
19 - GREGORY
O pessoal de finanças se despede de todos e Kimura, chefe da equipe, vai até Mau.
_ Sr. Smith...você conseguiu de cabeça chegar no resultado de ⅓? - ele olha para os lados de Mau, talvez procurando alguma calculadora, mas não tinha nada.
_ Mais ou menos, só achei que o resultado final estava baixo demais para os números altos das fórmulas, então calculei meio por cima e dava algo perto dos ⅓. - Mau tenta explicar meio sem jeito.
_ O que me falaram do Senhor não foi exagero, você é realmente genial...pretende seguir a área de finanças?
_ Não... vou fazer biologia.
_ Hummm...se mudar de idéia me avise. Minha equipe precisa de pessoas exepcionais assim como o Senhor. - Kimura se despede dando um aperto de mão no rapaz.
Mau sorri discretamente, sentiu satisfeito ser reconhecido por isso e já com uma proposta de emprego, embora não seja o que ele quer seguir na vida.
A secretária Lislen leva Mau para o escritório do Sr. Ryckel, enquanto Juliah terminava algumas anotações com seu pai na sala de reunião.
_ Fique a vontade Sr. Smith. - ela diz fechando a porta.
O escritório de Joseph era bem parecido com o que Mau viu na mansão...tudo finamente decorado em tom carvalho de muito bom gosto, estilo colonial. Ele senta numa poltrona lateral.
Não demora muito e a porta se abre ... Gregory entra.
_ Sr. Mau...o gênio indomável.
Mau revira os olhos realmente pegou muita implicância do assistente. - _ Eu não sou gênio.
_ Ah é sim...nem de longe eu chegaria perto da inteligência que você tem e é uma pena você ser tão teimoso para desperdiçar oportunidades...isso te limita. - Gregory encosta da mesa do chefe cruzando os braços olhando para Mau.
_ Como assim?
_ Eu já tive a sua idade Mau...já fui um moleque bem problemático, mas no seu caso, você é esquentado.
_ Eu não sou moleque!!! - Mau o encara, não consegue ver Gregory fazendo nada de errado com esse jeito todo polido. - _ O que você fez?
_ Você sabe quem é meu pai?
Mau balança negativamente a cabeça.
_ E o George...o jardineiro da mansão.
Mau o encara com uma fisionomia espantada, jamais imaginaria que ele era o filho do jardineiro e Gregory continua.
_ Quando eu tinha 12 anos, minha mãe faleceu depois de um ataque cardíaco, meu pai perdeu totalmente o rumo depois disso e se perdeu no vício do álcool.
Mau fica em silêncio e ele continua.
_ A situação ficou tão complicada que faltou alimento em casa, eu e meus dois irmãos passamos fome, eu praticava pequenos furtos nos mercados para levar um pouco de comida para eles. - ele para um pouco de falar pensativo, depois continua.
_ Um vez, meu pai ficou fora por três dias seguidos e eu como filho mais velho não aguentava mais ver meus irmão chorando de barriga vazia e sai no semáforo pedir dinheiro. Estava frio e chovendo...depois de um dia inteiro não consegui mais do que algumas moedas que dava para comprar um pão...talvez... - Gregory para de novo de falar apertando os lábios olhando para o nada, volta a falar.
_ Quando já escurecia e eu estava esperando o semáforo ficar vermelho, para pedir uma última vez antes de ir embora... Anthony, o antigo motorista da família, parou ao lado que eu estava e o Sr. Ryckel abaixou o vidro do carro dele para mim...minha vida mudou a partir desse momento.
Mau franze as sobrancelhas com empatia, realmente não podia se quer imaginar algo parecido.
_ Meu pai se recuperou do vício num centro de reabilitação pago pelo Sr. Ryckel e foi empregado na casa dele o qual está até hoje, recebe um bom salário com muitos benefícios e ajuda dele o qual conseguiu estudar todos os filhos: eu administração, meu irmão engenheiro químico e minha irmã nutricionista. Imagine se eu tivesse sido orgulhoso igual a você...quantas vidas além da minha eu teria prejudicado.
_ É totalmente diferente o meu caso com o seu...eu não tenho ninguém dependendo de mim...eu só quero fazer as coisas do meu jeito. - Mau rebate rápido.
