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Capítulo Único


Natal é aquela época em que todos tem uma razão para sorrir. Seja pela ceia deliciosa que as mães passam horas na cozinha preparando, seja por aqueles presentes maravilhosos que sempre estão em baixo da maravilhosa árvore de Natal armada na sala, seja pelos desenhos e filmes natalinos que sempre passam na TV, seja pela familia toda reunida ou por qualquer razão. Natal é realmente uma época maravilhosa onde todos devemos esquecer nossos problemas e aproveitar, sorrir, comer e perceber o quanto as pessoas que nós amamos merecem um ótimo novo ano e...

Blá, blá, blá, pura enrolação. Natal só é bom por duas coisas: presentes e bem, a segunda parte é bem mais complicada de se explicar.

— Christopher, faz o favor de abaixar o volume desse troço, por favor!

Bem, uma coisa nunca muda no Natal, o humor da minha mãe. Ela está sentada no banco da frente revirando o mapa, tentando achar o caminho da casa do meu tio... Como se nós nunca tivéssemos ido lá.

A segunda parte boa do Natal se encaixa justamente na ida para a casa do meu tio. Todo ano, como eu já disse, eu vou para lá passar apenas dois dias e normalmente esses dois dias acabam sendo os melhores dias de todo o ano.

A razão disso? Bem, isso tudo se resume a duas palavras: Dulce María.

Vocês devem estar se perguntando: Quem é Dulce María?

Bom, a resposta mais simples para isso seria minha prima, mas ela não é bem minha prima, para ser sincero... Sabe aquela prima de nono grau que você nem sabe da existência? Ela seria assim, só que eu a conheço muito bem... Bem até demais.

Nós já fomos primos daqueles que no Natal ficam fazendo bonecos de neve, roubando biscoitos recém saídos do forno e fazendo guerra de bola de neve, mas desde que completei 15 anos não tem sido exatamente isso o que nós fazemos quando eu vou para lá...

Meu celular começou a tocar sem parar dentro do meu bolso e minha mãe deu mais um ataque falando sei lá o que sobre como eu vou ficar surdo colocando tudo no volume máximo, mas eu nem dei bola e assim que consegui pegar meu celular dei uma olhada e vi quem era.

Belinda? Passar bem.

Ainda bem que ela ficou na Califórnia e eu estou indo para bem longe dela. Se bem que Nevada não é tão longe assim, mas pelo menos é a uns mil quilômetros da casa dela.
Entenderam porque eu realmente amo o Natal?
Sem Belinda, com presentes e com a Dulce!

Não poderia existir época do ano melhor que essa, de verdade. O único problema é que ficar no carro milhares de horas ouvindo minha mãe reclamando da vida e meu pai cantando The Police o tempo inteiro realmente cansa, sabe? Eu não vejo a hora desse maldito carro parar e eu olhar para aconchegante casa do meu 'tio' e ver ela. Essa viagem toda só vale a pena por causa do segundo motivo, é claro.

— Christopher, você está bem agasalhado? — minha mãe perguntou pela milésima vez assim que chegamos a Goodsprings, uma cidadezinha que não deve ter mais de 300 habitantes e estava coberta de neve.

— Estou, mãe.

— Porque eu não quero ver você doente justamente no Natal...

— Mãe, eu já estou agasalhado!

— Porque aqui não é como no Brasil que o natal é extremamente quente... — querem ver que se eu falar qualquer coisa ela nem vai prestar atenção?

— Eu sei mãe, mas eu acho que vou fazer um pierging no nariz.

— Coloque o cachecol, ok? Não deixe seu pescoço tão desnudo assim!

— Pensando bem, acho que vou fazer uma tatuagem de unicórnio na nádega esquerda...

— E coloque as luvas, porque não quero ver seus dedos congelados.

— Ou eu posso pintar o cabelo de rosa e virar punk, que tal, mãe?

— Que? – eu segurei a risada e ela abriu a porta do carro. — Claro, Christopher, eu te levo para comprar cuecas assim que voltarmos para casa.

Que?

Cuecas? Quem disse cuecas?

Então acho que já deu pra perceber que ninguém da minha família presta muita atenção no que eu falo, né? Meu pai também não é muito diferente, já que ele veio à viagem toda falando o quanto ele estava empolgado para me ver tocando guitarra no show que vai ter na escola na próxima semana.

