POV.Ally

Termino de vestir minha roupa e vejo que era bem mais atípica do eu pensava. Uma calça preta colada e uma blusa mais larga com o tom verde claro que era quase branco. Acompanhados de uma corda detalhada com flores que eu amarrei na cintura junto com uma bota marrom claro meio desgastada.

-E para que essa capa com capuz?-pergunto curiosa segurando o objeto da cor verde musgo e vejo ele sorri levemente terminado de colocar sua bota.

-Você já deve ter reparado que todos os meninos possuem uma, certo?-pergunta e eu assinto, eles andavam com elas quando tinham que fazer algumas expedições na ilha- Ela serve para te proteger quando for fazer algo mais longe do acampamento, é revestida com o pozinho verde e assim facilitando a cura de machucados, sem contar que é mais fácil se proteger da chuva com ela- explica e eu assinto entendendo.

- Mas como conseguiu fazer ela?-pergunto curiosa e colocando a capa sobre minhas costas, ajeitando-a bem e por incrível que pareça ela ficou do meu tamanho.

- Tenho meus contatos com Melis do mundo humano que conhecem muito bem os pozinhos mágicos, a bruxa que te deu os cristais, por exemplo, é um deles- explica e eu assinto me sentando a sua frente.

Seus olhos ainda não haviam voltado para o tom de esmeralda e eu ficava mais intrigada por saber até quando eles ficariam assim, até quando suas esmeraldas deixariam de existir.

-Por onde você quer que eu comece?-ele pergunta e eu o encaro, vendo que sua mão passava sobre seus cabelos.

Com alguns anos de convivência eu acabei percebendo que Peter fazia isso quando ficava meio nervoso ou incomodado para falar algo. Suspiro fundo e meio indecisa eu levo minha mão até a dele que estava sobre seu cabelo,fazendo-o olhar para mim e assim eu sorrio entrelaçando nossos dedos.

-Por onde você achar melhor- falo sincera e ele assente suspirando fundo e apertando um pouco mais minha mão, assim me fazendo retribuir o aperto.

-Eu tinha dois anos na época, não sei como eu me lembro disso para ser sincero, acho que é pela essência de fadas que ficou sobre mim, despertando isso- ele fala e eu franzo a sobrancelha,para em seguida ver que ele me encara- Irei te explicar isso também não se preocupe- ele fala tentando me dar um sorriso,mas não consegue.

-Tudo bem- falo colocando minha outra mão sobre a dele tentando de alguma forma mostrar que eu estava ao seu lado,mesmo que eu nunca houvesse feito isso.

-Continuando, com dois anos de idade minha mãe havia me abandonado em um orfanato, sumindo da minha vida completamente- diz dando um sorriso amargo em seu rosto- Eu não entendo bem até hoje o motivo de ela ter feito isso, nossa vida não era muito boa, nossa casa era pequena e pelo que eu me lembro,ela não tinha muito dinheiro para pagar as contas,mas ainda não consigo entender o motivo de ter me deixado naquele lugar-ele fala e sua voz parece falhar um pouco,mas ele nega com a cabeça e encaro o chão,levando sua mão direita até seus cabelos, puxando alguns fios- Eu fiquei algum tempo lá, acho que tinha uma mente mais avançada para um corpo de dois anos de idade,pois eu tinha literalmente a ideia de fugir daquele lugar, no final conseguindo.

-O lugar era tão ruim assim?-pergunto olhando seus olhos que ficavam fixados ao chão.

-Não, as pessoas lá eram boas, inclusive as Amas,mas acho que eu que não me encaixava lá. Por isso eu fugi e fui para as ruas, uma ideia completamente estúpida, mas que eu não me arrependo. Passei fome, passei frio e estava em quase âmbito de morte, o que eu não esperava era ser salvo por uma criatura que eu nem pensava que existia, mesmo sendo criança naquela época eu já havia aceitado a dura realidade da vida então vê rum ser mágico para mim foi como eu processar que havia morrido-explica e vejo um leve sorriso brotar dos seus lábios, um sorriso nostálgico e amargo- A Rainha das Fadas me salvou, a Titania me tirou daquele lugar e me trouxe para sua casa aqui em Neverland-diz e neste exato momento meu mundo pareceu girar de cabeça para baixo ao pensar que uma fada havia salvado Peter de uma a quase morte, sem contar que todas as vezes que falamos sobre Titania ele sempre parecia muito disposto a encontra-la e mata-la. 

Peter para sua fala e me encara, parecendo analisar cada centímetro do meu rosto para poder medir minha reação eu devo confessar que não foi das melhores, pois no segundo seguinte que ele me olhar uma leve risada escapa de seus lábios.

