07
"𝑄𝑢𝑒𝑚 𝑛ã𝑜 𝑜𝑢𝑣𝑒 𝑎 𝑚𝑒𝑙𝑜𝑑𝑖𝑎, 𝑎𝑐ℎ𝑎 𝑚𝑎𝑙𝑢𝑐𝑜 𝑞𝑢𝑒𝑚 𝑑𝑎𝑛ç𝑎..."
𝑩𝒓𝒊𝒔𝒂 𝑺𝒂𝒏𝒕𝒊𝒂𝒈𝒐
Estou parada em frente ao enorme espelho do meu quarto, olhando para o meu corpo dentro do lindo vestido rosa pink que aluguei. Prendi meu cabelo em um rabo alto, agradeço ao meu cabelo longo por deixar ele ainda mais bonito, coloquei um par de argolas douradas e um salto fino dourado.
Passei um batom meio rosado e passei um gloss por cima para dar um efeito melhor e finalizei com um perfume doce com cheiro de rosas.
— Me desculpa, não sabia que estava entrando no quarto da princesa. — disse Samantha se ajoelhando na porta do meu quarto. — Você está maravilhosa, minha princesa.
— Obrigada, tia, te amo — falei dando um beijo em sua bochecha, deixando a marca do batom — Eu já vou indo, não quero me atrasar.
Ela assentiu com a cabeça e eu peguei minha bolsa em cima da cama, me despedindo com um abraço. O meu Uber já estava na porta de casa e eu saí rapidamente.
— Boa noite. — cumprimentei o motorista entrando no carro.
— Boa noite. — respondeu o cara no volante.
Eu não costumo dar boa noite ou qualquer saudação, pois na maioria das vezes eu estou triste ou muito cansada, sem forças para falar nada. Hoje está sendo especial, eu nunca tive a oportunidade de ir à festa de uma agência.
Cheguei e, de fora, já estava uma boa fila, alguns estavam sendo mandados embora e outros recebiam uma pulseirinha para entrar na festa. Entrei na fila de 10 pessoas e 5 foram mandadas embora de volta para casa, como pode em uma festa tão chique ter penetra?
— Brisa! — disse Miranda atrás de mim — Que bom que veio.
Miranda me abraçou e eu sorri sem graça. Eu costumo morrer de vergonha das outras bailarinas, mesmo já tendo conversado com elas. Bobeira minha.
— Você está linda. — elogiei.
Ela estava usando um vestido vermelho longo e os saltos pretos realçaram o seu brilho. Ela ficou mais alta, podendo ultrapassar bastante o meu tamanho.
A fila andou e, quando percebi, já era a minha vez de entrar. Arrumei o meu vestido e sorri para a mulher que estava segurando um tablet nas mãos.
— Nome? — perguntou, me encarando.
— Brisa Santiago. — respondi e ela confirmou com a cabeça.
— Boa festa, Brisa. — falou, colocando uma pulseirinha vermelha em meu braço e eu agradeci já entrando.
Miranda entrou logo em seguida e eu reparei que sua pulseira era diferente da minha, a sua era azul. Com dúvida, saí de dentro do local e fui até a mulher do lado de fora.
— Desculpa, mas tem alguma diferença nessas pulseiras? — perguntei e ela fez um movimento que sim com a cabeça.
— As pulseiras vermelhas são pessoas autorizadas a entrar no camarote e as pulseiras azuis são pessoas autorizadas a usar somente a parte de baixo da festa — falou, me mostrando o tablet.
Lá estava meu nome e logo na frente estava escrito "camarote". Agradeci com um sorriso e entrei novamente, não era possível que eu estivesse no camarote e Miranda não, nós estamos no mesmo nível.
Segui até as escadas do camarote e parei no começo, onde estava um homem alto usando um terno.
— Boa noite, Brisa Santiago? —Perguntou e eu concordei — Isso é para você.
O homem me entregou uma taça de gim com abacaxi e hortelã em uma taça de vidro, com meu nome em dourado.
— Muito obrigada. — Agradeci junto de um sorriso e ele retribui, logo abrindo espaço para eu passar.
Subi as escadas dando goles no gim e, ao chegar no topo, vi que não havia muitas pessoas, somente os jurados e outras pessoas que eu não conheço. Adrian estava de costas, usando um terno preto, e ele estava conversando com um homem alto, da mesma altura que ele, de cabelos grisalhos e usando um terno azul-escuro.
Andei calmamente pelo camarote e parei em um canto vazio. Algumas pessoas passavam e me cumprimentavam.
— Brisa. — gritou Marcelo animado, vindo na mesma direção, fazendo Adrian virar para trás. — Fico feliz que tenha vindo.
Ele me deu um abraço longo e eu estava ansiosa para ele me libertar logo. Eu precisava ir até Adrian o mais rápido possível. Marcelo já havia bebido muito e eu não estava aguentando o cheiro forte de bebida que estava em seu corpo.
— Aproveita a festa — disse, me dando um tapinha no peito e saindo bebendo um gole de sua cerveja.
