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8 - NÃO CONSIGO ME SATISFAZER


"I can't get no satisfaction
I can't get no satisfaction
'Cause I try, and I try, and I try, and I try" 8

ALGUÉM BATEU À PORTA do meu quarto de hotel. Uma. Duas. Três. Quatro vezes. Mas eu estava chapado — ou bêbado — demais para notar com rapidez as batidas. Eu tinha misturado álcool e maconha na noite passada. Já dava para imaginar a minha situação decadente.

Ergui-me com muita dificuldade e olhei ao redor; escuro, mas ainda assim perceptível. Estava na cama, os lençóis brancos bagunçados e sujos, a atmosfera cheirava a maconha e a sexo. Duas garotas deitavam-se comigo, nuas, dormindo profundamente, talvez tão drogadas quanto eu. Pelo chão do quarto, havia muitas garrafas de bebida de todos os tipos — de cerveja a vodca —, bitucas de baseado, muitas delas, camisinhas e roupas íntimas jogadas por todo o lado.

Minha cabeça doeu por um segundo. Inspirei fundo. As socadas na porta e alguém chamando por mim intensificavam minha dor no cérebro.

— Já vai, cacete! — gritei, me levantando.

Procurei minhas roupas e vesti apenas a calça de couro usada no show da noite anterior. Caminhei até a porta, quase me arrastando. Quando a luminosidade do outro lado adentrou o ambiente, minhas pupilas queimaram como o inferno. Fechei os olhos e os cocei. Demorei alguns segundos para me habituar à súbita claridade. Semicerrei os olhos frente à pessoa na minha porta. Só consegui reconhecer um homem trajando um uniforme do hotel.

Ótimo, um funcionário veio me encher o saco. Pedir um autógrafo? Eu realmente não estava com saco para aquilo naquele momento.

— O que caralhos você quer? — cuspi.

— Desculpe o incômodo, senhor — pediu, meio receoso. — Mas um homem me pediu para te entregar isso. — E me esticou um envelope pardo.

Tomei-o de suas mãos com força desnecessária e bati a porta em sua cara sem ao menos agradecer ou ser minimamente educado. Caminhei de volta para a minha cama, onde as prostitutas ainda dormiam profundamente. Encarei-a por alguns segundos, me recordando da noite anterior. Tínhamos fumado e trepado em demasia depois do show. Eu podia estar muito louco naquele momento, mas ainda conseguia me lembrar vagamente das duas vagabundas dividindo meu pau e me chupando como se eu fosse o último homem da terra.

Suspirei, afastei as imagens da minha cabeça e me concentrei no envelope em mãos. Tive de rasgar as laterais, pois estava selado com cola, e retirei apenas uma foto de lá de dentro.

Que quase fez meu coração saltar pela boca.

Era o relicário de Charlotte.

Pestanejei, enquanto meus olhos assimilavam a imagem. Há algumas semanas eu tive a ideia de soltar um vídeo nas minhas redes sociais falando sobre estar à procura do relicário dela. Na gravação, dei todas as informações necessárias. Data, local, mais ou menos o horário em que a vi pela última vez, ocultando, claro, o fato de eu tê-la agredido. Minha discussão com Charlotte já era conhecimento de todos há muito — o próprio Joe confirmou quando foi esclarecer sua morte para a imprensa —, mas continuava escondido o fato de eu ter golpeado minha irmã com um tapa.

Com esse vídeo, eu tinha a esperança de alguém ter encontrado o relicário dela, algo que me fazia extrema falta, e, se eu encontrasse, me traria o alívio que eu estava procurando em prostitutas, álcool e maconha. Para ajudar, mostrei uma foto de Charlotte usando a joia, mas também ocultei a informação que o relicário tinha uma inscrição atrás. Eu queria evitar golpistas e pessoas de má-fé.

Virei o verso da fotografia e vi apenas uma letra rabiscada em um endereço e horário. Olhei no relógio. Meio-dia. Eu deveria me encontrar com o tal homem às 18h.

