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10 - O RITMO DO AMOR



"The rhythm of love

Keeps me dancing on the road" 10 


A MINHA VIDA ESTAVA desestabilizada. Três anos desde a morte de Charlotte; a dor já não era intensa, mas os caminhos que percorri para saná-la me mudaram, tornando-me uma pessoa diferente. E pior. Levando-me ao vício.

Minha overdose tinha sido há quase um ano. Fui obrigado a realizar sessões com minha psicóloga, em conjunto com o psiquiatra, que me receitou alguns remédios para o meu alcoolismo. Comprimidos que, admito, iam todos para a descarga. Eu poderia muito bem controlar minha bebedeira sem intervenção de medicamentos.

Nunca estive tão enganado na minha vida.

Para não ser obrigado a me internar em uma clínica de reabilitação, eu assegurei a todos que eu não tinha chegado ao ponto de ser um dependente químico. Conseguiria me manter afastado das drogas sem a necessidade de uma intervenção. Apesar de tudo, todos me deram um voto de confiança. Exceto pela bebida, foi fácil deixar o baseado e a cocaína de lado. Ainda assim, eu me controlava ao máximo para não ter uma recaída e aparecer com o nariz esbranquiçado.

As sessões não perduraram muito — pouco mais de três meses — e, ao primeiro sinal de melhora, eu parei de frequentar a terapia. É claro que sofri ameaças por parte de Scott, ele até conseguiu me afastar por uma semana da banda, mas o fato de eu ter aparecido extremamente bêbado e chorando como uma criança, o fez voltar atrás. Somente a banda poderia ser meu alicerce para seguir suportando e me manter afastado das coisas ruins. Eu garanti isso a todos e até cumpri minha palavra por algum tempo.

Fiquei limpo e sóbrio por meses. Às vezes, escondido, eu tomava uma ou outra dose de qualquer coisa alcóolica que eu encontrava nos quartos de hotel. Ninguém nunca desconfiou de nada e, assim, pelos seis meses seguintes, eu estive sob controle.

Ou quase.

A abstinência no meu corpo me deixava irritado. Muito. Então, eu estava constantemente socando alguém, ou injuriando, ou fazendo gestos obscenos. Um comportamento mais agressivo tinha se apossado de mim. E começava a descontar isso até mesmo no pessoal da banda. Mês passado, não me lembro do motivo, mas, no meio do show, eu parei de tocar e parti pra cima de Scott. Ele caiu de costas, no palco, enquanto eu o agredia. Mike separou a briga, enquanto nosso empresário ajudava meu irmão a se levantar.

Naquela noite, eu abandonei o palco antes mesmo do show acabar e fui para meu quarto. Obviamente, eu me embriaguei até quase o ponto de entrar em coma alcoólico.

Depois do episódio, me redimi e passei mais alguns dias sóbrio até o próximo estopim. E esse ciclo se repetia com frequência nos últimos meses. Eu recebia conselhos, claro, todos sempre me dizendo que eu precisava de ajuda, me diziam para voltar ao meu tratamento, porque eu não estava legal. E, como bom teimoso que sou, sempre negava e não admitia. E ninguém, aliás, ousava ameaçar me afastar da banda de novo porque sabiam que isso seria a segunda maior desgraça na minha vida, podendo me levar ao abismo. Por ora, eu estava no fundo do poço. E o abismo era muito pior.

Se eu me mantinha — ou fazia o possível para me manter — longe dos entorpecentes, o sexo era o meu único "vício" aceitável. Por isso, minhas prostitutas e fodas casuais foram mantidas. Trepar com algumas vagabundas me ajudava a ficar longe do álcool.

Até então, meu comportamento estava prejudicando exclusivamente a mim. Mas agora, o quadro começava a mudar e a atingir a banda também, prejudicando nosso sucesso. Tínhamos perdido o contrato com uma empresa para um comercial porque eu — chapado — assediei a produtora; tivemos diversos shows cancelados ao longo dos meses devido aos meus inúmeros escândalos: assédio, agressões, brigas, injúrias, adultério (dormi com uma ou outra mulher casada).

