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Survivor Soul: Alexander

REPRODUZINDO O NOSSO primeiro encontro, Alexander com ar de nobreza e senso de dignidade estendeu a mão para mim. Em contrapartida a minha reação da época, aceitei de bom grado a recepção e a segurei com delicadeza temendo que ele desaparecesse diante de meus olhos como aconteceu tantas vezes antes. Lembro que, por ser um espírito, ele não possuía massa tangível para ser tocado, exceto se ele se concentrasse o bastante para se materializar temporariamente, e quando, por hábito, tentava me ajudar, acabava o atravessando. Meus dedos encontraram a maciez da carne, a suavidade da tez e o calor de um ser que ainda vive — como se pertencesse novamente ao mundo dos vivos.

Depois de me certificar que se tratava dele, em carne e ossos, e não uma representação fantasmagórica que me acompanha como um guardião, me lancei em seus braços em um abraço desajeitado cheio de uma miríade de emoções que vinham em ondas turbulentas e que, paulatinamente, se mitigavam até cessar e se converter em um único sentimento tão poderoso quanto simbólico: a saudade.

O encaixe foi tão perfeito que era como se os braços dele fossem feitos para caber minha explosão emotiva em um gesto.

A interminável busca, por fim, teve sua conclusão.

Ao nos separar, meu olhar conflituoso e comovido se cruzou com os dele cheio de confiança e serenidade, experimentei uma apoteótica liberação: era como se tivesse sido preparada há anos para essa ocasião. De alguma forma, bem no mais profundo do meu ser era por isso que esperava — em toda minha vida. Finalmente saber tudo que é imprescindível, sem perder tempo com hesitações.

Estava tão feliz que mal podia respirar. Uma parte do meu cérebro parecia ter se desligado completamente e não coordenava as ações usuais dentre elas a respiração, afirmaria com convicção que estupidamente me esquecera de como fazer para puxar o ar e depois soltá-lo — inspirar e expirar, respectivamente. A circunstância deixaria qualquer pessoa sã atordoada em meu lugar, não somente por estar diante de um homem indiscutivelmente bonito demais: os cabelos loiros que se assemelhavam a ouro derretido balançando suavemente, olhos brilhantes num incomum tom de púrpura, sua pele impecável quanto porcelana e sem dúvida mais bonito quanto àqueles atores de séries adolescentes que geralmente são muito mais velhos que o personagem que interpretam. E também por saber de toda verdade, aquilo que mudará minha vida e o modo como vivi.

A revelação que desvendara meu destino.

Meus passos ecoaram por todo extenso salão e como um estalo, novamente joguei-me nos braços de Alexander usufruindo de cada segundo com alguém que considerava um grande amigo e pilar. O calor que o forte aperto juntamente com o contato direto evidenciou ainda mais a realidade e a fisicalidade do meu mentor: Não devia ser possível que estando consciente e — precisamente — no estado máximo de alerta possa sentir Alexander, considerando que ele não está vivo. Não estamos no mundo dos sonhos e tampouco em transe. Embora minha mente tentasse arduamente encontrar uma resposta coerente e apropriada para essa questão que não tinha o mínimo sentido, não conseguia absorver adequadamente as informações. Eu as processava lentamente e com todo esforço, nada compreensível.

— Isso não tem como...

Afastei-me dos braços do meu mentor com visível confusão, minhas mãos trêmulas tocaram o rosto dele sentindo melhor a textura natural de um ser vivo. Continuei traçando as formas de sua pele, analisando minuciosamente todos os simples relevos e demarcando mentalmente as diferenças de como ele era nos meus sonhos de como o via na realidade. A beleza sobrenatural dele permanecia intacta e sua aura também, um pouco mais esplendorosa do que recordava. Quando meus polegares massagearam delicadamente suas bochechas, um sutil rubor as cobriu. Alexander esboçou um sorriso quase tímido, mas para alguém como ele a timidez não combinava nem um pouco.

