12 - Entre amigos
— Nos conte tudo, não esconda nada! — enfatizou Eleanor, os cabelos loiros ainda mais brilhantes.
Eles estavam no quarto de Nicholas, os quatro sentados num sofá, Nicholas no meio, entre Davide e Matteo enquanto Eleanor, curiosamente, estava mais à esquerda.
— Bom, foram dias incríveis, terríveis, mas de intensa recuperação — começou, sua voz carregada de alegria por compartilhar dos últimos meses com os amigos. — Conheci algumas pessoas, fiz amizades, porém não a ponto de esquecê-lo, já que esse era o medo de vocês.
Matteo correu com a língua pelos lábios.
— Se apaixonou por alguém, não foi? Seu coração estava dividido, contou para nós na Web-Chamada! — Davide Calabria ajeitou a postura. — Como está isso?
Eram sentimento que Nicholas Ramsey queria manter congelado, seguro a quatro chaves, mas eram seus amigos e esconder isso deles seria considerado traição.
— Liam, mas terminamos e ele já viajou para o Canadá. Porém, vão adorar o irmão dele, o Alec, ele é gente boa...
— Deixa eu adivinhar: é seu melhor amigo aqui? — Matteo perguntou. Todos o encararam rapidamente, criando um rápido momento de tensão. — Não me julguem, estou tão curioso quanto vocês.
Nicholas passou a mão do cabelo e coçou a nuca.
— Ele é meu amigo, me ajudou nos momentos mais difíceis da minha vida aqui.
— Seu melhor amigo, então! — Matteo insistiu. — Olha, nós viemos pelos anos de amizade, você sabe que sempre fomos sinceros, amáveis, e tudo bem fazer amigos novos, mas depois que veio de Gales o ar Americano envenenou sua pessoa, me perdoe pelo modo de falar.
Nicholas sabia onde Matteo gostaria de chegar com os xavecos, mas sustentou sua postura já que não queria mais problemas nas suas amizades.
— Não onde cê quer chegar com isso, mas acho melhor parar, Matteo — Davide dissera. — Não seja oportunista. Nicholas estava sozinho e se ele diz que o tal amigo é confiável, não cabe a nós julgá-lo.
Matteo se levantou do sofá.
— Tudo bem, só estava preocupado, apenas isso. Peço perdão, Nich.
Nicholas assentiu. Eleanor aproveitou o rápido instante de civilidade e tomou a palavra.
— Seu pai comentou que te agrediram. Quem foi?
— Me assaltaram — ele mentiu. — Não lembro muito bem do ocorrido, mas estou bem agora, principalmente com vocês aqui. Vieram pra ficar, né?
Eles se entreolharam.
— Cremos que sim! Tio Robert deixou a casa a nossa disposição, mas ajudaremos nas despesas, mesmo contra à vontade dele.
— Não é tão fácil enganar Robert Ramsey, Davide — Eleanor dissera. — Nossos quartos ficaram ótimos. É uma grande cidade.
Nicholas concordou.
— Vão demorar para se ajustar ao fus horário, para ser bem sincero, ainda não tive êxito.
Matteo ocupou uma poltrona próximo à janela. Olhou para a rua a frente e para a casa enorme de cor branca, envidraçada e os carros fora e dentro, e o jardim.
— É o presidente americano que mora ali? — ele indagou.
Nicholas foi até ele. Sorriu ao avistar que era a casa de Alec.
— É a mansão dos Clark, o Alec mora aí.
Matteo comprimiu os lábios, ergueu uma sobrancelha e tentou ser mais cordial, algo que não estava sendo desde que chegou.
— Quero conhecer ele, afinal amigo seu é nosso amigo, não é mesmo?
Eleanor e Davide concordaram. Nicholas também, pois assim poderiam tirar suas próprias conclusões a respeito do rapaz. Matteo voltou-se para o enorme sofá, analisou as pinturas, os livros, tudo em perfeita ordem.
— Pretende voltar a Gales? — Davide o perguntou. — Digo, tipo, você parece feliz em estar aqui.
Nicholas olhou para os céus, o crepúsculo tomando de conta, as várias cores devido a poluição da cidade que nunca dorme, era um contraste generoso, mas sufocante.
— Não. Gales ficou para trás. Vocês estão aqui, isso é tudo que eu precisava — discorreu. — Meu aniversário é na quarta-feira, enfim farei dezoito anos, e quero que vocês me ajudem em uma coisa.
