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The Last Hope


It's just a spark
É só uma faísca
But it's enough to keep me going
Mas é o suficiente para que eu continue
And when it's dark out
E quando está escuro
No one's around, it keeps glowing
E não há mais ninguém, ela continua brilhando.
[...]
And the salt in my wounds
E o sal em minhas feridas
Isn't burning any more than it used to
Não está queimando mais do que sempre queimou
It's not that I don't feel the pain
Não é que eu não sinta a dor
It's just I'm not afraid of hurting anymore
Mas simplesmente não tenho mais medo de me machucar
And the blood in these veins
E o sangue nessas veias
Isn't pumping any less than it ever has
Não está pulsando menos do que sempre pulsou
And that's the hope I have
E essa é a minha esperança
The only thing that I know is keeping me alive, alive
A única coisa que sei que me mantém viva

Last Hope — Paramore

 O CÉU SE CONTORCEU num redemoinho de cores escuras, a escuridão derramando-se continuamente até que nenhum outro vestígio de luz ousasse atravessar. O vermelho sangue encobriu como se os pesadelos viessem à tona divergindo com as nuvens negras, incluindo tonalidades mais fracas de azul escuro e cinza. Todas se uniam em irmandade para apagar os rastros de que um dia houve sol. Dante voltou sua atenção para ver as mudanças no ambiente: o ar carregado de poder infando que tinha o tornado pesado suficiente para dar a impressão de estarem presos e sufocados, o vento trazia rajadas fortes e frias que jogavam folhas e pequenas pedras como se tivessem tentando afugenta-los. Não somente isso, havia uma presença que aparentemente não tinha preocupação de manter-se incógnita e sua clara atitude de arrogância deixava a entender seu desdém por eles. Os fios ruivos tremeluziram sob o brilho escarlate exatamente como no dia em que se conheceram há quase um ano. Muito havia mudado entre aquele período e as circunstâncias atuais; Strider ostentava um sorriso desdenhoso como se tivesse um trunfo na manga, uma vantagem que Dante não seria capaz de reverter a seu favor.

— Que déjà vou, não é? — ele tocou o olho que já não faltava devido ao ferimento ocasionado por Diva. — Claro que dessa vez você é que não está sorrindo. Era só uma questão de tempo.

— Você — Dante arqueou uma das sobrancelhas. — Será que gente como você nunca aprende? Olha, não estou aqui pra ficar jogando com você.

O ar se esfriou e a fina camada de gelo se cimentou no chão em resposta a fúria contida de Strider.

— Ei, você tem um nome, não é?

— Hã? Que pergunta estúpida, claro que tenho um nome. — o ruivo retrucou sem entender onde o filho de Sparda queria levar o assunto. — Mas você não precisa saber, afinal não viverá muito de qualquer forma.

— Eu preciso de um nome pra pôr na sua lápide, não tem problema, posso colocar “cara do cabelo de água de salsicha”.

Strider cerrou a mandíbula e atacou.

— Você tem muita coragem pra alguém na sua posição.

Dante deu de ombros com um sorriso travesso.

— Não quero perder muito tempo — correu na direção do ruivo que se preparou para a emboscada. No entanto, nada aconteceu, o meio-demônio escapuliu com a destreza de um astuto e escorregadio felino e passou por ele como uma brisa sutil. — E estou levando isso como lembrança. Deveria agradecer, dei um bom corte no seu cabelo.

Sorrindo, Dante mostrou o punhado de cabelo vermelho que tirou sem Strider sequer sentir.

— Você cortou meu cabelo? Vai se arrepender por isso.

— Deixo ele pra vocês, senhoritas — Dante acenou para Lady, Trish e Ana que tomaram a dianteira. — Boa sorte, parceiro. Você vai precisar.

Strider fitou Trish, reconhecendo-a.

— Pra, se não é a senhora dos raios.

— Vão atrás do Dante. Nós cuidamos desse aqui — Lady assegurou, confiante.

— Claro, vocês vieram resgatar a garota, certo?