— Por que está tremendo? — a voz gentil disfarçando um riso pronunciou. Somente quando ele comentou, percebi que meu corpo tremia com a agitação incontrolável. — Não esta com medo de mim, ou está?

— Medo? Não, só estou muito emocionada. Estamos enfim reunidos e por uma razão que desconheço tenho a sensação de que em toda minha vida... Foi para isso que me preparei — admiti estonteada.

— Dá pra dizer que foi isso precisamente — acarinhou minha cabeça. — Nossas auras entraram em ressonância como parte da Irmandade. É parte do sentido comum dos nossos antepassados. — explicou pacientemente. — E sei que ficou muito confusa por me ver vivo; e sim, eu estou morto. Mas eu adquiri algumas horas "de vida" para completar minha missão.

— Missão? — repeti meio absorta.

— Sim. — os olhos púrpuras me encararam fixamente com  solenidade. — Por anos, desde que entendi o que era, busquei pelo conhecimento obsessivamente. Não desejava reconhecimento nem nada parecido... Eu queria compreender o que era e a minha real função. A verdade é que não existe nada disso, nosso único propósito é viver o máximo de cada dia. Demorei pra perceber e foi um pouco tarde demais.

Ouvi atenta as divagações dele.

— Eu passei mais de dez anos escrevendo uma história cujo final nunca descobri — balançou ligeiramente a cabeça. — Então eu me dei conta... Precisava revelar a você a herança dos nossos antepassados, sobretudo, o que precisa ser feito.

— O que precisa ser feito? — repeti atônita. — O que isso significa?

— Quer ir até o fim?

Apertei os punhos, determinada.

— É claro. Você me deve uma longa explicação, sabia?

— Venha — Alexander pegou minha mão e guiou-me para uma passagem escura.

— Para onde esta me levando?

— Chegou a hora da sua Ascensão.

— Ascensão? Para que?

— No caminho eu te explicarei.

Após de atravessarmos a abertura, chegamos a uma longa escadaria que descia em espiral sumindo totalmente na escuridão abaixo de nossos pés. Nunca iria me acostumar a estar em locais no qual a terrível penumbra predominava, já que minhas experiências com ela foram as piores possíveis. Alexander criou uma lamparina com energia e a luz que emanava dela fora suficiente para visualizar os degraus. No entanto, sentia que não poderia confiar plenamente em meus olhos através da fraca luminosidade, relutante e cautelosa segui atrás de Alexander na cansativa descida. O silêncio que se instalara era relaxante, e nenhum de nos quis quebrá-lo. Os únicos sons audíveis eram de suas respirações ritmadas e nossos pés batendo pesadamente no chão predregoso.

— O que sentiu quando chegou aqui? — perguntou repentinamente, olhando-me por cima dos ombros.

— Hm, não sei se essa seria a definição, mas... Paz. Familiaridade. — refleti por poucos instantes, procurando palavras que pudesse descrever verdadeiramente meus sentimentos em relação a esse santuário. — Não sei dizer ao certo, é algo pleno quase divino.

— Esse foi o lar dos nossos ancestrais durante milhares de anos. Incluindo a própria Arya — apontou para os desenhos entalhados nas paredes. — A história conta que na grande Guerra Santa, a deusa desceu para o mundo humano trazendo consigo o Tempo e o Espaço — o que Alexander proferia equivalia as gravuras expostas. — Ela deu aos humanos da época e tal evento foi o estopim para o surgimento dos Unchant ou Sophians. — ergui a cabeça para examinar melhor a arte histórica. — Esse lugar, Mag Mell, foi uma das primeiras civilizações desenvolvidas em tempos imemoriáveis.

Respirei fundo, absorvendo as informações em goles.

— Aqui repousa a história e a nossa ancestralidade — Alexander se virou. — Você consegue ouvi-los?

Assenti, lembrando-me daquela emoção desconhecida e sem explicação que me envolvera assim também a voz que me deu forças para enfrentar Carpentia.

