01
Olá, meus amores. Tudo bem? Eis eu aqui com mais uma fanfic. Na verdade, isso aqui deveria ser só uma One Shot, mas o capítulo já estava bem grande e eu decidi dividir em duas partes.
A Nara é uma oc que eu criei pra uma long fic do Hawks que vou postar bem no futuro. Gosto muito da dinâmica que eu criei com eles. E aqui, mesmo que se passe num universo alternativo do anime e até mesmo da fanfic que quero escrever, ainda tem várias coisas que podem vir a ser um spoiler, mas nada que estrague a leitura de vocês.
Nesse primeiro capítulo teremos os flertes e o hot fica no próximo. Espero que gostem. Eu to muito obcecada pelo Hawks e isso aqui foi muito gostoso de escrever.
***
Por mais que fosse uma figura pública, acostumado a estar diante de holofotes e constantemente ter atenção de toda a população do Japão. Estar em um ambiente como aquele, não era nem de longe o seu lugar favorito.
Hawks ainda se perguntava. Em que momento ele havia se deixado ser persuadido por sua melhor amiga e se permitido ser arrastado para uma boate daquelas?
Mal haviam chegado na entrada e ele já estava sendo sufocado por um grupo de fãs histéricas que imploravam por sua atenção e autógrafos. Ele garantiu que elas tivessem suas assinaturas, também lhe forneceu algumas selfies, mas não conseguia dar a elas a atenção que todas queriam. Não que ele não gostasse de suas fãs, amava cada uma delas incondicionalmente, era muito grato por estar onde estava, no topo de sua carreira e sendo considerado um dos homens mais bonitos do país. Ser modelo era um trabalho bem cansativo, mas ele conseguia levar isso muito bem com seu bom humor. Mas isso não queria dizer que ele gostava de estar cem por cento do tempo diante de flashes.
As atendeu rapidamente e depois deixou que Mirko o guiasse por um longo corredor escuro, até alcançarem uma escadaria na lateral que os levava diretamente para a área mais privada do local. Lá em cima ele poderia ter um vislumbre melhor de toda a boate, numa arquitetura moderna, cheia de luzes de led. Tinha um palco na lateral, onde uma banda fazia show ao vivo e no centro, várias pessoas se aglomeravam, dançando e gritando as letras das músicas de forma que ele mal podia compreender qual era o estilo dos músicos.
Mirko se sentou no sofá de estofado vermelho que ficava ao redor de uma mesa, acenando rapidamente para o bartender que atendia aquela área e fazendo o pedido das bebidas para ambos. Hawks não era muito fã de bebidas alcoólicas, ele não gostava da sensação de perder o controle de seu corpo, ou de parecer vulnerável de alguma forma, por isso, sempre que podia, ele evitava. No máximo bebendo algumas taças de champanhe ou vinho, nos eventos em que sua presença era necessária.
— Você poderia ao menos fingir que está gostando de estar aqui. — A bela morena de cabelos brancos se inclinou na direção dele, para falar um pouco mais alto em seu ouvido, devido ao som da música que dominava todo o ambiente.
Hawks torceu uma careta em sua expressão, acenando roboticamente.
— Sabe que não gosto muito de ambientes como esses. — Resmungou um tanto desconfortável.
— Só porque não tem mulheres nuas no palco. — A outra alfinetou.
Contra aquilo ele não tinha argumentos. Era fato de que o modelo número um do Japão, fazia visitas frequentes a boates de stripetease. Primeiro que ele realmente admirava mulheres bonitas e seminuas dançando encima de um palco, segundo, o ambiente não era tão caótico como aquele, terceiro, ele não precisava nem se esforçar em puxar uma conversa muito inteligente com as mulheres do local para conseguir um sexo rápido e sem compromisso. Era isso que o fazia se sentir tão mais à vontade, ninguém ali iria cobrar quem ele realmente era, só queriam poder usufruir um pouco do corpo dele, assim como ele também fazia com elas. Uma troca mútua e justa.
Mas ali o ambiente era mais complexo, ele tinha certeza absoluta de que a maioria das mulheres que estavam presentes naquela noite eram suas fãs. Ele não podia se envolver com uma fã, não queria acabar estragando a visão perfeita que tinham dele. E ele teria de se esforçar absurdamente para não parecer um canalha quando não quisesse ligar para a garota no dia seguinte.
