Watchful Eyes
NÃO HÁ PRAZER MAIOR e autoindulgente que a liberdade de largar os afazeres diários e se entregar ao sono rejuvenescedor; é uma verdade igualmente satisfatória quanto tomar água depois de chegar em casa e estar com muita sede. Para o meu corpo humano, delicado e preguiçoso horas de descanso seria muito bem-vindas, além do bônus de ter uma boa companhia pra dividir o espaço e se aconchegar caso o frio venha imperativo reger seus domínios. Dante tinha uma temperatura ideal pra ficar horas relaxantes coladinha nele na temperatura mais gelada e equitativamente agradável para estar junto em um clima mais quente sem suar e derreter como um sorvete fora da geladeira.
A primeira coisa que fizemos quando chegamos na saudosa Devil May Cry fora cair na cama de tanto cansaço — a famosa letargia de viagem. Comparada a Dante que dirigiu a noite toda para que cumprisse com sucesso essa parte do percurso de volta, estava menos exaurida por ter cochilado nesse ínterim, uma das vantagens de namorar um meio-demônio com uma resistência acima da média que o ancorava para eventuais serviço que demandassem um horário menos convencional era justamente ter um respaldo e alguém para zelar pelo seu sono. Naturalmente Dante capotou, parcialmente consciente para me prender no cerco de seus braços — uma ação que voluntariamente agradada. No fim, não é todo mundo que tem o privilégio de poder contar com alguém especial em momentos de aperto — em meio a uma busca de poder onde você é a principal caça. E mais, quem passaria a noite em claro para garantir sua segurança sem cobrar absolutamente nada em troca?
Respirei fundo toda boba e borbulhando em excitação e o espírito renovado, pensando na sorte que tinha.
Não esperava que Trish e Lady estivessem perambulando pela agência, elas respondiam as próprias missões e, assim como Dante, estabeleciam suas agendas — mais organizado que o meio-demônio — sem um depender inteiramente do outro pra concluir a tarefa. Claro que, como Trish ocasionalmente cooperava com Dante, os contatos dele acabariam nas mãos dele enquanto ele estivesse fora. O bom desse arranjo era desfrutar da paz e da folga para fazermos o que quisermos, optando pela longa e recompensadora soneca.
Assim que renovei as forças, escapei do mestiço e me encaminhei para a visão desastrosa do escritório. Esqueci que a bagunça dali refletia a negligência do dono, um apelo claro ao desleixo e a pouca vontade dele de viver em um ambiente insalubre. Minha mãe costumava dizer que o caos externo se conecta com o interno, então se um está composto de desordem o outro vai ser espelhado. Não acreditava muito nessas coisas, mas quando se para meditar a respeito percebe que faz muito sentido.
Dante parece mesmo alguém que sofre de um tumulto desorganizado.
Talvez tudo que carecesse para afugentar a tensão e os pensamentos conflitantes que pipocaram era focar meus esforços em uma atividade que ocupasse meu tempo e energia: o único que veio com uma dose certa de auto persuasão fora justamente a faxina.
Devil May Cry é um típico lar de um homem solteiro e despreocupado. Era tanta bagunça e sujeira que chegava a despertar repulsa em qualquer um que entrar por aquela porta. Não entendia como ele conseguia viver tranquilamente assim, sem se incomodar com o decadente cenário a sua volta.
