Stella Collins

°°°

Eu sei que tinha alguma coisa estranha com Fabrício, todas as vezes que falávamos sobre entrar no mar ou alguém sugeria isso, ele mudava de ideia. Hoje mesmo, o treino havia sido com ele lá no deck e eu no mar, apenas nos comunicando através daqueles rádios comunicadores sem fio. Dizer que isso foi estranho, foi a única palavra que encontrei para descrever esse seu método, eu nunca havia treinado desse jeito. Ele ficava me dando instruções lá de fora e eu apenas seguia os seus comandos; porém, eu já não sabia se eles eram tão precisos assim. Uma coisa era ele ficar do meu lado me dando orientações, outra, era ele ficar lá na beira da praia, apenas me instruindo e me dizendo o que eu deveria fazer, apenas se baseando no que via no binóculo. Que patético! Como ele queria me treinar daquele jeito para as regionais? Lhe questiono mentalmente e depois decido lhe investigar um pouquinho mais; deve ter alguma coisa por trás.

Logo, termino de treinar a última regata com ele e saio da água às pressas; queria guardar o meu barco e ir embora para casa. Eu estava exausta e irritada. Havia passado a manhã inteira seguindo as suas ordens e os seus comandos, porém, nada daquilo parecia estar tão certo ou bom o suficiente para ele. Sempre precisava de mais.

- Qual foi o problema? - Ele logo aparece vindo atrás de mim e me indagando, já querendo saber o motivo de eu ter saído do mar. Ah, faz me rir, Fabrício! Penso comigo mesma e ignoro de uma vez a sua presença e a sua pergunta. Eu estava enraivecida demais, para poder lhe responder. E diante de todo aquele meu silêncio, ele verbaliza agora enfurecido. - Me diga, Stella! Eu preciso saber. - Ele segura firme nos meus braços e me faz olhar obrigatoriamente nos seus olhos. - O que foi que aconteceu? - Ele fala com a voz mais branda, mas parece estar falando realmente sério. Assim, eu lhe respondo.

- Você, Fabrício! - Olho diretamente no fundo dos seus olhos e continuo. - Você só fica me dando ordens e me fazendo seguir as drogas dessas suas instruções! Você nem se quer entra no mar, para poder me avaliar. E como se não bastasse isso... você sempre me faz ir aos limites, quando a gente está treinando! As minhas pernas já estão todas bambas e eu nem consigo as erguer, de tanta força que elas já fizeram. - Digo botando toda a minha frustação para fora. E ele então, parece lutar com algo dentro de si e fica me encarando, sem pronunciar uma única palavra. Eu é que lhe pergunto; qual é o seu problema? Penso comigo mesma e desisto de tentar. - Quer saber?! Esquece Fabrício, por mim o treino de hoje já deu! - Esbravejo enfurecida e volto a terminar de ajeitar as minhas cordas.

- Está bem! Eu irei entrar no mar... - Ele diz olhando sobre o meu ombro e eu vejo a luta que ele havia travado, antes de poder me falar aquilo. E como se estivesse voltando para si, ele me encara novamente. - Porém, eu não irei ficar em um bote ou em um barco pequeno, terei que ficar em alguma dessas lanchas por aqui. - Ele diz incisivo e penso se isso é a sua soberba falando ou a sua repulsa pelo mar. Por fim, eu acabo por aceitar e desisto de discutir.

- Que seja. Mas agora eu estou indo embora, tenho um almoço marcado com os meus pais. - A minha voz fica mais condescendente, mas eu não paro de fazer o que eu estava fazendo para poder lhe olhar. E então, ele fica em silêncio e depois eu sinto a sua presença atrás de mim.

- E o Erick, ele vai? - O seu hálito fica mais próximo do meu ouvido e a minha pele se arrepia. Meu santíssimo, por que ele estava tão próximo de mim? Sinto o meu coração errar uma batida e eu engulo seco com o nervosismo.

- Não sei, eu ainda irei lhe chamar... - Me viro devagarinho para ele e o vejo recuar um paço, cedendo um pouco mais do lugar em que nós estávamos. Porém, o seu olhar ainda continuava grudado no meu.

- Você gosta dele, não é? - Ele me pergunta agora meio intrigado e com a voz arrastada. - Ele me falou sobre o beijo de vocês de ontem... Ele me pareceu estar realmente apaixonado por você. - Ele diz com um olhar meio cabisbaixo e depois os ergue novamente, esperando pela minha resposta.

- Sim... eu gosto dele. - Tento falar com firmeza e ao mesmo tempo controlar as minhas emoções, que ficavam gritando comigo do outro lado, me dizendo que talvez eu não tenha esse mesmo tipo de sentimento por ele.

