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47

Ouço Ian dizer para Giovana que está com a cabeça estourando, então vai embora sem olhar na minha cara. Começo a achar meio escroto que ele esteja culpando a mim pelo drama e não o Pedro. Tipo, não fui eu quem assinou um contrato de namoro midiático. Nunca pedi pra fazer parte disso.

— Devo me considerar demitida? — Pergunto à Giovana com sinceridade.

— Ele ainda está brigado com a Lana — diz. — E a Lily espremeu as bolas do cara como limões pra arrancar o suco, metaforicamente, claro. Essa mulher é uma...

— Força da natureza — completo.

— Eu ia dizer uma vaca. — Giovana ri. — Mas a sua também serve. De qualquer jeito, acho que ele vai voltar ao normal com você quando esfriar a cabeça.

— Assim espero.

— Você vai descer? — A ruiva pergunta, chamando o elevador.

Checo o relógio. Já deu a hora de ir embora, e eu devia aproveitar a chance para fugir, mas não quero mesmo encarar o transporte público de Los Angeles.

— Estou só finalizando uns e-mails — minto. Giovana não precisa saber que eu vou ficar aqui e esperar pelo Pedro. A nossa cota de drama por um dia está mais do que paga.

— Tudo bem, então... Até amanhã. — Ela aperta os lábios e ergue a mão.

No instante em que a porta de aço abre, Giovana dá de cara com o Pedro Loth. Seu olhar para mim diz que ela sabe de tudo, o rubor sobe esquentando meu rosto.

— Ah merda... — ela solta. — Só tentem não ser pegos pelos Paparazzi dessa vez. Eu não aguento outro dia mandando notas oficiais como hoje.

Pedro ri.

— Relaxa, Gigi. Não vamos. — Então olha para mim com o sorriso mais insinuante do planeta. — Está pronta?

Viro os olhos e baixo a tela do computador. Que outra escolha eu tenho?

— Que se dane. — Puxo a bolsa da cadeira e penduro no ombro. — Vamos logo.

Assim que chegamos à garagem subterrânea, eu sigo Pedro por entre os carros de luxo. Uma Land Rover destrava com o pressionar do alarme. Não é o mesmo carro que ele usou para a nossa fuga cinematográfica ontem.

— Credo! Quantos carros de luxo você tem, Pedro?

Ele abre a porta do carona, oferecendo a mão como apoio para subir. O carro é alto demais, então eu aceito, mas o toque entre as nossas mãos parece acender algo em mim.

— Mais do que eu preciso. — Pedro bate a porta e dá a volta para entrar pelo outro lado. — Por quê?

— Nada. — Chacoalho os ombros, assistindo-o manobrar, concentrado. Adoro a sua expressão de concentração — Só estou tentando calcular mentalmente a sua fortuna mesmo.

— É melhor desistir. — Dá risada. — Eu já desisti. E também, eu não estou nessa indústria tóxica pelo dinheiro.

— Está pelo quê então? A fama? O respeito? As tietes? — provoco.

— Eu já te disse que só tenho uma tiete — rebate, puxando a minha mão para segurá-la no console central. Deveria, mas não reajo, porque quero segurar a mão dele também. — Mas é... para um garoto rejeitado, essa aceitação pode ser um pouco deslumbrante, sim. Admito.

— Rejeitado? — Rio, apertando a mão dele. — Pois eu me lembro dessa história de outro jeito. As garotas da escola toda ficavam caidinhas quando você pegava um violão.

Eu mais do que todas.

—Não tô falando desse tipo de rejeição. — Ele faz uma pausa antes de prosseguir. — Acho que até tenho sorte com as mulheres — se gaba —, mas meus pais... eles não eram boas pessoas, Julie. Bobby era um bandido, e a Susan, bom, ela fazia o que tinha que fazer para sustentar o vício. Aos 15 ou 16, a gente tava na merda, eu ia parar num abrigo para menores...

— Um orfanato — me pego falando. Pedro só aperta os lábios. Eu acaricio sua palma com o polegar e esboço um sorriso cúmplice. Estou aqui.

— A minha tia me levou pra casa dela, me botou nessa escola católica com um bando de riquinhos mimados, e o resto é história.

Essa parte da história eu conheço, pelo menos por cima. Pedro conheceu os garotos da French 75, a banda começou a ganhar relevância na cidade. A tia dele não aprovou a rotina de festas regadas à álcool e outras drogas, e foi assim que ele acabou morando num ônibus de turnê.