Agora que ficaria nesse mundo por período indeterminado, poderia arrumar tudo e por as coisas em ordem. E ajudaria na maneira do possível no convívio com Dante. Peguei tudo que podia me auxiliar nessa luta, desde baldes e esfregões a pequenas flanelas e produtos de limpeza que achei ao vasculhar as entranhas do escritório — e não ironicamente todos em perfeito estado e cheios como se nunca tivessem sido retirados da embalagem original. Arregacei as mangas e peguei a vassoura e comecei a varrer cada canto encoberto por uma densa camada de terra e sujeiras, uma quantidade estupidamente generosa. Recolhi as caixas de pizza e os engradados de refrigerante espalhados e até escondidos. Apenas com esses lixos deu para encher dois sacos — grandes. Esfreguei o assoalho que passava de marrom escuro para um mais claro e limpo. Abaixo da mesa principal havia uma poça de sundae seco e grudento, no qual tive muito trabalho para remover do piso. Bati a poeira para fora do sofá. Com os golpes, e por uns a breves minutos, parecia que estava espancado alguém com tamanha vontade. Limpei a mesa gasta e cheia de lascas, arranhões e marcas de garras e também pegadas.
— Precisa de uma reforma, ou um conserto.
Notei algo estranho em cima dela, que não tinha visto antes. Na mesa, quase passando despercebido um bilhete:
"Você se esqueceu"
Escrito com uma caligrafia impecável no pequeno papel vermelho claro. Peguei o pingente que se encontrava junto com a mensagem, apertando-o delicadamente entre meus dedos. Tateei involuntariamente meu pescoço a procura de algo que só agora sentia falta. Era meu cordão da sorte que sempre carregava comigo desde quando Lyana me presenteou com ele no meu aniversario. Mas como veio parar aqui? E ele estava comigo antes de vir parar nesse mundo? Quem deixou isso aqui? Valia mesmo a pena encher minha cabeça com perguntas sem resposta?
Coloquei o pingente com o formato Yang — o princípio da luz e do céu. O de Lyana que era uma pulseira em formato Yin, a escuridão e a terra. Não há razões suficientes para ficar paranoica, certo?
Continuei meus afazeres.
Deixei o jukebox por ultimo tendo cuidado para não danificá-lo ainda mais depois de receber os golpes literais de Dante em suas manobras pouco calibradas para colocar o aparelho pra funcionar — a visível marca registrada da impaciência e a falta de tato dela para lidar com isso. Ele já estava todo arruinado e o que mais chamava atenção eram os amassados por causa de chutes ou por socos. Era um verdadeiro milagre que ainda funcione apesar do grande estrago. Insistentemente apertei o botão "on", demorou a ligar — quase tive a ponto de imitar Dante e dar um soco ou um chute para ver se pegava no tranco. Será que precisa dar corda? —, mas a espera valeu a pena, pois a música desconhecida com teor metal soou por todo escritório, dando agitação e euforia. O som me deixou mais empolgação para continuar a tortuosa limpeza. Em meio ao som frenético, ousei dar uma de cantora e balancei com o ritmo. Com um espanador retirei os resíduos dos lugares mais altos e para facilitar usei a cadeira para me dar apoio. Algumas vezes tentava cantar junto à música, usando o espanador como microfone.
— O que está fazendo? — o tom da voz era carregado de divertimento. Dante me encarava com as sobrancelhas erguidas e os braços cruzados, havia um meio sorriso estampado em seu rosto.
— Ah, dando uma limpeza — respondi constrangida por ter sido flagrada no ato. Mesmo que não tenha sido nada grave, ainda era muito embaraçoso.
— Ou um espetáculo — Dante olhou em volta como se estivesse reconhecendo um lugar totalmente diferente. Após a sutil inspeção, ele calmamente pegou o telefone e discou. Continuei meu trabalho, só que em silêncio dessa vez.
— Pediu uma pizza? — deduzi, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Na verdade duas — estiquei meus braços para tirar o monstrinho de pó do ventilador. Senti a forte presença de Dante atrás de mim.
— Não vai continuar o show? — havia um misto de deboche e lascívia em seu tom, e seu olhar penetrante evidenciou suas intenções. — Agora você tem um espectador que está muito interessado na apresentação. Não seria nada legal da sua parte se negasse esse favor a um fã, não acha?
— Sinto muito tirar o prazer de me ver cantando, mas não quero pagar mais mico do que já paguei. — ri, bastante confortável com o flerte e o duplo sentido que ele deixava tão claro.
