Cap 5
Ally
A garota cujo se autodenominava Tigrinha, adentrou totalmente a cabana e com poucos passos estava próxima de mim. Ela me encara, me analisando totalmente, como se quisesse saber algo, extrair algo. Por fim, ela apenas negou levemente com a cabeça e se ajoelhou, ficando ao meu lado, deixando a bacia com água de lado e coloca o pano dentro, assim molhando ele.
- O que estou fazendo aqui?- pergunto, essa foi a única pergunta que consegui processar certo, pois a minha memória estava confusa, não me lembrava muito do que aconteceu, após Peter Pan ter me jogado amarrada na água e eu começar a me afogar.
- Kanda te trouxe aqui- diz e eu franzo a sobrancelha, era o índio que havia tentado me capturar, nos meus primeiros dias na ilha- Você estava seriamente machucada na perna e seus pulmões não respondiam-fala e eu franzo a testa.
- Mas Peter Pan estava lá-digo e ela me encara, se aproximando de mim e ficando a centímetros de meu rosto, encarando os meus olhos.
- Não o chame por este nome, chame-o de Pan,a tribo teme ele- fala e se afasta- Pan estava lá , pois ele a levou lá, na Ilha da Caveira- diz .
- Então era para eu estar morta, pois o que Peter Pan queria comigo lá?!- pergunto o óbvio e ela me encara em sinal de reprovação- Pan –digo sem muita emoção e ela assente, como se aprovasse e logo vai até minha perna machucada, tirando as faixas que eu nem havia percebido que havia lá.
- Não me faça perguntas que eu não posso responder Ally-ela diz terminando de tirar as faixas e eu arregalo os olhos, vendo que o corte agora não se passava de apenas um leve cicatriz – O pozinho verde é muito raro, mas se encontrá-lo e usá-lo na medida certa, ele pode reverter até mesmo os ferimentos mais profundos- fala, respondendo assim a pergunta que eu iria fazer.
- Como estou aqui?- pergunto ela suspira me encarando, mas não ironicamente ou nervosas, seus olhos transmitiam medo e um pouco de admiração.
- Kanda me proibiu de falar, terá de esperar Pan voltar-fala e franze a sobrancelha, pelo visto percebendo o que havia acabado de falar. Pan havia deixando Kanda me trazer aqui.
- E você sabe quando ele vai voltar?- pergunto olhando ela e a mesma passa o pano molhado pela minha perna, tirando alguns vestígios do pozinho verde
- Provavelmente quando o Sol se pôr, ele sempre vem aqui nestas horas, para saber como estão indo as coisas e se nenhuma rebelião está acontecendo.
- Entendo-falo e essa foi a última palavra do nosso pequeno diálogo, pois logo em seguida ela estava focada em minha perna, tratando da mesma e passando cuidadosamente o pano, para assim não me machucar.
Ao terminar de tratar da minha perna, ela tira de um pequeno frasquinho o pozinho verde, passando sobre a minha perna novamente e em seguida enfaixando-a. Ela começa a guardar as coisas, arrumando tudo e se levantando.
- Precisa de mais alguma coisa Ally?- ela pergunta e eu a encaro, queria dizer que gostaria da minha liberdade de volta, mas sabia que isso não viria ao caso.
- Posso dar uma volta com você?-pergunto curiosa- Não quero ficar esperando até o Peter Pan chegar- me explico rapidamente e ela me encara, com uma cara duvidosa, ponderando a minha saída ou não.
- Pode ser- ela diz e eu suspiro aliviada me levantando e ficando ao lado dela- Mas não saia do meu lado por nenhum momento e não faça nada que possa vir a fazer Pan ficar irado, apenas dessa vez- ela pede e eu assinto, estranhando o fato dela ter falado, como se soubesse as outras vezes que eu fiz Pan ficar irado.
Com a mão livre, Tigrinha abre um fresta entre os panos e assim, fazendo nós duas sair da tenda em que nos localizavámos. Agora estávamos em uma linda aldeia de índios. O chão era totalmente gramado, as tendas eram iguais a que eu estava, algumas maiores e outras menores, mas todas com o mesmo tipo de modelo. Andando pela vila percebo que havia muitas crianças nela, várias estavam ajudando as mães a colher alguns vegetais, já outras estavam apenas brincando de correr uma atrás da outra, mas uma me chama a atenção em especial.
- Ally- ela diz correndo em minha direção e eu arregalo os olhos, era a garotinha que havia chamado os índios para me capturarem. Ela para na minha frente e sorri, colocando o dedo na boca igual a ultima vez
- Vejo que já conhece a Huhana- Tigrinha diz e eu olho a garotinha que me encarava, com os olhinhos brilhantes.
- Sim, acabei esbarrando com ela um dia na floresta do Sul- Huhana responde antes de mim e sorri travessa.
