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16. O SILÊNCIO DE GRRADHY

Toda a tribo de Grradhy estava no centro da aldeia, cada clã reunido e todos sentados, completando várias camadas em um enorme círculo ao redor da Grande Árvore. O silêncio preenchia o ar enquanto um guerreiro dríade dos carvalhos brancos estava em forma de centauro, carregando em seu lombo uma linda ninfazinha recém-desabrochada.

Aquele era um ritual pouco realizado, pois raramente a comunidade das ninfas solicitava seu uso. Entretanto, o fato de Blums terem atacado no território da tribo em plena luz do dia e o território vazio dos carvalhos reais ter sido remexido de tal forma que deixou um rastro de poder desconhecido fez com que as líderes de clãs ficassem preocupadas com a segurança pela primeira vez em séculos.

A família real também estava no círculo com os outros, somente a Tynkr estava ao lado da Grande Árvore, preparando a jovem melíade para o ritual, que consistia em acessar as Almas Ancestrais para saber quem estaria envolvido com aqueles acontecimentos estranhos. A menina tinha o dom da verdade, por isso não podia encobrir mentiras e ninguém poderia mentir para ela também.

Freesia observava tudo, receosa sobre o que a garota oráculo diria, pois não queria que a tribo soubesse sobre Joshua ainda. Pelo menos não até que ele decidisse viver nas terras mágicas. Precisava conhecê-lo melhor, não estava pronta para dividi-lo com os outros.

A Tynkr sussurrou um encantamento e a Grande Árvore começou a brilhar, com suas folhas prateadas e cipós cintilantes, que começaram a descer e bailar por todos os lados. O centauro chegou mais perto da árvore e pegou a pequena nos braços para erguê-la em direção a dois galhos, que se conectaram com as mãos da ninfa, transformadas em galhos também.

Os olhos dela ficaram brancos e seu corpo marrom-escuro começou a brilhar com uma luz prateada. Então a ninfa começou a tremer nos braços do guerreiro centauro, até que desfaleceu por causa da força das visões. O guerreiro virou a menina de frente para a tribo quando os galhos da Grande Árvore se desvincularam dela, e a colocou em seu próprio lombo para andar em círculos, a fim de que todos ouvissem o que ela iria falar ao acordar.

Não demorou para que a garota sentasse ereta, e sua voz soou alta o suficiente para que todos os três mil indivíduos escutassem:

— Um grande mal se aproxima. Grradhy será invadido por um poder maligno que tornará tudo cinza e sem vida. Mas as Almas Ancestrais não deixarão seus filhos indefesos. Em momentos de grande tormenta, as terras mágicas reivindicam todos os seus descendentes, os filhos perdidos cujos poderes serão a esperança de um futuro para as novas gerações. Preparem-se. Quando o mal se abater sobre nós como feras sedentas por sangue, o próprio bosque se erguerá para lutar ao lado dos seus.

Um burburinho se elevou no meio do povo. As palavras da ninfa oráculo perturbaram toda a comunidade. Por séculos viveram em paz, escondidos no bosque, longe de quaisquer inimigos que pudessem ameaçar sua existência. Na última vez que entraram em guerra contra humanos sanguinários, mais da metade do território das ninfas foi arrasado e milhares com sangue mágico foram dizimados.

O que sobrou para a tribo europeia foi aquele bosque escondido por uma poderosa magia evocada pelo clã dos carvalhos reais, que clamou proteção à Mãe Natureza. Até então, a tribo da Europa Ocidental não tinha uma rainha como as tribos de outros continentes ou até do norte europeu, a liderança era exercida pelos clãs.

No entanto, por viverem cada um em seu próprio território, sem grande contato com os demais, exceto pelos líderes que se reuniam a cada lua nova, quando precisaram se unir para lutar pela sobrevivência da tribo, os clãs se mostraram desorganizados e ineptos contra seus inimigos bárbaros, invasores escandinavos implacáveis.

Após aquela guerra que gerou um hiato sombrio na história dos povos feéricos, os sobreviventes pediram uma rainha e a maioria escolheu a então líder do clã dos carvalhos reais, Marleg, que conseguira evocar o poder da Grande-Mãe para proteger o que restava da tribo e assim garantir a sobrevivência dos seres mágicos naquela parte da Europa.