— Aconteceu o mesmo comigo. A primeira vez que vim aqui não era tão mais velho que você é agora — o timbre aveludado e a atmosfera idônea mitigou a confusão que ainda confundia minha percepção. — Eu passei um ano inteiro em uma expedição isolada para descobrir mais. — seus passos desenvolto a e calculados pararam. — E percebi que existia uma grande lacuna...

Trish tinha descoberto sobre isso na viagem dela a cidade de Alexander.

— Antes eu não fazia ideia do que significava até que, depois de nós separarmos e eu confrontar a verdade e ver todo seu empenho... Pude finalmente enxergar uma hipótese. — ele recomeçou a andar e fui em seu encalço. — Arya foi a última Sophian.

Arquejei ao analisar as coisas pelo raciocínio de Alexander.

— Foi ela que apagou a história? Por que?

— Isso fica difícil saber, é uma teoria. Talvez aconteceu alguma coisa que a obrigou a chegar nesse extremo.

— Será que está relacionado ao extermínio desse povo? — questionei vacilante, mas mantive-me compenetrada e inabalável. Precisava extrair o máximo de conhecimento de Alexander, por que essa, talvez, poderia ser a última chance de fazê-lo.

— Não há informações concretas sobre o fato. Como você já deve saber que são difíceis de encontrar ou impossíveis.

— E qual é a real história dessa civilização e desses poderes?

Alexander ergueu a mão e abriu um portal com a facilidade de alguém que maneja esse tipo de coisa há anos.

— Nosso povo existe pra cumprir um equilíbrio há muito danificado — exclamou com paciência. — Não são todos Sophians que tinham capacidades, no entanto. Assim como os humanos, são poucos que conseguiram desenvolver habilidades em um grau considerável. Os que conseguiram descendiam diretamente da família real.

Franzi o cenho.

— E os Lockhard? É a sua família, não é?

— Sim, é a minha família. — Alexander tirou um emblema no portal e o jogou pra mim. — Os Lockhard eram humanos com poderes e alquimistas que dedicaram suas vidas pra proteger o legado deixado pelos Sophians. Mais precisamos, a Arya. Embora não biologicamente relacionados, todos os Lockhard tem ela como ancestral.

Arregalei os olhos.

— De certa forma.... Nós somos parentes, não?

— Pode-se dizer que sim.

— Eu encontrei outro Sophian como nós, Alexander.

Ele me encarou com assombro, uma expressão que destoava completamente da placidez inabalável.

— O quê?

— O nome dele é Ayden, ele é como nós. Você disse que poderíamos saber quando sentisse outro como eu.

— Eu não sabia — murmurou incerto. — O que isso significa?

— Alexander...?

Conforme prosseguíamos no caminho, um incômodo doloroso começou a atingir meu abdômen espalhando-se por todos meus membros. A dor era estranha e rascante, quase forte demais para que pudesse respirar corretamente. Ignorei-a, focando minha atenção total nas palavras de Alexander.

— Não se preocupe — ele se recompôs rapidamente. — Só estou surpreso em saber que existe mais um. Se eu soubesse teria feito algo pra garantir a segurança dele também...

— Ele está em um lugar seguro, Dante disse que podemos visitar ele.

Alexander sorriu.

— Esse rapaz tem sido um grande aliado durante todo esse tempo. — comentou com mais leveza. — Vocês dois sendo tão próximos me faz questionar como funcionaria isso e que tipo de resultado trará.

O ardor subiu devagar do meu pescoço para minhas bochechas, pulsando no ritmo do galopar frenético do meu coração descompassado. Enchi-me com esperança e amor inerente muito poderoso e inexplicável, esquecendo momentaneamente a dor incisiva que se instalara gradativamente em cada célula do meu corpo. Contudo a abrupta impressão de que meu mergulhara em ácido despedaçou meu mundo de sonhos, trazendo-me de volta a terrível e insuportável realidade. A dor lancinante desarmou minhas defesas, sendo tão forte que me curvei buscando ar. Alexander notou, porém nada disse a respeito continuando o a breve explicação.