- Pena que foi tão rápido, eu adoraria brincar com você-falo e ela tira o dedo da boca e junta suas mãozinhas.
- Vamos brincar de pega-pega um dia Ally- ela diz sorrindo e logo sai correndo, onde outros meninos e meninas brincavam.
- Não leve para o pessoal- Tigrinha começa, mas eu continuo encarando Huhana- Hana é uma admiradora fiel de Pan- diz e o seu nome me causa um arrepio na pele, me fazendo encara-la.
- Como assim?-pergunto.
- Pan não é de todo um mau, existe luz nele, bem pouca, mas existe- fala deixando de encarar Huhana para me encarar- Uma prova é mesmo que esteja sempre nos vistoriando, tentando evitar uma rebelião , ele cuida de nós- falo e eu franzo a testa, não poderíamos estar falando do mesmo Peter Pan..
- Acho que ele deve ter jogado algum feitiço em vocês, não tem como, olhar para ele e pensar que cuidaria de alguém, além de si mesmo- falo com sinceridade na voz, mas carregada com um pouco de raiva.
Tigrinha sorri e pega na minha mão, começando a me puxar para outro lugar, eu sem contestar a seguia, afinal, não havia como eu fugir.
- Quando eu era criança- ela começa e vai até perto de uma grande fogueira que havia lá- Me perdi na Floresta do Sul, igual a você- diz e eu franzo a sobrancelha.
- Mas eu não me perdi, me capturaram- falo interrompendo ela, mas ela ainda com um sorriso no rosto, começa a andar comigo novamente e saindo da área da fogueira indo parar em frente a uma grande cabana, a maior que havia lá.A cabana era branca, dava umas três de mim em pé para atingir a altura, o tecido branco possuía algumas pinturas de vermelho e azul, trazendo o olhar místico.
- Continuando- ela diz soltando minha mão e colocando para trás- Eu me perdi, estava chovendo muito e a correnteza do rio estava muito forte, eu escorreguei e cai no mesmo. Pensei que era meu fim, pensei que não voltaria ver a luz do dia novamente, mas não foi bem assim. No mesmo instante, quando eu já estava quase me afogando por completo, Pan apareceu me salvando- diz sorrindo e eu franzo a testa- Não sei ao certo o que aconteceu depois daquilo, a anciã disse que eu cheguei desmaiada, mas que Pan mandou tomarem-diz e eu arregalo os olhos.
- Você o ama- falo, os olhos delas brilhavam quando falava dela. Ela me encara e ri um pouco.
- Amo ele, mas não desse jeito, meu coração pertence a outra pessoa e o coração de Pan pertence a Neverland- diz e eu arregalo os olhos e ela tapa a boca - Me diz que não ouviu isso- fala preocupada.
- Acho que pela cara ela ouviu Tigrinha- uma terceira voz aparece, fazendo meu corpo se arrepiar por inteiro, e começar a se retrair, mesmo que involuntariamente.
- Pan-Tigrinha diz meio vermelha, enquanto isso eu estava vidrada em suas esmeraldas, que se mantinham focadas nela- Me desculpe, eu falei por impulso- fala.
- Pois deveria tomar mais cuidado, isso é um perigo na mão desta caçadora- diz e agora suas esmeraldas tem o encontro com meu olhar, me sentindo totalmente exposta, mas não recuo levantando a sobrancelha direita e ele faz o mesmo.
- Acho melhor eu ir- Tigrinha começa e eu quebro meu contato com Peter Pan e encaro ela, vendo que ele faz a mesma coisa- Conversamos depois Ally- diz e olha para Peter Pan- Me desculpe novamente Pan- pede e logo sai correndo para a vila novamente, me deixando sozinha com o monstro e sem a oportunidade de me despedir.
-Ela é uma boa pessoa, só fala demais- Peter Pan fala e eu o encaro
- Você dizendo que alguém é uma boa pessoa? Acho que estou morta- falo e ele sorri sem emoção e em um passe estava segurando o meu queixo e me forçando a encará-lo.
- Acredite Morena, era para você estar morta- fala e eu olho a profundeza de seus olhos, mas não encontro nada para dizer que ele poderia estar mentindo.
- Então agora porque não me mata, vamos acabe logo com essa baboseira, queria me matar, mas não matou. Decida-se!-grito a última parte e ele me encara agora com um sorriso maldoso nos lábios.
- Temeu a morte Morena?- ele pergunta.
- Você não teme?- rebato.
- Morrer seria uma das minhas grandes aventuras- diz e eu começo a ri, me desvinculando de sua mão e agora o encarava.
- Você é louco- digo- insano e um idiota-falo- Se pensa assim, me deixe ajudar com sua aventura-falo estalando o dedo indicador direito..