-Eu sei-ele fala rindo ainda da minha expressão e volta a encarar o chão-não é algo comum que eu posso dizer normalmente para você,mas acabou acontecendo e a Titania meio que me adotou e me trouxe para Neverland, melhor dizendo o Reino das Fadas-diz pensativo e logo estende a mão pegando a minha e estendendo meu braço, deixando a palma da minha mão para cima e passando os dedos sobre as linhas que tinham nela e eu estranho o comportamento,mas não questiono- Eu cheguei lá e como posso dizer-pensa um pouco e logo leva o seu olhar para o teto da caverna- o tempo de Neverland é diferente então as fadas tiveram que me dar um pouco de sua magia para eu conseguir chegar a uma idade aceitável e assim  poder parar de crescer, a questão é que os renmagis que eu possuo são um tanto quanto raros. Na verdade eles são como os seus, eles absorvem a magia de uma maneira diferente, os renmagis se mesclam para adaptar ao corpo e assim o corpo vai ganhando poder, igual aconteceu com você,também aconteceu comigo- explica para mim e eu franzo a sobrancelha.

-Então você nem sempre foi assim, na verdade você chegou até ser um- ele me interrompe agora voltando a encarar os meus olhos.

-Humano- ele diz sem nenhuma hesitação- eu costumava a ser um humano quando criança,mas como dito antes, meus renmagis se alteraram e eu fui ganhando poderes-fala levantando levemente minha mão- Eu também possui linhas, de quatros cores, vermelho para fogo, azul para água, verde para terra e branco para ar. Os quatro elementos necessários que uma fada precisa para assim poder ter um dos atributos de fada, faltando assim apenas às asas e as bênçãos de Titania-ele me explica e eu arregalo os olhos, muita informação de uma vez só,mas mesmo assim eu não posso pedir para ele parar de falar,sendo que consegui depois de muito esforço que ele me dissesse sobre essas coisas.

-Então você teve isso?! Mas e a Antiteru e a Sombra?! Por que eu as tenho e por que você não era considerado uma fada já que vivia entre elas praticamente?!- pergunto meio desesperada, pois a cada minuto que se passava eu conseguia interligar pontos soltos sobre tudo que havia acontecido- Por isso que a Flarys te considera um irmão?-faço mais uma pergunta e ele sorri com essa ultima.

- Vamos dizer que Flarys foi incumbida, em longos dezesseis anos, me vigiar, sempre tomando conta de mim sobre tudo o que eu fazia e como eu agia.Eu a considerava como uma Irma mais velha e acho que com o tempo ela foi me considerando como um irmão mais novo-ele diz rindo um pouco e acho que lembrou de alguns momentos que teve com ela- Nem tudo o que eu aprendi com ela foi de grande utilidade publica,mas cada coisa que eu aprendi eu guardo com todo o meu coração e não sei como ela ainda aguenta olhar para mim depois de ter a mantido presa por longos cem anos naquela vidraça-fala,mas tenho certeza que ele falou mais para si mesmo e não percebeu que usou um tom mais alto e deixando que eu ouvisse.

Havia um pouco de hesitação em sua voz a cada vez que ele falava,mas ao falar de Flarys e de como ele e ela se comportavam quando ele era mais novo parecia algo confortante, como se nada o abalasse, ela é muito importante para ele e é possível ver isso apenas no modo de falar, mas eu também tenho certeza que para ela ele é a mesma coisa.

-Sobre a Antiteru-ele começa logo me encarando com seriedade- Fadas são seres puros e de total luz, são poucas as que se entregam para trevas e as que fazem isso perdem o direito de suas asas instantaneamente, no meu caso foi um pouco diferente. Titania sabia sobre a Antiteru,sabia que por eu ser um humano e não nascido no berço de ouro das fadas eu tenho a falha de ir para o lado das trevas,não importa como,mas de algum modo eu iria, só que ao invés dela ter me dito, ela escondeu- ele diz e eu sinto o meu pulso começar a doer e quando olho, Peter estava apertando-o- Elas lançaram uma magia em mim para que as trevas fossem repelidas, eu apenas não podia sair do Reino das Fadas que tudo ficaria certo-fala com um certo amargo em sua voz e eu encosto em sua mão que apertava meu pulso,fazendo-o arregalar os olhos e o soltar rapidamente, assim olhando a grande vermelhidão que havia em minha pele-Desculpa-pede com o olhar de culpa e eu suspiro fundo recolhendo o meu pulso,colocando-o sobre meu peito.