E tipo, eu não toco guitarra, eu toco bateria.

Enquanto meu pai me obrigava a descarregar as malas do carro, porque como ele diz: você é homem, mostre que tem força! Minha mãe ia andando com dificuldade pela neve para chegar na soleira na porta e assim que ela tocou a campainha eu vi um homem rechonchudo e sorridente abrindo a porta... Bem, esse é o meu tio.

— Feliz Natal! — ele abraçou minha mãe e veio correndo para me dar um abraço apertado e fazer um cafuné no meu cabelo... Droga, meu cabelo agora deve estar uma beleza! — Oi garotão! Como você cresceu! Nem parece aquele garoto magrinho e desajeitado que vinha aqui nos Natais passados! — ai meu Deus, ainda bem que a Dulce não está aqui.

Tipo, não que eu tenha sido um franguinho, mas é que todos nós temos fases realmente constrangedoras, sabem? Por exemplo, ano passado quando eu vinha aqui eu estava usando aparelho... Bom, não exatamente. Eu fui dois dias antes no dentista e pedi pra ela tirar meu aparelho, por isso quando eu vim para cá estava sem aquele sorriso metálico, sabe? E seria tudo perfeito se minha mãe não tivesse comentado umas mil vezes com minha tia, na frente da Dulce, que eu havia tirado o aparelho por sabe se Deus por que... E é óbvio que a Dulce havia deduzido que era para ela não me ver com ele.

— Oi tio.

— Deixa que eu levo essas malas, garotão! Vai lá para dentro porque você não está acostumado com esse frio todo, né? Não quero ninguém morrendo de hipotermia aqui não, ouviu bem? Bom, pelo menos não no Natal. Sua tia ia ficar realmente triste se você não experimentasse o peru que ela anda a dias fazendo e... — bem, já deu pra perceber de quem meu tio é parente, né? Ele é aquele primo distante da minha mãe, mas os dois estudaram juntos a vida toda e acabaram criando um vínculo muito grande, por isso sempre passamos o Natal juntos e nos consideramos família, mesmo tendo essa distância imensa de parentesco.

Assim que ele parou de falar (se bem que ele não parou de falar, eu que sai correndo de lá mesmo!) eu entrei na pequena casa dos meus tios e tirei as luvas, o cachecol e o gorro. Claro que eu estou desobedecendo seriamente a minha mãe, mas prefiro que ela me de uma bronca a deixar que Dulce me veja usando um cachecol de listrinhas.

Só agora eu percebi o cheiro de coisas gostosas vindo da cozinha. Hum, deu uma fome. Vou dar uma espiadinha na cozinha, vai que tem algum biscoito em cima da mesa dando bobeira, não é?

— Christopherzinho! — droga, a minha entrada super secreta na cozinha vai ter que ser adiada.

— Oi tia...

— Como você está lindo, querido! Está tão homenzinho! — que a Dulce não esteja aqui, por favor.

— Obrigado, tia.

— Vem, você deve estar morrendo de fome, não é? — ela começou a me empurrar para a cozinha e eu me deixei levar.

— Pra ser sincero eu estou morrendo de fome mesmo, tia...

— Oh, pobrezinho! Vou te dar alguma coisa para comer, ok? — eu concordei com a cabeça e ela gritou ao meu lado. — DULCE, COLOCA UM PRATO NA MESA!

Por acaso ela falou Dulce?

Ok, vocês devem estar achando que eu sou tipo um louco obcecado pela Dulce, mas o ruim é que eu não passo muito longe disso não. Sabe o que é conhecer a perfeição em pessoa? É, é mais ou menos isso o que estou tentando dizer, a Dulce é perfeita.

Cara, isso é extremamente patético. Eu não sou de correr atrás de garotas, sabe? Normalmente elas correm atrás de mim, mas é que a Dulce é tão... Indiferente que me deixa com vontade de mais e mais.

Droga, daqui a pouco vou fundar o fã clube oficial da Dulce pelo jeito.

— Sente-se aqui, querido! — eu olhei para o lado a procura dela quando senti uma mão pousando em meu ombro.

— Oi priminho. — ela deu um beijo rápido na minha bochecha e sentou-se na cadeira que estava na minha frente enquanto eu procurava alguma coisa para dizer - Me conta como foi a viagem.

— Boa. Cansativa, como sempre...