Por isso mesmo, Scott entrou feito uma fera indomável quando abri a porta da minha cobertura em Nova Iorque. Ele olhou com atenção minhas malas ao redor da sala para nossa partida no começo da noite.

— Desfaça a droga das malas — ordenou, cheio de raiva.

Olhei-o sem entender, franzindo o cenho.

— Por quê? — indaguei apenas.

— Porque não vamos mais participar do festival da The Rock Time.

Arregalei os olhos, surpreso com a informação. O tal festival não era só mais um show, mas tínhamos sido indicados a prêmios em várias categorias e tinha uma importância significativa na carreira de qualquer músico.

— E por que não? Estava tudo bem. O que aconteceu?

Scott deu uma risada sinistra.

— Aconteceu você, Jim! — acusou.

— Eu? Mas que diabos eu fiz?

— O que você fez? Eu vou dizer exatamente o que você fez: você fodeu tudo! — Sua voz saiu alta e alterada. — Foi o que você fez!

Meu irmão estava nitidamente com raiva e nervoso. Contudo, suas informações ainda me eram uma incógnita. Não conseguia entender que diabos eu teria feito agora. Nos últimos dias eu me mantive sob controle, não colocava uma gota de álcool há dias, e só dei uma cheirada uma única vez; também não fumei um baseado nem soquei a cara de qualquer filho da puta que me tirasse do sério.

— Você pode ser mais claro, Scott? — pedi, quase impaciente. — Não sei realmente o que eu fiz.

Ele puxou o celular do bolso, digitou alguma coisa e então virou a tela em minha direção. Era uma matéria, postada há menos de uma hora. Havia uma foto minha, com a aparência acabada por causa das drogas, mas não era recente.

A manchete dizia:




Pisquei diversas vezes, assimilando o que meus olhos liam. Mas o que diabos era aquilo? Continuei lendo a matéria. Preservaram o nome da mulher que me acusava de tais absurdos e seguiam relatando que, no último dia 10, em uma boate que eu frequentava, sob efeito de álcool e drogas, eu tinha assediado uma mulher e tentado estuprá-la.

Olhei para meu irmão, engolindo em seco. Eu não podia negar minha presença na boate. Eu realmente fui para me divertir um pouco, mas todo o resto da matéria era — ou deveria ser — uma mentira enorme. Tudo bem. Eu já tinha alguns casos de assédio sexual quando estava chapado. Mas tentativa de estupro? Por mais chapado que eu estivesse, eu conseguia me lembrar das minhas ações; por isso no dia seguinte, eu sentia vergonha pelas minhas atitudes e me desculpava. Todavia, essa suposta tentativa de estupro me escapava da memória.

Eu não me lembrava de nada relacionado.

E, sinceramente, nem sei se teria coragem de estuprar uma mulher, mesmo entorpecido. Mas eu também não confiava em mim o suficiente quando nessas circunstâncias.

De qualquer maneira, estava convicto de que a tal mulher só queria me prejudicar, talvez me arrancar uma indenização, como eu já tinha pagado duas outras vezes.

— Não pode acreditar na droga dessa matéria — ralhei, afastando o celular da minha vista. — É uma enorme mentira. E o que isso tem a ver com o cancelamento do festival?

Scott inspirou um instante.

— Não querem um estuprador em potencial em cima do palco da The Rock Time. Com a ascensão do movimento feminista e estas coisas. E quer saber? Eles não estão errados.

Estuprador em potencial. Caralho, aquilo doeu e doeu fundo em mim. Eu nunca fui capaz de beijar uma garota sem o consentimento dela, forçá-la a sexo me era ainda mais inconcebível.

— E dado o seu comportamento recentemente, Jim — meu irmão continuou —, não há como não acreditar nessa denúncia.

— Eu quero ver essa vadia provar que eu tentei estuprá-la — gritei, de repente, assustando Scott. Respirei profundamente, procurando manter a calma. — Escute, cara, eu podia estar um pouco bêbado naquela boate, mas eu não assediei e nem estuprei ninguém.