— Que pena, adoraria ter um showzinho particular.
Para minha sorte as pizzas não demoraram a chegar. Com a desculpa que ia pagar por elas no fim do mês, Dante pegou as duas caixas e depositou na mesa. O entregador sem alternativa apenas deu meia volta e saiu sem o pagamento com uma expressão de resignada aceitação. Para quem não comece Dante, da impressão de ser mal e ameaçador — aparentemente isso se deve a sua aura demoníaca que causa essa reação instintiva nas pessoas. E por isso que ninguém tem coragem de cobrá-lo. No entanto, o modo de vida desleixado e seu jeito boa vibe para quem o conhece a fundo não são nem de longe assustadores. Eu sei bem do que estou falando, afinal mesmo tendo a ficha da minha atual realidade, Dante não deixa de ser um personagem de jogo muito conhecido no meu mundo. Pegando a cadeira e a pondo em seu lugar, ele se sentou praticamente se jogando sobre ela. Então tirou uma fatia de pizza, degustando-a em seguida. A cara de puro deleite ao saborear e sugar o queijo bem derretido despertou uma curiosidade estranha em mim que acendeu uma chama de constrangimento em meu âmago. O homem consegue a proeza de ser sexy sem nem notar, somente agindo normalmente.
— Está servida, doçura? — ofereceu e instintivamente mirei o decote na camisa preta dele, imaginando do que ele falava: a pizza ou o que meus olhos atrevidos capturaram. — Para onde está olhando, querida? — a melodiosa risada dele me arrancou do transe.
— Deixe aí, depois eu como. — me atrapalhei um pouco com os itens de limpeza. — Tenho que terminar a limpeza. A propósito, você quem deveria fazer isso, sabia? É a sua agência. — coloquei as mãos na cintura, batendo o pé em sinal de protesto.
— Tenho coisas mais importantes para fazer com meu tempo livre que limpar — rebateu pronto para pegar a segunda fatia.
— Como o que?
— Hm — chiou dando uma generosa mordida — Caçar demônios, resolver problemas relacionados a eles, comer, dormir, te seduzir... Trabalhos que alguém tem que fazer, sendo eu o mais indicado.
— Seu trabalho não é me seduzir, e sim me proteger. — corei.
— Eu tomo isso como um bônus. Um adicional para meus serviços.
Meio desconcertada e agitada, subi as escadas para os quartos me preparando psicologicamente para o que iria me deparar. Uma das primeiras coisas que iria abolir eram os pôsteres de mal gosto com mulheres quase nuas e em posições comprometedoras. Sendo agora uma moradora da DMC e namorada de Dante... Meu coração acelerou com a menção, não contive o sorriso de se desenhar em meus lábios.
Chacoalhei a cabeça e me enchi de determinação para limpar cada um dos cômodos, chegando no quarto que compartilhava com Dante: organizei a bagunça colocando tudo em seu devido lugar, joguei fora o grande número de embalagens e outros tipos de sujeira.
Encarei um dos pôsteres na parede com uma careta, avaliando a imagem reproduzida com detalhes muito sugestivos.
— Fala sério, que estranho ter que dormir com esse monte de besteira. — dei uma risada. — Qual é, eu posso ficar bem vestida como elas também. — estufei o peito para fazê-lo parecer maior do que realmente era visualmente. Distraída na minha auto avaliação, não me dei conta de ser observada até um par de braços serpentearem minha cintura por trás.
— Achei que estava limpando. — Dante comentou, subindo as mãozinhas ociosas até meus seios quase que medindo-os de uma forma bastante voluptuosa. — E você ficava reclamando deles e pra mim tem um bom tamanho. — ele riu abrindo alguns botões da minha camisa, beijando minha bochecha e me deixando toda desorientada.
— Aí! Não fica me seduzindo! — acusei. — Olha, posso tirar esses pôsteres.