— Dulce, deixe de ser grossa e sirva o Christopher! — ela revirou os olhos e foi pegar alguma coisa na geladeira e enquanto isso eu elaborava e eliminava frases que eu poderia falar para ela.

Enquanto eu comia eu continuava a pensar no que falaria para ela... Por sorte minha mãe foi na cozinha e pediu a ajuda dela para alguma coisa de mulher, como ela disse.

Eu não vou falar coisas tipo: Pensei em você o ano todo ou Como você está linda... A Dulce não é disso, ela gosta de... De... Bem, sei lá, ela é estranha!

Cara, eu não sei muito bem como eu posso explicar... Como eu já disse, ela é indiferente. Ela parece não estar nem ai e ela sempre consegue me provocar, mesmo não querendo. Desde os 14 anos ela tem um corpo perfeito e desde os 15 ela sabe muito bem como usá-lo para me deixar extasiado. Agora que eu estou beirando os 18 é difícil olhar para ela e ninguém perceber que eu estou ficando... Ah, esquece.

— Christopher, venha até a sala, meu filho! — nem comer mais em paz agora eu posso, que ótimo!

Eu coloquei meu prato na pia e estava virando para ir embora quando vi que a Dulce estava parada na porta da cozinha me encarando. Eu senti meu corpo tremendo e ela arqueou uma sobrancelha enquanto abria aquele sorriso totalmente perfeito e misterioso.

— Não me desejou feliz natal esse ano, priminho... Pelo visto esqueceu de mim, não é? — droga, eu odeio quando ela me coloca contra a parede e me faz falar o que ela quer ouvir... Eu pareço tão idiota.

— Feliz Natal, Dul. — eu tentei falar o mais calmo possível, mas quando eu via aqueles olhos cheios de malícia dela (ou era impressão minha?) eu ficava sem ar.

— Ah, pode ter certeza que vai ser... — ela piscou um olho para mim e saiu dali, me deixando sozinho e totalmente desnorteado.

Assim que meus pensamentos voltaram para o lugar eu fui em direção a sala, onde todos já estavam sentados e já bebiam alguma coisa. Eu me sentei na poltrona ao lado da do meu tio e vi que a Dulce estava em pé, arrumando alguns enfeites da árvore de Natal. Fiquei um tempo ali escutando aqueles assuntos totalmente entediantes quando criei coragem e me juntei a Dulce, que agora colocava os enfeites nos lugares mais altos da árvore e graças a isso a blusa dela subia e deixava a barriga perfeita dela de fora.

Ok, eu confesso, eu não consegui parar de olhar. E dai, eu sou homem!

— Pelo menos seja mais discreto, Uckermann! — ela sussurrou e abaixou a blusa, rindo.

— Que? – eu olhei assustado para ela. — Não, não é isso que você está pensando! Eu estava olhando para...

— Para a minha barriga, eu sei, só não deixe eles ficarem sabendo disso! — ela sorriu e abaixou-se para guardar os enfeites que haviam sobrado.

— Mas eu juro que não...

— Christopher, poupe-me! — ela riu e revirou os olhos. — Eu não nasci ontem, ok? — ela piscou um olho para mim e foi sentar-se no sofá com um sorriso travesso nos lábios.

Por Deus, essa mulher me deixa louco!

— Venha Christopher, sente-se com a gente!

E depois de uma longa conversa interessante, todos foram para os seus respectivos quartos para se prepararem para a ceia a qual todos estavam aguardando ansiosamente... Pensar na Dulce sem parar me da fome.

Não demorei a me arrumar, me arrumei um pouquinho melhor do que o normal para tentar agradar um pouco a Dulce, pois afinal de contas, não quero parecer desleixado.

Assim que eu acabei de colocar meu sapato, desci as escadas e senti o cheiro do peru invadindo as minhas narinas. Meu estômago fez o favor de roncar alto e escutei uma risada abafada, logo meu olhar se encontrou com o de Dulce, que estava... Perfeita.

Não sei como não cai da escada quando ela abriu um sorriso para mim e se apoiou no corrimão, me olhando de cima a baixo. Senti os olhos dela me analisando detalhadamente e pareceu por alguns segundos que eu tinha me esquecido de respirar, mas quando ela abriu um pouco mais o sorriso eu senti todo aquele peso indo embora. Ela havia aprovado.

Ainda bem, não demorei mais tempo para me arrumar à toa.