— Você sabe onde ela está? — questionou Lyana, seu corpo projetando-se para atacar caso fosse preciso pra arrancar informações.

— Sim, — ele apontou para o caminho atrás de si, seu sorriso alargando em visível pretensão. — estão vendo essa entrada? Ela levará direto o caminho para onde a garota está, mas existem algumas coisinhas que precisam saber: Primeiros - vocês têm somente duas horas para passar e impedir o ritual, Segundo - para conseguirem passar vocês terão que me matar.

— Olha, estava ficando cansada de ficar andando e não ter nenhuma ação. — Ana exclamou, encarando a mulher-demônio com inquebrável vontade de lutar. — Se para abrir caminho tenha que te matar, por mim tudo bem.

— Vai ser bem mais interessante assim — indicou Trish, Lady e Ana com uma expressão de sadismo e um sorriso travesso estampado em suas delicadas feições. — podem passar se me derrotarem.

— Bem, então faremos nossa parte — Lady sorriu, rapidamente sacando suas pistolas.

— Uma luta de garotas, huh? — Trish expôs, jogando discretamente o cabelo loiro.

Dante não fazia o gênero que agradecia cordialmente por qualquer ajuda dada, mas também nunca agiria de maneira ingrata diante de uma situação assim. A única coisa que teria que fazer agora era é interromper o ritual antes que a alma de Diva seja terrivelmente extraída para fins que não poderia, em hipótese alguma, permitir.

O meio-demônio seguiu juntamente com Nero, Lyana, Eryna e Maya para o portal que ficava a poucos metros frente a eles. Sem perder tempo, Eryna e Maya metamorfosearam-se para infiltrar-se mais agilmente no local. As duas linces correram abrindo seu caminho através de um percurso complexo carregado de uma energia estranha sendo seguidos pelos outros, suas patas deram impulso forte suficiente para alcançar velocidades inimagináveis que nem mesmo o animal mais veloz do mundo poderia. Dante sorriu e aumentou a velocidade exercida pelos pés com a taxa de adrenalina no pico, Nero fez o mesmo com Lyana logo atrás um pouco irritada pela espécie de competição existente justo naquele momento. Ela questionou-se se aquilo teria fundamento ou era só para inflar egos, pois geralmente os homens tinham atitudes competitivas e brincavam com esse jogo. De uma coisa, ela estava convicta, homens são complicados e especialmente meio-demônios.

Eles detiveram-se ante uma entrada em ruínas.

Milhares de feixes de luzes, indo e voltando e vindo de pontos que nem sabiam explicar surgiam como um bloqueio para o grupo, talvez um retardo para ganhar tempo. Eles cortavam em diferentes direções, direita e esquerda ou ângulos diagonais que possivelmente estavam dificultando, consideravelmente, suas passagens. Teriam que ser mais rápidos, sagazes e certeiros para conseguirem escapar inteiros das mortais armadilhas de luzes ofuscantes e de aparições repentinas. Cada um concluiu sua árdua tarefa: como animais maleáveis as duas bruxas tiveram êxito em saltos precisos, Dante foi o que menos se preocupou em ter tanto trabalho para desviar, mas elegantemente e de uma forma insinuante escapou ileso, Nero foi mais impetuoso e ainda muito atento, por fim graças a suas habilidades fora do comum e flexibilidade incríveis Lyana conseguiu facilmente passar. Chegando a um determinado trajeto, depararam com uma luminosidade inócua acima de suas cabeças. Entreolharam-se tomados por uma inimaginável e poderosa força de vontade e correram para um extenso corredor.

Strider  encarou as três mulheres, procurando identificar qual delas mataria primeiro. Ela cogitou terminar com todas de uma vez, mas havia passado tanto tempo entediado que uma oportunidade assim não deve ser desperdiçada. Lady sacou Kalina Ann diretamente e sem hesitar para o homem que riu da primeira investida ousada, um disparo barulhento da arma e Strider esquivou. Trish aproveitou os segundos de diferença antes que Strider pudesse interceptar, sequer dando tempo para conter o ataque, porém para surpresa geral, Strider não somente escapou quanto preparou para atacar Lady e Trish. Ágil e indiferente, Ana colocou-se entre elas e com um chute na mão da homem, em seguida, forçou-o para longe.

