Cap. 2 - Bem-Vindo à Heavensbrook
Dentro da van, Michel se encontrava dormido, já que depois de tanto tempo se debatendo em vão e gritando por ajuda, todas as suas energias estavam esgotadas.
Depois de 4h de viagem, eles finalmente chegaram ao local. Estacionaram a van na frente do portão e os dois homens foram acordar Mitchel, para que eles pudessem leva-lo para dentro.
- Garoto! – disse um dos homens cutucando a Mitchel – Acorde! Já chegamos.
- Hãn?! – sibilou ele ainda sonolento e abrindo apenas um dos olhos – Onde estamos?
- Vamos, já está na hora de levar você para dentro.
- Eu não quero entrar lá! – explodiu – Vocês não podem me obrigar a fazer porra nenhuma!
Mitchel abriu a porta da van e tentou correr para longe dos homens, mas infelizmente ele estava cansado demais e não demorou muito tempo para que ele se cansasse e fosse capturado de novo pelos homens.
- Me soltem! Por favor! Me soltem! – disse ele enquanto estava sendo carregado pelos dois homens para a frente do grande portão de ferro que ficava na frente da propriedade.
- Chegamos... – disse um dos homens que carregava Mitchel olhando para a câmera que ficava logo acima das grades do portão.
De repente, os portões se abrem e Mitchel finalmente podia ver o lugar o qual ele seria obrigado a passar os próximos dois anos de sua vida.
Na frente da propriedade tinha uma enorme placa onde estava escrita com letras enormes a palavra "Heavensbrook". Esse era o nome do internato. A enorme propriedade era rodeada do muros enormes que facilmente ultrapassava os 10 metros e do lado de fora desses muros, existia uma floresta muito densa que ninguém se atrevia a se aventurar por lá. Bem no meio do lote, estava a enorme construção, que se assemelhava a uma grande mansão do século XIX, cuja tintura em suas paredes eram escuras, descoradas e velhas. Essa construção tinha uns 3 andares, e uma quantidade absurda de janelas com cortinas da cor roxa do lado de dentro, que impossibilitavam a capacidade de poder ver o que estava acontecendo no interior mansão.
Mitchel ainda relutava e gritava por ajuda, mas os homens não paravam de andar, até chegarem na grande porta principal. Quando eles pararam logo em frente da porta, uma freira que estava do lado de dentro os atende.
- Ah! – disse ela – estávamos esperando por vocês... Entrem! Entrem! O monsenhor os aguarda em sua sala!
Mitchel obrigado pelos dois homens, entrou na mansão, com o coração na garganta pois ele sabia que o que estava por vir não seria nada agradável.
- Com licença, monsenhor. – solicitou um dos homens quando abriram a porta da sala – Já chegamos... E trouxemos o garoto...
- Ótimo! – respondeu ele. – Deus os abençoe pelo ótimo trabalho de vocês. Agora deixem-no aqui e podem se retirar.
Os dois homens saíram da sala e deixaram Mitchel, que ficou em silencio por um bom período de tempo. Ele estava confuso demais, e sobretudo, nervoso demais para poder dizer alguma palavra.
- Sente-se sr. Meadows. – disse o monsenhor – Sinta-se à vontade.
Mitchel permaneceu em pé.
- Bom, se você quer assim... – anuiu ele – Deixe-me apresentar à você. Eu sou o monsenhor Emmanuel Holloway. Sou um dos fundadores dessa instituição. Diga-me, Mitchel... Você sabe por que está aqui?
Mitchel nega com a cabeça.
- Sua mãe nos pediu ajuda, Mitchel – respondeu ele – Ela está preocupada com você
- Por quê preocupada comigo? – indagou ele com a voz em tom baixo – Eu não estou doente...
- Sim, você está! E não sabe disso! – exclamou o monsenhor enquanto ia em direção à sua cadeira que estava logo atrás de sua escrivaninha – E esse é o meu trabalho aqui... Curar você.
- Eu não preciso de cura! – relutou ele.
- Sim, você precisa! Você e todos aqueles que estão aqui! – retrucou o monsenhor - Sabe o que a bíblia diz? Ela diz que Deus ama o pecador, mas abomina o pecado. Vocês amam cometer o pecado da homossexualidade e fornicação, e por tal motivo precisam ser purificados de dentro para fora...
Mitchel não sabia o que dizer.
- Eu sou um simples cristão, Mitchel, a quem Deus deu a missão de salvar pobres almas como a sua. Mas eu sei que palavras não bastam, por que sei que isso é um problema que vai além da alma, é físico e principalmente mental. Mas eu não sou nenhum médico, Mitchel, não posso fazer nada além dos seus problemas espirituais e...
- É por isso que eu estou aqui! – interrompeu com homem que entrou sorrateiramente na sala assustando a Mitchel.
- E quem é você? – indagou Mitchel ao homem que recém entrara
- Eu sou o psicólogo que trata os internos daqui. – respondeu – Você pode me chamar de Dr. Griffith, e você deve ser Mitchel Meadows, não é? Sua mãe nos ligou desesperada noite passada.
Mitchel permaneceu em silencio. Alguma coisa naqueles dois homens lhe deixava de cabelo em pé.
