— Seu trabalho aqui, senhorita, é tão básico quanto o possível. Tire o pó das artes a cada três dias. Atente-se a dieta do Sr. Aquira. — Sr. Samuel me entregou uma lista de horários e refeições a serem preparadas. — Deixe a comida e saia do cômodo. Ele não gosta que o vejam.

— Ele não precisa de nenhum tipo de auxílio? — tentei não franzir o cenho ao perguntar.

— Sr. Aquira não é acamado. Ainda é o maior responsável pelos leilões de artes mais bem-sucedidos do país. Ele se vira bem sozinho, mas não costuma ir atrás das próprias refeições... — Sr. Samuel suspirou, beirando a revirar os olhos. — Como administrador de negócios particular há mais tempo do que aparento, cá entre nós, nosso chefe se tornou um ancião ranzinza de cabeça obsoleta.

— Diante do estresse da doença, é compreensível. Mas... é seguro deixa-lo tão solitário?

— Quando ele precisar de você, minha cara... ele irá chama-la. Por mais que o quarto esteja abafado, nunca abra as cortinas antes do sol se pôr e não tente mudar as coisas.

Apesar de incerta, apenas consenti com a cabeça. Em seu rosto sério, Sr. Samuel acrescentou:

— Seja bem-vinda ao castelo-tijolos-vermelhos, Srta. Amélia.

— Obrigada.