Sorri e fui correndo até Adrian, que me recebeu com um sorriso enorme no rosto. Envolvi-o em um abraço e ele colocou a mão sobre minha cintura.
Por que fez isso, Brisa?
— Que bom que veio. — disse sussurrando em meu ouvido — Augusto, essa é Brisa, uma das melhores bailarinas que eu já vi em todo o meu tempo de trabalho.
O homem com quem estava conversando pareceu engasgar com a bebida e uma mulher que estava ao seu lado, conferiu se estava tudo bem e logo deu uma risadinha.
— Meu marido não pode beber que fica desse jeito. Por isso, tem que controlar. — disse a ruiva, vindo em meu encontro — Prazer, meu nome é Ingrid e sou eu que faço as roupas que vocês usam nas apresentações.
Ao ouvir isso, me toquei de que não havia contado para Adrian que eu tinha ganhado a roupa e que poderia voltar para a agência e participar da apresentação.
_ Como está, Brisa? — Augusto finalmente dirigiu algo para mim.
— Estou bem. Fico feliz de conhecer vocês. — respondi com um sorriso largo e Ingrid retribui.
— Vamos deixar vocês a sós. — Ingrid diz, pegando na mão do marido — Adorei te conhecer, querida.
_ Igualmente.
Augusto foi embora e Adrian parou em minha frente, dando um sorriso largo e logo em seguida deu um gole em sua bebida que parecia um gim com Kiwi.
— Por que eu estou no camarote? Não faz sentido eu estar e as outras meninas não. — perguntei, bebendo um pouco do gim.
— Você é especial. - disse dando uma picadinha — É nossa melhor bailarina.
Deixei escapar um sorriso e balancei a cabeça envergonhada. Isso estava perfeito, o que me dava um certo frio na barriga.
— Adrian, tenho que te falar uma coisa. — Deixei minha taça sobre uma mesinha ao nosso lado e ele fez sinal para que eu falasse. — Eu ganhei a roupa da apresentação de balé. Será que eu ainda tenho chances de entrar novamente para a agência?
— Sério, Brisa? Eu fico muito feliz por você — diz Adrian, dando um sorriso — Você nunca saiu da agência, sempre esteve aqui.
— Obrigada por tudo. — Agradeci, o fazendo me envolver em um abraço confortável.
Adrian passou a mão pelo meu ombro e me conduziu para todas as pessoas que estavam lá, me apresentando para todos como "a bailarina número 1" ou "a melhor bailarina". A última pessoa foi sua mãe, que já me conhecia, mas resolvemos aprofundar mais nossa conversa.
— Adrian, me deixa a sós com Brisa. — pediu Dalva, fazendo sinal para que Adrian saísse de perto.
— Claro. — Ele saiu ajeitando o terno.
— Minha querida, sente-se. — falou puxando a cadeira para mim e eu agradeci — Brisa, posso ser sincera com você?
— Pode sim.
_ Nunca vi meu filho tão encantado com alguém, ele fala de você com um brilho nos olhos. Após anos, Adrian tem outro assunto além do trabalho, e o assunto é você.
Então, Adrian falava de mim para a família dele, até mesmo para outras pessoas? Isso só podia ser um engano, outra Brisa deve existir e está na vida dele.
— Me desculpa, mas acho que ele fala é de outra Brisa. — Comentei e ela soltou uma risada alta.
— Minha querida, é você mesmo. — As palavras que saíram da boca de Dalva me fizeram engolir em seco e ter uma vontade imensa de rir.
Isso não era verdade.
— Eu fico muito feliz ouvindo isso. — Resolvi entrar na mentira somente para não deixá-la desanimada.
— Sempre que quiser, conte comigo, eu estou aqui com você. — falou, pegando na minha mão. — Adrian me contou de sua mãe, sinto muito.
— Obrigada, ela faz muito falta aqui.
— Sua mãe sempre vai estar viva dentro de você. — Ela colocou os dedos na direção do meu coração e eu controlei para não derramar as minhas lágrimas.
Eu tento ser forte em todos os momentos e faço isso por ela, pois sei que ela vai estar orgulhosa da filha que criou.
— Desculpa incomodar, mas poderia me ceder a Brisa? — perguntou Adrian, chegando por trás de mim. — Tenho uma coisa para te mostrar. — Ele me deu a mão e me ajudou a levantar.
Dalva assentiu e eu sorrio antes de sentir os dedos de Adrian se entrelaçarem nos meus. Eu nunca tive tanto contato físico com ele e confesso que fico com muita vergonha.
Ele me conduziu até uma sacada, onde tinha uma vista linda para a cidade grande e iluminada, que ainda tinha circulação de carros e pessoas nos passeios.
Adrian fechou a porta nas suas costas e eu olhei para o chão, que tinha algumas almofadas e duas taças de gim de abacaxi e hortelã ao lado. Dava para escutar a música calma que tocava do lado de dentro.
— Senta. — diz Adrian, se sentando em uma almofada, e eu fiz o mesmo.
A vista estava linda e o ar frio batendo no rosto estava delicioso. Adrian tirou a parte de cima do terno e ficou somente com uma blusa branca lisa.
