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7

Embora tenha apagado no chão do banheiro, acordo esticada na minha cama de solteiro. A camiseta ensopada de cerveja sumiu do corpo e agora um lençol fino é a única coisa que recobre a pele. Minha cabeça lateja. Sem abrir os olhos, sei que Pedro está zanzando pelo quarto porque sinto o cheiro da fumaça enquanto ouço os passos ocos no assoalho de madeira.

— Você não dorme nunca? — murmuro.

— No geral, só quando eu tomo remédio. — Ele parece achar graça da minha observação e o barulho dos passos se aquieta. — Ou quando não tô ansioso, o que é meio raro.

— E tem alguma coisa específica te deixando ansioso hoje?

Com uma semiabertura de pálpebras, vejo a figura desfocada de Pedro recostado na escrivaninha. Ele tem um cigarro na boca e os olhos presos no celular.

— De peruca e fantasia, Pedro Loth disputa campeonato de bebidas com a namorada em uma festa universitária — ele narra. — Tem fotos nossas também.

— Que merda... — Esfrego o rosto, sonolenta. — Abutres disfarçados?

— Tô pra conhecer um abutre que se preocupe em disfarçar. Não isso tá com cara de outra coisa. — Ele amassa o cigarro no potinho de porcelana que eu deixei ali estrategicamente. — Mas cansei de pensar nisso. Quer tomar café da manhã?

— Por "café da manhã" você quer dizer café preto e outro cigarro?

Um riso curto escapa entre os lábios dele. Se bem conheço meu namorado, esse mix de drogas é a única coisa que ele costuma consumir antes das 11 da manhã.

— Não. Quero dizer ir na lanchonete e comer de verdade. Você vomitou as tripas noite passada, tem que repor a energia. — Faço uma careta.

— Mencionar "tripas" não vai abrir o meu apetite.

— Sabe o que vai abrir o seu apetite? — Ele pergunta e prossegue sem esperar resposta. — Ovos e bacon, e depois um prato bem caprichado de Waffles.

Um sorriso escorrega nos meus lábios.

— Tá. Vou tomar um banho e a gente vai.

***

Dez pares de olhos se viram para nós no instante em que pisamos para dentro da cafeteria do campus e não desgrudam durante cada passo que damos rumo ao balcão. O braço de Pedro está apoiado no meu ombro de um jeito descontraído. O atendente de olhos arregalados, gagueja:

— P-p-posso ajudar?

— Um café preto pra mim— Pedro anuncia e então me fita. — O que vai beber, amor?

Amor. Não é doce e meloso, a palavra escapa dos seus lábios como se fosse tão obscena quanto o olhar que recai na minha boca, desejando beijá-la, e ele sorri, completamente ciente da provocação.

— Eu... hã... — Pigarreio, focando os olhos no cardápio grande fixado no alto da parede. — Um Latte gelado com caramelo, por favor.

—E dois pratos de ovos com bacon — meu namorado acrescenta, puxando o dinheiro da carteira: Uma nota de cinquenta dólares para o qual ele não faz questão de receber o troco. Só depois que o barista se afasta para preparar o pedido é que Pedro prossegue: — Hoje vai me contar qual o problema? — Eu o encaro com ar de dúvida. — Ontem você pediu pra não te chamar desse jeito.

Prendo o lábio entre os dentes e meneio a cabeça.

— Eu tava bêbada, sei lá, não estava raciocinando direito. O que aconteceu com "tiete"? — Levanto uma sobrancelha.

— Pensei que você achasse "tiete" irritante.

— E eu acho.

Pedro ri brevemente.

— É melhor desistir de tentar te entender.

Sentamos um de frente para o outro na mesa. Pedro revira o ovo no prato com o garfo, mas não leva a boca, os olhos perdidos em algum lugar além do meu ombro. Sei que ele não está comendo pelo mesmo motivo que não anda dormindo direito — ansiedade.

— Estão falando do Bertrand.

— O quê?

Ele aponta com o queixo. Viro para encarar a televisão, onde um telejornal parece fazer a cobertura de um movimento: uma pequena aglomeração de mulheres estendendo cartazes na porta de um estúdio importante.

— Aparentemente um coletivo feminista está protestando contra o programa do Bertrand na porta da emissora. Querem tirar do ar.

— Meu convite deve ter se perdido no correio — brinco, mas com uma decepção rasgando no fundo da voz.

Sei que se eu aparecesse, a mídia daria um jeito de tornar isso sobre mim e não sobre o problema, é o provável motivo pelo qual eu não fui convidada, mas a sensação ainda é como se houvessem esquecido de me chamar para a minha própria festa de aniversário. Eu comecei isso. Eu denunciei o Bertrand quando ninguém mais teve coragem. Não é sobre mim, mas óbvio que faço parte, que deveria estar lá gritando palavras e erguendo cartazes.

— Não sei se esse é o tipo de coisa para a qual se envia "convite".