Foi por causa de Marleg e os poderes de todo o seu clã combinados que Grradhy passou a impedir a entrada de humanos e matar aqueles cujas intenções ao adentrar o bosque fossem perversas. Também por causa dessas poderosas ninfas, o bosque era protegido da visão dos humanos, encantado para parecer um ínfimo pedaço de terra num vale isolado quando, na verdade, era uma extensa floresta.

Depois dela, que foi a primeira Grande-Mãe da tribo, o clã do carvalho real permaneceu como regente durante cinco gerações, até que a última princesa herdeira fugiu de Grradhy e seus pais morreram em circunstâncias controversas, tornando o clã extinto e passando o trono para Vctrya, mãe de Freesia, pelo direito de sucessão, pois o clã dos carvalhos brancos era o mais poderoso depois dos carvalhos reais.

Agora, passados doze séculos desde o maior massacre de feéricos, uma profecia falando sobre “um grande mal” agitou os clãs. A tribo era composta de exímias caçadoras e guerreiros valorosos, entretanto, suas habilidades se aplicavam às atividades de caça e subsistência, jamais tiveram que lutar contra outros povos que tivessem armas desconhecidas para eles.

Algumas das líderes de clãs começaram a se manifestar no meio do povo, exigindo que a rainha Vctrya encontrasse uma solução para que a vida de todos não fosse ceifada de vez por esse mal desconhecido. Enquanto isso, os clãs fae questionavam qual seria seu papel numa possível guerra, pois apesar de poderosas, as fadas não eram guerreiras, eram o que os feéricos chamavam de “cyhaim”, as cuidadoras.

Com toda a firmeza que seu cargo exigia, Vctrya ordenou que todos voltassem para seus territórios e mantivessem as conversas baixas, sem brincadeiras ou festas, pois as líderes de clãs se reuniriam com a família real na sala do trono para estudar as possíveis ameaças ao seu lar e como se defenderiam.

Eram cerca de cinquenta líderes das famílias de ninfas e dez líderes fadas, acompanhadas de seus consortes fae, diferente das ninfas, cujo único homem presente era o rei. Os fae obedeciam à liderança da rainha das ninfas para apoiar a comunidade feérica, porém tinham suas próprias leis e costumes, entre eles o fato de suas famílias serem lideradas pelo casal mais antigo de cada clã. Eles contribuíam com a tribo, cuidavam de todos, e em troca recebiam a proteção das guerreiras ninfas e subsistência de suas famílias. Cada um era parte fundamental da vida na tribo.

E foi uma das fadas, de cabelos vermelhos e asas verdes, que começou a falar sobre as consequências das guerras para aquela terra que era seu lar.

— Há escassez de árvores em todo o território montanhoso que nos pertenceu antes da invasão humana, pois eles destruíram tudo. O vilarejo que fica nos limiares de Graddhy só é cercado de árvores por causa da proximidade com as nossas terras, onde as fadas têm feito crescer árvores frutíferas pelos últimos doze séculos. Se humanos conseguirem invadir novamente, tudo será devastado, nem mesmo nós poderemos reflorestar as montanhas e vales desse território. Algo precisa ser feito.

— E você tem alguma sugestão? — questionou uma alseíde de pele azul e cabelos cinzentos. — O que pode acontecer, todos nós sabemos. Precisamos descobrir o que fazer para evitar que aconteça.

— Você acha que as dríades têm a solução? Só eu estou preocupada com o fato de três blums terem invadido o território da tribo e, coincidentemente, a princesa Freesia estar lá e não sofrer um arranhão? — indagou a mãe de Hyre, líder das hemadríades venenosas e carnívoras. — Isso não poderia estar ligado ao próprio clã real? Ninguém mais estava acordado para ver a princesa matando as feras, então como podemos saber se ela mesma não as guiou até aqui?

— Como se atreve? — Rhand, líder de uma família do clã das melíades, estava revoltada com a fala da hemadríade. Sua filha era uma das melhores amigas de Freesia. — Eu conheço a princesa desde que era um broto, ela jamais trairia seu povo. Quanto à sua filha, no entanto...

A ninfa de pele verde e cabelo vermelho que era uma versão mais madura de Hyre se levantou, pronta para atacar a melíade, porém foi impedida quando uma alga molhada enrolou em seu corpo, jogando-a no chão.

