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15 - Mentiras e verdades

A mentira é como uma sombra que se estende silenciosamente, envolvendo-se nas entranhas da verdade. É impossível perceber quando estamos sendo enganados, ou quando estamos ouvindo a verdade. Nicholas encontrava-se preso a uma teia que os próprios pais prenderam, e não havia um certo e um errado, infelizmente. Encarar o fardo dali em diante seria doloroso, ele sabia. A última fração da mentira estava prestes a ser contada. Caberia a ele acreditar ou não.

Robert Ramsey mantinha-se envolto pelo passado, cuja sina queria esquecer, se tivesse poder para apagar a memória de Nicholas, faria sem hesitar. Ele voltou a ocupar a poltrona, Nicholas permaneceu de pé, aos prantos.

— Eu tive um encontro com o marido da Beatrice, o Scott.

Nicholas tentou controlar a respiração. Robert parecia escolher com delicadeza as palavras as quais diria a seguir, afinal de contas, qualquer vacilo machucaria o filho ainda mais.

— Quando sua mãe ficou grávida — ele começou segundos depois — Sua avó me afastou dela e, posteriormente, de você. Sua avó não era uma pessoa má, longe disso, filho, ela possuía status, nobreza, estava sempre sendo revisitada, no entanto, tinha de sobra muita petulância. Minha mãe contratou duas empregadas para ajudar Beatrice durante o processo: Melinda e Merida. Tinham acesso a consultórios, médicos e afins, e eu imaginava, de fato, que seria apenas você que nasceria, Nicholas.

O coração de Nicholas errou uma batida.

— Não estou entendendo! Poderia ser mais direto?

A objetividade consiste em dizer a verdade sem buscar rodeios, Robert não planejou ter aquela conversa, nem ao menos sabia se portar diante dela.

— Nicholas — sua voz saiu suave como uma melodia — Eu tenho outro filho, na verdade, uma filha. Você tem uma irmã, uma irmã gêmea que sua mãe levou quando desapareceu.

Ninguém sabe quando o silêncio começou, quem o inventou, mas Robert percebeu que a ausência de questionamentos demorou mais que o previsto e ele quis, de certa forma, apagar o equívoco. Ele tentou se aproximar, mas falhou. Nicholas recuou dois passos, colocando a mão sobre o rosto.

— Quero ficar sozinho!

Não houve contestação. Robert paralisou, olhou por um pouco mais de trinta segundos antes de deixar o quarto.

A vida é como uma agulha perdida nas areias do deserto. Um objeto pequeno envolto a tanta amargura, incapaz de ser achado com facilidade. Explorar as nuances do desprezo fazia Nicholas repensar bastante. Ele tinha para com ele que sua mãe, Beatrice, o descartou na primeira oportunidade que encontrara e que após anos morta, até mesmo para ele, resolveu sair do túmulo para atormentá-lo. Ele suspirou fundo. Estava há horas refletindo sobre os acontecimentos mais recentes e saber que tinha uma irmã, alegrava seu coração de certa forma, mas odiava a maneira como ficou sabendo. No fundo, ele foi a grande vítima do amor inconsequente de Beatrice e Robert, e encarar o retrato da mãe seguro firmemente nas mãos, o levou a travar uma batalha no seu íntimo e no calor da raiva, atirou o objeto contra a parede este estilhaçou-se em centenas de pedaços. Um grito agudo veio depois, uma sobrecarga de desespero alinhada e movida por uma profusão de sentimentos e socos foram desferidos contra o piso e quanto mais aquilo o aliviava, mais Nicholas queria bater e quando a pele sobre os dedos foram arrancadas e o sangue fluía deles, Nicholas fechou-as em punho e apertou os olhos.

Ouviu batidas incessantes na madeira da porta, um alento, talvez, contudo permaneceu com os joelhos dobrados sobre o piso e a mercê das lágrimas. Aquilo tivera sido o estopim. Ao que se seguiu aquilo, foi um desastre total. Melinda conseguiu abrir a porta com as chaves reservas e ela quase foi derrubada por Alec. O rapaz agachou próximo o amigo, a respiração dele era intensa, como se tivesse mais de um coração, e Nicholas transpirava como nunca antes, o suor fazendo um caminho pela pele de seu corpo até estar completamente molhado. Ainda assim, Alec o ajudou, colocando o braço na cintura de Nicholas e o erguendo, levando-o direto para o banheiro.

