O salão de festa do Palácio Zabeel era descomunal, ricamente decorado em estilo ocidental do chão ao teto literalmente, com inúmeros lustres de cristais gigantescos, afrescos e arcos sustentados por colunas esculpidas a mão por todos os lados.

Tapetes e mais tapetes orientais coloridos forrando quase todos o piso de mármore thassos onde também tinha algumas poltronas Luiz XV espalhadas estrategicamente.

Cortinas enormes de veludo vinho amarradas em laços dourados decoravam as janelas tão grande quanto, pois o pé direito do ambiente chegava perto dos dez metros de altura.

Uma mesa oval bem comprida estava posicionada bem ao meio de tudo isso, finamente decorada com vários candelabros e talheres em ouro, a louça era de porcelana da dinastia Ming com desenhos pintados a mão também com detalhes em ouro, taças e mais taças de cristais posicionadas em cascata esperando derramarem os champagnes franceses Dom Pérignon nelas. As uvas foram colhidas de uma safra única especialmente plantada para fazer essa espumante de edição limitada para esse evento.

_ Juuuuu você viu o tamanho da mesa, deve ter uns 50 lugares para mais. - Jen chega por trás da amiga que estava de pé numa das inúmeras sacadas que tinha no palácio, olhava distraidamente para um belíssimo jardim suntuoso e iluminado, onde bem no centro dele tinha um grande chafariz que jorrava água em sete fontes.

_ Não percebi... - Juliah dá de ombros sem tirar os olhos do jardim.

_ Ahhhh Juju como não, olha para tudo isso, nunca vi nada mais glamouroso, me sinto dentro de um filme das arábias!!! - Jen suspira olhando para todos os lados.

_ Isso tudo é um vazio Jen...

_ Como assim??? - Jenna não entendeu

Julian agora se vira para amiga. - _ Vazio Jen, é um palácio gigantesco vazio de afeto... é uma mesa que abrigada 50 pessoas vazia de afeição...essa ostentação glamurosa no fundo só tenta preencher um vazio de sentimentos...isso tudo não passa se um grande teatro escondendo um grande vazio de amor... - ela volta a olhar para o chafariz lá embaixo. - _ Eu jamais trocaria poder estar agora num lugar simples e rodeada de pessoas que me amam de verdade por isso.

Jen para ao lado da amiga também apoiando no peitoril. - _ Como...a casa do Mau?

Juliah morde os lábios soltando um suspiro, no fundo daria tudo para estar lá agora passando o Natal com ele - _ Eu queria agora estar comendo o pão que a Sandra faz do que esses pratos sofisticados que irão servir aqui...a casa do Mau para mim é o lugar mais feliz desse mundo...e...apesar de não sermos mais namorados, não quero perder contato com a família dele...eu ainda vou visitá-los um dia, quando o Mau não estiver na casa lógico.

No que Jen abre a boca para falar alguma coisa, trombetas soam anunciando a entrada da família real, Marilyn acena discretamente para a filha vir perto dela que vai a muito contragosto, seus pés já estavam doendo naqueles saltos altos.

Primeiro entram o Sheik e sua esposa com suas vestes tradicionais típica do cargo que ocupam no país.

Ele com uma túnica branca até os pés, um grande "sobretudo" de seda aberto por cima de cor preto com alguns detalhes em dourado, na cabeça um lençol comprido até a metade das costas cobrindo toda essa região e uma espécie de corda enrolada duas vezes na testa onde normalmente seria um coroa...e nos pés uma sandália de couro Branca.

Juliah entortou a boca discretamente vendo isso, se o Sheik pode usar sandália modelo rasteirinha porque ela não pode vir com seu All Star? Iria falar disso com Gregory mais tarde.