_ Eu sei disso...eu sei muito bem como é que é. - Gregory começa a andar pela sala. - _ O Sr. Ryckel me ligou avisando que o "famoso" Maurice Smith agora era namorado da sua filha, e que você concordou em seguí-la nesse "mundo". - o assistente faz aspas invisíveis nessa parte. - _ E Joseph fez um único pedido a mim: que ajudasse você à se adaptar da melhor maneira possível nesse mundo sem maiores "aborrecimentos".
Mau revira os olhos novamente porque até agora Gregory fez o contrário, só o aborreceu.
_ O Sr. Ryckel fez esse pedido em especial a mim, pois sabia que nós dois viemos da mesma classe social e como eu já passei por tudo isso, então só "EU" sei das dificuldades que enfrentei. Muitos aborrecimento teria sido evitado se eu tivesse alguém como "EU" me ajudando. - Gregory aponta o dedo indicador para seu próprio peito dando ênfase a cada "eu" que ele falava. - _ Estou te entregando tudo praticamente mastigado e adivinha só: você se recusa!!!
_ Eu já falei que não quero nada daquelas coisas, porque eu não preciso...isso para mim vai muito além do dinheiro, são meus princípios. - Mau volta a rebater.
Gregory para de andar suspirando pesado de novo encostando na mesa do patrão. - _ A minha especialização é abordar com "agressividade", o meu TCC de Mestrado em Administração foi específico em como lidar com clientes exatamente como você: teimoso...orgulhoso... birrento...e cabeça dura.
_ Não sou seu cliente. - Mau cruza as braços emburrado.
_ Pois é!!! Ainda bem que você não é meu cliente, porque se fosse eu teria que rasgar o meu TCC e meu diploma, porque tudo que eu afirmei que funciona lá, não funciona com você! Eu nem consegui fazer você colocar uma roupa decente para vir numa reunião. - Gregory balança os braços para o lado, olhando para cima desacreditado.
Mau segura um risada.
_ E você ainda acha engraçado. - Gregory solta outro suspiro. - _ Eu sei muito bem o que é ser sub-julgado pela roupa, igual aconteceu agora com você por esses idiotas da diretoria e eu não tive a sua sorte de ter um "Gregory" me ajudando. - o assistente volta a apontar seu dedo indicador para ele mesmo. - _ Eu não queria que você tivesse passado por isso...você me fez fracassar na minha missão. - agora a voz e fisionomia do assistente era de frustração enquanto ele balançava negativamente a cabeça. - _ Ok Mau, eu lavo as minhas mãos...como já falei o meu trabalho e deixar tudo disponível a você...se irá usar ou não é problema seu. Se você quer ir pelo caminho mais difícil eu já aviso que os espinhos que encontrará serão bem doloridos.
_ Eu sei o que eu estou fazendo...estou ciente de todas as escolhas que faço.
_ Espero que também esteja ciente de arcar com as consequências das suas escolhas. - Gregory olha fixamente para o rapaz.
Mau ameaça abrir a boca mas fecha logo em seguida pensativo sobre quais poderiam ser essas consequências.
_ Tudo bem... - Gregory aperta seus olhos ainda o encarando. - _ Saiba que minha dedicação é total ao Sr. Ryckel e eu não medirei esforços para não desapontá-lo, vou cumprir as ordens que foi dado a mim custe o que custar...e meu método continua sendo o mais "agressivo" possível. Não vou deixar que um "moleque" coloque em xeque o meu trabalho.
Mau revira os olhos irritado por chamar ele de novo assim. - _ Ok, agora eu entendo o seu lado e você entende o meu.
Gregory levanta as mãos lateralmente e bate nas suas próprias pernas indo em direção a porta, mais antes de abrir ele se vira de volta ao rapaz.
_ A sua teimosia ainda poderá ser a sua ruína...e isso é uma questão de tempo. - e sai batendo a porta deixando Mau novamente bem pensativo.
A vida de Gregory não foi muito fácil no passado e ele se vê em Mau quando era jovem, não queria que o rapaz passasse pelas mesmas dificuldade. Só que o assistente não entendeu que Mau é diferente.
Mesmo assim parece que ambos enfim chegaram a um "acordo": o assistente continuará investindo pesado para fazer o seu trabalho enquanto Mau continuará teimando em recusar.
Será que Gregory tem razão em prever o futuro do Mau se ele continuar sendo tão orgulhoso assim?
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