Hawks não era bem o tipo que gostava de repetir uma noite. No auge dos seus vinte e quatro anos, ele nunca havia namorado com ninguém, não sabia o que era estar em um relacionamento sério e muito menos estar na mesma cama com a mesma mulher mais de uma vez. Era isso que o impedia de se prender, de ter de dever satisfação da sua vida para alguém. Odiava o pensamento de relacionamento, porque isso significava que ele estaria preso e sua constante necessidade por liberdade o deixava extremamente nervoso.
As bebidas chegaram, Hawks encarou o copo com líquido vermelho e alguns morangos dentro, arqueando a sobrancelha enquanto encarava sua amiga.
— Sério que pediu isso pra mim? Sabe que eu não gosto de morango.
— Não, eu acho que ele errou...
Antes que Mirko pudesse terminar de falar, uma garota se aproximou da mesa deles, trazendo consigo um copo com um líquido azul, provavelmente a bebida de menta que Hawks era habituado a beber quando se via obrigado a estar em ambientes como aquele.
— Com licença, acho que trocaram nossos pedidos. Isso ai é meu. — Ela apontou para o copo na frente de Hawks.
Foi quase como um gesto impulsivo, o loiro pareceu ter ignorado as palavras que a garota falava, enquanto a media de cima abaixo com seu olhar estreito, aquele mesmo olhar dourado que fazia com que todos o comparasse como um falcão. Ela era pequena, cabelos longos e tão vermelhos que pareciam brilhar diante das luzes de led, seus olhos azuis pareciam um oceano profundo e ela estava trajada num justo vestido preto de mangas longas que valorizava muito bem suas curvas.
Ficou tão hipnotizado pela beleza estonteante dela, que só voltou ao foco quando sentiu um chute em sua canela. Mirko o acertou com força o bastante para que o rapaz se curvasse um pouco pra frente e tentasse esconder a careta de dor.
— Oh... Ah, claro... Foi um engano. — O loiro estendeu o copo pra ela, enquanto pegava o outro em sua mão.
Seus dedos deslizaram um pelo outro e ele sentiu uma sensação de descarga elétrica entre eles, que fez os pelos de sua nuca se arrepiarem. Seu olhar encontrou o dela no mesmo instante, vendo as maçãs de seu rosto tomarem uma coloração mais rosada, enquanto a mesma levava o canudo do copo até seus lábios cobertos pelo batom vermelho.
Pela primeira vez em anos, ele se sentiu um adolescente precoce. Porque sua mente começou a imaginar mil e um cenários onde ele poderia fazer bom proveito daquela boca.
E óbvio que não poderia deixar uma oportunidade como aquela escapar.
— Bom, eu já vou indo. Obrigada e me desculpem por atrapalhá-los.
Ela deu as costas, mas Hawks se levantou rapidamente, dando a volta pela mesa.
— Ei, espera. — Ele a chamou, vendo a garota parar no meio do trajeto e virar a cabeça por sobre o ombro com uma expressão confusa. — Por que não se junta com a gente?
Ele a viu tirar os olhos dele e encarar ao redor, antes de forçar um pequeno sorriso.
— Acho melhor não.
A garota se virou e saiu andando, deixando um Hawks totalmente atônito e estático no mesmo lugar.
Ela tinha acabado de recusar um convite dele?
Desde quando uma mulher recusava estar na presença dele? Aquilo era a primeira vez que acontecia, estava tão chocado com o ocorrido, que cambaleou de volta para seu assento, de forma quase que automática.
— Caramba, vivi para ver Keigo Takami levar um fora. — Mirko deixou uma risada genuina escapar enquanto encarava o melhor amigo.
***
Nara voltou até a mesa onde sua amiga estava lhe esperando, ela se sentou no estofado do sofá ao lado de Nejire Hado, enquanto ainda bebericava seu coquetel de morango. Tentando não pensar no fato de que a ponta de seus dedos que tinham roçado com os do loiro ainda estavam formigando.
— Que sortuda você é, teve o copo de bebida trocado justamente com o Hawks. — A Hado comentou de forma animada, dando pulinhos ao lado dela. — E então, como ele é? Tão bonito de perto quanto nas revistas?
— Um cara normal, como qualquer outro. — A ruiva balançou os ombros, não querendo dar continuidade naquele assunto. Mas não é como se sua melhor amiga fosse lhe permitir isso.
— Ah, qual é. Estamos falando do Hawks, não tem como ele ser um homem normal qualquer, ele não tem o título de cara mais bonito do Japão à toa.
— Acho que o Toya é muito mais bonito que ele.
— Mas o Toya é seu irmão, então não conta. Estamos falando do cara mais gato e de você falando com ele.