— Hum, que bonito, primo. Usando roupas de marca, cabelo penteado... — ela se aproximou mais de mim, colocando a mão em meu ombro e eu nem pude (nem se eu quisesse conseguir abrir a boca para falar algo) fazer nada, pois o nariz dela encostou delicadamente no meu pescoço e escutei um sussurro dela. — Continua usando o mesmo perfume de sempre. Você sabe que esse perfume é o meu favorito... — e enquanto eu nem conseguia me mexer, ela desencostou-se de mim e sorriu atrevida.

— Por que esta falando tão pouco? — ela se apoiou no corrimão e cruzou os braços, me encarando.

— Não estou falando pouco.

— Está sim! — ela arqueou uma sobrancelha somente e minha respiração falhou novamente.

— Não estou, Dul, é impressão sua! — eu levei minha mão até meu cabelo e baguncei um pouco, mas todo esse movimento foi acompanhado pelo olhar dela.

— Você está tímido! — ela riu, divertida - Toda vez que você faz isso no seu cabelo é porque você está tímido!

— Que? É claro que eu não estou tímido! — eu exclamei, assustado, e ela riu mais um pouco.

— Não acredito, Chris! Nunca pensei que você fosse ficar tímido comigo! — ela riu mais um pouco e involuntariamente minhas bochechas começaram a queimar. — Afinal de contas, você já me provou muito bem que de tímido, — ela me deu um selinho — você não tem nada.

E foi quando os lábios dela se juntaram novamente aos meus. Eu nem tive tempo de raciocinar direito, mas não ia ficar ali que nem um idiota. Passei minhas mãos em torno da cintura dela e a empurrei um pouco mais contra o corrimão, fazendo nossos corpos se roçarem num movimento um tanto quanto atrevido. Quando senti a língua doce dela contra a minha eu cerrei os olhos tentando lembrar quando que tinha tido um beijo tão bom quanto aquele...

E é claro que a resposta foi: um ano atrás, no Natal, com a Dulce.

Ela deu uma mordida de leve no meu lábio inferior e me empurrou lentamente, fazendo-me recuar um pouco. Não pude evitar ver o divertimento e a malicia que se encontravam nos olhos dela. Era algo que me deixava um tanto quanto louco demais. Queria puxá-la novamente para outro beijo e foi isso mesmo que eu fiz, mas novamente as mãos dela me empurraram e ela sorriu para mim, enquanto passava a mão lentamente no meu cabelo.

— Alguém está vindo. — e eu escutei passos no corredor. — Deixe para continuarmos depois! — ela riu e desceu as escadas rapidamente quando dei de cara com minha mãe.

— Christopher, o que você está fazendo parado na escada? — eu olhei para cima e minha mãe estava lá, me encarando.

— Nada, mãe, só parei para amarrar o tênis... — só que detalhe, eu não estou de tênis... E até parece que minha mãe notou isso.

— Vá ver se a Blanca quer ajuda na cozinha enquanto irei chamar seu pai... — e ela subiu as escadas novamente, me deixando ali sozinho.

Eu desci e fui para a cozinha, como minha mãe havia mandado. Ninguém pediu minha ajuda, por isso fui à varanda, onde estavam os homens que conversavam, bebiam e fumavam. Sentei-me numa cadeira perto deles e eles começaram a discutir animadamente sobre futebol ou qualquer coisa do tipo, mas eu nem conseguia me concentrar muito bem, já que a poucos metros de mim dava para ver pela janela Dulce preparando alguma coisa na cozinha.

Ela estava com o cabelo preso por um lápis e com o rosto um pouco sujo de farinha. Ela ria de alguma coisa que as nossas mães comentavam e continuava a olhar para baixo, preparando o que quer que fosse. Ela sorria de um jeito tão doce, puro e inocente que eu não estava muito acostumado, já que normalmente os sorrisos que ela me lançava de puros não tinham praticamente nada.

Esse era mais um, entre os milhões de outros motivos, pelo qual ela realmente conseguia me encantar e me prender. Quando ela queria, ela poderia ser atrevida, inconsequentemente sexy e muito, muito sedutora. Mas às vezes todo aquele charme e sensualidade se transformava em pureza, delicadeza e inocência. Ela era tão misteriosa que me deixava com vontade de descobrir seus mistérios cada vez mais e mais.