- Hum... que bom, pois ele realmente merece ser feliz. - O Fabrício diz sem muito ânimo na voz e depois conclui. - Tire o dia de folga amanhã, Stella. Treinaremos melhor nos próximos dias. - Ele por fim se afasta de mim e se vai sem nem me olhar novamente.

Ótimo. Agora eu estava me sentindo a maior vaca, por não ter mais tanta certeza assim dos meus sentimentos pelo Erick. Argh! Será que o Fabrício percebeu alguma coisa? Fico me perguntando a respeito disso e ao mesmo tempo me recriminando, por não poder ser uma pessoa menos complicada. Aff, Stella! Ver se consegue tomar algum jeito na vida. Balanço a minha cabeça em discordância comigo mesma e termino de guardar as minhas coisas, antes de ir no escritório chamar o Erick.

Ele, contudo, já havia ido várias vezes lá para casa dos meus pais, sei que não iria ter nenhum problema em ele ir agora novamente comigo. No entanto, nós ainda precisaríamos agir como se nada tivesse acontecido; ainda era muito cedo, para sairmos por aí dizendo o que nós éramos de verdade. O que no caso, nem eu ainda sabia direito!

Logo, chamo ele para ir almoçar lá e ele concorda. Até que o Erick hoje estava menos informal. Trajava apenas uma calça azul escura e uma camiseta branca, estilo meio básica. Ele ficava ainda mais lindo! O elogio assim que entro no escritório e digo que vou apenas tomar um banho, antes de podermos sair para casa dos meus pais. Com isso, corro para o meu quartinho garagem e tomo uma ducha bem rápida, só para poder tirar a água salgada do meu corpo e me renovar novamente. Pronto, eu já estava pronta para ir! Vestir um vestidinho solto, com algumas florezinhas roxas sobre a sua estampa e um saltinho plataforma, que além de maravilhoso, era superconfortável. Enviei uma mensagem para a minha mãe e em poucos minutos já estávamos lá, na cobertura do seu apartamento.

Assim que adentramos na sua casa, ela me recebeu com vários beijinhos e abraços apertados. Quem nos via de longe, até pensava que não nos víamos a um bom tempo. Porém, não se faziam nem três dias direito, que havíamos nos encontrado no Amélia F. Clube e comemorado a minha vitória no campeonato. O que me lembrava da trágica notícia do Pasqual e da nova empregabilidade do Fabrício, sendo ele, como o meu mais novo treinador. Aff, ele já estava me dando nos nervos. Lembro-me do quanto ele conseguia ser mandão e arrogante, como também extremamente sexy e atraente. Idiota! Lembro rapidamente dele e tento apagá-lo da minha mente.

Eu agora estou com o Erick e ele é incrivelmente gato, gente boa e ainda simpático com todos da minha família. Sei que ainda podemos dar certo. Pela primeira vez na vida, eu tenho a chance de ter alguém que goste de mim de verdade e que é o meu amigo, acima de qualquer coisa. Além disso, ele pode ser o primeiro namorado que todos da minha família aceite. Sorriu, ao ver ele todo interativo com o meu pai. É, com certeza ele já tem a amizade do Sr. Dylan Collins, o homem mais exigente e ciumento da família. Fico lhes olhando conversar e não percebo quando a Cris e a Elisa, chegam na sala de estar. Elas eram filhas da melhor amiga da minha mãe, a Merlinda, juntamente com o seu marido Tom. Eles eram todos incríveis. E eu e as meninas, havíamos crescido juntas. A Cris era a filha mais velha e havia se tornado uma excelente jornalista, sempre com um olhar crítico a tudo e especulativo ao seu redor. A Elisa, tinha quase a minha idade e havia se arriscado pelo mundo artístico, igualmente a mim, só que querendo ser uma grande DJ reconhecida.

- E aí, sereia do mar!! Pensei que não fosse sair da água nunca mais! - A Elisa se aproxima de mim e põe um dos seus braços no meu ombro. - E então, como é que andam as suas obras? Está com alguma ideia para fazer um nudes de mim... - Ela brinca comigo e balança os seus peitos na minha frente, fazendo todas nós cairmos na risada.

- Ah, mas é claro! Eu sempre tenho ideias para você, Lisa... Você é a minha melhor inspiração! - Respondo cheia de humorismo na voz, mas sendo realmente sincera. A Elisa tinha um corpo excepcional. A sua cintura afilada, juntamente com as suas calças largas e baixas, dava uma proporção perfeita para o seu quadril arredondado. Ela parecia ter o próprio corpo do violão. A Elisa então sorri com o meu comentário e logo todas nós estávamos em uma conversa animada. A Mel também se juntou com a gente e o círculo estava fechado. Eu estava morrendo de saudades de nos reunirmos desse jeito!