Acordei as prostitutas e as expulsei do meu quarto. Eu precisava de um tempo sozinho. Tomei um banho longo para limpar minha pele. Eu cheirava fortemente a bebida alcoólica, baseado e sexo. Fiz um café forte e amargo e me obriguei a beber. Pra voltar ao meu estado normal, me obriguei a limpar a bagunça no quarto.

Meu coração batia muito rápido e descompassado, ansioso pelo encontro com a pessoa que poderia me devolver um pouco da minha paz. Com tudo limpo, deitei na cama e resolvi descansar um pouco mais. Ainda faltavam umas quatro horas para meu encontro. Aproveitei e dormi até por volta das 17 horas. Levantei-me, lavei meu rosto, desamassei a roupa e deixei o hotel.

Dirigi até o local indicado na foto, um pub na cidade muito conhecido. Olhei no relógio. Estava adiantado. Ainda faltavam vinte para as seis. Pedi apenas uma água e esperei.

— Ei, você é o guitarrista da Doktor Rock, não é? — perguntou o barman, secando um copo.

Olhei-o com um sorrisinho. Senti-me estranhamente bem. Gostava quando as pessoas me reconheciam. Bebi outro gole da minha água e respondi:

— Em carne e osso, meu chapa.

— Que massa, cara. Minha namorada é muito fã da sua banda, desde a época do Talent Rock — mencionou se aproximando mais do balcão.

— Isso é realmente legal.

— Sabe que ela tem certeza que vocês não plagiaram aqueles caras do Os Miseráveis? — E deu uma risadinha sem graça.

Abri um sorriso e olhei em meu relógio. Quinze minutos ainda.

— Diga a ela que eu agradeço pela confiança — falei, sinceramente. Era muito bacana saber que ainda havia gente acreditando em nós, na nossa versão dos fatos.

— Ei, você se importa se eu te pedir um favor? — indagou, me parecendo meio receoso.

Suspirei. Eu sabia que, uma hora ou outra, iríamos chegar a esse ponto. Era sempre assim. Reconheciam-me, me diziam que eram fã da banda, depois vinham com o papo do favor. E era sempre pra se aproveitar da fama. Ingressos pra show, entradas pra camarins, arrumar algumas garotas, esbanjar meu dinheiro.

— Desculpe, não sei se posso te ajudar — falei, não querendo parecer rude. Estava cansado de gente sanguessuga.

— Ah, entendo — murmurou, com ar derrotado. — Só queria te pedir para autografar esse pedaço de guardanapo no nome da minha namorada — explicou-se. Senti-me um estúpido. É claro que ainda havia pessoas de boa índole. — Sabe, vou pedi-la em casamento e estava pensando em um modo diferente. Acho que ela ficaria feliz em ter um autógrafo junto da aliança. Mas se você não pode, está tudo bem.

Sorrindo, o barman voltou a secar seus copos. Um cliente chegou, e ele foi rapidamente atendê-lo. Fiquei mal por ter sido um babaca. Quando o funiconário voltou, eu o chamei mais para perto.

— Quando você vai pedir sua namorada em casamento? — indaguei.

— Depois de amanhã, quando é o nosso aniversário de namoro. Cinco anos juntos, cara — disse. E ele parecia pateticamente apaixonado.

Abri um sorrisinho e acenei.

— Vou te ajudar com isso, beleza? — Saquei o celular do bolso e fiz algumas ligações. Ao finalizar, o rapaz, na casa dos trinta anos, me olhava com admiração.

— Você não fez tudo isso por nós, fez? — perguntou, ainda surpreso com as coisas que consegui para que ele pedisse a namorada em casamento.

Um restaurante chique, por minha conta, e uma cesta de café da manhã repleta de coisas deliciosas e artigos da banda autografados por todos os membros. Além disso, eu disse que Patrick Davis — o barman — poderia nos contratar quando quisesse para tocarmos em seu casamento, e tudo por minha conta.

— É claro que fiz — respondi, sorrindo e bebendo o resto da minha água. — E com prazer.

— Você é um cara legal, J.J. Minha namorada está preocupada com você, por causa da sua perda, sabe? — falou, com cuidado. — Ela acompanha muito a banda, as notícias... E você... bem... sabe? Ela diz que você precisa de ajuda.