Melinda tivera ido buscar o kit de primeiros socorros enquanto Alec conduziu Nicholas ao banheiro. Havia um banco no interior onde repousou o amigo e aproveitou para encher a banheira. Ele notou dali as mãos do rapaz cheia de sangue, vermelhas, e cenas aterrorizantes do passado veio à tona numa velocidade que transcendia o imaginário.

— Eu não vou perguntar o que aconteceu — Alec garantiu. Ele agachou-se na frente do amigo. — Eu só peço que me deixe ajudar, por favor.

Nicholas ergueu o olhar. Estavam vermelhos, a face ruborizada. Tremia como se estivesse tendo uma crise grave de hipotermia, mas era uma crise nervosa e Alec começou a se desesperar quando ultrapassou os limites e Nicholas se debatia, como se tivesse tendo uma convulsão, e a única maneira de pará-lo e fazê-lo concentrar, surgiu na cabeça. A ideia era horrível, mas fez. Ele beijou Nicholas. Um ósculo demorado, tentando apenas fazer o que estava ao seu alcance e quando Nicholas pareceu mais calmo, se afastou. Seu olhar ainda se mantinha firme encarando o loiro que estava completamente sem reação.

— Isso não muda a minha amizade e carinho por você! — Alec disse, antes que Nicholas o mandasse embora. — Eu entrei em desespero, não sabia o que fazer e...

— Tudo bem, Alec! — Nicholas levou a mão ensanguentada no rosto do amigo. — Me ajudou bastante.

Alec sorriu nervoso. Levantou-se e desligou a água da banheira, e Melinda surgiu no minuto seguinte com uma pequena caixa com materiais de limpeza.

Ela agachou-se, era culpada por tudo aquilo, se tivesse impedido sua irmã de continuar tramando o plano para separar Beatrice e Robert, nada disso estaria acontecendo.

Melinda limpou os ferimentos com bastante carinho, Alec olhava a cena tenso, os braços cruzados acima dos peitos enquanto assistia a aula de enfermaria gratuita. Quando finalmente a mão de Nicholas estava higienizada, a mulher ergue-se. Deixou um beijo nos tufos loiros de Nicholas e saiu do banheiro. Alec prostrou-se diante dele, abriu um sorrisinho, enxugou as lágrimas, convencido de que Nicholas o compreenderia.

— Eu me preocupo com você, Nich.

A confissão fez Nicholas derramar mais lágrimas.

— Eu me odeio, Alec. Eu estraguei a vida dos meus pais.

— Não estragou nada, Nicholas — Alec começou. — Qualquer pai ou mãe do mundo iria te querer como filho, és cálido, angelical, bonito. Seus pais estragaram sua vida, o que é diferente, mas não vou julgar, não sei como aconteceu, nem sequer estava neste mundo, ou estava e ainda não sabia de nada. O que importa, Nicholas, é que você fique bem e saiba da verdade. Toda a verdade.

Nicholas fechou os olhos.

— Eu tenho medo do abandono.

— Não vou te abandonar se é isso que está querendo dizer — Alec tocou-lhe a face — Um amigo de verdade se sacrifica para ver uma amizade verdadeira de pé. Eu fiz isso, uma ajuda, porque eu gosto de você, Nicholas. Eu te beijaria milhares de vezes se fosse preciso, mas não será necessário, estudarei a respeito da crise nervosa e de ansiedade depois. O importante é que está bem.

Nicholas sorriu. Alec gostou de ver a amabilidade surgindo nos lábios do garoto.

— Obrigado mais uma vez!

— De nada, amigos são pra isso. Agora tome um banho, vou te esperar no quarto para conversarmos sobre este ou outro assunto.