— Bem, divertido. — vangloriou-se mostrando uma mecha de cabelo recém cortado de Ana visivelmente gabando-se da sua superioridade na questão de rapidez, fazendo a jovem sentir-se invadida e a atiçou. Se ela queria jogar de verdade, então daria o que tanto queria – diversão.

Respectivamente as duas mulheres se colocaram em posição defensiva, os olhos prenderam-se em cada movimentação surpresa ou divergente. Trish traçou um plano mental simples e de grande potencial, como a adversária queria lutar com as três então seria eficaz suficiente para terminar com tamanha bobagem. Seria arriscado se desse errado, contudo essa palavra nunca se acrescentaria a seu vocabulário.

— Lady, use novamente Kalina Ann e eu vou pra cima dele.

Lady assentiu.

A caçadora repetiu o ataque, atirando novamente com a sua arma principal enquanto Trish posicionava esperando o momento oportuno, este não tardou a surgir. Strider saltou graciosamente e ficando numa distância segura e Trish emergiu gatuna em meio a fumaça da primeira investida. O ruivo quase fora atingido por um soco monstruosamente forte vindo da loira, mas se lançou para trás no exato instante que Ana acertou-lhe um chute que o jogou longe. Demorou mais de que gostaria para recuperar o ar, Strider sentiu-se irritado e ainda assim agradado.

Encarou as três mulheres, sorrindo.

— Venham, tirem o que puder de mim. Veremos quem vai morrer aqui, meninas — desafiou, sua aura borbulhou cheia de fúria.

×××

Diva

O ETÉREO MUNDO de memórias se desfiava em partículas suspensas no ar criando um fenômeno prismático multicolorido que se assemelhavam a estrelas no céu noturno. Elas dançavam ao redor me acompanhando no limbo onde todos os sentidos primordiais oscilavam e tudo que podia fazer em um curto instante era lamentar por tudo que me trouxe até aquele abismo que, lenta e seguramente, iria ser engolidos pelas trevas opressoras que imperava ali.

E se nada disso for real?

Toquei meu peito dolorido, contando os batimentos cardíacos e expirando e inspirando para encontrar em mim, no meio do vazio, uma verdade, algo real para me agarrar.

Não quero ficar sozinha no escuro... Dante, me salve...

Ergui meu braço buscando alguém que jamais veria novamente enquanto a escuridão me tragava por completo.

Sinto muito, não sou tão forte assim.

Me encolhi em um último recurso pra me proteger mesmo sabendo que seria um esforço inútil e que nada e nem ninguém me tiraria dali.

Eu te amo, Dante.

A luz azul se infiltrou através das rachaduras resplandecendo na superfície das águas cristalinas em um efeito místico — como se todo lugar se embebesse de uma energia quase celestial. Com ondulações quebravam a trama com a agitação do corpo que se movia, rompendo o fluxo cintilante. Parecia algo saído de algum conto onde o fantástico representava a beleza em ruínas das antigas civilizações. Um dia, esse lugar, foi palco de rituais gloriosos e a comunhão de um povo que já não habitava mais a Terra. Não lembrava quando e como tinha parado ali, tudo soava como fragmentos de um sonho confuso que me recusava a acordar.

Uma mão tocou a minha, apertando-a. O gesto foi o suficiente para romper o transe na qual me encontrava. Isso tudo foi um delírio?

Balancei a cabeça, tentando lutar contra as primeiras contrações dolorosas que infligiam meus músculos. Estava fraca e a garganta seca como se tivesse gritado por um longo período, forçando-a até o limite. Havia pontos distintos de dores lancinantes e, que se não fossem por elas, acreditaria estar morta. Justamente isso que passara em minha mente abarrotada de pensamentos confusos e a exaustão sem precedentes quando recobrei a consciência. Por uma razão que não recordava naquele momento, presumia que de, forma nenhuma, era para ainda estar viva. Queria realmente lembrar o que tinha feito para acabar numa situação tão lamentável e a beira de ser um involuntário sacrifício, as evidências eram claras demais.