Ótimo, mais um me dizendo o que eu estava careca de saber, só não queria admitir. Forcei um sorriso, sentindo o meu coração se dilacerar mais um pouco. Precisava beber ou fumar quando essa dor vinha devagar, mas com intensidade. As pessoas estavam preocupadas comigo, eu sabia disso, e, do meu jeito, ficava feliz por essa preocupação. Mas eu continuava obstinado a não dar ouvido a esses conselhos e seguia me afogando em álcool e maconha.

— Eu agradeço a preocupação, mas estou bem — repeti a mesma frase mentirosa pela milésima vez. Dizia isso ao menos quinze vezes no dia.

Dado aos meus escândalos era nítido que eu não estava bem. As pessoas comentavam isso sem parar. Meus pais me alertavam, meu irmão, meus amigos, a banda. Vez ou outra eu lia comentários nas minhas redes sociais de fãs realmente preocupados, torcendo por mim, me aconselhando.

Recentemente, estivemos no México, e foi lá que eu comecei a usar a maconha. É claro que o fato de eu estar chapado em um Opala preto logo virou notícia. Scott me repreendeu severamente quando foi me buscar na rodovia, no meio do deserto, porque eu estava sem condições algumas de voltar. Eu aleguei que não ia mais acontecer aquele tipo de conduta e, por alguns dias, me mantive limpo, sem pôr uma gota de álcool na boca ou tragar um baseado. Quinze dias depois, convenci todo mundo de que eu só tinha curtido um pouco e não estava mesmo com problemas.

Mas duas semanas sem meus entorpecentes — aqueles que me ajudavam a aliviar meus sentimentos negativos — me deixaram à beira da loucura, não pela abstinência. Eu realmente não achei falta nas drogas em si, mas no conforto que me proporcionavam, senti falta do breve momento de esquecimento que eu tinha quando as ingeria. Esquecia-me da minha dor, da minha culpa, raiva e mágoa. Ontem, eu não resisti. Além do álcool e das drogas, usei o sexo pra extravasar, também.

— De qualquer forma — continuou Patrick —, obrigado por tudo, de verdade.

Acenei em positivo apenas. Um segundo mais tarde, alguém se sentou ao meu lado. Chamou Patrick e pediu um Martini. O barman retirou-se para atender ao pedido. Então a figura se virou para mim e disse:

— Estou atrasado, perdão por isso.

Virei-me em sua direção, me deparando com um homem de meia-idade, bem-vestido com terno. Cabelos pretos grisalhos. Parecia um galã de Hollywood. Eu sabia quem ele era. Olhei no relógio. 18h01min. Não era exatamente um atraso, mas resolvi não contestar.

— Tudo bem. Está com o relicário? — fui direto ao ponto.

— Sim, estou. A gente pode falar sobre a recompensa, primeiramente?

Claro, tinha aquilo. No vídeo, eu frisei como a joia era de um valor inestimável pra mim e eu estaria disposto a pagar o que fosse para tê-la de volta. Eu recebi algumas fotos de pessoas com o "relicário" da Charlly em meu e-mail e mensagens privadas nas minhas redes sociais, mas eu sempre descartei qualquer possibilidade porque, somente pelas fotos, eu notava que não era o mesmo objeto que eu estava à procura.

— Se for mesmo o que estou procurando, pago a quantia que você quiser — respondi, firme.

— Duzentos mil? — perguntou, ligeiramente apreensivo.

Acenei em positivo. O homem então abriu o paletó e enfiou a mão no bolso, retirando o objeto em seguida. Pousou-o sobre o balcão e me olhou. Meu coração batia de forma acelerada. Era idêntico. Pela primeira vez, eu tinha uma forte esperança de ser aquele relicário o de Charlotte. Finalmente, eu poderia ter um pouco de paz.

Com cuidado, tomei-o em mãos, analisando-o minuciosamente. Abri o relicário e ali eu vi: a mesmíssima foto minha e da minha irmã. Respirando fundo, virei o objeto nos meus dedos para comprovar ou descartar as possibilidades.