- Já disse Ally, anos de vida causam isso. Sem contar que eu disse que seria, não estou com planos ainda de morrer- ele fala me encarando e cruza seus braços- Agora me diga, o que eu vou fazer com você?-pergunta e me encara de cima para baixo, me fazendo recuar desta vez- As vestimentas da tribo não combinam muito com você-fala e eu reviro os olhos.
Ele suspira fundo e estala os dedos e em um passe de mágica, literalmente, nós nos encontrávamos no quarto que eu habitava em Neverland. Encaro ele e o mesmo começa a flutuar cruzando suas pernas e seus braços, me encarando.
- Como conseguiu?- pergunta- Como conseguiu o poder de uma fada da água, como conseguiu fugir da morte?- me pergunta e eu fico quieta- Me responda Ally!- grita e eu me assusto, a bipolaridade dele era totalmente visível.
- Eu não sou obrigada!- grito e vejo uma fagulha de frustração em suas esmeraldas.
- Seus renmagis foram alterados novamente- diz bravo, mas eu não entendi ao certo o que aquilo significava, eu não me sentia diferente.
Vejo ele passar as mãos pelos cabelos meio frustrado e o que eu queria mesmo era matar ele, enfiar logo minha adaga no coração dele e ir embora desta maldita ilha, voltar para minha família.
-Morena- ele fala e eu o encaro- Onde estava, é a terceira vez que eu te chamo- fala bravo e eu reviro os olhos
- Não sou cachorro para ficar ouvindo você me chamar-falo, sem querer conversar mais com ele, estava cansada, cansada de não fazer nada. Odiava isso, odiava com força.
- Não tente fugir- ele fala suspirando e logo pousando no chão novamente- Andrew ficará te vigiando hoje, não está autorizada a sair- diz abrindo a porta.
- Mas eu tenho que ir tomar banho- falo indignada e ele estalo os dedos novamente e eu arregalo os olhos, me encontrando apenas de calcinha e sutiã.
- Sinta-se a vontade de ir tomar banho agora- diz sorrindo sarcástico e logo saindo do quarto.
- Ora seu- grito e bato na porta, em seguida encostando a testa na mesma, estava com raiva, queria chorar, de raiva, de tudo que este garoto estava me fazendo passar, quero matá-lo.
(...)
Acredito que já deva estar bem tarde da noite e todos deviam estar dormindo, meu problema maior seria Andrew, mas ainda sim conseguiria lidar se eu me encontrasse. Abro a porta novamente com o pedaço de madeira que eu usava como chave e logo olho para os lados, vendo que não havia ninguém no local e isso me tranquilizou um pouco.
Saio do quarto e ando sorrateiramente pelo corredor, agora com o mapa decorado em minha mente, eu sabia exatamente onde era a saída, me dirigindo assim rapidamente para ela.
Ao chegar finalmente fora da árvore, sinto a pequena brisa de verão que cometia a ilha, invadir minha pele e eu suspiro fundo olhando para o céu, que sem dúvidas alguma era o céu mais bonito que eu já havia visto, as estrelas pareciam ocupar totalmente a tela preta, sem contar a Lua, que mais parecia um sorriso do que uma Lua de verdade. Vou andando e atravessando alguns galhos, até finalmente chegar aonde eu queria, o lago.
Sorrio de leve e olho para os dois lados, vendo se havia alguém, mas pelo silêncio e apenas o barulho dos grilos, sabia que me encontrava sozinha. Tiro minha calcinha e o sutiã , logo entrando na gelada água e me fazendo soltar um gritinho pelo choque térmico, que de desconfortável foi para totalmente confortável, fazendo os meus músculos se relaxarem por inteiro e eu soltei um suspiro que nem sabia que segurava.
Os vagalumes ajudavam um pouco, iluminando o local tornando-o mais confortável. Dou um leve mergulho para molhar meus cabelos e ao voltar a superfície fico encarando a Lua.
- Será que é a mesma que eu vejo em casa?- me pergunto curiosa e logo minha cabeça abaixa de leve e eu consigo ver meu reflexo na água, assim fazendo uma dúvida rodar minha cabeça.
"- Como conseguiu?- pergunta- Como conseguiu o poder de uma fada da água, como conseguiu fugir da morte?"
Eu não sabia responder esta pergunta, não sabia mesmo, apenas pensei em Sylver depois veio aquelas visões estranhas, que me incomodam um pouco.
Levo minha meus dedos cuidadosamente a minha testa e logo encosto eles nela, fechando os olhos e me concentrando, se eu não sabia a resposta, sabia que tinha uma pessoa com esta resposta.
- Sylver- chamo ela e logo abro os olhos, vendo uma luz branca aparecer na minha frente, me fazendo fechar de leve os olhos, mas ainda meio abertos, vejo a figura de Sylver na minha frente.
Leiam as notas do proximo cap,sao importantes ;3
Bjs Mary
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