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14 - Irina


Quando eu senti que Nikolai iria mesmo seguir adiante e enrolou as minhas pernas na cintura dele, eu congelei. Não porque eu achasse que ele fosse me obrigar, mas porque eu estava perdendo completamente a cabeça. Eu não podia. Ele era o meu algoz. Eu deveria querer distância dele, e não que ele se unisse a mim como se estivesse entrando por baixo da minha pele.

Para a minha surpresa, Nikolai de fato saiu de cima de mim, um pouco desconcertado e não voltou mais. Fiquei no quarto e durante a noite, o efeito da medicação estava passando, por isso, assim que amanheceu, eu desci atrás dos remédios. Acho que esqueceram de me entregar, pois Nikolai falou que pediria que comprassem.

Mas a minha dor passou na hora quando aquela loira infeliz insinuou que eu era a prostituta do Nikolai. Com a minha mão que não estava aleijada por Nikolai, eu não pensei duas vezes antes de sentar a mão naquela mulher! E eu teria dado outra, se Nikolai não tivesse me segurado pela cintura.

— Vai pro inferno, sua cretina! Tá me chamando de prostituta, mas ofereceu os seus serviços! A puta aqui é você!

O rosto dela de quem estava falsamente ofendida me dava ainda mais raiva. Ela levou a mão à bochecha que eu esquentei e olhou para Nikolai, com cara de coitadinha.

— Ni-Niko... Essa louca me bateu! — Ela choramingou e eu apertei os lábios — Você não vê que ela é um animal?

— Deixa eu te mostrar quem é o animal, sua infeliz! — Eu gritei. Olha, eu nunca fui de me meter em brigas, muito menos em conflitos físicos, porém eu não estava conseguindo me controlar naquele momento. Provavelmente por tudo o que eu tinha passado nas últimas quarenta e oito horas.

— Calminha, ruiva — Eu ouvi Nikolai sussurar no meu ouvido e não sei se foi impressão minha, mas eu senti o dedo dele acariciando-me onde ele me segurava — Svetlana, é melhor você ir. Eu vou conversar com Irina.

— Conversar? Ela me bateu! Ela me agrediu, Niko! — Ai, que ódio ouvi-la chamando-o de "Niko" — Eu exijo que ela seja punida!

Svetlana colocou uma mão na cintura e a outra na mesa, com um olhar decidido. Eu ouvi Nikolai suspirando.

— Eu não gosto de pedir duas vezes e você sabe disso.

O rosto de Svetlana se contorceu, mas ela se endireitou e concordou com um aceno curto da cabeça.

— Eu vou cuidar de me arrumar. A que horas você vai passar em casa? — Ela perguntou e levantou a sobrancelha.

— Por volta das oito. Eu te aviso quando for sair — Ele disse, com uma voz que eu diria ser de quem estava irritadiço — Pode ir.

Assim que aquela vaca saiu, Nikolai me colocou no chão e me virou para ele. Havia um certo divertimento no rosto dele. Cretino!

— Brigando por mim, meu amor?

— Por você? Ficou louco? Não! E quer saber? A culpa é sua! Deixou que aquela quenga dos infernos me chamasse de puta, Nikolai!

A mão dele foi para dentro do meu cabelo em um piscar de olhos. 

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