— É a sua palavra contra a dessa garota.

— Pois eu vou dar meu jeito de provar — falei, passando por Scott.

Meu irmão me segurou pelo punho, com força, e me olhou dentro dos olhos.

— Jim, se por acaso essa garota conseguir provar sobre o que está te acusando, você vai voltar para a terapia, me entendeu? Não pode mais nos comprometer dessa maneira por causa do seu vício. Isso já passou dos limites.

Eu não o respondi. Simplesmente fui embora. Tinha um assunto a ser resolvido.



A saída da delegacia tinha sido ainda mais tumultuada. De todos os escândalos que eu me envolvi, ser acusado de tentativa de estupro foi o pior de todas — pior até mesmo do que minha overdose.

Entretanto, eu tinha conseguido provar minha inocência nesse maldito caso. Depois de muitos depoimentos, o delegado me sentenciou inocente e fechou o caso. Eu tinha alguns álibis, como estar com algumas prostitutas de luxo (sóbrias graças a Deus) perto do horário em que eu supostamente assediava a mulher. As meninas testemunharam a meu favor e confirmaram que estavam comigo, provando minha presença com algumas fotos em seus celulares. Embora as fotos fossem constrangedoras, foi o que me ajudou a provar minha inocência. O barman da área vip também confirmou que eu não saí da pista onde estava até por volta das quatro da manhã. Às cinco, como o circuito de segurança do meu prédio mostrava, eu chegava em casa, com meu motorista. Segundo a mulher, eu a assediei entre duas e três da madrugada.

Alegava estar bêbada e que eu a tinha a arrastado para o banheiro masculino, onde, supostamente, acontecera a tentativa de estupro depois de eu assediá-la na pista de dança. Quando eu mostrei as fotos em que, entre 2 e 3 da manhã, eu assistia a um strip-tease na boate, a mulher se desconcertou e começou a cair em contradição. O exame de corpo de delito também não encontrou resquício de DNA meu na mulher. Mais um ponto pra mim.

De toda forma, minha inocência estava provada. Mas mesmo assim, as pessoas continuavam falando e trazendo sempre que possível o meu vício e meus escândalos. Scott não falou mais nada sobre a terapia — afinal, eu era inocente — mas, ainda assim, eu sentia que, a qualquer momento, ele abordaria o assunto novamente comigo.

Estávamos em cima do palco, finalizando mais um show, dessa vez em Los Angeles. Scott me olhava com desaprovação enquanto cantava. Eu estava levemente embriagado. Meus desejos pelo álcool tinham falado mais alto do que eu horas antes, então, eu tomei um gole ou outro, contrariando todo o bom senso de não me mostrar vulnerável ao meu vício na frente dos demais. Subi no palco um pouco bêbado, mas nada capaz de atrapalhar meu desempenho durante a apresentação. Pelo contrário, parecia até que eu estava mais enérgico do que antes.

Ao final, deixamos o palco com uma plateia ensandecida. Joguei minha guitarra nos ombros e saí na frente de todos, já imaginando que algum deles — ou da banda ou da minha equipe, principalmente Scott ou nosso empresário — viria atrás de mim para me dar um sermão.

Atrás do palco, havia uma fila de fãs esperando por uma sessão de autógrafos e fotos com a banda. Raramente atendíamos depois de uma apresentação, mas esse caso era um caso especial, pois os fãs ali eram ganhadores de um sorteio que aconteceu durante o show, promovida por uma marca de cerveja. E eram poucos. Seis ou sete.

Parei por um momento, os observando ali. Eu tinha me esquecido desse detalhe. Abri um sorriso amarelo pra eles, sentindo o restante da banda chegar atrás de mim.

— Como sempre, o J.J. está chapado. Cuidado, meninas, ele pode tentar estuprar vocês, também — disse um dos caras na fila.