-Está tudo bem- minto,pois a dor começou a surtir um pouco-Por favor continue-peço e ele assente, recolhendo sua mão e cruzando seus dedos uns nos outros.

- Eu não me lembro direito o motivo,mas um dia eu havia brigado com Titania, ela estava me repreendendo por algo que eu havia feito e como eu posso dizer, eu havia acabado de sair da adolescência então ainda estava meio rebelde. Por isso eu cismei em sair do Reino das Fadas, queria ver como era o lado de fora, nunca havia ido lá e fiquei curioso- ele fala parecendo se lembrar e franze a testa- Foi minha pior decisão,acho que essa foi uma das únicas vezes que eu consegui admitir para mim mesmo que havia feito a coisa mais estúpida do mundo. Eu sai do Reino, mas não contava que a Sombra, um ser maligno que foi totalmente criado através de elementos negativos das pessoas, estivesse me esperando e pronto para me atacar, só estava esperando o momento certo em que os pensamentos negativos viessem a mim para assim ela me possuir-diz e da um sorriso de lado, bem sarcástico e totalmente significativo-Eu fui ingênuo ao andar por Neverland e logo pisei na floresta que eu ninguém deve pisar, a Floresta Leste.Assim eu fiquei em trevas e a Sombra tentou me dominar,mas não sei ao certo como aconteceu,mas usei a adaga que eu sempre carregava comigo e tentei matar a Sombra, eu consegui enfraquecê-la,mas em compensação a Sombra me levou para outro lugar em Neverland, me fazendo deixar a adaga naquele lugar obscuro,sendo a única arma que eu conheço que pode mata-la.A Antiteru nasceu disso, da tentativa da Sombra em me dominar quando eu cai nas trevas- diz abaixando a cabeça e olhando para seus dedos.

- O que aconteceu depois?-pergunto, mesmo que eu já soubesse a resposta.

-Não consegui encontrar o caminho para casa e fiquei fadado a viver em Neverland-ele diz suspirando fundo-Mas pensando melhor foi bom, se não fosse eu a Sombra tentaria possuir outro e essa outra pessoa talvez não conseguisse ter o tanto de força e acabasse se rendendo as trevas, eu pelo menos tento lutar contra a Sombra a todo instante-pondera suspirando fundo.

Eu arregalo os olhos e pisco-os algumas vezes encarando Peter, ainda estática no lugar por ter sido pega de surpresa pelo o que ele havia dito.

-Por isso que queria achar a Sombra?-pergunto,mas deixo o tom da minha voz elevar- Você queria a Sombra com medo de que ela fizesse mal a alguém?! Foi por isso que ficou maluco ao procura-la quando eu havia sumido com ela no principio?!-exclamo agora indignada e ele assente levemente a cabeça e me encara.

-Ela machucaria outra pessoa se não fosse eu, é melhor estar com algo que já tem costume do que tentar algo novo e a Sombra sabe muito bem disso, ela sabe que meus poderes com os do dela podem fazer um grande estrago e é isso que ela quer. Um grande estrago-ele explica e eu cerro meus punhos agora vendo que meu pulso não estava mais vermelho, provavelmente a capa ou os poderes em mim haviam feito ele se curar mais rápido.

- Você queria que ela continuasse em você para que assim ninguém mais se ferisse?!-pergunto irritada,mas eu conseguia entender um pouco o ponto dele.

-Eu prezo pelas pessoas que vivem nessa ilha,além do mais é melhor viver uma pessoa com uma mascar do que todas viverem com puro ódio e tristeza-ele fala sorrindo tristemente, olhando fixadamente para a cachoeira que caia.

Fecho meus olhos com força para conseguir me controlar e logo abro-os novamente, levando minhas mãos ao rosto de Peter e quando encosto ele olha para mim. Encaro com profundidade seus lhos verde água.

-Idiota- falo baixinho e ele sorri para mim levemente e segura em minhas duas mãos,acariciando a palma delas como eu polegar.

Puxo-o para perto de mim e o envolvo em um abraço, que a todo custo eu tento demonstrar que estou ao lado dele,logo sentindo ele levar suas mãos até as minhas costas e minha blusa ser puxada de leve,em seguida eu ouço um soluço.

-Por que você precisa ser assim?-eu pergunto e aperto mais o abraço, levando uma de minhas mãos aos seus cabelos e eu começo a acaricia-los enquanto eu sentia que ele tremia um pouco por causa do choro.

- Acho que é da minha natureza ser assim-sua voz sai um pouco abafada e meu coração se aperta um pouco ao o ver levantar o rosto e seus olhos verde água estarem cobertos por lagrimas.