Todas as minhas esperanças foram por água abaixo. Não havia inscrição nenhuma atrás, o que significava somente uma coisa: era uma peça ilegítima. Mirei o homem ao meu lado, sentindo toda a minha raiva contida vindo de dentro de mim e se concentrando nos meus punhos. Era um tremendo filho da puta que queria se aproveitar da minha dor, do meu desespero e do meu estado emocional para conseguir me extorquir.

— Acha que pode me enganar? — indaguei, entre os dentes. — Me acha com cara de idiota? — Levantei-me, puxando-o pelo colarinho.

— Ei, se acalma, J.J. — pediu, tremendo na voz. — É o relicário da sua irmã.

Dei um soco em seu nariz, fazendo-o urrar na mesma hora. As pessoas ao meu redor nos olharam assustados com seu grito, e Patrick rapidamente veio em nossa direção, pulando por cima do balcão.

— Eu não nasci ontem, cara — bradei.

De fato, o relicário era uma duplicata impecável. Até mesmo as nossas fotos eram a mesma, perfeitas. Mas eu sabia que não se tratava da joia original. Arremessei-o contra o chão e chutei suas costelas.

— Acha que pode me enganar dessa maneira? Sabe o quanto a porra desse relicário é importante pra mim? — E então, mais chutes.

As pessoas saíram de seus lugares e tentaram apartar a briga, mas eu estava possesso demais para ser contido de forma pacífica. Desvencilhei-me dos braços que tentavam me conter, ergui o desgraçado do chão e comecei a esmurrar sua cara. Sangue espirrava do seu nariz para minha mão e para minha roupa.

Alucinado. Fora de controle. E isso porque eu estava sóbrio. Pior do que toda a droga e álcool só essa raiva dentro de mim, essa mágoa, o ódio, a dor e a culpa.

Dois pares de braços fortes me tiraram de cima do vigarista, empurrando-me com força. O homem estava com a cara arrebentada e ensanguentada. A polícia foi acionada. E mais uma coleção de boletins de ocorrência e processos por agressão física foram adicionados à minha conta.



Scott me deixou no meu quarto de hotel. Como sempre, era ele quem me livrava das confusões. A saída da delegacia foi uma loucura. Fotógrafos, jornalistas e paparazzi por todo o lado, todos em busca de uma reportagem para estampar meu nome nas manchetes em uma notícia negativa, mas que lhes renderia muito.

— Jim... — começou, mas eu não o deixaria terminar de falar. Não quando eu sabia que seria um sermão.

— Nem comece, Scott. — Pelo menos, eu estava sóbrio. — Dessa vez, o desgraçado fez por merecer! Tentou me extorquir duzentos mil com um relicário falso da Charlotte.

Meu irmão suspirou e passou os dedos pelos fios do seu cabelo castanho-claro.

— Ainda assim, não era motivo para ter começado uma briga naquele pub.

— Diz isso porque nunca realmente se importou com Charlly — gritei, começando a perder o controle da situação.

— Como pode dizer isso, Jim? Ela era minha irmã tanto quanto era sua! — protestou, se aproximando de mim e me segurando com força. Balançou-me como se eu fosse um boneco de pano. — Você não percebe que está precisando de ajuda?!

Empurrei-o brutalmente, desfazendo sua pegada em mim. Estava cansado de todos me dizerem aquilo. Nada seria capaz de me ajudar. Nada!

— Não preciso de uma ajuda estúpida! Eu não sou louco! — vociferei.

Scott abria a boca para me responder, mas o enxotei do meu quarto. Precisava ficar sozinho. Eu e minha mente perturbada. Meu irmão ficou no lado de fora, batendo contra a porta por cinco minutos, me pedindo para deixá-lo entrar, para conversarmos com calma. Ignorei todas as suas palavras. Ele se cansou e foi embora.

Encolhi-me em um canto do quarto, abracei meus joelhos e lavei meu rosto com lágrimas. A dor parecia não ter fim. Quem foi o maldito estúpido que disse que o tempo cura todas as feridas? Pois já tem quase um ano, e até agora eu não superei, não encontrei meu modo saudável de seguir em frente. Fiquei assim, encolhido, chorando, por minutos incontáveis.