Eu o olhei dos pés à cabeça. Era baixo, moreno, usava jeans e jaqueta de couro. Ele me encarou com olhos desdenhosos e me deu um sorriso falso. O filho da puta achou que não ouvi a merda que ele disse?

— Repete se for homem, cara — ameacei, me aproximando a passos rápidos dele.

O rapaz de um passo atrás, como na defensiva. Escutei alguém me repreender, mas não dei atenção e segui avançando sobre o desgraçado.

— Ei, J.J., se acalma — falou, em meio a gaguejos.

Puxei a guitarra dos meus ombros e, no próximo segundo, eu o acertei na cabeça. Uma guitarrada. Histeria subiu ao ar. O cara caiu no chão, desnorteado, enquanto eu ainda o golpeava com a minha guitarra e ira.

Rapidamente me puxaram de cima do homem e me levaram para longe, enquanto, ensandecido e bêbado, eu esbravejava.



Ninguém tocou no assunto do dia anterior: a minha total perda de controle e por eu ter agredido, de novo, uma pessoa. Somente me acalmaram e me mandaram pro meu quarto descansar. Ainda tínhamos um show na cidade no dia seguinte. De repente, na minha cama, eu começava a ficar farto da minha vida.

Do sucesso.

O mesmo sucesso por qual batalhei tanto... estava me deixando insano. A banda parecia significar tudo pra mim, mas, ao mesmo tempo, estava me cansando. Esvaziei algumas garrafas de cerveja antes de finalmente dormir.

Na noite seguinte, eu estava sóbrio em cima do palco, tocando para a multidão. E eu me sentia muito estranho. Era um misto de euforia e tristeza, não sabia explicar. Gostava de estar no palco, incontestavelmente, mas o pensamento de que o sucesso e toda aquela rotina estavam me levando cada vez mais para baixo parecia mais atraente e insistia em me afligir. Eu senti vontade de desistir. Vontade de me envolver de novo com cocaína, ter outra overdose, ou me envolver em um escândalo forte o bastante para que me tirassem da banda.

Uma tristeza profunda me atingiu ainda durante o show. Uma imensa vontade de beber se apossou de cada centímetro do meu corpo e eu não consegui pensar em outra coisa a não ser me embebedar até não parar mais em pé.

Quando aquele show em Los Angeles acabou, e nós reverenciamos nosso público, deixei o palco rapidamente. Revirei todos os camarins, mas claro, não havia bebida em lugar algum. Scott tinha proibido terminantemente de que qualquer pessoa trouxesse qualquer coisa alcóolica. Eu estava ficando louco.

Inspirei e respirei profundamente. Mantive-me calmo. Era só até chegar ao hotel.

Entrei no ônibus da banda e esperei por todos, para que seguíssemos caminho. Ninguém veio falar comigo. Um tanto melhor. Ao chegarmos, andei às pressas, querendo apenas chegar ao meu quarto.

— J.J.! — trovejou alguém nas minhas costas. Virei-me e vi meu empresário, Denny. — Aquilo que você fez no palco! Foi inadequado e inadmissível. Nós precisamos... — Mas eu não o deixei terminar.

Entrei em meu quarto e bati a porta, ignorando seus protestos. Do que diabo ele estava falando? Realmente não conseguia me recordar do que eu poderia ter feito dessa vez.

Sedento, caminhei rapidamente até o minibar, pronto a virar goela abaixo qualquer porcaria alcoólica que encontrasse pela frente. Estava prestes a pegar uma garrafa de Jack Daniel's quando notei um jornal enrolado e um bilhete assinado por Scott.




Amassei o bilhete e dei uma generosa golada, sentindo o ardor me propiciar um prazer indescritível. O conforto que eu precisava. Peguei o jornal em mãos; na primeira página, eu era o protagonista. Uma parte da matéria dizia:



Ignorei todo o resto da matéria, a notícia era sensacionalista. Não foi bem assim que as coisas aconteceram, e eu também não me preocupei em dar minha versão dos fatos. Já estava habituado. Esperaria apenas os processos para serem pagos. Ignorei também a sugestão sobre uma "intervenção".