Peguei a taça cheia e dei um gole generoso, aquilo era maravilhoso. Adrian fez o mesmo e fechou os olhos ao sentir a bebida descendo em sua garganta.
— É perfeito, você tem um gosto ótimo. — falou, dando um peteleco na ponta do meu nariz, fazendo eu sorrir e fechar os olhos.
— Bebi ele pela primeira vez na minha festa de formatura. — Falei — Lembro que na primeira taça eu fiquei muito alterada e acabei caindo sobre a mesa de doces, eu fui expulsa da festa.
Adrian soltou uma risada sincera e eu o acompanhei, me deitando e rindo do ocorrido. Esse dia foi péssimo para mim, mas hoje em dia dou risada lembrando da cena em que eu caia de costas sobre a mesa e levantava com duas balas de morango presas em meu rosto e meu vestido estava todo manchado de groselha.
— Na minha festa de formatura, eu fui vestido com uma calça jeans e uma blusa verde escrita "Matemática", todo mundo riu de mim e eu passei a festa inteira dentro do banheiro masculino chorando. Acho que é por isso que hoje eu ligo bastante pelo meu visual. — diz Adrian deitado do meu lado.
— Podemos decretar que nós dois temos traumas com festa de formatura. — Falei, esticando a minha mão para ele bater, e foi o que ele fez.
Adrian pegou na minha mão e ficou analisando os meus anéis dourados. Alguns eram lisos comuns e outros eram em forma de coração e folhas.
— Até sua mão é bonita, como pode? — perguntou, colocando minha mão em seu peito e foi aí que percebi que Adrian havia exagerado na bebida.
— Genética. — respondi, me virando de lado e encontrando o seu rosto, que me olhava com um olhar encantador.
— Minha inteligência é de genética — falou.
— Convencido demais. — falei e ele sorriu.
Dei mais alguns goles no gim e ficamos em silêncio. Adrian estava mexendo em minhas mãos e eu admirando as estrelas.
— Você só tem cara de sério, né? Porque, na verdade, é um menino super alegre. — Perguntei, o olhando e ele brincou, fazendo uma cara de bravo.
— Mas eu sou sério, e cuidado que eu posso te mandar embora daqui agora. — falou, se sentando.
— Manda então.
Adrian se levantou e me pegou delicadamente pelos braços, fazendo-me ficar de pé em sua frente. Seus braços passaram em volta de minha cintura e eu afundei meu rosto em seu peitoral, pois era o único lugar que eu alcançava.
Minha cabeça latejava e, ao olhar para a taça de gim, o meu estômago revirou.
— Não vai me mandar embora? — perguntei, levantando meu rosto e ele fez que não com a cabeça.
— Tenho coisas melhores para fazer.
Quando terminou de falar, chegou seu rosto mais perto do meu e eu consegui sentir perfeitamente a velocidade de sua respiração. Seu coração estava agitado e não duvido nada de que o meu também esteja.
Encostei o meu nariz no dele e sorri, talvez eu tenha feito isso pelo fato de estar sob efeito de álcool, pois se eu estivesse sóbria, isso nunca teria acontecido.
A porta da sacada se abriu rapidamente, fazendo a gente se separar e nos ajeitar. Era Marcelo que tinha aberto a porta, ele estava com uma mulher que acabou assustando ao nos ver.
— Me desculpe, não sabíamos que tinha gente aqui. — falou a mulher - Vamos Marcelo.
— Não, podem ficar, a gente já estava de saída. — falei pegando minha bolsa no chão e puxando Adrian pelos braços.
Sorri antes de passar pelos dois e quando voltamos para a festa, começamos a rir olhando um para o outro.
Após terminar uma taça, bebi outra, e outra, e acabei perdendo as contas de quanto gim eu bebi nessa festa.
Eu suava frio e minha vista estava pesada, com certeza o efeito da bebida tinha atingindo seu limite. Me sentei em uma cadeira no canto e fiquei olhando para a frente, onde eu consegui ver Adrian conversando com uma roda de homens e algumas mulheres, todos pareciam estar bem entretidos com ele.
Eu não estava mais legal aqui, por isso, peguei minha bolsa e andei até a escada, onde eu iria embora para casa com o Uber que iria chamar. Quando eu cheguei no primeiro degrau, senti minha cabeça girando e uma vontade imensa de cair. Me segurei na parede ao lado da escada e olhei para trás, na esperança de alguém me ver e vier me ajudar.
Por sorte, Adrian tirou os olhos das pessoas em sua frente e veio correndo até mim. Ele passou o meu braço pelo seu ombro e me levou até o lado de fora.
— Vou te levar para casa. — falou abrindo a porta de seu carro para mim e eu segurei o seu braço com força.
— Não, Adrian, aproveita a festa. — Falei tentando descer do carro e ele empurrou minhas pernas de volta.
— Você é mais importante que essa festa — diz Adrian entrando no carro e acelerando.
O álcool é nosso pior inimigo, pois quando estamos no efeito dele, eu fiz coisas que eu não imaginava. Coloquei a mão em cima da perna de Adrian e ele colocou a sua sobre a minha, e assim fomos embora.
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