— É. — Viro os olhos, remexendo os ovos no prato. — Vai ver eu devia só... aparecer... sei lá.

— Pensei que estivéssemos tentando fugir dos abutres, não o contrário.

Deixo o garfo cair com um estalido.

— Não tô fazendo isso pela atenção dos abutres, Pedro.

— Eu sei. Porra, só não vejo o ponto de você ir pra um lugar cheio de câmeras e repórteres, quando sabe que os abutres vão cair matando.

— Eu não tenho medo de uns abutres. Qual a pior coisa que eles podem fazer? Gritar que eu sou uma golpista? Uma pistoleira atrás de fama? Que eu só me aproximei de você por dinheiro? Porque até aí não tem nada de novo.

— Acha que é mais fácil pra mim, porra? — Sua mão cai pesada na mesa, fazendo um estalo oco. — Que gosto de ouvir tudo que as pessoas tem a dizer sobre a minha namorada? Eu sei que não estão falando a verdade, Julie, mas, porra, podia ser tão mais fácil se você não fosse tão...

Pedro se interrompe, esfregando o cabelo e soltando um suspiro frustrado.

— Se eu não fosse tão...? — exijo saber, mas ele meneia a cabeça. — Fala, Pedro. Se eu não fosse tão... barulhenta? É isso que te incomoda? Queria que eu fosse discreta? Que eu ficasse apenas parada de boca fechada enfeitando suas fotos no tapete vermelho?

— QUERIA QUE NÃO FOSSE TÃO CABEÇA-DURA, PORRA!

O tom de voz dele sobe de um jeito que as cabeças viram em nossa direção, não do jeito que acontece quando duas pessoas famosas entram num lugar, mas como se faz quando alguém grita no meio do restaurante.

É como se uma bomba explodisse dentro de mim.

Levanto da cadeira num rompante. Meu quadril esbarra na mesa, e a xícara de café vira no colo de Pedro. Ele solta um palavrão. Não paro para explicações ou pedidos de desculpa, apenas junto meu orgulho e irrompo porta afora.

— PORRA, JULIE! — Ouço o grito às minhas costas quando já estou na calçada. — NÃO ME DEIXA FALANDO SOZINHO, QUE MERDA! VOCÊ SEMPRE FAZ DE TUDO UMA BRIGA!

Eu me viro de súbito, dando de cara com ele, mais perto do que eu pensei que estaria.

— PORRA VOCÊ, PEDRO! — Enfio o indicador no seu peito, fazendo-o recuar um passo. — VOCÊ DIZ QUE NÃO QUER BRIGAR, MAS FICA AGINDO QUE NEM IDIOTA!

Não faz isso, porra. — Sua voz de repente está baixa e rouca, e ele segura a minha mão, afastando-a do peito num gesto firme.

Solto um grunhido, percebendo que estamos discutindo ridiculamente aos berros, como meus pais costumavam fazer quando ainda tentavam se acertar. Me pergunto se estamos apenas fazendo o mesmo que eles: persistindo num relacionamento já fracassado.

—Não faz isso você. Não grita comigo. — Puxo o braço, me livrando dos seus dedos. Não consigo encará-lo nos olhos.

— Porra, Julie! — Ele esfrega o rosto e o cabelo, então puxa um cigarro do bolso. — Por que você tem que ser tão frustrante?

— Vai dizer que eu comecei essa briga também? — Rio, irônica.

— Foi mal se eu estourei lá na lanchonete, porra. Eu queria poder proteger você de todas as merdas que falam, e do assédio dos abutres, e daquele chefe de cozinha desgraçado, mas não dá, e você não facilita.

Acendendo o isqueiro diante da boca, Pedro puxa um trago.

— Não preciso da sua proteção — falo.

Ele ri brevemente.

— Isso não torna essa merda toda menos frustrante.

Eu suspiro longamente. Ele estende o cigarro, nossa bandeira branca. Armaduras abaixo, eu aceito a oferta. Quando ele me puxa para dentro dos braços, toda a clareza momentânea se esvanece. Quem se importa se estivermos persistindo num erro? Já não estou com raiva dele.

Sua mão direita pousa na minha nuca, entre os fios de cabelo, a outra fica na base da minha coluna. Sua boca procura a minha com a urgência de um pedido de desculpas, me apertando contra o próprio corpo.

Nossas línguas se enlaçam, e nenhum de nós se importa se estamos no meio da rua, em plena luz do dia. Pedro se afasta alguns instantes depois, parecendo lutar contra o próprio desejo.

— É melhor a gente ir logo — diz. — Antes que a polícia apareça e disperse a manifestação.

Eu sorrio não apenas pelo decreto de vitória, mas por perceber que meu namorado está disposto a abrir mão das próprias convicções para fazer algo que é obviamente importante pra mim. Então estendo a minha mão e ele segura, me puxando em direção ao carro.


Antes tarde do que nunca, trouxe mais um capítulo desse casal briguento.


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