O que?

Em movimentos lentos e limitados, visualizei melhor o cenário ao meu redor. Para minha frustração absoluta, minha visão estava turva e tudo que via somente pareciam borrões sem forma ou vultos estranhos. Pisquei contínuas vezes numa tentativa desesperada de recuperar a visão, pois nada é mais apavorante que um dos sentidos mais importantes falharem justo numa hora imprescindível. Digamos que não sou a criatura dotada da mais alta sorte do mundo. As imagens ganharam foco e nitidez conforme prosseguia com o exercício, respectivamente fechando e abrindo os olhos. Assim que concretizei meu objetivo, analisei minuciosamente os detalhes que considerava relevantes para uma dedução mais aprofundada de onde estava exatamente. Estava em uma espécie de cenote como os usados por Maias para realizações de rituais.

Aguçando a audição, dando som as imagens, vi um círculo de pessoas vestidas de túnicas com símbolos estranhos que cantavam em um coro furioso sem parar em um ritmo regrado demais para um simples surto. A medida que a música ficava mais clara e o objetiva, entendi trechos específicos como “eis o sacrifício” e “venha a nós escura noite”. Olhei para o céu transtornada ao perceber que ele se rasgava como um tecido que se descosturava pela tensão e deixando ranhuras tão perturbadoras que nenhum ser humano seria capaz de imaginar.

As luzes outrora azuis se tingiram de uma variação carmesim e percebi que as pessoas do círculos sumiam. Eles eram sacrifícios?

Invocação?

A sensação de esmagamento me atingiu com tanta violência que pensei que me asfixiaria desesperada.

Tentei mexer os braços e me dei conta que estava presos rente ao meu corpo posicionado de modo que me imobilizaria completamente e uma corrente que anexava ao de outra pessoa. Franzi o cenho ao reparar as roupas que vestia: um vestido curto quase transparente de tecido suave, algumas partes do meu corpo cobertas por uma camada de peças de ouro moldadas e cheio de pequenos desenhos o pior era que mostrava demais para meu gosto. Sentia-me praticamente nua e não ajudou em nada o fato de estar presa e Ace acima de mim, olhando-me na margem sem uma expressão legível, tornava tudo ainda mais desagradável.

O Santo Graal fincado poucos metros de distância na plataforma e no meio do círculo com emblemas impregnados de sangue, o meu sangue — disso eu sabia. A espada emitia um brilho quente e que aumentava consideravelmente. Um soluço escapou por entre meus lábios, alertando o meu carrasco da retomada da minha consciência. Outros queriam romper a barreira, mas mordi os lábios impedindo-os. Depois do que pareceu uma eternidade, puxei desajeitadamente o ar para meus pulmões que queimavam como se respirasse debaixo de água. Meus membros esgotados clamaram por descanso, eles protestavam por permanecerem tanto tempo numa posição tão desconfortável. Na verdade, os menos elaborados movimentos produziam dores devastadores. Estive um longo e incômodo tempo com a cabeça ligeiramente inclinada para vislumbrar tudo, dirigindo o olhar pelo espaço.

Espasmos atingiam meu peito, bruscamente tossindo sem parar. Aquela ação surtia efeitos doloridos. Fracamente mexi meus dedos dormentes das mãos, embora o sangue ainda não circulasse adequadamente, ao menos, conseguia mantê-lo ativos para que não congelassem devido à brisa fria e acabar dificultando o fluxo de sangue consequentemente perdendo a sensibilidade. Minhas pernas parecem ter adquirido uma súbita fraqueza.

A noite parecia ter caído em meio a um céu vermelho e com deformações, nuvens rodavam em espirais em resposta a anomalia. Abruptamente mãos geladas pegaram rudemente meu rosto, obrigando-me a encarar o dono. Aquele gesto ativou uma dor vertiginosa nos músculos faciais, quis me afastar, mas em resposta recebi um aperto mais forte.