Alec deixou o banheiro. Encaminhou-se de volta ao quarto e sentou numa poltrona, refletindo sobre a atitude inflamada que tivera, afinal de contas, foi impulsivo e temia que aquilo afetasse a amizade entre ele e Nicholas, então o nervosismo viera à tona, uma enxurrada problemática que custou passar, principalmente quando notou a demora de Nicholas e, posteriormente, a decadência que aflorava entre seus ossos, um medo palpável, sujeito a tomar proporções ainda mais intensas. Conquanto, Nicholas retornou ao interior do recinto e encontrou Alec Montiel Clark sentado e reflexivo.

Nicholas usava uma toalha envolta da cintura, era branca, perfeitamente felpuda, e ele contornou a poltrona e ficou a um metro do amigo; cruzou os braços acima dos peitos e abriu um sorriso.

— Ei! — ele o chamou. — Obrigado pela ajuda.

Alec ergueu a cabeça. Estava envergonhado.

— Eu poderia ter te ajudado de outra forma. Fui precipitado.

— Ainda bem que foi — Nicholas assegurou. — Sempre tive crises de ansiedade e nervosas e não tenho controle sobre elas, nunca saberia o que fazer, então o agradeço.

— Eu te beijei, Nicholas.

— O desespero em vermos pessoas que amamos no último fio, nos faz sermos precipitados. Porém, isso é bom, tem todo um sentido por trás. E você não beija mal.

Nicholas conseguiu arrancar um sorriso dos lábios de Alec. O moreno levantou-se lentamente e encurtou a distância entre eles. Segurou as mãos do loiro de forma gentil, um ato que beirava o surreal e acariciou com as pontas dos dedos.

— Eu preciso saber se esse beijo vai abalar nossa amizade.

— Não vai — Nicholas afirmou. — Eu amo você, cara. Foi o único que esteve ao meu lado desde o primeiro dia, então não, o beijo não vai abalar em nada. Muito pelo contrário, me faz gostar mais de você. Me abrace.

Alec não mediu esforços. Abraçou Nicholas intensamente, mas sabia que ele precisava de carinho, então acariciou as costas nuas do garoto enquanto ele chorava pelos últimos acontecimentos e permaneceram ali durante alguns minutos.

— Então a sua mãe está mesmo viva? — Alec perguntou.

Nicholas já estava vestido. Ambos mantinham-se sentados lado a lado na cama conversando sobre as revelações de Robert.

— Ela mora aqui, em Nova Iorque. Eu não sei o que fazer. Nem sei em quem devo acreditar. Tudo é muito novo, sempre quis que a minha mãe estivesse viva, mas agora, sabendo de toda a verdade, é sufocante — Nicholas disse. — Ela me descartou como se descarta um objeto inútil, Alec. Ela levou minha irmã gêmea porque talvez significasse muito para ela e me abandonou e eu não posso perdoá-la.

Alec suspirou fundo.

— Precisa conhecer o lado dela antes de julgá-la. Eu entendo sua raiva, seu ódio, seu rancor, porém tem que entender o que levou Beatrice a fazer isso.

— Não é ódio, raiva ou rancor, Alec — Nicholas ergueu-se da cama. — É frustração. Frustração por ser descartado. Eu cresci com meu pai, ele é um bom homem com todos os defeitos dele, mas nunca me deixou faltar nada, sabe?

Alec caminhou até ele.

— Robert é tão culpado quanto sua mãe. Ele prezava títulos, posse e um nome. Não creio que o sentimento dele pela sua mãe atravessaria tais fronteiras. Ele pertencia à nobreza britânica, nunca deveria ter se envolvido com uma plebeia. Mesmo que o amor fosse intenso, acredito que não se casaria com sua mãe, ou seja, ela poderia ter sido descartada.

— Meu pai não faria isso, Alec.

— Nós conhecemos o Robert pós-conde. A gente não conhece o antigo Nicholas. Porém, eu não quero preocupá-lo mais, é verdade, então no que posso ajudá-lo?

— Está se oferecendo?

— De livre e espontânea vontade.

— Meu pai quer que eu conheça minha mãe, mas eu não sei o que fazer ou pensar.