Dante arqueou uma das sobrancelhas, roçando o polegar pelo queixo em reflexão.
— Fique a vontade. — disse por fim, como se não o incomodasse em nenhum nível.
— Sério?
— Sim.
Dado o aval, retirei todas e coloquei em uma sala vazia que coloquei como depósito. Expulsei Dante do quarto antes de cometer atos que me fariam desejar nunca ter pausado — me abanei aturdida por ter começado a ter ideias tortas com ele. Em termos de relacionamento, ele não seria o primeiro namorado que tive, talvez, no máximo, o único que tenho consciência de amar de verdade e não ser uma emoção de uma garota deslumbrada. De repente, minha mente ameaçou vagar por terrenos sombrios da auto crítica.
Respirei fundo.
Abri o armário e deparei-me com varias roupas a maioria de vermelho — que não chega a ser impressionante, pois a pessoa em questão é Dante —, mas havia roupas normais, de civis. Nunca imaginaria Dante usando algo assim. Terminando minha tarefa, desci as escadas e encontrei Dante falando ao telefone:
— É aqui mesmo, — respondeu inalterado e mordiscou a pequena fatia pizza deixando um rastro de queijo derretido — mas como não estou me sentindo animado e sua proposta não me interessou... — suponho que ele deva estar conversando com um cliente. E pela sua atitude estava prestes a dispensar. Rapidamente tomei o telefone de suas mãos antes que chegasse a terminar a frase.
— Ele está brincando! Claro que aceita! — Dante ergueu uma sobrancelha, intrigado. Ele estava pedindo através daqueles gestos uma explicação.
— Então está marcado, senhorita. Como já expliquei para o rapaz — o homem expôs claramente nervoso — Venha hoje ao Love Planet às dez em ponto.
— Pode deixar — desliguei. Encarei Dante incisivamente: — Não fique dispensando trabalho! Lembre-se que tem que precisa trabalhar para pagar suas dívidas e manter essa espelunca.
— Vai dar uma de babá agora, doçura? Eu tenho planos muito melhores para você. — replicou tão gracioso quanto atrevido.
— Nem pensar, vou te botar na linha. Mesmo que signifique te obrigar a ir à labuta. — disse com ar desbravador.
Dante suspirou, aproveitei e sentei em seu colo.
— Conhece um lugar chamado Love Planet?
— É próximo daqui.
— Perfeito, assim podemos...
— Como assim "podemos"? Não tem nós — Dante cortou. — Você fica.
— Por quê?
— Por que meus trabalhos não são da sua conta. Seja uma boa menina e me espere aqui.
— Desde quando você virou meu chefe? — finquei as unhas no casaco dele, aborrecida. — Eu sou uma menina grande, sei me defender.
— Primeiro cuidado com meu casaco — Dante tirou delicadamente minhas mãos do tecido — Em segundo; minha casa, meu trabalho, minhas regras. E não quero que se envolva.
— Não quero ficar sozinha aqui enquanto você se diverte chutando traseiro de demônios arruaceiros! Vai Dante! Sempre quis ver uma missão sua bem de pertinho. Se quiser prometo me comportar. Por favor! — supliquei.
— E o que te faz pensar que pode me convencer?
— Poder de persuasão? — disse incerta, esperando que minha tática desse certo. — Pense que não seria seguro que eu fique aqui desamparada, totalmente a mercê de criaturas malvadas. As possibilidades de que esteja a salvo com você é cem por cento.
— Essa não seria a primeira vez. Por acaso adquiriu medo de ficar sozinha ou não consegue mais ficar sem mim?
— Neh, lógico que não! Agora tudo é diferente, antes não sabia do que era capaz e nem que existem seres que cobiçam minhas habilidades. — enterrei a cara no peito dele. — Eu não vou abandonar a ideia, você sabe que posso ser teimosa, não é?