- Nós dois não pouparemos esforços para curar você, Mitchel. – afirmou dr. Griffith – E quando eu digo que não pouparemos esforços não é exagero meu...
Aquela frase final do dr. Griffith fez com que a pele de Mitchel se arrepiasse.
- Guardas! – gritou o monsenhor – Tragam a coleira e levem Mitchel para o seu novo quarto!
Nesse momento, um homem de uniforme entrou na sala trazendo em uma das mãos um objeto de metal que se assemelhava a uma coleira de cachorros, com um troço que emitia uma pequena luz vermelha. O guarda se aproximou de Mitchel e coloca violentamente a coleira no pescoço dele.
- O que é isso? – perguntou ele com a coleira já em seu pescoço.
- Não se preocupe Mitchel, em breve você vai descobrir – respondeu o dr. Griffith – Tire ele daqui. – ordenou ele para o guarda.
Então o guarda pegou Mitchel pelo braço e começou a arrasta-lo dali. Mitchel começa a chorar e implorar para que eles o soltem e deixe-o ir embora, mas nada adiantou.
Enquanto ele estava sendo arrastado pela mansão, Mitchel pode ver outras salas, com outros internos. Em uma sala, estavam alguns jovens de joelhos, pelo que parece, estavam orando enquanto uma freira os ameaçava com um objeto semelhante a um cassetete; de outra sala, cuja porta estava fechada, Mitchel podia ouvir vários gritos aterrorizantes de dor que arrepiaram todos os pelos do seu corpo, até então eles finalmente chegarem no corredor onde ficavam todos os quartos. Ele foi jogado violentamente no quarto e antes dele poder tentar fugir, o guarda trancou a porta por fora, impossibilitando assim, a fuga dele.
Mitchel, totalmente apavorado com a situação, se deitou na cama que estava no canto esquerdo do quarto, para tentar relaxar e acordar desse pesadelo. Algo que era impossível, pois tudo aquilo era totalmente real. Quando ele se deitou, ele percebeu que um par tijolos da parede tinham caído e que do buraco que ficou saía uma voz feminina.
- Psiu! – assobiou a garota – Você!
- Que... Quem... é você? – perguntou Mitchel enquanto se levantava. – Desculpe, eu não tenho tempo para conversas, tenho que pensar num jeito de dar um fora dessa merda de lugar
- Fugir?! – zombou a garota enquanto ria freneticamente – Você acha que pode sair daqui? Você tem ideia de onde está?
- Eu não to nem ai! – bradou ele – Eu me recuso a ficar mais um minuto nessa porra!
- Ai ai ai... Já vi que você vai dar problemas... – disse ela – Deixa eu te explicar a situação, mana. Você está em Heavensbrook, o pior lugar do mundo para LGBT. Existe entrada, mas existe saída. Sabe aquele guarda que te trouxe aqui? Existe dezenas de outro iguais a ele. Tá vendo esse treco no teu pescoço? – perguntou ela enquanto apontava para o objeto no pescoço de Mitchel.
- Sim, o que tem ele?
- Ele são eletrocutadores. Todos os internos daqui tem um desses no próprio pescoço – explica ela enquanto tira os cabelos da frente do pescoço, revelando assim a mesma coleira que Mitchel tem – Todos os eletrocutadores estão ligados a um mesmo sistema, e se algum grupo de pocs idiotas tentarem uma fuga, os vigilantes que cuidam das câmeras possuem um controle que ativa TODOS os eletrocutadores de todos os internos, que liberam uma carga tão alta de eletricidade que você desmaia na hora. Mas se eles não ativam essas porras, eu duvido muito que você passe pelos guardas até chegar no portão... Tentar fugir daqui é tentativa de suicídio, monamour.
- E o que sugere? Que eu fique aqui sem fazer nada?!
- Não a nada que nós possamos fazer... eu estou aqui já faz 2 anos...
- Meu Deus! – Mitchel ficou surpreso com essa afirmação, ele não queria ficar tanto tempo assim preso neste lugar.
- Eu usava esse buraco na parede pra conversar com o outro garoto que ficava nesse quarto...
- O que aconteceu com ele? – perguntou
- Não sei... Ele sumiu um dia e nunca mais voltou... Espero que ele tenha apenas trocado de quarto... – respondeu ela com um tom triste em sua voz – Agora pelo menos posso conversar com você... a solidão nesse lugar pode ser enlouquecedora.
Mitchel permaneceu em silencio.
- Bom, meu nome é Alexa – disse ela.
- Meu nome é Mitchel... – respondeu ele com lágrimas em seus olhos
- Não chore, Mitchel... – disse ela ao ver os olhos dele cheios de lágrima – Guarde suas lágrimas para os momentos de dor de verdade... Eles são muitos...
Mitchel engole seco.
-Enfim, Mitchel... Bem-vindo à Heavensbrook, o verdadeiro e legítimo inferno na terra. – exclamou ela enquanto jogava seus cabelos para trás revelando seu rosto.
- O que são essas manchas no seu rosto? – perguntou Mitchel apontando ao rosto de Alexa, onde tinha uma mancha em cada têmpora que pareciam queimaduras – Como você fez isso?
- Eu não sei... Eu não me lembro... – responde ela fazendo expressões de dor enquanto tocava as queimaduras.
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