Everybody's Going to Hell

ー Irmãos! ー o homem chamava lá na frente, com uma gravata brega entorno do pescoço, uma bíblia na outra mão. ー Eu repito: irmãos! É o fim dos tempos.

ー É sim, e sim ー Sra. Min concordava, silenciosamente, enquanto outros gritavam "o fim!".

ー Muitos não creem, os mundanos não creem. Mas como poderia não ser o fim dos tempos? ー e fez uma pausa dramática. ー Quando o mundo está assim... como poderia não ser? Todos os modos, todos os ensinamentos, valores, tudo está sendo jogado no lixo. Drogas, adultério, jovens perdidos, garotos que gostam de garotos, garotas que gostam de garotas, governos que aceitam isso, homens vestidos de mulher na tv, cirurgias para mudar o que Deus fez. Estão jogando tudo no lixo. Como poderia não ser o fim dos tempos?!

ー Misericórdia, meu Deus ー uma mulher gritou, lamentando.

Min Yoongi, sentado ao lado da mãe, olhou para essa mulher, a reconhecendo. Não fora ela a dar uma surra na filha ao descobrir que ela se deitara com um homem antes do casamento?

ー O mundo está um caos, é uma vergonha ー ouviu um senhor dizer, e estranhou ouvir aquilo, porque se não se enganava, foi este senhor que viu saindo do bordel aquele dia, não?

Estranho.

Abaixou a cabeça, ouvindo: ー Por isso, irmãos, que somente os fiéis, somente aqueles que são tementes a Deus, verão a glória de entrar no reino dos céus. Se pensam em desistir da igreja, lembrem-se, a porta para a paz, só abre aqui, dentro da igreja.

O observando, Yoongi lembrou daquela vez, que o pastor, que também fora técnico do time mirim de futebol da escola, pedira para que tocasse suas partes. Pediu também que não contasse a ninguém.

Deixando a igreja, um pouco mais tarde, Yoongi seguiu o caminho de casa, enquanto a mãe ficara para trás, conversando com as amigas. Sua cabeça doía, porque tudo era tão confuso.

Atravessando para o outro lado da rua, passou beirando o parquinho, onde geralmente uma rapazeada se juntava, desde que era sábado a noite, e a garotada gostava de sair e beber. Andando mais devagar, os observou por um tempo, como falavam alto (apesar de não conseguir entender muito do que diziam), e como pulavam ou simplesmente se jogavam por cima dos bancos. Yoongi viu bem quando dois desses garotos começaram a trocar beijos.

E aquela sensação o tomou, mais uma vez, e abaixou a cabeça, envergonhado. Não devia querer beijar garotos, ouvia isso na igreja, e em casa, o tempo todo. Não devia.

Lembrou de Jung Hoseok, de seu olhar preciso o observando, naquele dia, quando acompanhou uma amiga encrenqueira até uma festa. Lembrou de como ele o beijou, do toque de suas mãos, e sua voz sorrateira dizendo coisas feias (que o deixaram maravilhado).

Não devia.

No entanto, lembrou daquela mãe violenta, do senhor que contratava garotas de programa, do pastor que pedia para que os garotos tocassem seu sexo.

Se sendo assim, eles diziam que iam para o céu... beijando um garoto, Yoongi iria para o inferno?

Pela primeira vez, então, Min não se importou de não ir para o paraíso.

Ignorando as ordens da mãe, de ir para casa, rumou outra casa, a de Jung Hoseok, onde encontrou o paraíso, bem em sua cama.

Talvez no fim, todos fossem para o inferno mesmo.

//sem correção e sem querer ofender ninguém, a religião de ninguém

se ofendi, que se foda também. Eles nos ofendem o tempo todo.

votem se quiser //