Nara deixou seus ombros caírem, ela não estava nem um pouco animada com aquela conversa. Pra começar, que ela nem queria estar naquela boate, mas seu irmão mais velho era o dono dela e aquela era uma noite especial, já que ele estava comemorando os cinco anos que aquele lugar havia sido inaugurado, não seria de bom tom que ela não fosse prestigiar todo o esforço dele, apesar de ainda não tê-lo visto desde que chegou. Acreditava que ele deveria estar bem ocupado, mas ela havia garantido que ele soubesse que ela estaria ali para prestigiá-lo, mesmo que de longe.
Odiava aparecer em público, não era à toa, que desde que Enji Todoroki havia ganhado as eleições como atual presidente do Japão, ou até mesmo um pouco antes disso, que ela evitava ser exposta junto à imagem dele ou de seus irmãos. Assim como Toya, ela não suportava a boa imagem que o pai deles tentava passar, enquanto encobria por baixo dos panos, todos os anos de abusos com os filhos e a própria esposa, que quase ninguém sabia, que estava há dez anos internada em uma clínica psiquiátrica, tudo por causa dele.
Apesar de toda a população do Japão saber quem eram os cinco filhos de Enji, eles ainda se esforçavam bastante em não vincular tanto suas imagens com a do pai. Nara e Toya, sendo os mais velhos, queriam apenas poder ter liberdade em suas vidas, viver normalmente sem serem cobrados de nada. Ou muito menos serem tratados com privilégio por serem filhos do presidente. Eles odiavam holofotes, odiavam ter de conviver com pessoas que não eram de seu círculo pessoal e isso nunca mudaria.
Por mais que Nara tenha reconhecido Hawks de primeira, ela torceu para que o loiro não se lembrasse dela. Apesar de já fazer alguns anos que eles tenham se visto. Quando Enji ainda estava no começo de sua campanha para se tornar presidente, enquanto disputava espaço com Toshinori Yaga, o antigo presidente do país e que era amado por todos, antes de perder seu cargo, por uma doença que o deixou extremamente fragilizado e impossibilitado de continuar governando. O que foi a única brecha que o pai dela conseguiu para assumir o cargo, de forma muito injusta, ela diria.
Hawks por diversas vezes aparecia na Câmara, ele se mostrava um grande fã de política e muito fã de Enji, nem sequer disfarçava o quanto era aficionado pelos ideais do ruivo, sempre destacando vários pontos das palestras dele. Em uma das visitas contra a vontade dela à Câmara, se esbarrou com o loiro nos corredores. Ela sabia quem ele era, mas o mesmo parecia tão aéreo, que mal notou a presença dela, apenas lhe perguntando rapidamente onde ele poderia encontrar Enji. Ela apontou pra sala principal e saiu tão rápido quanto poderia. Hawks era famoso, seu pai era famoso e ela não queria sua imagem vinculada a nenhum deles. Até porque, existiam paparazzis em todos os cantos e eles sempre estavam dispostos a encontrar notícias como aquelas. Como a filha do futuro presidente do Japão, conversando nos corredores da Câmara, com o modelo mais bonito do país.
Só de pensar naquilo a sua cabeça latejava.
Fora que Hawks demonstrava ser muito fã de Enji e ela odiava quem gostava de seu pai. Sabia que nunca poderiam ter nada em comum.
— Será que podemos falar de outra coisa? — Nara quase implorou num tom choroso, enquanto encarava sua amiga de longos cabelos azuis.
— Não vai dar, amiga. Porque o motivo desse assunto está vindo até aqui. — A outra acenou com a cabeça na direção oposta.
Nara virou a cabeça quase que automaticamente, vendo o exato momento em que Hawks alcançava sua mesa. O loiro se aproximou rápido o bastante, para que ela mal se tocasse do que ele estava fazendo, até que o mesmo estivesse sentado ao seu lado, roubando todo seu espaço pessoal, apoiando o cotovelo sobre a mesa, a cabeça na palma da mão e abrindo um largo sorriso de dentes brancos e perfeitos pra ela.
— Boa noite, meninas. Será que eu poderia me juntar a vocês?
Ela estava prestes a dizer que não, mas Nejire se adiantou, enquanto batia o cotovelo nas costelas dela, fazendo a ruiva ficar calada.
— Claro, fique a vontade, Hawks. Mas bom, eu vou pegar outra bebida e procurar pelo meu namorado, volto logo.
Nara tentou impedir a amiga de sair, mas foi impossível. Nejire deslizou para fora do sofá rapidamente e saiu praticamente correndo. E a ruiva sabia que ela não ia voltar, ela daria um jeito de não voltar ali, até perceber que ela estava sozinha novamente. E considerando a expressão despretensiosa do loiro, ela tinha certeza absoluta de que não ia conseguir se livrar tão facilmente dele.