— Se for para te unir ao famoso Austin, não.
Nicholas abriu um sorriso. Matteo estava mais possessivo que antes, isso era agradável e aterrorizante ao mesmo tempo.
— Tem haver com a minha mãe. Ela está aqui em Nova Iorque, quero encontrá-la.
Eleanor estudou a proposta, as consequências, principalmente as consequências. Pelo pouco que sabia sobre Beatrice Harrison, nada lhe causava mais pavor que ver o amigo gladiando-se por um abraço de uma mãe que resolveu abandoná-lo.
— Como sua amiga — comentou ela, pausadamente. — Não acho que deveria procurar sua mãe, sabe o quão isso deixa o tio Robert furioso.
Eleanor tinha razão, mas havia uma pessoa naquele quarto decidida a localizar Beatrice e a oportunidade veio sem demora, pois Matteo Savic, estava disposto a encarar o fardo.
— Conte comigo, Nicholas — disse ele. — Sou seu amigo, quero apenas o melhor para você e se acha que neste momento o melhor é encontrar sua mãe, vamos encontrá-la, simples. É o que os melhores amigos fariam.
Davide Calabria não gostava da ideia. Ele sabia ou temia a reação nada agradável de Robert quando viesse a descobrir. Ele calculou perfeitamente a rota de colisão e, claro, o estrago.
— Depois do seu aniversário, nós pensamos nisso com mais precisão — o ruivo sugeriu, levantando-se. — Nicholas precisa de um tempo para pensar se essa é a melhor decisão a ser tomada. Temos dezoito anos, quase dezenove, ele ainda é um adolescente sem muito conhecimento da vida adulta. Temos experiência com a ela e não é tão exuberante assim.
Eleanor assentia enquanto o amigo falava, Matteo era o mais disperso, pois de alguma forma queria ajudar Nicholas a conhecer sua mãe. Após disserem que iriam banhar para o jantar, Eleanor e Davide decidiram ir para seus respectivos quartos, enquanto Matteo parecia decidido a colocar em dias alguns assuntos.
Matteo Savic era alto, magro, dono de um corpo moldado na academia, rosto marcante pela descendência ucraniana e galesa. Seus um metro e noventa e dois eram um charme a parte, Nicholas era baixo, e ele parecia bem inferior a Matteo, cuja aparência revelava um sentimento de agonia, precisamente porque os olhos cinzentos eram quase raros e as sardas pelo corpo o deixava irresistível, até mesmo para melhores amigos.
Matteo tinha suas qualidades, estava cursado o último semestre de Administração em Gales, passou, mas deveria voltar para a outorga. Seus quase vinte anos não condiziam muito com a fisionomia, pois Matteo parecia um pouco mais maduro, embora mantivesse uma essência adolescente dentro de seu corpo, onde havia uma prisão para seus medos, como todo ser humano.
Ele se aproximou de Nicholas dando um passo de cada vez, como se estivesse a calcular a rota ao alvo mais próximo e Nicholas era o alvo a ser batido. Ele rapidamente segurou a mão do amigo e beijou levemente o dorso, sentindo aquele perfume doce de muitas fragancias. Nicholas sentiu um arrepio correr sua espinha e eriçar seus pêlos, como um aviso de que algo não estava correto. Ele suspirou quando a barba rala de Matteo tocou a pele e uma agitação incomum possuiu seu íntimo. Ele se livrou do contato, voltando seus olhos para o piso.
— Eu quero que saiba que esqueci nossa última conversa — ele lembrou. — Não sou mais aquela pessoa, eu mudei.
Nicholas levantou a cabeça para olhá-lo melhor.
— Que bom! — disse ele a Matteo. — Fico contente que mudou por vontade própria, eu considero você como um irmão, sabe disso.
Matteo engoliu em seco. Seus olhos penetrantes estudavam o movimento dos lábios de Nicholas, quase como uma possessão sem dimensão e, após, encarou as safiras cujo a cor lembravam água congelada. Ele deu um passo, mas recuou assim que Nicholas deu dois para trás.
— Tá tudo bem, eu ia apenas te abraçar. Estava com saudades. Muitas saudades.