— Isso é conveniente... — sussurrei num fio de voz. Respirando pausadamente, numa falha tentativa de romper além da excruciante dor. — Mas realmente quero saber detalhadamente desde meu nascimento ao agora – nossa relação. Conte-me tudo.

— É justo. — seu tom adquiriu seriedade quase que metódica demais. — Eu fui filho único dos Lockhard e, como tal, precisava acessar mais sobre os poderes que possuía. O que me fez passar por anos de peregrinação para compilar dados e escrever a história que faltava. — respirou fundo. — Nesse ínterim, adotei Rain e Vincent para treiná-los como meus filhos para continuarem esse legado familiar. Após isso também encontrei com Ace... Ou melhor, Tristan — se corrigiu, tirando do bolso uma fotografia antiga da família tendo Lyana entre eles.

— E a Lyana?

— Ela começou a me acompanhar e...

— Você sabe que ela te amava, não é?

Alexander me fitou perplexo. Não por desgosto a ideia, mas por não ter ciência desse fato. Queria rir dos olhos grandes de cervos impressionados dele e da sua lerdeza em notar o que deveria ser claro como o dia. Isso prova que nem o mais culto dos homens tem o discernimento pra ver o sentimento de uma mulher.

— Eu suspeitava, mas via mais como um capricho afinal fui o primeiro amigo dela. — balancei a cabeça em negação. — Ela foi minha companheira de viagem por um longo tempo.

— Não acho que cumprir fielmente seu pedido seja por um mero capricho, Alexander.

Ele sorriu com melancolia.

— É, agora eu sei disso.

Suspirei.

— Quando Galateia me disse que uma criança iria nascer em Atheria...

Já escutei isso antes...

— Atheria? — inquiri, procurando lógica naquilo que Alexander me dizia, mas quanto mais o fazia minha confusão duplicava.

— Sinto muito pela falta de cortesia em explicar adequadamente. — Alexander pareceu selecionar o que devia me falar para que pudesse compreender corretamente. — Atheria é a dimensão no qual você nasceu, sua dimensão original. Enquanto Etheria seria essa dimensão na qual se concentra grande parte do "sobrenatural" e que Arya e Sparda salvaram. Elas são dimensões irmãs estritamente interligadas.

A voz de Alexander soou distante e me ocupava lutando contra a aflição. A dor tornou-se extremamente agonizante, deixando-me atordoada. Sentia como se meus órgãos internos tivessem queimando, rasgando, sendo cruelmente mutilados tudo ao mesmo tempo. Empurrei a tortuosa dor para longe, jogando-a para a escuridão do completo esquecimento, porém não adiantava. Ela retornava ainda pior.

— Quem é Galateia?

— É a pessoa que fala através de Eryna — disse sem rodeios. — Eryna é uma exímia bruxa, mas seu pacto de conhecimento vem da Galateia. Ela é chamada de “Os Olhos de Deus”.

Parei no meio do percurso.

— Estou descobrindo mais do que eu esperava.

— Graças a ela pude encontrar outro como eu. Para os meus filhos, dei a cada um, afim de protegê-los e para que eles também zelassem por você, um fragmento do meu poder. Mas não foi sopor sermos parecidos que fui atrás de você.

Pisquei.

— Galateia disse que você precisava ser guardada muito mais do que uma ligação fraternal de ancestrais em comum. Sua vida é importante, Diva. Não somente como um indivíduo, mas como guardiã da humanidade.

— Ei, ei, ei! Calma aí, guardiã da humanidade?

— Tudo há seu tempo, Diva. E isso você tem que saber por conta própria.

— Então aquelas visões... que tinha com você... — apertei os punhos contra meu peito, querendo aplacar as fortes e dolorosas palpitações que agrediam meu coração. — são reais... E o caso de Rain ter dito já me conhecia... Tudo parece se encaixar. — falei para mim mesma.

— Embora seja estranho que tenha este tipo de recordação sendo tão jovem na época, sim. Eu estive presente nos seus primeiros dias de vida.