— Bem na hora. — murmurou exultante, fixando seu olhar pretensioso ao meu vulnerável.

— Onde...? — não conseguia articular corretamente as palavras, tampouco falar uma frase apropriadamente.

— Está? — Ace completou, virando-se. — Aqui é o santuário. Você deve lembrar dele, foi aqui que você apareceu. Por séculos esse lugar serviu como um reduto para convocar magias tão antigas quanto o próprio mundo. — ele ignorou a água enquanto se deslocava com um sorriso. — Eu tinha pedido a Nilin invocá-la para um território do meu domínio para que pudesse te ter sob minha influência, mas você acabou despertando antes do que previ e caiu justamente aqui. Em um lugar do passado.

Me debati incomoda.

— Então, Diva Lockhard, eu busquei você não somente pelos seus poderes. Eu precisava do seu sangue e da sua alma como uma descendente direta da deusa. E, para tal, durante todo tempo estive coletando seu sangue pra alimentar o círculo — explicou mostrando um recipiente redondo com sangue e o quebrando, misturando com a água. Aquele pesadelo não era um delírio da minha mente fértil, tinha acontecido só que não fui capaz de discernir a respeito.

— Eu... — balbuciei procurando algo coerente para expressar minha contrariedade, porém mal coordenava minha língua que parecia presa.

— Está vendo aquilo? — indicou os rasgos no céu. — É uma passagem clandestina da Dimensão Prisão, existe algo lá que precisa sair e pra isso preciso de duas peças fundamentais: a sacerdotisa e o sangue da deusa.

Ace me fez notar quem estava do meu lado, selada a mim.

— Nilin... Não.

— Não se preocupe, Diva. Vocês poderão se encontrar em breve. — Ace sussurrou enquanto acariciava o rosto de Nilin. — Sacrifícios precisam ser feitos para um bem maior. Esse mundo sujo precisa renascer em algo novo, os humanos serão varridos como os parasitas que são e os demônios irão sumir como sempre deveria ter sido. O mal que assola esse planeta se originou deles.

— Esse era o seu plano? — balbuciei.

— Você já fez sua escolha e, apesar da minha generosa proposta, recusou-se, então partimos para algo, digamos, realmente produtivo. — informou audacioso, transparecendo sua satisfação. — Espero que não se importe. Claro que dentro de alguns minutos tudo mundano que tanto lhe preocupa deixará de existir.

— Não... Não machuque ela — ouvi Nilin murmurar sôfrega lutando contra o controle que a restringia. — Ela está grávida.

Ace recuou com a revelação.

— Por favor, você pode parar isso... Por favor.

— Isso não pode ser... — Ace me agarrou pelo ombro e rasgou uma parte do vestido que usava como se estivesse checando algo. — Azoth... Então... Ela é...

Antes que Ace pudesse atuar sobre a descoberta, uma lâmina atravessou seu peito espirrando sangue em toda parte.

— Você não vai parar agora, não depois de todo esse tempo plantando a semente, garoto. — Amon entoou com frieza. — Sabia que você, em algum momento, recuaria. Mas não estou aqui pra ver um teatro, estou aqui pra ver resultados.

Ace caiu nas águas maculando-as com sangue.

— Eu terei que dar prosseguimento ao ritual, se me permitem.

Gritei.

— Fica tranquila, princesa. Não doerá tanto se relaxar. — Amon afagou minha bochecha. — Quando a alma de vocês se liberarem será o momento da verdade.

A dor monstruosa avivou no peito, repuxando sem piedade minha fonte de energia. Era como se garras afiadas e dilacerantes penetrassem impiedosamente meu tórax, abrindo caminho e procurando o poder escondido. Ela rasgava, rompia, feria e comprimia terrivelmente. Todas as dores que sofria me fez compreender a real gravidade do problema, aquilo foi a última gota. As primeiras lágrimas escorregaram pelas minhas bochechas, os soluços que outrora contive saiam sem parar e descontroladamente e meu corpo tremeu. Eu havia falhado pateticamente: com as pessoas inocentes que confiaram em mim, minha família, meus amigos, Alexander, comigo mesma e... Dante. Nunca me perdoaria por tal incompetência. Afinal, não estava preparada para grandiosas responsabilidades. Mexi meus braços querendo mais mobilidade para escapar da tortura.