Ficamos nos encarando, Dante sabia muito bem que não desistiria tão facilmente da ideia, e anunciou com tom cheio de divertimento resignado:
— Certo, eu te levo.
— Ah, obrigada!
— O que não faço para te agradar. — deu de ombros. — Espero ser recompensado por isso.
As ruas à noite eram iluminadas por umas variedades de luzes com cores diferentes e fluorescentes. Havia bastante pessoas caminhando, aproveitando o relaxante ar noturno, ou em frente a boates, bares e outros estabelecimentos normalmente abertos nesse horário.
"Love Planet"
O nome em neon rosa elétrico quase gritava por atenção. Era difícil não reparar em algo tão ridiculamente chamativo. Pelo nome do lugar já tinha uma plena ideia de que seja. Estava familiarizada com o ambiente. Essa não seria a primeira vez que frequentava um Pub. Porém todas às vezes eram com Lyana, e mesmo não me sentindo a vontade nesses lugares eu ia como a amiga sensata que zelava pela outra. No fim da noite, eu cuidava com que Lyana não passasse da conta ou a ajudasse com qualquer eventual problema. Isso quando tinha que levá-la para casa, pois ela não tinha condições de tão bêbada. Sorte que os pais dela estão viajando pela Europa a trabalho — por isso nunca cheguei a conhecê-los. Por dentro, o clube estava cheio de fumaça de gelo seco levemente adocicado, formando um estratégico nevoeiro. Luzes estroboscópicas coloridas piscavam em um ritmo frenético e refletiam-se na pista de dança em meio a corpos que balançavam ao som da música eletrônica que tocava. Não havia nada de anormal para ter uma missão justamente ali. Dante caminhou cheio de confiança, descontração e sensualidade que somente ele conseguia emanar — ele é um homem quente —, por entre a multidão que de bom grado abriam passagem. Eu o segui com cuidado para não me perder em meio a tantas pessoas. Paramos no balcão do bar.
A energia e animação se derramavam pelo ar, e era revigorante.
— Fique aqui e tente não se meter em problemas na minha ausência, ou faça quando estiver por perto para salvar sua pele — Dante comandou, sua voz elevada para que pudesse ouvir perfeitamente através do som alto. Não protestei, uma vez que não estava em condições de negar nada a ele. O fato de ter permitido que fosse nessa missão junto com ele fora o suficiente. Sem contar que não sabia absolutamente nada sobre ela, então não poderia ajudar por hora. E eu não queria ficar no entre essas pessoas. Dante saiu enquanto permaneci sentada frente ao balcão observando tudo que acontecia.
— Deseja alguma coisa, senhorita? — o jovem garçom perguntou, um sorriso sugestivo dançava em seu rosto.
— Um refrigerante, talvez.
— Trago em um instante.
O garçom depositou a latinha em minha frente e retirou-se.
Beberiquei o refri, atenta a cada movimento das pessoas na pista.
— Que porre! — resmunguei aborrecida, tamborilando os dedos no balcão.
— Senhorita? — o garçom me chamou.
— Sim?
Ele depositou um copo de um conteúdo desconhecido para mim. Pisquei confusa, lançando um olhar interrogativo a ele.
— Uma mulher pagou essa bebida para senhorita — informou.
— Mulher? Que mulher?
— Aquela ali... — virei abruptamente, encarando a mesa vazia que ele apontava — Ela estava ali agora a pouco...
— Como ela era?
— Não dava para ver direito. Mas ela disse que vai estar de olhos atentos em você... É um pouco estranho — deixei de prestar atenção enquanto o garçom tagarelava sem parar.
Mordi o lábio inferior nervosa.
Será que a tal mulher era a mesma que me encontrei no museu? Ela era o alvo? Se fora ela quem pagou essa bebida não terá colocado algo? E como sabia que estaria aqui? Estaria me seguindo? E isso de estar sempre de olho em mim o que significa exatamente?
Estou realmente ficando preocupada.
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