Quando ela foi fechar a janela acabou percebendo que eu a estava encarando e por isso sorriu sem jeito, talvez por eu tê-la visto daquele jeito. Não que ela estivesse feia, afinal de contas, fala sério, nós estamos falando da Dulce, não de qualquer outra! Mas acho que foi porque eu a peguei despreparada. Ela fechou a janela e virou de costas, ficando apoiada no balcão.

Eu ri orgulhoso por tê-la deixado daquele jeito. Ela havia acabado de provar um pouco do próprio veneno. Ela ficou exatamente do jeito que ela costuma me deixar, ou seja, sem graça e sem jeito, e eu fiquei um pouco mais feliz de perceber que tinha esse poder sobre ela. Finalmente ela estava demonstrando alguma fraqueza... Por mim.

Depois de alguns minutos nossas mães anunciaram que o jantar já estava pronto e nós todos fomos nos sentar na grande mesa da sala e começamos a nos servir. Dulce estava sentada do meu lado e sorria, se servia e conversava com todos, mas olhar nos meus olhos ela não olhou por um minuto sequer. Aquela ausência do olhar dela estava me deixando um pouco temeroso, nervoso. Ela não poderia estar com vergonha só porque eu a vi com um pouco de farinha no rosto, isso seria tempestade em copo d'água, afinal de contas, ela sabia as piores coisas do meu passado e nem por isso eu tenho vergonha dela, não é mesmo?

Ok, só um pouco.

— Filho, me passe o purê de batatas...

— Oi? — eu me toquei que estavam falando comigo e meu momento autista acabou.

— Aqui está, tio. — Dulce passou a tigela de purê para o meu pai e ele sorriu em agradecimento. Ela voltou a comer depois disso e não me disse nada, nem um "acorda, Christopher", como ela costumava falar sempre.

O jantar passou rápido, logo estávamos na varanda vendo a neve cair, jogando conversa fora e bebendo um pouco de rum. Dulce estava sentada na "namoradeira" sozinha, olhando em silêncio para o gelo congelado. Eu não podia deixar a nossa situação daquele jeito, por isso me levantei e sentei ao lado dela, que nem moveu um dedo.

— Você me disse que eu estava falando pouco, não é mesmo? Pois então, vim mudar essa situação... — ela levantou o olhar para mim e eu sorri. — Como foi o ano?

— Bom, e o seu? — ela começou a roer a unha e eu a encarei um pouco frustrado.

— O que aconteceu? Normalmente você me conta seu ano inteiro, detalhe por detalhe. Esse seu bom não é uma resposta muito normal, né Dul? — ela abriu a boca para falar algo mais fechou novamente. — Dul, o que aconteceu?

— É que... Não quero que você pense que sou infantil ou algo parecido...

— Infantil? Por quê?

— Por me ver daquele jeito, naquela situação e...

— Dul, infantilidade é isso que você está fazendo agora! Até parece que eu ia ligar para aquilo! Caso você não se lembre, eu já vi você sem nenhuma roupa e... — ai seu idiota, você não deveria ter falado isso! Eu estava me referindo a quando nós éramos pequenos, que corríamos pelados por ai (é, toda criança corre sem fralda por ai), não ao ano passado que nós realmente ficamos sem roupa nenhuma.

— Chris! — ela tampou minha boca e o máximo que eu fiz foi rir.

— Estava me referindo a quando nós éramos pequenos, não se preocupe... — ela olhou para os nossos pais que não davam nenhum sinal de estarem prestando atenção no nosso assunto e eu percebi que as bochechas dela haviam corado.

— Mas é que...

— Dul, só porque eu a vi com um pouco de farinha no rosto não significa que eu vou mudar minha opinião sobre você! — ela se ajeitou um pouco no banco fazendo com que seus pés descalços tocassem na minha perna de leve.

— E qual é a sua opinião sobre mim? — ela me encarou e nossos olhares ficaram mobilizados daquele jeito por bons minutos. Eu não poderia dizer o que queria com nossos pais por perto e ela sabia disso, mas aquilo era outra forma de me colocar contra a parede, ou seja, ela havia voltado ao normal.

O tempo foi passando, passando e passando mais um pouco. Eu e a Dulce já havíamos conversado e estávamos rindo agora de alguma coisa boba que eu ou ela havíamos comentado, até que nossos pais nos mandaram subir, avisando que já estava tarde. Foi nesse momento que nos entreolhamos e ficamos em silêncio, tentando adivinhar o que o outro pensava. Não pudemos continuar com aquela "transição de pensamentos" por muito tempo porque nossos pais praticamente nos expulsaram dali e em poucos minutos eu já estava separado de Dulce, deitado em minha cama, olhando para o teto.

