The One Who Lurks in the Shadows
ENTORPECIDA, ESTIQUEI MEUS braços para ativar as partes inoperantes e sair da tentadora bolha de preguiça que se incorporou em cada célula do meu corpo programado ao modo economia de energia. Me remexi procurando com urgência o calor de Dante, arrastando a mão pelo colchão com o perfume dele impregnado nos tecidos lisos dos lençóis, quase que uma necessidade vital. Me adaptei tão rapidamente a rotina dele e sua política de horários de sono aleatórios que nem me frustrou a ausência. Virei-me para meu lugar, desde a primeira vez que dividimos a cama o lado direito se tornou meu espaço e o esquerdo o dele e as vezes revezando, para retornar ao mundo onírico de fantasias bobinhas e flores com composição açucarada — sorrio esperançosa com a nova projeção arquitetada pela minha imaginação fértil.
Abracei o travesseiro com força, reforçando o instinto de agarre que sempre tive e que se transferiu a Dante, e bocejei tremendo com as pernas largadas. Uma lâmpada se acendeu em minha cabeça iluminando o bom senso ao me dar conta que estava literalmente tinha desmoronado no sofá na noite passada felizmente com uma boa companhia que me resguardou. Precisava ter mais pausas regulares para desfrutar de mais momentos com Trish, ela me forneceu muito mais que um dia de compras — uma atitude solícita muito gentil. Ou ela ou Dante devem ter me levado para o quarto para dormir mais confortavelmente.
Sob a nevoada preguiça e resistindo a vontade inesgotável de mais sono, alcancei o livro pra estudar um pouco pra compensar o dia de ressaca que passei. Notei, estranhamente, que havia uma fita amarrada em meu dedo indicador, parecia a mesma que estava na rosa. Deveria ser obra de Dante, obviamente. Sorri e reli passagens e reproduzi algumas tarefas mais simples que não demandavam anta força ou muito foco, alguns registros mencionavam coisas sobre a Arya e deduzi que seria uma espécie de livros de instruções escolhidas e catalogadas a dedo por Alexander para me auxiliar na compreensão dos meus poderes.
Em meio a leitura, comecei a conjecturar sobre como Alexander sabia sobre mim, o que ele fazia antes e... Como ele morreu. Aparentemente tinha um bocado de anos, talvez mais do que minha própria idade. Havia uns mistérios a serem desvendados nessa loucura toda, talvez o que sei naquele momento não cobriria nem 20% do esquema maior e isso comprometeria uma parte das coisas. Terminado os estudos, o que levou cerca de três horas — um período razoável —, decidi que já estava mais do que na hora de sair da cama.
Da ressaca estava mais que curada, minha cabeça não doía e nem meu corpo pesava. A aventura completamente mundana restaurou minha saúde e meu bom humor para ter dias mais divertidos sem precisar ruminar toda a paranoia que cerca Ace. Apesar de não ser particularmente adepta a despender de tempo para gastar dinheiro, inclusive a essa altura Dante já saberia da nova conta e precisava arranjar meios para pagar também, tinha sido uma rara ocasião para desbravar ainda que minimamente a personalidade de Trish. De súbito, lembrei novamente da minha família e como estariam.
Com um sonoro suspiro, chacoalhei a cabeça afastando pensamentos que considerei desnecessário e que poderiam me deixar de péssimo humor. Segui caminho até o escritório. Trish estava sentada no sofá lendo uma revista de moda com uma mulher loira na capa, e Dante encarava atentamente um anel.
— Deu gosto para anéis, Dante? — brinquei, fazendo com que ele parasse de olhar o pequeno objeto e se voltasse para mim.
— Hmm — ele estendeu a mão e mostrou por cima dela como seria se tivesse colocado — não ficaria bom em mim?
— Definitivamente não, Dante. — disse em um misto de zombaria e sinceridade. — Você não é do tipo de usar justamente anéis e mesmo se usasse, se desgastariam com o seu manejo.