— Até que por minha culpa você morreu, não é? — proferi desolada.

Ele desviou o olhar.

— É pouco extremo pensar dessa forma. E não acho que proteger uma criança indefesa que acabou de chegar ao mundo a torne culpada. Minha morte foi minha decisão, meu sacrifício. Nunca vi você como responsável por isso e no acho que deva se culpar também. Não me arrependo das minhas decisões, nenhuma delas — Alexander esfregou gentilmente meus ombros, olhando diretamente em meus olhos, estudando-os. — Havia uma força sombria a sua volta, espreitando-se e esperou o momento propício. Você já deve ter tido o desprazer de vê-lo, e aparentemente ele vem te perseguindo desde sua encarnação anterior.

— Eu o vi...

— É estranho que isso tenha levado tanto tempo pra se desdobrar — ele avaliou a mão direita. — Eu conseguir impedir que algo acontecesse, por sorte. — com feições dóceis, ele continuou me guiando. — Sabe por que Lyana te chama de Diva?

Fiz um gesto negativo com a cabeça.

— Fui eu que lhe deu esse nome, eventualmente pretendia te acolher e levá-la comigo para Etheria e criá-la.

Pisquei abismada enquanto uma observação em neon cintilava em alerta, apitando: Excesso de informação!

— Rain e Vincent se prepararam para se um dia acontecer de você despertar – ocupando-se de proteger a arma sagrada: o Santo Graal. E Ace se perdeu totalmente.

— E Dante? Por que Devil May Cry é um jogo no meu mundo?

— Ah... Isso. Bem, foi uma coincidência engraçada. — deu de ombros. — Quando se é um fantasma coisas assim são fáceis de fazer.

— Ou seja, você mexeu os pauzinhos para “criação do jogo”?

— Acho que posso dizer isso.

— Mas... Por que o Dante?

— Galateia disse que ele era sua alma gêmea — riu. — Além disso, ele acabou encarregado desse mundo de certa maneira.

Ruborizei.

— Quer dizer que as histórias dos jogos são reais... — disfarçando meu constrangimento.

Ele assentiu.

— São tão reais quanto você e eu. Aliás, eu tenho uma surpresa para você.

— Surpresa? O que é?

— Em breve você saberá. — meus pés perderam a força e apoiei-me na parede, debilitada. Meus pensamentos se desordenaram quando uma sensação de queimar se apoderou de todo meu corpo, entorpecendo meus sentidos e sufocando-me na densa névoa branca. Era como se estivesse entrando em combustão espontânea.

— Está tudo bem, Diva. Pode se liberar, estou aqui por você?

— Me liberar? — minhas roupas se rasgaram, devastada pelo poder que me corpo resistia em recusar.  Era demais para suportar, nem mesmo adquirindo poderes de Anjo doeu tanto a esse ponto. Por longos malditos minutos, tive a impressão que fosse morrer.

— Sim.

— Isso dói! — gritei a plenos pulmões, caindo de joelhos e respirando sôfrega. Parecia que meus movimentos despertavam uma nova dor, pior que as outras. Eu não conseguia lidar com tantas enlouquecedoras e sufocantes dores, não me importava nem mesmo pensar contanto que simplesmente a dor passasse.

— Não tenha medo. Isso é parte do que você é — aos poucos e sem resistência, afoguei-me na agonia acreditando que somente dessa maneira me livraria das dores que aumentavam violentamente quanto mais degraus descia. Estava sem fôlego para lutar. Eu não queria mais ouvir Alexander, embora soubesse que havia mais coisas para falarmos. Naquele momento, meu sofrimento era mais importante que tudo — que até minha razão. Nem realmente me importei com o fato de que estava exposta, já que minhas roupas não suportaram a pressão. Procurei através das intermináveis ondas de sentimentos em desordem a voz serena de Alexander, concentrando-me só nela para trazer-me de volta a realidade.

Lágrimas brotaram com a lembrança que, aos poucos, emergiu do recanto mais profundo do meu ser.