Matteo, então, abraçou Nicholas e como um elixir para sobreviver, fungou o nariz no cangote do garoto e se inebriou com o irresistível aroma que aflorava do corpo do rapaz. E, por um instante, Nicholas queria que aquilo terminasse o mais depressa possível, pois o contato demorado de Matteo tinha sempre propósitos oscilantes por trás.
Amber Johnson estava suada. Os cabelos loiros atrapalhados e a pele levemente avermelhada. Ela respirava fundo tentando controlar a respiração e o corpo ao lado dela também entrava em sintonia. Duas pessoas cuja aparência não engava ninguém, mas talvez passasse despercebida pelos menos céticos. Ali, ao seu lado, jazia Erik Mecena, despido a uma proporção intensa, os pelos entre os peitos eram loiros e faziam uma estreita estrada até o tesouro pessoal, o qual Amber Johnson gemia de prazer a cada contato com sua intimidade. Eles estavam no quarto dela, estavam sozinhos na casa e resolveram quitar as dívidas recentes. Erik Mecena sempre cobrava valores absurdos e Amber não media esforços em compensá-lo pelas muitas serventias.
Eles encaravam o teto. Estavam mais calmos, a excitação havia passado e um momento de reflexão surgiu após o ato. E quem indagou, foi Erik.
— Quando vamos assumir nosso relacionamento?
Amber Jonhson saiu catando as peças de roupas e a procura de uma toalha para tomar banho.
— Assim que fizer a última parte de nosso combinado.
— E o que seria?
Amber Jonhson tivera pensado em como assustar Nicholas de uma vez por todas e chegou a uma conclusão que até ela tinha um resquício de terror.
— Bom, como você foi excelente da última vez deixando ele no hospital por três dias, eu agradeço pela gentileza de economizar minha raiva — começou ela, olhando para o rapaz com a nudez a mostra. — Dessa vez vou pedi algo um pouco mais pesado.
Erik se ajeitou na cama. Ficou sentado a espera das próxima palavras de Amber. Mas ele percebeu que ela gostaria que ele fizesse a pergunta.
— Diga: o que quer que eu faça?
Amber suspirou fundo.
— O professor Elliot vai dar o distintivo de capitão dos Bernard Lions, para o Nicholas, ou seja, ela já descartou a possibilidade de você assumir o cargo que era do idiota do Jacob — ela asseverou. — Então só existe uma maneira do distintivo ser seu, meu amor.
Erik se levantou da cama, aproximou-se dela, ficando a centímetros de seus lábios.
— E qual é a solução, Amber?
Ela voltou a suspirar agudo, seu coração batendo em descompasso.
— Eu quero que você quebre a perna do Nicholas!
— O quê? Está blefando, né? Isso é antiético... eu posso ser expulso do time, Amber.
Ela não se preocupava com a posição ou o fim que Erik teria, mas sim com o retorno de Austin para seus braços.
— Faça por mim, meu amor — ela o beijou, calmo e suave, envenenando sua mente a fazer o errado. — Repita comigo: Eu, Erik Mecena, vou ter o distintivo de capitão, nem que para isso, tenha que quebrar a perna do Nicholas!
E ele repetiu, como uma promessa, como se alguém estivesse falando por ele, mas a voz sempre escapava de seus lábios, vinha direto de sua boca, como uma marionete sem utilidade a mando dos outros. E, por fim, ele disse, o medo e a fé cada vez mais longe.
— Farei de tudo para ter você, Amber!
E ele a levou para cama novamente e repetiram mais de uma vez aquilo que estavam fazendo há muito tempo. Amber Jonhson odiava Nicholas Andrich, e ela tinha uma razão certa para isso: ela o amava tão profundamente que seu amor se tornou uma raiva incontrolável, como tsunami após um terrível terremoto, e ela não descansaria enquanto não tivesse ele aos seus braços, vivo ou morto, era sua promessa, e Erik Mecena o caminho mais curto para isso, pois Austin Moore não possuía um por cento da masculinidade que dizia ter. E entre gemidos de prazer, Amber imaginava Nicholas a tomando por dentro, o membro dele entrando e saindo enquanto alisava suas costas e pressionava seus músculos e o corpo como se estivesse amarrado ao dela. Mas do outro lado da porta, havia uma pessoa escutando toda a conversa, pasma a cada palavra nova que saía. Maíra Robisson finalmente tinha a jogada perfeita em mãos.
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