— Que pena, pensei que combinava comigo. — fingiu desapontamento. Dante jogou o anel e pegou em pleno voo, então se levantou e veio em minha direção. No começo fiquei confusa, principalmente vendo o sorriso matreiro que ele esboçava a cada passo. Lentamente ele passou a mão pelo meu braço esquerdo, e involuntariamente me arrepiei com o contato. Um branco de completo esquecimento invadiu minha mente, não sabia o que fazer, sentir ou reagir. Como se naquele momento só existisse nós dois, nada além. O sangue subiu para todo meu rosto, causando a queimação no qual já estava familiarizada. Seu sorriso se alargou vendo o efeito que causara em mim. Meu coração bateu descompassado, e minha respiração travou na garganta. Dante sabia muito bem o ponto certo onde me atingir para que ficasse a sua mercê.
— Mas sei em quem ficaria melhor — ele pegou meu braço, estendeu minha mão e calmamente escorregou o anel pelo meu dedo. Entrei em choque, de um jeito bom. Estava tendo problemas para respirar. Desconcertada, examinei o pequeno e delicado anel dourado com uma pedrinha branca — transparente — e duas vermelhas que ficavam em cada lado respectivamente. Não esperei nem um segundo para me jogar em seus braços. As incontroláveis lágrimas escorriam pelo meu rosto, enquanto seus braços fortes serpenteavam minha cintura e mantinham-me de pé quando estes perderam estabilidade. Era tantas emoções intensas e fervorosas juntas que me confundiu.
Capaz até de tirar o chão.
Era tão prazeroso estar ali, e como sempre deveria ser. Estava em casa, o lugar em que pertencia. Nem sequer me dei conta que não estávamos sozinhos, mas isso não importava. Absolutamente nada.
O rubor tornou-se mais evidente assim que senti quase que imediatamente nossas mente se conectando. Ainda não me acostumarei totalmente com força da ligação que tínhamos, era forte para negá-la e firme demais para recuar ou protestar. Ergui meu rosto para perto do dele, ficando na ponta dos pés. Ele se inclinou, facilitando meu trabalho. Meus lábios se uniram aos dele e senti o gosto salgado das minhas lágrimas através do beijo. As mãos dele tatearam minhas costas a procura de pele. Aproveitou para enrolar o tecido da minha camisa deixando-a curta suficiente para que suas mãos quentes deslizassem pelas minhas costas, traçando delicadamente as linhas da minha coluna.
— Vocês mulheres são tão sensíveis — gracejou, afastando-me gentilmente para pudéssemos trocar olhares. — Mas se essa é recompensa por te dar um presente, acho que devo te presentear mais vezes. Bem que dizem que mulheres gostam de joias.
— Não é da joia que foi importante, nem o valor monetário da peça. — pressionei devotamente a mão contra o peito e a livre sobre ela, um gesto para transmitir validade em cada sentença. — O valor é emocional... Eu vou guardá-lo! Será meu tesouro!
— Que bom que g... — me agarrei a Dante.
— Obrigada. Você sabe ser gentil quando quer. — provoque.
— Que cruel, doçura. Eu sou sempre gentil. — sorriu, erguendo as sobrancelhas.
— Oh, claro que é. — ele deu um leve aperto no meu traseiro.
Acabei rindo mais.
— Afinal o que você quer com tudo isso? Exceto que queira se casar comigo, não vejo uma razão pra isso.
— Não sou exatamente um bom partido pra casar, doçura.
— Pra mim é, mas o que foi? — insisti, mirando-o curiosa.
— Já que quer tanto saber o motivo — segurou delicadamente meu rosto e encostou os lábios próximos de minha orelha. Estreitei os olhos, desconfiada e ligeiramente constrangida. — Seu corpo — sussurrou simplesmente, seus lábios formaram uma fina linha com o sorriso pretensioso crescendo sutilmente. A maneira presunçosa como o azul cintilaram em seus olhos denunciou sua farsa.
— Mesmo? Vai ter que tentar mais, viu? — foi minha vez de jogar, me empolgando com a nova dinâmica.
— Está soando como um desafio... Está realmente me desafiando, doçura?
— Sim, um desafio pro grande e lendário Dante. — disse com convicção.
Ele se aproximou perigosamente até nossos narizes se tocarem.
— Sua teimosia faz o prazer do desafio ser muito maior. Você sabe que adoro desafios.
O telefone tocou tirando-nos da nossa discussão. Dante pegou com agilidade inumana.
— Devil May Cry — anunciou, monótono e sem tirar os olhos de mim. — Ah. Você? Espero que tenha serviços que deem lucro. Certo então, eu passo aí.
