que ele estava rindo do meu desespero.

Nós dois abaixamos para pegar as folhas e assim que terminamos, nos levantamos e ele as colocou dentro da pasta.

- Desculpa, mesmo. Tenho que olhar mais por onde ando. - Murmurei.

- Não se preocupe. Eu vou entregar isso aqui para o John e já venho, ok? Me aguarde aqui pois você ainda precisa preencher sua ficha. - Ele falou enquanto eu o olhava atentamente.

- Ok. - Assenti e logo o mesmo saiu dali.

Apertei minha bolsa em minha mão de novo e olhei para o corredor torcendo para que Josh não aparecesse ali. Eu realmente não estava disposta a encara-lo tão cedo.

Infelizmente, Josh não ficou tanto tempo quanto eu queria dentro daquela sala.

O mesmo saiu dela e eu não vi outra alternativa a não ser entrar numa das portas daquele corredor.

Eu não sabia o que tinha ali dentro e nem se tinha alguém ali. Eu apenas entrei e fechei a porta sem nem pensar duas vezes.

As vezes eu penso que o motivo por eu passar tanta vergonha sou eu fazer as coisas sem pensar antes.

E naquele momento eu fiz exatamente isso. Não pensei quando entrei numa sala que não conhecia e fechei a porta sem nem saber o que tinha ali dentro.

- Posso ajudar? - Ouvi uma voz masculina e olhei pra trás encontrando um garoto de cabelos negros e pele branca. O mesmo olhava pra mim curioso com os braços cruzados.

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Continua...