Sorrio levemente para e ele afunda seu rosto em meu peito, como se quisesse esconder.

-Pode cantar para mim?-ele pergunta e eu arregalo os olhos.

-Cantar?-pergunto para me certificar que eu havia ouvido certo.

-Sim, eu sei que você canta, eu gostaria que pelo menos a gente não ficasse em tanto silêncio- fala baixinho e eu rio levemente de como ele parece uma criança nesse momento.

-Está bem- falo baixinho e coro um pouco,pois nunca havia cantando na frente de alguém que não fosse minha família.

Fecho meus olhos e penso em uma musica, logo abrindo meus lábios e começando a canta-la. O som da minha voz começa a ecoar pelo local e mesmo eu estando incomodada não iria parar.

-"A tristeza nascida hoje
   Voa alto no céu
   O céu acorda e atiça o vento
   Meu coração está inquieto

   Eu quero te proteger, quero tocar o seu destino
Há um buraco dentro de você quando caem lágrimas de seus olhos
E eu quero o encher com felicidade"

Termino de cantar e ouço o fungar vindo de Peter que agora tinha o rosto levantado e algumas lagrimas em seus olhos verde água, me fazendo levar minha mão em seu rosto retirando as lagrimas ali existentes e colocando minhas duas mãos em seu rosto, nos aproximando e assim eu encosto nossas testas.

-Posso dizer que mesmo eu não gostando do que você fez, do que você faz, eu ainda te admiro por isso- digo sincera e encosto levemente nossos lábios,mas não para aprofundar,assim separando eles algum tempo depois.

-Eu não irei fazer mais isso- ele fala encarando meus olhos- Não posso mais deixar que a Sombra fique e tente tomar controle sobre mim, tenho que dar um basta nisso de uma vez por todas, não posso mais ficar apenas pensando no bem estar das pessoas dessa ilha, tenho que ser um pouco egoísta- reflete ao falar e eu sorrio levemente.

-E por que seria tão egoísta assim?-pergunto curiosa e ele abre um sorriso para mim.

-Porque eu tenho que proteger a minha Estrela-me responde e eu arregalo os olhos- Além do mais- ele diz chegando mais perto do meu rosto e eu me afasto,mas ele ainda assim tenta chegar mais perto e eu acabo deitada no chão sem nenhuma saída-Eu não estaria assim se não fosse a minha Estrela, porque foi ela que brilhou no meio da escuridão-responde e eu coro com o que ele diz e levo meu braço sobre meu rosto.

-Pare de dizer coisas desnecessárias- falo baixinho e sentindo minha pele queimar de vergonha.

Ouço-o rir e logo sinto sua respiração sobre meu pescoço e minha pele ficar totalmente arrepiada com esse tipo de proximidade.

-Eu já havia comentado como você ficou linda nesta roupa?-ele pergunta e eu sinto meu rosto esquentar mais e se as coisas continuassem assim eu iria virar um pimentão ambulante.

-Cala a boca- falo tirando meu braço do rosto e quando faço isso sinto seus lábios tocarem sobre os meus.

-Acho que nunca quis obedecer tanto uma ordem sua igual agora-fala com os olhos vidrados em mim e eu sorrio de canto tentando apagar a vermelhidão.

-Você sem sombra de duvidas é um idiota-falo e sinto ele mordiscar agora os meus lábios levemente, se afastando até os soltar.

-E ainda assim terá que ficar comigo nessa caverna- diz jogando seu corpo para o lado e eu tento aproveitar a chance para sair,mas sua mão se encontra em minha cintura e eu o encaro, virando-me de lado.

- Acho que podemos ficar quietos até amanhã então- digo e ele se aproxima para tocar meus lábios.

-Que assim seja minha Estrela-ele fale  sinto seus lábios sobre os meus e o começo de um beijo que com certeza iria perdurar.

Oi fadinhas :3

Aí está mais um cap fresquinho para vcs e com histórias lindas para serem contadas :3

Espero que tenham gostado e desfrutado um pouco do passado do Peter que eu devo admitir que foi muito difícil de escreve-lo

A Ally canta galera :3 o nome da canção é Tender Rain só que devo informar que ela é em japonês, mas acho ela linda e vale a pena ouvir pelo menos uma vez ;3

Comentem e votem para ajudar a autora e espero de todo meu coração que tenham gostado

Amanhã TENTAREI POSTAS, mas se não der postarei na quarta inclusive por ser feriado hehehehehe

Bjs Mary e até a próxima;3