Dante desligou e pegou o casaco.
— Quem era? — perguntei curiosa.
— Um informante, parece que tenho uma nova missão.
— E o Morrison?
— Ele vai passar uma semanas fora da cidade e um conhecido dele está cuidando temporariamente dos trabalhos. — esclareceu.
— Você não parece estar satisfeito com isso... — conclui vendo sua expressão meio tediosa, ajeitei minha roupa. — Posso ir com você?
— Faça o que achar melhor, embora seja desnecessário.
— Vou considerar um convite. — dei de ombros. — Hm, onde está Trish?
Estava tão distraída que nem me liguei que Trish havia saído, talvez ela quisesse nos deixar à vontade. Isso me lembrou dos lingeries que ela comprou para mim para compensar Dante pelos gastos absurdos da nossa tarde. Essa atitude sorrateira dela implicaria em uma oportunidade para ver se eles — me incluindo — cumpriram o objetivo. Meu rosto ardeu, pulsando levemente.
— Melhor irmos.
— As damas primeiro — fez uma reverência, não soube ao certo se era de cortesia ou de puro escárnio.
De qualquer forma, passei por ele tranquilamente.
— Antes que me esqueça adoraria ver suas novas lingeries — Dante piscou, seu sorriso cheio de malícia deixou-me sem jeito e ligeiramente desconcertada. — Estou ansioso para ver minha surpresa.
Como diabos ele sabia?
Ah, sim!
Trish!
Chegamos a uma lanchonete. Na verdade não esperava que o ponto de encontro fosse um lugar tão público e... Normal. Tive certeza que iríamos a algum bar ou outro local tão ou mais discreto e obscuro. No entanto, era bom que fosse a uma lanchonete para variar e dar um tempo nesses; secretamente-obsoletos-e-sinistros-ponto-de-encontro. Dante seguiu para uma mesa e eu fui atrás, que ironicamente pareceu que era um cachorrinho que estava no encalço do dono. Conclui que esse fora o pensamento mais estranho e ridículo que tivera até agora. Sentamos em uma mesa na varanda, e conosco um homem alto, de cabelos escuros e bigode e cavanhaque do mesmo tom, suas roupas eram comuns para uma pessoa que aparentava ter a idade dele. A meu ver ele aparentava na casa dos cinquenta anos.
Dante e sentou distraído com a cadeira de costas para mesa, seu braço descansando sobre a mesa. A garçonete trouxe um enorme sundae de morango, depositando frente a Dante. Como se alguma maneira era soubesse o que ele pediria, aludindo passagens anteriores pelo local. Então precisamente significa que essa não seria a primeira vez que estivera aqui. Ele mexeu com a fina colher uma pequena porção da sobremesa.
— Howard, espero que seja que seja um bom trabalho. Estou seriamente pensando em chutar seu traseiro por ter atrapalhado meus planos. — Dante ralhou, dando um sorriso travesso.
— Sei bem que tipos de planos, Dante. — o tal Howard pousou os olhos em mim, estudando meu rosto. — Quem é a gracinha?
— Diva. — disse rapidamente, educadamente estendendo a mão, balançando-a em sincronia com a dele.
— Diva? — ele sorriu gentilmente e bebericou o chá.
— Não se empolga, Howard, que tem coisas que na sua idade que já não dá mais conta. Deixe isso para pessoas jovens como eu, que tem disposição para tudo. — zombou, dando uma colherada no sundae.
— Ela é nova parceira ou alguma das suas aventuras?
Aventuras?
Olhei para Dante, fitando-o seriamente.
— Nem uma coisa nem outra. Agora vamos cortar o papo furado e tratar de negócios. — roubei um morango do sundae ganhando um olhar de reprovação de Dante.
— Impaciente como sempre.
— Não tenho tanto tempo a perder quanto você, um velho aproveitador. — pegou um pocky cheio de creme que estava entre os morangos e levou a boca.
— Quem você chamou de velho aproveitador? — Howard indagou. Era evidente que era uma pergunta retórica. — Bem, aqui está.