— Eu não saí da minha gruta e deixei minha cama de algas no horário de sono para ouvir especulações sem fundamento — resmungou a náiade que a derrubou, cujos cabelos eram algas amarelas e os olhos negros tinham fendas verdes. — Vamos ouvir o que a Grande Mãe tem a dizer.

— Obrigada, Hellikon. — Vctrya se levantou do trono e fez um gesto com a mão para libertar a hemadríade caída. — Quanto ao que você disse, Kore, devo lembrar que o clã dos carvalhos brancos têm o direito ao trono instituído por lei, aprovada pela primeira Grande Mãe de Grradhy? Falar contra a família real sem provas de suas acusações pode ser tomado como traição. Freesia é uma caçadora e suas habilidades já foram provadas, inclusive salvando a sua filha.

— Nesse caso, creio que não haveria problema se pedíssemos para a princesa contar exatamente o que aconteceu ontem ao fim da tarde, certo? — argumentou uma hemadríade de cabelos loiros.

— Já contei o que aconteceu — Freesia disse com seriedade. — Eu estava passeando fora dos limites da tribo, como de costume, quando dois Blums surgiram e me atacaram. Eu os matei e corri para pedir ajuda no território das dríades brancas quando outro me perseguiu. Não queria colocar em perigo os brotos que estavam para acordar, por isso corri para o território dos carvalhos reais, onde fui atacada antes de conseguir matar a fera. Foi por isso que as batedoras encontraram sangue de ninfa perto do sangue do Blum.

— Mas você não estava ferida quando veio até o Conselho — constatou a Invta, líder das oréades e curandeira-chefe da tribo. Seu nome era Oldra.

Freesia levantou e transformou seus dedos em galhos pontiagudos, depois rasgou seu próprio braço, de onde começou a escorrer sangue e seiva. Os sons de ofegos tomaram todo o ambiente quando viram o corte fechar sozinho, curando a pele sem deixar cicatrizes.

— Eu descobri recentemente que possuo o dom da cura. Foi na última caçada da Lua Nova, quando curei uma melíade que foi empalada por um Fnekr.

Freesia sabia que era arriscado mentir para o Conselho, mas a mãe de Hyre era influente e já estava tentando desacreditá-la. Se contasse na frente de todos os líderes de clãs que a filha de Kore havia tentado envenená-la, as líderes que eram contra o reinado de Vctrya encontrariam brechas para tentar destituí-la do trono.

Oldra se aproximou de Freesia e examinou o sangue que ainda manchava seus dedos, mesmo depois de curado o ferimento. Primeiro cheirou e depois passou o dedo no sangue e o levou à boca para provar.

— Isso explica algumas coisas. De fato, o sangue de dríade encontrado no território dos carvalhos reais tinha o mesmo cheiro e gosto do sangue da princesa.

O quê?”, pensou Freesia. “Isso é impossível, o sangue era do Joshua”.

— Algumas coisas, mas não explica as marcas de garras e mordidas nos Blums abatidos — declarou a mesma alseíde de pele azul que havia falado no início da discussão. — Não quero duvidar da princesa, Grande Mãe, mas as líderes aqui hão de convir que essa história toda é muito difícil de aceitar. Por melhor que seja a caçadora, enfrentar três blums sozinha e sobreviver é um feito impossível.

— A não ser que ela não estivesse sozinha — afirmou Kore. — É fato conhecido que a princesa tem o hábito de acordar antes de toda a tribo, e algumas caçadoras juram que a ouviram conversar com alguém três dias atrás, quando a Tynkr sentiu que as Almas Ancestrais estavam agitadas.

Vctrya olhou para a conselheira espiritual, uma melíade poderosa.

— Zorl, o que as Almas Ancestrais mostraram?

A Tnkr olhou para Freesia e falou:

— Alguém de fora adentrou Grradhy. Um pagamento foi oferecido. Isso foi tudo que eu vi. Não sei se o visitante foi aceito.

A rainha encarou sua filha, pela primeira vez mostrando insegurança.

— Free, querida, eu confio em você, mas preciso que conte toda a verdade sobre o ataque dos blums. Não se trata da nossa família e sim de toda a tribo. A profecia foi clara sobre um grande mal se aproximando e se for por causa desse visitante...

