Passo horas conversando com Beatrice no jardim do campus, e acabo até perdendo a noção do tempo. Já é noite quando eu volto para o alojamento e ouço uma voz masculina muito conhecida emanando de dentro do apartamento.

Eu reviro os olhos, pensando que Pedro podia fazer o favor de não aparecer mais na televisão. Empurro a porta, na intenção de verbalizar essa frustração para Sarah, mas logo percebo que a minha amiga não está sentada sozinha no sofá.

— Tiete.

Meu sangue ferve. O que diabos Pedro Lucas está fazendo dentro da minha casa? Rapidamente, eu deslizo as mãos pelo cabelo, ajeitando o friz. Quando nossos olhares se encontram, eu aperto os lábios num sorriso forçado.

Pedro veste uma camiseta preta do Nirvana e uma calça jeans rasgada, que o faz parecer muito diferente do milionário engravatado que apareceu duas vezes no restaurante enquanto eu trabalhava.

Assim, ele se parece muito mais com o Pedro de 17, aquele por quem eu costumava ser apaixonada, só que com os braços mais tatuados do que eu havia me habituado a ver. Parece incrivelmente lindo com os cabelos pretos desgrenhados, confesso, mas isso não o dá o direito de aparecer na minha casa, de me perseguir e ir se infiltrando na minha vida como bem entender.

Desvio os olhos para Sarah, que parece muito deslumbrada pela presença da estrela do rock alternativo ao seu lado. Eu quero matá-la. Aliás, matar os dois, mas não posso. Pedro é famoso o suficiente para que as pessoas se importem com a sua morte e decidam investigar.

Então resolvo conduzir a situação de uma maneira menos violenta:

— Sarah, podemos falar em particular?

Não é um pedido educado, é um ultimato.

Sarah levanta do sofá, vindo em minha direção. Pedro desliza as mãos pelo cabelo, sem graça. Ele entreabre os lábios, pretendendo dizer alguma coisa, mas eu bato a porta antes que consiga. Encaro Sarah com um olhar fuzilante.

— O que diabos meu ex-namorado está fazendo sentado no nosso sofá?

—Ele bateu aqui procurando você — ela se justifica. — O que eu devia fazer? Chutá-lo para fora?

— Seria uma opção mais inteligente. Eu não passei meu endereço pra ele. Vai ver o cara é um maníaco, stalker, psicopata, sei lá.

Ela revira os olhos.

—Não seja tão dramática. Você disse que estudava na USC, ele veio ao alojamento da USC.

— E acertou o apartamento por pura sorte? — Minha voz tem um fundo irônico.

— Tá, tá. Suponho que ele precisou fazer umas pesquisas, então deve ter algo importante a dizer. Além do mais, não é como se eu tivesse aberto a porta para o maníaco da serra elétrica. O cara é famoso... e também é um gato.

— É. Ele é famoso, ele é gato, ele é rico, ele é talentoso, a estrelinha dourada de Hollywood — perco a paciência ao ponto de quase gritar. — E eu não faço ideia do que ele está fazendo sentado no nosso sofá!

— Então vai lá e descobre!

Eu solto um suspiro, frustrada. Não tenho muita escolha.

— Acho melhor acabar com isso logo. Espera aqui.

♥
Desculpem o capítulo curto, é que na revisão cortei algumas cenas e os capítulos encurtaram 😅

Prometo que solto mais um amanhã!

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