— O que você quer? — Ela nem sequer conseguiu conter o tom áspero, enquanto bebia quase o restante da bebida de seu copo, achando que isso fosse ser o suficiente para conseguir lidar com ele.
***
Hawks estava inquieto, além de não ter tocado em sua bebida, ele também não conseguia tirar os olhos da direção onde a ruiva havia seguido. Inclinou seu corpo pro lado e de longe ele pode ver os longos cabelos vermelhos, numa mesa bem mais afastada da dele.
— Não consegue nem disfarçar quando fica obcecado por algo, não é mesmo? — Mirko comentou de forma desinteressada. Ela conhecia muito bem o loiro, pra saber que ele havia acabado de colocar um objetivo na cabeça.
— Acho que vou falar com ela.
— Você não sabe mesmo levar um fora, não é, Keigo?
— Não é isso. — Ele balbuciou tentando convencer a si mesmo, que ser esnobado pela ruiva não tinha nada a ver com o fato de estar muito interessado nela. — Eu acho que já vi ela em algum lugar. — O que de todo modo não era mentira, ele realmente tinha achado o rosto dela muito familiar.
— Tenho certeza de que deve haver no mínimo umas dez mil ruivas parecidas com ela em todo o país.
— De qualquer forma eu preciso checar. — Ele se levantou, passando a mão pelos fios dourados e rebeldes, ajeitando a camisa preta e caminhando lentamente em direção a mesa dela.
— Em algumas circunstâncias, isso poderia ser considerado assédio, sabia? — Ele ouviu Mirko praticamente gritar em meio ao som da música, mas ignorou totalmente.
Era óbvio que ele não iria assediar ela, nunca havia feito isso com nenhuma mulher. E não seria agora que desceria nesse nível. Ele só estava intrigado, realmente achava que a conhecia de algum lugar e precisava tirar essa dúvida de sua mente. Além do mais, seus dedos ainda estavam formigando desde que havia tocado nela. E não ia descansar enquanto não descobrisse o porquê dela ter atraído tanto a sua atenção.
Não tinha um plano inicial para se aproximar, então foi sagaz e ousado, tomando posse do pequeno espaço que havia ao lado dela no sofá, obrigando a mesma a deslizar um pouco para longe dele. Hawks se sentiu internamente agradecido com a amiga dela de cabelos azuis, que os deixou a sós. Não precisando mais se preocupar em ter que dar atenção para as duas, apenas para tentar desvendar a incógnita que era aquela ruiva.
E apesar dela deixar bem claro que não parecia satisfeita com a presença dele. Não é como se o mesmo tivesse se importado com a rispidez da fala dela. Porque ele estava completamente hipnotizado por aquele par de olhos azuis, que antes ele acreditava lembrar o oceano, mas muito pelo contrário, eles lembraram o céu em um dia ensolarado. Um céu tão claro e brilhante que o atraía como um imã. Ele viu uma sensação de liberdade quase que infinita refletida naquelas íris e isso o deixou completamente desestabilizado.
— Acho que não nos apresentamos.
— Eu sei quem você é. — Ela rebateu na defensiva.
— Com certeza não sabe. — Ele abriu um largo sorriso. — Meu nome é Keigo Takami.
Ele viu a expressão dela tomar um ar de curiosidade e espanto, a vendo arquear uma das sobrancelhas. Não era à toa aquela reação, considerando que ninguém além de seus amigos íntimos ou família sabiam seu nome verdadeiro. Hawks era um nome de artista que ele aderiu para que pudesse manter um pouco de sua vida privada no anonimato.
— Por que está me contando seu nome verdadeiro?
— Me deu vontade. — Ele balançou os ombros de forma despreocupada.
— Sabe que eu poderia muito bem me aproveitar dessa informação, não é?
— Claro que sei. Mas também sei que se a partir de amanhã esse nome começar a circular nos jornais e revistas, foi você quem fez isso.
— Muitas agências pagariam milhões por essa informação. — Ela esboçou um pequeno sorriso, simples, mas o bastante para fazer Keigo sentir seu coração errar umas batidas.
Como poderia ser tão linda? Chegava a ser um pecado uma mulher como ela existir, que tinha um charme tão natural e um olhar que seria capaz de fazê-lo cometer um crime em nome dela.
— Você não parece ser do tipo que se vende por dinheiro.