No entremeio entre o caótico pandemônio de chamas e sofrimento e a resistência que me mantinha sã, me veio a mente a música. A Canção do Herói... Ela não me chamou como Nilin acreditava, mas resgatou memórias escondidas no mais fundo da minha mente e alma. Se a música era mesmo para clamar pelo herói, só existiu um para quem eu cantaria. Superando meu próprio discernimento, com a garganta seca, comecei a cantar baixinho.

— Cara Diva, pra você eu tenho um tratamento especial —das águas emergiram filamentos que se colaram a minha pele desnuda, rasgando pra obter uma passagem, invadindo, violando.

Uma força invisível pressionou dilacerando meu interior, ela espalhou-se por terminações nervosas. Em alguns segundos, meus ouvidos foram preenchidos com os sons dos meus próprios gritos de agonia. Tantos estímulos dolorosos deixaram-me de percepção confusa e enlouquecida. O pânico palpitante entorpeceu meus sentidos, concentrada apenas em como sair do pesadelo. Eu fazia esforço para lembrar daquilo que me acalma e quebrava coisas ruins que me ladeavam como névoa grossa e escura, afundando-me. A angústia cegando-me e a dor crescendo ligeiramente. Estava plenamente ciente que meu fim era esse.

Amon preparou-se para avançar, pronto para perfurar meu coração com um punhal dourado. Num último ato, fechei os olhos, crente de que não seria a imagem de Amon me apunhalando que levaria para o mundo dos mortos. Pensei em tudo que vivi nessa dimensão, principalmente lembrando de Dante.

Ah, como queria ter tido mais tempo com ele, ter lhe dito mais vezes que o amava mais que qualquer coisa no mundo. Poder beijá-lo novamente ou apreciar os significativos momentos que estive ao lado dele. Desejava ardentemente abraçá-lo, embora soubesse que seria impossível eu queira me iludir antes do final. Estou prestes a ter minha vida ceifada e é tudo que me resta fazer.

— Adeus, Ivy Valentine. Você será o pilar de um novo mundo. — esperei a dor e tudo que senti fora um jato quente cair em meu rosto, também um ruído do que pareceram tiros e grunhido indignado e possesso. Relutante abri vagarosamente meus olhos, que logo se encontraram com um Amon colérico segurando a mão lesionada encharcada em sangue. O punhal se perdeu no fundo daquelas águas. A princípio não entendi o que acontecia, mas agradeci mentalmente a quem adiou minha morte.

— Desculpe atrapalhar a recepção, mas estava ficando meio sem graça... E não posso deixar toda diversão para você, amigo. E eu tenho uma regra essencial: não mexa com a minha garota, a não ser que queira me ver muito bravo. — a voz familiar e sarcástica pronunciou. — Eu vou te ensinar uma lição que você nunca vai esquecer.

Amon sorriu.

— Então, doçura, depois de tanto tempo estou aqui para salvar sua pele novamente. Dessa vez vou garantir que nada vai te afastar de mim.

Doçura?

Só uma pessoa me chama dessa maneira. Incrédula e aturdida, foquei-me no local onde Amon tanto encarava.

Analisei a imagem, meus olhos marejavam enquanto algumas lágrimas brotaram e desfocaram minha visão. Diferente de antes, meu desespero para ver era mil vezes maior, pois queria ter certeza do que estava vislumbrando — se tudo é real ou fruto da minha imaginação. Meu coração disparou descompassado e tudo que sustentei guardado, permiti que escapassem. Não soube ao certo o motivo de chorar, mas minha alegria desmedida passou de qualquer limite imposto. Essa é centelha que permaneceu viva... A minha ultima esperança?

Dante? — sussurrei em transe.

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