CAPÍTULO 9
Quando se está metido em uma enrascada, parece que o tempo passa mais rápido. Com Vívian não foi diferente, seu tempo havia se esgotado. O dia da primeira sessão do julgamento de Jonas havia chegado, e ela não havia arranjado prova alguma que pudesse salvá-lo da cadeia. Ao mesmo tempo, a promotoria já tinha uma prova: a testemunha.
Desesperada, sabendo que seria praticamente impossível vencer este caso, Vívian expôs sua idéia a seu amado Jonas:
-Meu bem, não temos outra alternativa, apenas o que posso fazer é alegar que você é louco.
-Louco?
-Isso não. Você vai alegar que matei Daniel por loucura, não irei parar em uma cadeira, e sim num hospício.
-Pelo contrário, irei dizer que você não matou Daniel. Aguarde e verá.
-Isso é trapaça!
-Houve um tempo em que eu achava que a justiça era um jogo. Naquela época alguém me falou que em todo jogo, há trapaças.
-Mas tudo isso já passou!
-Não. Hoje eu tenho ainda mais certeza de que sempre estive certa.
Jonas não estava muito satisfeito com a única alternativa encontrada. Mesmo assim, foi obrigado a aceitar.
E eis que chega o momento. Vívian a frente de todos os jurados, começou sua defesa:
-Senhores jurados, este homem não matou ninguém. Ele apenas encontrou o corpo do falecido, e então o levou até algum lugar mais calmo para cremá-lo. Ele não fez isto por querer ocultar crime algum, acontece que este homem tem problemas mentais. Todos aqui sabem que por trás desta máscara esconde-se um rosto deformado e que é seu direito ocultar. Queimar o rosto não é uma experiência fácil, e foi justamente o que o traumatizou. Algo mais ocorreu naquele terrível acidente, que o trouxe a louca ideia de que todo cadáver deve ser cremado. Nunca perguntem a ele sobre o que realmente houve no acidente, porque devido a este trauma, ele jamais responderá.
Ao termino da sessão, Vívian se sentiu vitoriosa. Pressentia ter convencido os jurados. Mal sabia ela que os problemas só estavam começando.
No dia seguinte, Vívian foi ver Jonas na cadeia. Ele, meio inseguro, falou:
-Você não deveria ter dito aquelas coisas no tribunal ontem.
-Por que não? Estamos vencendo.
-Por pouco tempo. A promotoria quer uma prova que eu realmente seja louco. Irão me encaminhar a um psicólogo, e como tudo isto não passa de uma farsa...
-Como pude ser tão ingênua, e não ter pensando nisto antes.
-Você tentou.
-Agora só o que lhe resta é fingir. Finja o máximo que pode e tente convencê-los, e seja o que Deus quiser. E assim foi. Jonas foi encaminhado a um psicólogo. A resposta viria no tribunal, durante o testemunho do psicólogo. A pergunta fatal viria do promotor.
-Jonas é ou não é louco?
-Em hipótese alguma. Durante a entrevista, Jonas se mostrou totalmente são. E mais, parecia tentar fingir, como se com toda minha experiência, eu não soubesse distinguir um louco de um farsante.
-Meritíssimo, isto quer dizer que a defesa criou toda esta história, sabendo que não haveria outra forma de inocentá-lo.
Vívian estava arrasada, Tentava fazer o bem, mas acabava prejudicando Jonas. Aos prantos, pediu:
-Meritíssimo, me dê só mais uma semana para que eu possa lhe apresentar a minha última prova.
Mesmo acreditando ser em vão, o juiz acabou permitindo. Amedrontado com seu destino, Jonas falou:
-Não existe mais nenhuma forma de me proteger. Você já devia ter desistido.
-Você se engana. Minha carta mais poderosa ainda está guardada na manga.
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