As risadas e as vozes foram cada vez mais sumindo no corredor e nos quartos quando a casa caiu sobre um silêncio total. Eu já havia apagado a luz e estava olhando a neve que caia do lado de fora quando escutei a porta abrindo lentamente. Olhei para o lado e lá estava ela, vestindo um moletom sobre um short minúsculo, que deixava suas pernas totalmente desnudas. Meu olhar pairou sobre as pernas dela por alguns segundos quando ela aproximou-se um pouco mais da cama. Dava para ver que ela estava levemente corada e eu não deveria estar diferente.

Não fazia mais de dois minutos que eu estava tentando criar coragem de ir para o quarto dela, mas como ela é imprevisível, provavelmente ela poderia:

1) Me expulsar de lá a pancadas.

2) Fazer o que está fazendo agora.

E eu não queria arriscar, afinal de contas, não é legal apanhar e ser rejeitado em pleno Natal.

Mas ela sentou na ponta da cama, longe de mim e com o olhar distante, sem abrir a boca para falar uma palavra. Eu não pude deixar aquele momento passar, sentei na cama e pela primeira vez na vida, acho eu, tomei uma iniciativa com ela. Afastei o cabelo que caia sob seus ombros e beijei-lhe o pescoço de uma maneira firme. Ela virou a cabeça para o lado oposto e cerrou os olhos, enquanto percebi que ela abria a boca lentamente para conseguir respirar. Fiquei realmente orgulhoso de mim quando percebi que eu tirava-lhe o fôlego, afinal de contas, é da Dulce que eu estou falando.

Minha mão foi ao encontro da manga do moletom dela e eu abaixei um pouco uma, deixando um ombro dela despido. Comecei a distribuir beijos por aquele lugar e fui virando-a devagar, e quando finalmente ela estava sentada praticamente em meu colo, consegui tirar o moletom por completo. Senti o calor do corpo dela batendo contra o meu e ela finalmente havia aberto os olhos e me encarava silenciosamente, com medo de falar alguma coisa. Uma palavra naquele momento poderia estragar toda a, hm, magia, por isso preferimos ficar quietos.

Um dedo dela deslizou pelo meu rosto, passando delicadamente pela minha bochecha e contornou minha boca. Eu pressionei um pouco nossos corpos contra o outro e ela postou um beijo delicado entre os meus lábios enquanto suas pequenas mãos tocavam a barra da minha blusa e, consequentemente, o meu abdômen, que se contraiu quando as mãos dela deslizaram sobre ele.

Eu a coloquei entre meus braços e a deitei na cama, deitando logo em seguida sobre ela. Nossas roupas foram tiradas completamente entre carícias, beijos e palavras desconexas. O corpo nu dela contra o meu me proporcionava um prazer enorme, ainda mais quando as mãos dela percorriam o meu corpo. Elas pareciam tão ágeis, apesar de tão delicadas. A cada toque era um gemido, uma frase sem nexo ou até uma palavra um pouco pervertida.

Mas foi somente quando nossos corpos estavam finalmente juntos que eu realmente percebi o quanto aquela mulher tinha um poder sobre mim. Tudo que ela fazia ou falava me deixava cada vez mais excitado e, quando acabou, outras palavras que saiam da boca dela me faziam sorrir, mesmo rendido ao cansaço. Ela deitou ao meu lado e se acomodou nos meus braços, colocando a cabeça em meu peito e uma perna sobre a minha. Enquanto eu sentia a respiração dela batendo de forma falha contra o meu peito, eu lhe abracei e lhe dei um beijo na testa, tentando mostrar que por mais que nós não tivéssemos uma relação séria, ela era especial, ela era única.

Nós adormecemos em seguida, se bem que no meio da noite acordamos e, bem, aconteceu tudo novamente. Mas quando pegamos no sono mesmo, só acordamos no dia seguinte quando ouvimos algumas batidas na porta.

DROGA, ALGUMAS BATIDAS NA PORTA?