Eu resistia. Não queria ter de me submeter às substâncias entorpecentes. Mas a dor vinha cada vez mais forte e só encontrava conforto em uma garrafa de uísque ou em um fumo de maconha. Sou fraco. Minha resistência durou pouco. Levantei-me, decidido.

Revirei o quarto e encontrei uísque. Bebi doses generosas, mas não foi o suficiente. Deixei minha hospedagem e fui até o prostíbulo de luxo da noite anterior. Fui bem-recebido pelo dono do local, que chamou duas garotas. Dei-lhe algumas notas a mais para me conseguir alguma coisa mais forte do que maconha. Sorrindo, não demorou a me aparecer com alguns pinos.

Voltei com as garotas para meu quarto de hotel. No próximo segundo, as duas avançavam sobre mim, me beijando, tentando tirar minha roupa. Afastei-as. Não queria aquilo naquele momento. Sentei-me na poltrona enquanto, curiosa, elas me observavam.

— Tirem as roupas e se peguem — ordenei, cruzando as pernas. Sentia-me levemente bêbado.

As duas logo fizeram o ordenado. Ajoelharam-se sobre a cama; começaram com beijos leves e cândidos, aumentando a intensidade aos poucos. Tiraram as roupas, beijaram-se nos seios, chuparam-se. Observei-as com atenção, minha ereção crescendo.

— Continuem — ordenei.

As garotas continuaram brincando, e seus gemidos me davam um tesão imenso. Estava louco pra me juntar na brincadeira e comê-las com força em todas as posições devassas que eu encontrasse.

Levantei-me, contudo, e peguei minha guitarra guardada no estojo. Voltei à poltrona e apoiei o instrumento sobre minhas pernas. Olhei-as outra vez. Uma delas — a garota loira — estava deitada, pernas abertas, enquanto a morena beijava sua boca e a penetrava com os dedos. Sorri. Retirei os pinos do meu bolso e abri um.

Cocaína.

Espalhei sobre minha guitarra, ergui-a a altura do meu nariz. Demorou um segundo até eu tomar a decisão de inalar todo o pó branco. Recostei-me à minha poltrona, ainda observando as duas putas, e sorri, sentindo-me extasiado. Acariciei minha guitarra como se ela fosse uma musa, a mulher amada. De fato, eu amava meus instrumentos de trabalho.

Pensei que, depois da primeira cheirada, somado ao álcool de pouco tempo atrás, me seria o suficiente, seria o bastante para me esquecer da dor.

Mas não foi.

Eu tentei, juro que tentei. Não consegui. Parecia que nada era o suficiente para me acalmar. Pelo contrário. Os efeitos dos entorpecentes pareciam cada vez menos eficazes. O contentamento durava cada vez menos, e todo o sentimento negativo, de dor, culpa e ódio retornavam mais fortes, maiores, com mais intensidade.

Quando vi, estava chorando como uma criança.

As prostitutas pararam o sexo devasso sobre a cama e me olharam, confusas. Vieram até mim, agacharam-se em minha frente e, dos seus modos imorais, tentaram me animar. Acariciaram-me nas partes íntimas, mas, ainda assim, eu seguia chorando feito um beberrão.

— Por que você está chorando, Jim? — perguntou uma delas.

A resposta poderia ser por causa da culpa que estava carregando pela morte de Charlly, mas também era porque eu estava me enfiando em um caminho sem volta e sabia disso. Estava fodendo meu psicológico e minha saúde física. Estava ciente de que cada vez mais eu precisaria de doses maiores das drogas que estava usando se quisesse ter satisfação o bastante para me amortecer. E era por esse motivo o meu choro.

Olhei para as duas mulheres ajoelhadas e nuas na minha frente e respondi:

— Porque eu não consigo me satisfazer.


***


  8 "Eu não consigo me satisfazer/Eu não consigo me satisfazer/ Mas eu tento, e eu tento, e eu tento, e eu tento." The Rolling Stones, (I Can't Get No) Satisfaction.  

https://youtu.be/nrIPxlFzDi0



***


Como prometido, capítulo extra pelo 1K de leituras na história <3 

Espero que tenham gostado! Ah, e só pra constar, J.J. vai conhecer Audrey no capítulo 10. Segurem a ansiedade só mais um pouco :* 

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