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42

Os faróis do Porsche preto piscam, destravando as portas. Eu entro pelo lado do carona, remexendo-me para acomodar o corpo no banco de couro.

— Pronta? — Pedro pergunta assim que se acomoda ao meu lado.

Eu assinto com um movimento de cabeça silencioso.

O motor ronca alto na partida, o rock alternativo preenche o espaço gelado que nos separa, Pedro encara a tela no painel para manobrar, em seguida segue em direção à saída.

— É melhor você se abaixar — avisa.

Assim que o portão abre, flashes começam a surgir de todos os lados, e os fotógrafos se aglomeram, impedindo a passagem do veículo. Eu o obedeço e me abaixo, escondendo o rosto atrás do porta-luvas. A última coisa que eu preciso é do meu rosto estampado na capa de uma revista de fofocas pela manhã.

Os seguranças abrem caminho para atravessarmos a multidão, tudo o que eu consigo ver são as luzes brancas piscando e um alvoroço. O misto de vozes desordenadas clama o nome de Pedro, fazendo uma pergunta atrás da outra. Eu mal consigo distingui-las.

Demora pelo menos dez minutos para transcendermos a aglomeração, e ele conseguir pegar um pouco de velocidade no carro possante.

— Pode levantar agora se quiser. — Aperta a minha mão.

Eu levanto.

— É sempre desse jeito?

— Às vezes. — Ele sacode os ombros. — São como urubus, sentem o cheiro de carniça. Não que você seja carniça... é só que... com os rumores sobre mim e a Lily, isso é um prato cheio pros tabloides.

— Sobre aquelas fotos no telhado...

— Relaxa. Eu entendi: você não tá interessada em fazer parte do circo. Vou dar um jeito de encobrir os rastros. Desculpa.

— Tudo bem. Não foi culpa sua.

Ele me olha de relance e sorri, então olhos se desviam para o retrovisor.

—Tá vendo aquela motocicleta preta se aproximando pela direita? — Eu assinto. — Tá seguindo a gente. Vou pegar a via expressa pra despistar esses caras, espero que não tenha medo de um pouquinho de velocidade.

Antes que eu responda, Pedro pisa fundo e o motor ronca em resposta. Eu puxo o cinto de segurança e sinto o coração acelerar como o carro. Suas duas mãos estão firmes no volante e fazem uma curva rápida para pegar a saída. Olho sobre os ombros, a moto se aproxima  rápido, costurando os demais veículos.

— Estão nos alcançando! — grito. — Vai! Vai! Vai!

Pedro piso ainda mais fundo. Agora eu o observo atentamente: Os braços enrijecidos, os cabelos despenteados, os olhos verdes absolutamente concentrados na estrada.

— Você não devia sair de casa sem camisa.

— Por quê? — Solta um riso curto, movendo o volante rápido para fazer uma ultrapassagem.

—Você vai acabar matando alguém desse jeito.

— Relaxa. Eu sei o que tô fazendo. — Ele espia o retrovisor, e então reduz a velocidade. — Despistamos eles.

Eu rio brevemente.

— Não estava falando das suas manobras, embora elas também não sejam nem um pouco seguras.

A ficha demora uns instantes para cair, então Pedro levanta as sobrancelhas e me encara.

— Isso foi um elogio, tiete?

— Não. Eu só disse que você assim, sem camisa, pode acabar matando alguém.

Pedro não discute, apenas ri e puxa minha mão, entrelaçando nossos dedos no console central. A sensação que eu tenho é de que só existimos nós dois no universo inteiro. Ele aperta um botão e o teto do carro rebaixa sozinho. Claro que é umconversível, eu penso. O dinheiro dele não me impressiona, o queimpressiona é sua capacidade de pegar um simples momento e transformá-lo numamemória.

Táaa, já passamos por isso antes: o capítulo é pequeno, vocês choram, eu prometo que posto mais um amanhã, vocês dizem: posta mais um hoje por favooor Lola.

Se eu postar hoje, não posto amanhã, o que vocês preferem? Comenta aqui que já já eu volto pra decidir se posto mais 1 ou não.


E não esqueçam de votar!! Amo vocês

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