Nossas mãos ainda estão entrelaçadas. Ao parar no semáforo, Pedro olha para elas, tão ciente da intimidade do gesto quanto eu. Nem que transássemos, ficaria tão íntimo quanto esse segurar de mãos sem malícia alguma que perdura por um tempo longo demais.

— Pelo visto isso ainda está aqui... — Ele comprime os lábios, enroscando o polegar no anel do infinito. É óbvio que está chateado.

Meu peito dá um nó. É um sentimento confuso. Não quero magoá-lo quando acabou de se colocar tão vulnerável na minha frente, mas não vou tirar essa aliança agora só porque o incomoda. Essa aliança esteve aqui por muito tempo quando ele não estava. O Thomas esteve aqui por muito tempo quando ele não estava. E eu sei que estraguei tudo, mas meu amor por Thomas sempre vai ser infinito. Pode mudar de forma, mas nunca acabar.

— Podemos não falar disso?

Pedro não responde, apenas puxa a mão para o volante e suspira longamente. Em minha defesa, é tão difícil para mim quanto para ele. Quero a mão de volta, mas sei que não deveria. Isso foi errado desde o primeiro dia em que ele me viu naquele restaurante, e eu senti nas entranhas que não tinha como acabar bem.

— Pedro... — começo.

Ele sacode a cabeça.

— Tudo bem... quem se importa se o garoto rejeitado tem sentimentos?

Agora ele está sendo condescendente e isso me irrita. Não é como se eu tivesse partido o seu coração, muito pelo contrário.

— Sabe quem mais tinha sentimentos? — Rio de raiva. — A garotinha inocente que você manipulou para levar pra cama aos quinze anos. Ainda lembra dela?

Pedro umedece o lábio e sacode a cabeça. Os braços ficam mais rígidos, as mãos apertando o volante, então me encara com os olhos verde ardentes.

— É assim mesmo que você lembra? — Ergo os ombros, incapaz de sustentar esse olhar.

Um pedaço de mim insiste em lembrar dele como o vilão do meu conto-de-fadas adolescente. Outro pedaço, entretanto, só lembra do jeito que ele me tocou com desejo e carinho, como olhou nos meus olhos e perguntou "tudo bem?". E eu não estava bem, eu estava em transe.

— E você por acaso lembra de outro jeito? — pergunto. Ele ri.

— Você sequer escutou o álbum que eu compus pra você?

Pra você, ele diz como se fosse um presente. Admito que ele escreveu uma outra música sobre mim, sobre o nosso relacionamento, mas não para mim. Para as rádios. Para os fãs. Para o Grammy, talvez. Se fossem para mim, teriam sido entregues num disco de vinil exclusivo, não espalhadas pelo mundo para vender como água.

—Você não escreveu um álbum pra mim, Pedro.

—PERGUNTA PRO KYLE ENTÃO, PORRA! — Pedro se exalta, enfiando um murro no volante. A mandíbula trincada, os olhos inflamados de raiva intercalando entre mim e a estrada.

— POR QUE VOCÊ TÁ GRITANDO? — Eu devolvo o tom. — Eu tô bem do seu lado, merda.

—Eu... — Ele suspira, apertando o volante com força. — Porra, Julie... só faltou escrever a porra do seu nome nas letras. E eu ganhei dois Grammys por essa porra, mas eu não queria porra de estatueta nenhuma. Eu só queria que você me escutasse, PORRA!

Não sei como ele consegue encaixar tanto palavrão numa frase só, mas o nível de raiva crescente o faz soar sincero de um jeito que abala as minhas estruturas. Pedro é tempestade, eu, um castelo de cartas, frágil, sendo levada pela ventania.

— Quer saber? — Os dedos correm pela tela touch no console. — Vamos resolver isso agora. Você vai escutar esse álbum comigo, e daí você me diz como se lembra da gente, porque é assim que eu me lembro da gente.

E então dá o play.

Eu não digo que já escutei esse álbum um milhão de vezes. Não digo que costumava chorar até dormir ouvindo "Ninguém mais que você". Não digo nada, e então o silêncio se espalha pelo carro embalado pela melodia de um rock lento e a voz rouca de Pedro clamando dos autofalantes "eu te amei até fazer você sangrar", e dói como da primeira vez que escutei. 


Enfim... (pausa pra respirar depois desse capítulo).

Estamos chegando na minha parte favorita da história, apertem os cintos porque na semana que vem essa nave vai decolar com destino à outro planeta.

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