— Mamãe, eu...

Antes que Freesia terminasse de falar, uma enorme coruja branca voou para a sala do trono pelo lado aberto que dava para o lago. Ela piou ruidosamente e pousou no braço da princesa, que a observou. Era muito plumosa e tinha olhos amarelos idênticos a...

— Beag Kmry? — perguntou baixinho.

De repente, Kmry bateu asas e foi para um espaço aberto onde se transformou em uma grande loba. Todos na sala ofegaram, exceto a náiade Hellikon, que deu um sorriso conspiratório.


— Ora, quem diria? Você foi escolhida por uma kaemera, exatamente como eu fui escolhida pela Nessie.

Freesia ficou tentada a dizer que Kmry não tinha um laço com ela, porém não poderia explicar isso sem falar da existência de Joshua.

— Foi ela que me ajudou a matar os blums, por isso havia marcas de garras e mordidas neles.

— E por que você escondeu a existência dela? — questionou Kore. — Um animal assim seria de grande ajuda para nós...

— Você claramente não entende como funciona! — interrompeu Hellikon. — Kaemeras são criaturas livres que escolhem companheiros feéricos. Se a peludinha aí não quis se mostrar antes, não havia nada que Freesia pudesse fazer a respeito.

— Bem, agora que o mistério da morte dos blums foi revelado, podemos voltar à profecia e soluções? — pediu a fada que começara a discussão.

Vctrya ia responder, no entanto, foi interrompida por uma Kmry agitada. A kaemera em forma de loba uivou alto, parecendo apressada. Freesia sentiu um calafrio passar por seu corpo ao perceber que ela queria mostrar algo e que não era bom. Podia significar que Joshua estava em perigo.

— Ela quer me mostrar alguma coisa...

Quando a princesa começou a seguir a kaemera, as líderes se levantaram para ir junto, porém o animal rosnou ameaçadoramente e ficou em sua forma natural: meio raposa, meio puma e com cauda de leão. Assustadas com a kaemera agressiva, as líderes resolveram esperar para saber o que iria acontecer.

Vctrya e Kol, o rei, se aproximaram para acompanhar a filha, mesmo receosos com os rugidos da kaemera.

— Fiquem aqui — falou a rainha para as líderes dos clãs. — Vamos ver do que se trata e depois retornaremos à nossa reunião.

A família real se apressou a acompanhar Kmry, que novamente se transformou em coruja e voou em direção ao território dos carvalhos reais. Os pais de Freesia hesitaram, porém logo seguiram a filha, que subiu nas árvores e pulou nos galhos, sempre observando a kaemera branca.

Quando chegaram ao território dos carvalhos reais, os três ofegaram, surpresos. Uma figura encapuzada já ia longe, montada em um blum, e um dos carvalhos brilhava com veias prateadas, como se um raio o tivesse atingido e deixado aquelas marcas incandescentes.

Vctrya sentiu uma forte descarga de poder ali, mas não era qualquer poder. No passado, sua mãe costumava ser o braço direito de Eisk, a rainha, e ela era a melhor amiga de Eileanach, a princesa. A atual Grande Mãe reconheceu o carvalho de Eileanach e o poder incrível dela de conjurar raios e eletricidade. Acompanhara a princesa em caçadas durante décadas, era liderada por ela, confiava nela, e a viu muitas vezes matar feras eletrocutadas.

Por quase trinta anos lamentou a perda de sua amiga, chorou a morte dos pais dela, que eram o casal real, e teve que aceitar o fardo de tomar o lugar da dríade real nas caçadas e no trono, enfrentando o desprezo de algumas chefes de clã que se achavam mais aptas para a suprema liderança da tribo.

Agora sentia o poder de sua amiga naqueles únicos carvalhos que não estavam mortos. Não só a princesa estava viva, como tinha em sua linhagem dois frutos cujos carvalhos se erguiam, imponentes, ao lado do carvalho de Eileanach.

De repente lembrou-se do que a pequena oráculo disse e sussurrou:

— “Em momentos de grande tormenta, as terras mágicas reivindicam todos os seus descendentes, os filhos perdidos...” — suspirou, impactada. — Grradhy não recebeu um visitante humano. Ele chamou de volta um de seus filhos perdidos.

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