— Eu estou bem, cara; de verdade — disse a mim mesmo, como forma de me convencer.

Entornei mais uma bondosa dose direto do gargalo, me despi e fui até o banheiro para um banho de banheira relaxante. Perdi a noção do tempo enquanto me lavava e me embriagava ao mesmo tempo. Quando a água já estava fria contra a minha pele enrugada, enrolei uma toalha na cintura e voltei para o quarto querendo apenas dormir. Um vento frio e repentino invadiu o cômodo pela porta-balcão aberta.

Praguejei me perguntando se já estava aberta e não vi, ou se estava mal fechada e a força do vento a abriu. De repente, senti uma presença ao meu lado. Uma figura pequena e feminina saiu de trás das cortinas, me surpreendendo, e pulou em meu pescoço, me abraçando e ignorando o fato de eu estar com o corpo úmido e apenas de toalha.

Consegui afastá-la dos meus braços e, muito atônito, perguntei:

— Garota, como conseguiu entrar aqui?

— Reservei a suíte ao lado e pulei da minha sacada para a sua — explicou, eufórica em demasia, me abraçando outra vez. — J. J, sou sua fã. Eu te amo tanto.

Pisquei repetidas vezes, enquanto aquela pequena figura me cingia pela cintura e eu tentava assimilar como ela teve acesso às informações de nossa hospedagem, pois nossa localização é sempre sigilosa, realmente para evitarmos esse tipo de evento.

De qualquer maneira, eu a afastei mais uma vez, ignorando todas as suas palavras.

— Olha, você não pode invadir o meu quarto. Agradeço pelo seu carinho, mas acho melhor se retirar — falei e sabia que estava sendo um ogro.

Mas eu também não queria outra garota me acusando de assédio ou tentativa de estupro quando eu era inocente.

— Eu vou, J.J. — respondeu, enfiando a mão no bolso de seu casaco. — Mas, antes, gostaria de te dar uma coisa. — Então pôs uma caixinha de veludo na minha mão. — Eu sei o quanto isso é importante pra você — murmurou.

Movido pela minha curiosidade, abri a cainha e, no segundo seguinte, quase perdi o fôlego. Minhas pernas balbuciaram um instante. O coração palpitou, e minha boca ficou seca. Retirei o delicado relicário e o analisei, as mãos trêmulas — sentei-me e demorei a perceber, aliás —, e a inscrição "C.J & J.J. C" atrás me fez ter a certeza de que a peça era verdadeira, e não uma cópia fajuta.

Abri o relicário, nossas fotos ainda estavam ali, incrivelmente conservadas. Não tive dúvidas de se tratar da joia que lhe dei, mas nunca o encontrei desde sua morte. Deparando-me sempre apenas com golpistas e vigarista que queriam se aproveitar da minha dor para me pedir um valor exorbitante por algo falso.

Segurando minha emoção, olhei para a garota ao meu lado.

— Onde encontrou isso? Procurei por esse relicário por... tanto tempo.

— Não importa, J.J. — Foi sua resposta. Segurou em minha mão. — Sei como é importante pra você. Queria apenas te entregar, te fazer um pouquinho mais feliz. Essa fase por qual está passando... é por causa da morte de Charlotte, não é?

Não pude respondê-la. Minha mente estava ocupada demais tentando desvendar como essa desconhecida encontrou um objeto de valor inestimável pra mim.

— O que você quer em troca de me dizer onde encontrou esse relicário? — perguntei. — Me dê o seu valor. Darei qualquer quantia.

A garota me abriu um sorriso sucinto:

— Qualquer coisa? — Assenti em positivo. — Então se vista e venha comigo. Quero apenas passar algumas horas com você, conversarmos. Somente isso. Não quero dinheiro. Ao amanhecer do dia, contarei tudo o que precisa saber.

Não pensei duas vezes em atender à sua singela exigência. Em dois minutos, fiquei pronto, então nós saímos do hotel, juntos, um pouco às escondidas para não sermos interrompidos ou incomodados.