— Tem razão. — Ela assentiu. — Mas ainda acho bem arriscado você sair contando isso para uma completa estranha.
— Qual seu nome?
— Por que quer saber?
— Para que você deixe de ser uma estranha. — Hawks se ajeitou no sofá, jogando o corpo pra trás e apoiando um dos braços na parte superior, atrás das costas dela, mas sem tocá-la, ele realmente não queria fazê-la se sentir desconfortável.
— Nara. Meu nome é Nara. — Ela respondeu depois de longos segundos, parecendo ponderar sobre aquela pergunta.
— Nara, um nome muito bonito. Combina com você.
Hawks deu um de seus melhores sorrisos pra ela, sabia que aquilo sempre colava. Ela logo estaria caindo no charme dele, mas não foi isso que aconteceu. Ele esperou ver as bochechas dela corarem, assim como tinha acontecido alguns minutos atrás quando ela foi até sua mesa. Mas agora, ela parecia totalmente imune a ele, bebendo sua bebida com morango, como se aquilo fosse mais interessante do que a presença de Hawks.
***
Era a primeira vez em que Nara se sentia agradecida pela sua personalidade ter sido moldada a base de traumas, porque assim ela podia esconder facilmente por trás de sua expressão fria e insensível, o fato de que o loiro estava mexendo mais do que o necessário com ela.
Mesmo que não fosse fã do mesmo, ou sequer se interessasse por homens famosos e bonitos como Keigo, ela ainda não podia negar que ele realmente tinha um charme diferente. Os olhos dourados que lembravam os de uma ave, o sorriso perfeitamente brilhante, os cabelos loiros e rebeldes caindo por sua testa, fora que ele era muito cheiroso. Seu corpo inteiro facilmente lhe trairia se ela não se esforçasse tanto, bebendo o resto da sua bebida e rezando pro álcool fazer algum efeito, mesmo que o teor daquele copo fosse baixíssimo.
— Pra alguém que sai com tantas mulheres, achei que você fosse melhor nos flertes. — Ela queria que aquilo saísse como uma ofensa. Mas quando viu o brilho no olhar dele se intensificar, percebeu que havia soado mais como um desafio.
— Você é minha fã? — Ele perguntou com uma pitada de receio, ela pode perceber que apesar da animação, os ombros dele tencionaram um pouco.
Ele não gostava dos fãs dele?
— Não, com certeza não. — Se adiantou em esclarecer. — Mas sou uma pessoa antenada nas notícias, fora que tenho amigos que são repórteres. Então, querendo ou não, eu sei um pouco sobre a vida de todo mundo nesse país.
— Isso faz de você alguma repórter também? — Ele se inclinou um pouco mais na direção dela e Nara se viu obrigada a deslizar para trás no estofado. Ou sentiria que seu coração poderia sair pela boca a qualquer momento.
— Não, eu prefiro trabalhar mais no anonimato.
— Tipo o que?
— Pintura.
— Hm... Você é uma artista. — Ele pareceu voltar a se animar novamente. — Será que posso ver um de seus quadros um dia?
Nara não era do tipo que se gabava de suas pinturas, na verdade, ela se sentia extremamente insegura em relação aos seus quadros. Ao ponto de que nunca havia criado coragem para expô-los ao público, mesmo que seus amigos e irmãos insistissem em dizer que ela tinha um talento nato pra coisa. Mas ainda não era o bastante, ela ainda achava que tinha muito que evoluir.
E mesmo que não quisesse que Hawks soubesse sobre seu passatempo, ela ainda pegou seu celular dentro de sua bolsa que estava encima da mesa, abriu a galeria e mostrou a ele os últimos quadros que tinha pintado. Eram um dos poucos que ela realmente achava que haviam ficado bons.
O loiro pegou o aparelho da mão dela, deu zoom e repassou a imagem, aos poucos um pequeno sorriso emoldurando seus lábios, antes que ele voltasse a encará-la com aquelas pupilas brilhantes.
— Eles são lindos, Nara. Já pensou em expor?
— Fora de cogitação. — Ela rebateu enquanto arrancava o celular da mão dele e jogava dentro de sua bolsa novamente. — Não são tão bons assim para que as pessoas vejam.
— Claro que são, com certeza eu iria em uma exposição para vê-los.
— Ta falando isso só porque quer me foder. — Ela se viu balbuciando, sentindo seu rosto queimar logo em seguida. Aquilo não era o álcool falando, estava mais para sua sinceridade ácida que ela não conseguia controlar.
— Talvez, mas você ter talento, não tem nada a ver com o fato de que quero transar com você.
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