A esposa do Sheik é a princesa Haya, também estava vestida tradicionalmente com uma túnica acinturada preta ricamente bordada com fios de ouro muito bonito, na cabeça também tinha em lenço do mesmo estilo preto bordado em ouro cobrindo todo seu cabelo, só que adornando a fronte ao invés da corda preta era uma jóia em ouro que caia sobre a testa.

Todos falam em inglês por ser a língua universal.

_ Seja bem vindo novamente Joseph. - o Sheik cumprimenta calorosamente num abraço apertado e dando dois beijos no rosto do convidado de honra (cumprimentos tradicionais do país). - _ E você também Marylin. - nela apenas um cumprimento reverenciando com a cabeça, pois mulheres não podem ser tocadas.

_ Obrigado Mohammed, está e minha filha Juliah.

_ Mas que bela gazela!!! - o Sheik aponta para a garota também com uma reverência e ela franze as sobrancelhas sem entender direito o que isso significa.

_ Ele disse que você é muito bonita. - Marilyn cochicha perto da filha.

_ Ahhhh...muito obrigada. - Juliah agradece sem jeito.

Nisso chega logo atrás deles um rapaz alto vestido com roupas tradicionais também bem parecida com o Sheik, era jovem moreno de pele levemente bronzeada, barba rala e uns olhos de um verde claro penetrantes.

_ Meu filho Príncipe Hamdan Al Maktoum . - o Sheik apresenta o jovem rapaz. - _ Meu grande amigo Joseph e sua esposa Marylin.

Ele cumprimenta Joseph do mesmo jeito caloroso que o pai fez, e o Sheik continua.

_ E essa é sua filha Juliah, não é um bela gazela?

_ Mashallah habibti!!! - o rapaz diz automaticamente fixando o olhar em direção a garota com um leve sorriso nos lábios e também repetindo o gesto de se inclinar reverenciando.

Juliah ficou completamente sem jeito, uma porque não sabia o que significava mashallah habibti, mas pelo fisionomia enigmática que ele fez podia imaginar o que é, e outra pelo modo que ele a olhou profundamente a arrepiou deixando perdida...não gosta muito que as pessoas olhem para ela ainda mais assim tão diretamente.

_ Vamos a ceia. - o Sheik anuncia indo todos os muitos convidados para a mesa, Juliah e Jenna ficam um pouco mais a trás do grupo.

_ Juuuuuuuuuuu!!! - Jen cochicha para a amiga. - Que homem lindo é esse!!! Praticamente um príncipe das mil e uma noites!!! Você viu como ele te olhou???

_ Jen pare com isso! - Juliah repreende a amiga também cochichando, mas no fundo ficou incomodada com o olhar penetrante que recebeu.

Cada um tomou suas devidas posições na mesa, como Gregory já tinha dito, Juliah ficou ao lado do príncipe.

Vários e vários empregados traziam os pratos já servidos e colocavam em cima do sousplat que estava em frente de cada convidado sentado, e depois os mesmo empregados retiravam os pratos vazios e colocando o próximo prato já pronto.

Iniciaram servindo uma sopa, depois uma salada, logo após por cordeiro e assim foi passando pela culinária árabe.

_ É sempre tão quieta assim? - Hamdan puxa assunto com Juliah.

_ Hummm...às vezes...quando estou no meio de pessoas...estranhas. - Juliah diz meio sem jeito.

_ Eu também... não conheço ninguém daqui.

_ Não conhece? Mas são seus convidados. - Juliah não entende.

_ Meus não...convidados dos meus pais, eu nunca vi nenhum deles antes...não sei como explicar isso, mas é estranho ter festas na sua casa sem nenhum amigo seu.

_ Mas...eu sei exatamente o que é isso. - Juliah diz encarando o rapaz que retribui. - _ Inclusive aniversários.

_ Sim...principalmente aniversários!!! Era tão estranho, sempre fiquei com a sensação de...como dizer... - o rapaz pensa na definição correta.

_ Solidão...de uma vida cheia. - Juliah termina a frase.