Peguei um dos carros alugados que tínhamos na cidade, e ela me fez dirigir por quase uma hora, guiando-me por uma estrada desconhecida. Durante o percurso, conversamos um pouco e eu soube seu nome: Audrey Summers. Mesmo atrás do volante, e ela no passageiro, eu pude observá-la. Era uma pessoa baixa, como Charlotte, não passando de 1,60 metros. A pele era clara e parecia macia, cabelos e olhos castanhos, cílios longos, sobrancelhas bem-feitas, corpo enxuto e pequeno — seria fácil erguê-la em meus braços —, mas suas curvas eram bem definidas. Segundo me contou, tinha 24 anos.

Por fim, estacionei na margem de uma rodovia deserta; eram três horas da manhã. Audrey me faz descer do carro, não sem antes ligar o rádio e deixar a minha playlist rodar para quebrar o silêncio noturno. Sentamos à beira da autoestrada, ela estava visivelmente eufórica com minha presença. Eu estava acostumado com a euforia de fãs no camarim, shows e todo lugar que ia e era reconhecido. Mas Audrey me despertou algo diferente. Talvez porque me trouxe um objeto de valor sentimental e, diferente de muitas pessoas, não tentou me extorquir. Pediu-me algo singelo. Minha presença. Nada mais.

Sem muito a dizer, ergui os olhos para o céu estrelado e disse:

— Você queria conversar.

— Eu quero; mas, se eu começar a falar, não paro mais.

Olhei em sua direção e sorri um pouco.

— Diga o que e o quanto quiser. É o nosso trato.

Audrey me abriu um longo e lindo sorriso e começou falar. Contou como e quando conheceu a banda e disse que sou seu membro favorito. Escutei-a com atenção, sua conversa era tão agradável, sua alegria por estar perto de mim era tão genuína que eu me esqueci do tempo, me esqueci de que queria mais detalhes sobre o relicário de Charlotte e, também, de como ela tinha descoberto a localização da minha hospedagem.

Mas eu me deixei levar pela sua conversa, tão contagiante, me permitindo rir — algo que não fazia há muito tempo. Audrey despertou algo bom em mim, uma gana de viver, um sentimento positivo. Algo que, até então, só Charlly tinha sido capaz.

De repente começou a chover. Pensava em correr e me proteger, mas Audrey me segurou pelos punhos e me arrastou para o meio da rodovia. Scorpions começou a tocar, e, vagarosamente, ela passou a dançar no meio da autoestrada, sob a chuva. Contagiado por sua irreverência, e me sentindo estranhamente feliz, agarrei-me à sua cintura e dançamos juntos, seguindo as batidas da música.

A chuva caía sobre nós, molhando-nos, mas não ligamos pra isso. Continuamos dançando na estrada e na chuva, rindo e nos divertindo sem nos preocuparmos com o mundo ou com o amanhã. Foi um momento alegre pra mim. Debaixo da água, eu a fitei um instante. Seus lábios finos, a blusa molhada marcando seus seios, seu sorriso lindo, os olhos fechados se deixando levar pela música vinda de dentro do meu carro.

Permiti-me admitir que estava estranhamente atraído por Audrey Summers. E admiti também que algo em mim aflorou. Sorri. Era algo bom, bonito. E era ela a causadora disso.

Ela abriu os olhos segundos antes do refrão. Sorrindo um para o outro, e percebendo como a música conversava com o momento, cantamos bem alto:

— O ritmo do amor me mantém dançando na estrada.


https://youtu.be/vFAf_29KYTs

10 O ritmo do amor/Me mantém dançando na estrada. Scorpions. The Rhythm of Love


***


Olá, amores e amoras *--*


Finalmente J.J. conheceu a Audrey, não é mesmo?! <3 

Curiosos pra saber como ela encontrou o relicário da Charlly? ehhehehe

Aguardem os próximos capítulos. Não se esqueçam de deixar estrelinhas e comentários. 

Beijocas

A.C.NUNES


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