Howard entregou uma ficha para Dante, eu a peguei antes que Dante tivesse a chance de colocar as mãos e a folheei cuidadosamente. Havia muitas informações específicas, certamente a pessoa que fez esse relatório teve todo trabalho bem feito e minucioso. Sem contar que também, um longo tempo pesquisando. Mas não parecia o trabalho para Dante — considerando que ele não fazia tarefas de detetive. Estamos falando de uma quase investigação criminal. Aqueles eram dados sobre uma onda de assassinatos em outra cidade, sendo mulheres jovens as vítimas em potencial.
— Howard, eu tenho cara de policial? Ou será que a velha memória não é mais a mesma?
— Muito pelo contrário, é ó trabalho perfeito para você. — rebateu seguro, tirou um cigarro do bolso e o acendeu. Dante torceu levemente o nariz, mas disfarçou muito bem — de forma quase imperceptível. Uma das coisas que sabia sobre Dante era que ele abominava cigarros. Pelo fato de conhecê-lo e poder sentir o mesmo que ele identificava exatamente cada uma das suas reações. Embora tente me confundir às vezes.
Ele ignorou indiferente.
— Aparentemente é mais um caso policial que do ramo de Dante. — pronunciei, ainda atenta as informações contidas naquele relatório.
— Sim, realmente. Mas segundo minhas fontes muito confiáveis, os assassinatos tem uma espécie de ciclo.
— De cinco em cinco anos — sussurrei inerte.
— E não é só isso, as vítimas tinham os órgãos roubados e estranhamente não há sinais de luta nos corpos.
— Isso não é bem um detalhe relevante, ainda não vejo diferença.
— Bem, algumas pessoas acreditam que é obra de um demônio.
— Mas não significa que realmente são. — Dante disse com desinteresse.
— Você decide, de qualquer maneira seria bom ver de perto. — Howard deu a Dante uma fotografia, pelo que pude ver era de um homem.
Um frio percorreu minha espinha. Mau sinal. Senti que algo ruim estava para acontecer. Howard se retirou nos deixando sós e com uma ponta de curiosidade.
— Pretende ir?
— Acho não tenho coisa melhor para fazer do meu tempo, mas se quiser cooperar.
— Quem sabe? — retruquei, apoiando a cabeça nos braços.
— Parece que vamos nos divertir. E muito.
Partimos em silêncio, não havia muito que conversarmos e Dante assim como eu não fazia questão nenhuma de puxar assunto. Somente aproveitamos a companhia um do outro. As ruas estavam cheias com tumulto cotidiano e muito natural, pessoas indo e vindo mais ou tão apressadas que nós, carros e os recorrentes congestionamentos. Um dia comum. Entretanto inexplicavelmente sentia como se estivesse sendo seguida e observada através de pontos desconhecidos que minha limitada visão me permitia ver. Apertei meus passos para ficar mais próxima possível de Dante, para dessa forma sentir-me segura com sua mera proximidade.
O céu não estava azul, mas borroso e opaco. O ar pesado e abafado. As sensações ruins me tomaram, e meu coração se apertou duramente no peito. Percebi com uma angústia crescente, que no outro lado da rua que havia uma figura encapuzada virada em nossa direção — em minha direção. Era óbvio que não é uma simples coincidência. Em pânico recuei alguns passos ainda com os olhos fixos naquela pessoa. Algo em minha mente gritava para correr até não poder mais, no entanto, fugir não é e nem nunca será uma opção. Desorientada, fiquei imóvel pelo que pareceu uma eternidade antes de Dante tocar meu ombro, assim me despertando do transe. Recompus-me e olhei novamente para onde a misteriosa figura deveria estar, mas nem sinal dela.
Como se já não bastasse tantos problemas ainda tenho que lidar com um perseguidor — é correto afirmar que seria perseguidora. Respirei fundo, endireitando meu corpo, e em seguida, encarei Dante, envergonhada. Forcei um sorriso, na tentativa de deixá-lo menos preocupado. Chegamos à loja, Dante se sentou na cadeira e ainda com a ficha em mãos, ele ponderou sobre a proposta. Fora um alívio que não tivesse tocado no assunto sobre o que ocorrerá antes. Eu realmente não estava afim de comentar sobre isso, e tampouco queria pensar.
— Você vai fazer?
— Hmm, ainda não pensei. Mas esse trabalho não me interessou muito.
— Deveria, pelo que vejo é muito serio.
— Deixe esse tipo de trabalho para polícia.
— E se for obra de demônios? Seria bom ir e verificar.