— Christopher, acorde para ir tomar café e abrir os presentes! — puta que o pariu, se minha mãe abrir a porta agora eu e a Dulce estaremos em uma bela encrenca. Ela me olhou assustada, com os olhos arregalados e eu coloquei um dedo em sua boca, a mandando ficar em silêncio.

— Já vou mãe, só vou me vestir...

— E tente acordar a Dulce quando sair do seu quarto... Ela não acordou quando eu fui chamá-la.

— Pode deixar, mãe. — e assim que nós dois escutamos a escada rangendo, suspiramos aliviados.

— É melhor eu ir me vestir! — ela sussurrou e vestiu as roupas que estavam espalhadas pelo chão rapidamente. Em dois minutos ela já estava na porta, me encarando. — Vejo você lá em baixo?

— Você sabe que eu nunca perco o café da manhã! — ela sorriu e saiu dali, me deixando totalmente sozinho e perdido em pensamentos.

No final todos estavam somente de pijamas enquanto tomavam o café da manhã, afinal, manhã de Natal é assim. Pijamas, pantufas e chocolate quente. Claro que eu havia colocado uma calça de moletom e uma blusa, nunca que eu desceria pelado... E a Dulce estava do mesmo jeito, só que havia prendido o cabelo. Todos estavam sentados na sala e quando eu apareci começamos a trocar os presentes.

É claro que eu não ganhei nada de bom. Só algumas blusas, um canivete, uma bola de futebol e uma cueca... E é óbvio que essa última foi da Dulce. Ela sempre me dá alguma coisa constrangedora ou desnecessária, mas nesse ano eu fiz o mesmo e lhe dei uma calcinha de renda. Ela ficou realmente surpresa quando abriu o meu presente, mas não pode evitar rir.

Depois do almoço nós começamos a nos preparar para ir embora, já que no dia seguinte meu pai teria que voltar a trabalhar. Eu já havia arrumado minhas coisas e quando acabei de colocá-las no carro, fui voltar para dentro de casa quando vi Dulce vindo em minha direção. Não teve nenhum jogo de sedução ou qualquer outra coisa, ela me puxou para o canto e me beijou. Ficamos nos beijando por um bom tempo até que ouvimos a porta da frente se abrindo, e tivemos sorte de que estávamos meio que escondidos atrás de uma árvore. Assim que meu pai acabou de colocar as coisas no carro, ele entrou novamente na casa e entendemos que já era hora de eu partir. Eu dei um pequeno sorriso para ela e ele foi retribuído. Não consegui aguentar e a abracei por alguns segundos até que ela me olhou e sorriu.

— Você está cada vez mais ousado, Uckermann. Uma calcinha de renda? Não esperava isso de você! – ela riu e apoiou a cabeça em meu braço.

— Estava na hora de dar o troco. Ano retrasado foi um cachecol, ano passado uma meia, então eu deduzi que esse ano você ia me dar uma cueca, por isso... — ela riu novamente e me deu um selinho.

— Que inteligente! — ela me olhou daquele jeito e eu entendi que o que ela ia falar a seguir era besteira – Pois trate de trazer essa cueca ano que vem. Não vejo a hora de tirá-la! — ela sorriu maliciosa e eu ri.

— Pois digo o mesmo da calcinha! — ela me encarou um pouco assustada, pois normalmente eu não era tão ousado, mas o que ela fez em seguida foi rir e me beijar novamente.

Em seguida, meus pais já estavam prontos para ir embora, por isso nos despedimos dos meus tios e de Dulce, se bem que eu já tinha me despedido dela antes. Quando entrei no carro e olhei pela janela, vi ela sorrindo para mim e lhe retribui o sorriso, encantado com a beleza dela. Meu pai buzinou e meus tios começaram a acenar, enquanto Dulce continuava lá, somente olhando para mim e eu somente olhando para ela. E meu sorriso aumentou quando vi os lábios dela se mexendo, formando a frase: no natal a gente se encontra.

Por isso que eu gosto tanto do Natal. Não é pela ceia, nem pelos presentes, nem pela árvore, nem por nada... Eu gosto do Natal porque é a única época do ano em que eu a vejo e mesmo sendo só por dois dias, o melhor de tudo é que eu tenho certeza que no próximo Natal tem mais.

~~~

FELIZ NATAL PRA VOCÊS!!!

E um feliz ano novo! Que Deus renove toda a alegria e o amor das nossas vidas e que 2019 seja um ano de muitas conquistas e vitórias para todos nós.

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