Assim, com pouco tempo depois, todos nós já estávamos sentados na mesa e almoçando. Era um fuzuê sem igual, pode apostar nisso. Nós não erámos do tipo de uma família convencional, onde não fazíamos barulhos e nem conversávamos durante as refeições, pelo contrário, falávamos sobre tudo e botávamos as comidas nos pratos, sem nem esperarmos os outros terminarem. E quando nos reuníamos assim, era quase impossível nos conter. A minha família sempre foi o meu bem mais precioso, o meu orgulho e o meu refúgio, sei que sempre os terei do meu lado.

Logo, com toda aquela agonia que todos nós de casa já conhecíamos e estávamos acostumados a viver, eu acabei derrubando um copo de suco no Erick. Ele estava bem atrás de mim e eu nem havia visto ele se sentando do meu lado.

- Ai meu Deus, me desculpa, Erick! - Tento enxugá-lo as pressas com as minhas mãos, mas aquilo parece não dar muito resultado. - Nossa, eu sinto muito, eu juro que não vi você se sentando aqui do lado... - Eu tento me justificar e ele logo me tranquiliza.

- Calma, peixinha! Não precisa se preocupar. Eu posso passar em casa depois, antes de ter que voltar para o trabalho. - Ele alisa o meu rosto com carinho e a minha mãe que havia se aproximado um pouco antes, acaba escutando uma parte da nossa conversa.

- Ah, que isso, Erick! Não se preocupe, o Dylan deve ter alguma camisa que sirva em você... Não é, amor? - Ela diz essa última frase indagando o meu pai e se virando para ele.

- Ah, é claro! Vem que eu te arrumo uma! - Ele diz se levantando da mesa e chamando o Erick para poder lhe acompanhar. O meu amigo, o que no caso agora era o meu "ficante", olha para mim de forma juvenil e eu apenas assinto, lhe pedindo desculpas mais uma vez, só que agora mexendo apenas os meus lábios, sem produzir um único som.

A minha mãe, então observa tudo e me olha com uma daquelas suas caras, de quem já tinha sacado tudo apenas com o seu olhar. Aquela ali, não perdia nada a sua volta. A senhora e famosa KitKat! Sempre atenta a tudo e a todos, que pudessem ter a ver com as suas crias.

- O quê? - Olho para ela fazendo cara de desentendida e ela se pronuncia.

- Ah, nem venha fingir para mim, dona Stella! - Ela bate de leve com o pano de prato na minha bunda e continua. - Sei o que está rolando entre vocês... E já vinha percebendo isso já faz tempo. - Ela diz me olhando com um olhar significativo e comenta. - Ele com certeza é um cara de respeito. Gosto dele. Se quer saber a minha opinião, eu aprovo! - Ela sorri com aquele seu sorriso débil e eu tento desconversar aquele seu rótulo sobre nós.

- Ainda estamos no começo, senhora Collins! Ainda somos grandes amigos. - Penso nas palavras do Erick no começo e não quero estragar por nada a nossa amizade. Jamais me perdoaria se eu fizesse isso.

- E quem disse que um grande relacionamento não pode surgir de uma grande amizade? - Ela me indaga agora com uma cara maliciosa e logo depois se afasta. Essa minha mãe... é a mais perversa de todas. Sorriu para ela de forma zombeteira e em seguida, me volto para limpar a sujeira.

A sua pergunta fica rondando a minha cabeça e pouco depois, me vem mais uma. E de uma intriga, será que também poderia vir a surgir um grande relacionamento? Me questiono mentalmente e fico sem saber o porquê dessa dúvida ter me surgido.

═───────~◢◣~───────═

Olá meus Lermores! 😍
E aí, o capítulo de hoje foi acirrado, não acham? O que vocês acham que a Stella deveria fazer... 👀

Vocês são do time Fabrício tentação, ou do Erick marchmallow? 🍫🔥👅
(Não vou mentir, o Erick tb conquistou o meu coração.. talvez ele mereça mesmo uma chance.)

Gostaram da Elisa e da Cris? Lembram delas e dos seu pais (Merlinda e o Tom)?💁🏻‍♀️💜💙

Vem cá, quase me esqueci!! E o Fabrício, que disse que agr vai passar a entrar realmente no mar? 😲🙊🌊 Alguém esperava por isso? Eu tô chocada.. hehe vcs não?

Vou deixar uma fotinha do nosso casal Collins, sendo eles agr muito mais velhos e maduros como pais?
😍👐🏼✨

Se estiverem gostando da leitura, cliquem na ⭐ e deixem os seus comentários aqui embaixo 👇
Adorei lê-los depois!

Até mais meus amorecos!😏💓