— Pelo visto você não vai me deixar em paz. — constatou deixando um longo suspiro escapar. — Vamos então.
— Vamos? Quer dizer que eu posso ir com você?
— É isso que você quer, não é?
— Sim, muito obrigada, Dante. — agradecia empolgada.
Grande parte do trajeto fizemos a pé, mas não chegou a ser tão longe quanto pensei. E isso era bom. Chegamos à estação quase as três da tarde, o que também era bom... O ruim era as pessoas que caminhavam pelas plataformas estavam apressadas demais para serem educadas. O local estava apinhado de gente, e eu odiava ficar em multidões. Contudo não incomodou Dante e muito menos fez com que parasse de percorrer tranquilamente pela área. Ele parecia se divertir com minha falta de senso motor, que fazia com que parecesse que estava bêbada. Um pouco irritada — já tendo a sensação de estar arrependida —, simplesmente continuei andando pela aglomeração.
Seria um lugar perfeito para se camuflar; tipo Assassin’s Creed.
Os primeiros vagões estavam vazios. Não seria difícil encontrar um lugar vago.
Depois de encontramos nossos assentos, o trem partiu.
Fiquei com a cabeça encostada no vidro da janela do trem. Minha testa comprimida na frieza do vidro. Olhei para a paisagem que parecia manchas coloridas, devido à velocidade. Dante estava deitado no assento a minha frente, usando os braços como apoio. Seus olhos estavam fechados e sua respiração suave, mas não mostrava estar verdadeiramente dormindo. Entediada soprei na vidraça e desenhei um rostinho feliz nele. Permaneci calada contemplando as casinhas que passaram num lampejo. Por um minuto pensei que seria como uma excursão.
— Sabe, seria interessante que tornássemos essa missão divertida. — comecei esperando alguma resposta de Dante.
Ele, por sua vez, abriu um olho, interessado no rumo da conversa.
— O que teria em mente, doçura?
— Podemos fazer uma aposta.
— Que tipo de aposta?
— Faremos assim, quem descobrir primeiro o mistério por trás desses assassinatos ganha.
— Fácil demais, mas precisamos por algo em jogo.
— Claro, o vencedor pode pedir o que quiser e o perdedor não pode recusar. — sorri segura. — Qualquer coisa, sem exceções.
— Hmm, qualquer coisa? — ele coçou o queixo, sorrindo maliciosamente. — Agora esta ficando cada vez melhor.
— Se eu ganhar quero que primeiro me deixe participar de todas as suas missões e um bônus. E fazer uma coisa que eu sempre quis fazer...
— É mesmo? O que seria?
— Isso eu não posso falar — dei um sorriso inocente.
— Está bem, e o que eu quero também não posso revelar. Mas agora... — um forte barulho tirou nossa concentração. Ele se arrastou por cima dos vagões. O som semelhante a uma moto passando por uma superfície metálica. — Parece que temos companhia. Acho que a pessoa deve ter perdido o horário de embarque.
Seria uma boa oportunidade para testar o que tinha estudado.
— Seria melhor eu ver, posso-me teletransportar para lá. Confie em mim para fazer isso. — pedi, encarando Dante com olhos exigentes.
— Vai lá doçura, estarei esperando aqui.
Sorrindo, concentrei-me e teletransportei para o lado de fora.
— Finalmente podemos falar cara a cara. — a mulher disse, a ansiedade tremia em sua voz. — Estava um pouco tedioso ficar só te seguindo.
E lá estava, a mesma mulher que encontrará no museu e tinha suspeita que seria também minha perseguidora. Ela estava debruçada preguiçosamente sob uma moto, apertando o guidom fazendo-o roncar.
Ela pretendia jogar a moto em cima de mim?
Forcei meus pés a manter a estabilidade.
— Quem é você?
— Eu? — ela apontou para si mesma, era claro que estava brincando com toda a situação — Eu apenas sou uma mera espectadora, Diva. Estou curiosa pra ver o quanto cresceu. — por um breve momento a maneira delicada que dissera meu apelido despertou velhas emoções em mim. De algum jeito, eu a conhecia. A moto deu um ronco ainda mais alto quando veio para cima de mim, mas desviei antes que pudesse me tocar. Tive um rápido vislumbre de algo em seu braço.
Uma pulseira familiar. Muito familiar.
Deus, que não seja quem estou pensando.
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