Alec segurou os ombros de Nicholas.

— Encerre este assunto de vez. Conheça sua mãe, ouça o lado dela e depois tome uma decisão. Fará dezoito anos na quarta-feira, você pode ser livre, construir seu próprio destino. Eu te ajudo nisso. Sou seu amigo.

— Obrigado, Alec, foste a melhor coisa que já me aconteceu.

Ele sorriu de canto.

— Eu te considero como um irmão, sabe disso. Por isso, essa é a escolha certa a se fazer.

Mas antes que Nicholas pudesse falar alguma coisa, batidas foram ouvidas na madeira da porta.

— Quem é? — Ele perguntou.

— Sou eu, Matteo.

Nicholas suspirou fundo. Caminhou até a porta e a abriu lentamente, revelando seu amigo acompanhado de Davide e Eleanor. Eles passaram por ele e repousaram os olhos sobre Alec de pé e impassível.

— Eleanor, Davide e Matteo, este é Alec, meu amigo. Alec? Estes são meus amigos que tanto falo.

Nicholas os apresentou. Matteo encarou Alec por alguns instantes antes mesmo que pudesse estender sua mão em um rápido cumprimento. Já Eleanor e Davide apenas assentiram, como se aquilo fosse o suficiente.

— Bom, eu preciso ir! — Alec avisou. — Pensa no assunto, Nicholas. Nos vemos amanhã na Bernard. Tenha uma boa noite, todos vocês.

Nicholas assentiu.

— Eu o acompanho até à porta! — Matteo prontificou-se.

— Não é necessário, eu conheço o caminho...

— Faço questão.

Alec cedeu. Matteo abriu a porta do quarto de Nicholas e Alec passou por ele, o mais velho vinha logo atrás, um olhar temeroso de quem estava estudando o "inimigo" com mais profundidade. Ele apressou o passo e alcançou Alec antes dele chegar na escada.

— Você é colega do Nicholas há quanto tempo?

— Desde o momento em que ele chegou, mas substituiria a palavra colega e colocaria amigo.

Matteo sorriu de canto.

— O Nicholas não precisa de amigos como você, sabe disso — Matteo comentou, pausadamente. — Não é preciso ser cego para discernir como olha para ele.

Alec ergueu o queixo.

— Está insinuando alguma coisa?

— Não, imagina, apenas trocando uma ideia. Nicholas não precisa da sua amizade, de sua popularidade ou conselhos — Matteo Savic encurtou a distância. — Cai fora da vida dele, não quero ver o Nicholas sofrendo.

— Sua intimidação não é ameaçadora, muito pelo contrário — disse Alec. — Agora mesmo é que eu não sairei do lado do Nicholas, principalmente com um abutre morto de fome rondando ele. O olhar que você diz que eu tenho sobre o Nicholas, é de total carinho, de amigos verdadeiros e leais, diferente do seu que é possessivo e inútil, mas sou eu o problema, não? Só para constar, sua paixão platônica está apaixonada pelo meu melhor amigo, ou seja, você perdeu.

Matteo cruzou os braços.

— Não sei do que você está falando.

Ele tentou voltar para o quarto, mas a voz de Alec o pegou de surpresa.

— Você não vai ferrar com o relacionamento deles... Se fizer isso, a pessoa com quem acertará as contas será comigo e adianto, não é fácil me derrubar.

Matteo retornou para Alec, os olhos intensos como de uma víbora prestes a picar a presa.

— Americano, você não me conhece.

— Que bom, estamos quites, porque tu não me conhece e creio que odiaria saber detalhes de mim. Faz o seguinte, volta pra Gales, deixa o Nicholas em paz, essa obsessão por ele vai ser sua queda.

— Está me ameaçando, por acaso, americano?

— Interprete como quiser, mas deixe o Nicholas e o Austin fora do seu joguinho. Tenha uma excelente noite.

Alec não precisou ouvir mais nada, apenas desceu o lance de escadas e desapareceu nos jardins, deixando Matteo pensando e com a raiva aflorando sobre seus ossos.

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