_ Exatamente isso... - Hamdan olha para a garota de novo com seu olhar penetrante e ela volta a ficar incomodada, mas com empatia.

Juliah já sentiu na pele o que ele sente, então os dois se identificaram quase que instantaneamente, eles eram tão iguais.

E esse sentimento fez o clima ficar menos tenso entre Juliah e Hamdan, conversaram sem medo de serem sub-julgado ou taxados de burgueses fúteis por supostamente não saberem aproveitar a "sorte" que a vida deu.

Ambos pertenciam ao mesmo mundo e puderam compartilhar histórias em comuns como: ficarem decepcionados por receberem de aniversário um "compre o que você quiser do mundo" ao invés de ganhar um abraço sincero de alguém que se importe de verdade.

Juliah sentiu-se tão bem poder conversar coisas que nunca falou antes com Mau, pois ficava com receio dele achar ela uma garota mimada, esse medo dela sempre a fez pensar muito e medir bem suas palavras para o namorado na época. E mesmo omitindo isso não foi o suficiente para Mau vê-la de outro jeito. A garota solta um suspiro frustada com ela mesmo.

Os empregados estouram as champagnes quase que simultaneamente e derramam o líquido nas taças formando um efeito cascata.

Quando estava próximo da meia noite todos os convidados foram para as várias sacadas, os Ryckel e os Maktoum tinha uma exclusiva para eles, meia noite em ponto os fogos de artifício foram acionados e um verdadeiro show pirotécnico de meia hora seguiu em diante encantando a todos que brindavam suas taças de cristais cheias de champagne francês.

Juliah estava próximo ao peitoril segurando sua taça de champagne que ainda não tinha bebido, estava distraída olhando melancólica os fogos, foi inevitável pensar em Mau e em como ele passaria a virada de ano, sentia tantas saudades misturada com mágoa por tudo que ele fez, não percebeu Hamdan se aproximar por trás para falar próximo ao seu ouvido.

_ Linakun bidayatan kl ma nahtajuh. 

A garota se vira rápido e como não é acostumada a salto alto acaba se desenquilibrando com esse gesto brusco, mas Hamdan estava próximo o suficiente para entrelaçar um de seus braços na fina cintura dela para impedir que ela caísse, sua outra mão também segurava seu champagne, olham fixamente por um breve momento com seus rostos bem próximos.

_ Desculpe se te assustei, não foi minha intenção. - ele diz logo em seguida.

_ Tudo bem...obrigada...o que significa? - Juliah não consegue desviar seus olhos do dele.

_ Que seja o começo de tudo que precisamos. - ele sorri batendo suavemente sua taça na dela e a garota também sorri meio tímida, mas espontânea...o olhar penetrante do príncipe prendia a atenção de Juliah e deixava realmente sem reação de um jeito que nem percebeu que eles continuavam na mesma posição com os corpos grudados e flashs sendo disparados por todos os lados.

O fotógrafo os chamam para preparar as duas família para a foto oficial, Joseph com Marylin sentados cada um numa poltrona Luiz XV de um lado, Mohammed e Haya também sentados cada um numa poltrona Luiz XV e no meio deles Juliah ao lados de seus pais e Hamdan do lado dos pais deles.

_ Posso me aproximar mais? - Hamdan sussurra no ouvido da garota pedindo autorização de estar bem ao seu lado.

_ Ohhhhh...hummm claro. - pega de surpresa com o pedido, Juliah consente.

O click real saiu com todos dando um leve sorriso num clima bem descontraído.

Uma ceia com muito luxo , requinte sofisticação e glamour mas de longe era isso que Juliah realmente queria.

Sem outra alternativa a não ser cumprir com suas obrigações, a garota se sentiu sufocada e carente, porém acabou encontrando na pessoa mais improvável alguém que a compreendeu perfeitamente.

Os dois se identificaram quase que imediatamente e uma reciprocidade surge.