— Você era meu amigo imaginário — disse entre risadas e choro.

— É, durante um tempo estive com você — o sorriso dele parecia ainda mais familiar. — Não queria te deixar sozinha.

Toquei a cicatriz meio oculta na cabeça.

— Tudo faz sentido agora... Todo mundo me conhecer e a sensação que eu podia confiar em você mesmo quando você não se lembrava de nada.

Alexander riu.

— Demorei um pouco pra reaver minhas memórias.

— Como conseguiu?

— Eu revisitei os lugares que passei e tudo mais — explicou sem entrar em detalhes. — Tente se concentrar na Ascensão, Diva.

Assenti.

Resfoleguei lentamente, esvaziando minha rápida e escassa cota de ar.

— Sem conhecimento prévio e nenhuma supervisão, o poder latente em você ficou fervendo em seu interior esperando a ebulição. Quando despertou abruptamente, tudo que estava segurando se liberou, desencadeando um rasgo no espaço-tempo.

Com todo esforço, me aprumei e continuei meu caminho.

— Somos vulneráveis quando inexperientes.

— Deve ser... — tossi obstruindo a passagem de ar que um bolo tratava. —... Por isso que Ace foi atrás de mim quando tinha chegado a esse mundo.

Alexander fechou os olhos por um instante.

— Ele não está atrás dos seus poderes, Diva. — jogou a bomba sem nem titubear. — Se fosse pra ir de uma dimensão a outras ele poderia ter usado o medalhão... Ele quer alguma coisa que só você pode dar a ele. — escovou os longos cabelos para trás em um reflexo ansioso. — Nesse ponto não tenho muito o que fazer a não ser pedir desculpas. Afinal, ele é meu filho e ele traiu seu propósito. Nunca imaginei que ele viraria alguém inescrupuloso a esse ponto. — Alexander estava rígido, olhando para uma distância interminável além do que poderia. Observá-lo triste deu-me uma intrigante sensação de querer livrar toda sua angústia, mas tinha consciência que não podia. — Apesar do que ele é agora ainda seguirei com esperança que ele se arrependa...

— Não acredito muito nisso, Ace parece determinado.

Alexander olhou em meu rosto, sua expressão voltada na indescritível dor.  O sorriso de outrora se desfez, mostrando o profundo pesar.

— Ah, e mais uma coisa: a sua verdadeira batalha ainda esta prestes a começar.

Alexander parou no final da escadaria com um fraco sorriso satisfeito, ele estendeu a mão em minha direção. Não me sentia muito confortável com ele, engoli meu constrangimento e toquei a mão dele. O choque foi imediato, de repente, o tecido macio de um vestido branco envolveu meu corpo. Não sentia mais dor, não sentia nada além de um poder inimaginável. Como se pudesse fazer o que quiser usando esse poder. Uma liberdade que nunca experimentara antes. O pleno controle das minha capacidades.

— Esse é o fim da sua jornada aqui. — meus olhos foram direcionados para o abismo que era o final da escadaria. — Eu preciso ir, minha missão acabou.

Soube naquele instante que o “Ir” que ele falara, não era sair para depois regressar. Seria mais como uma despedida permanente.

— Ir para onde? Eu vou te ver novamente? Por que tem que ir? — o enchi de questões que ele mal pode acompanhar.

Rindo, ele anunciou tranquilo:

— Minha missão terminou e tenho que atravessar à pós-vida. E sobre nos revermos algum dia, quem sabe. Mas não fiquei triste que estarei zelando por você. E diga a Lyana seguir a vida dela, seus sentimentos em relação a mim a impedem de ter uma vida feliz.

— Eu direi — já nem controlava as lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Alexander me puxou para um abraço de adeus. Ele iria para um lugar que nem o mais profundo transe alcançava. Eu nunca mais seria capaz de vê-lo. Sempre esperei que algo assim acontecesse, mas não que seria tão doloroso.

— Não chore, estrelinha.

— É meio difícil controlar. — rebati tentando soar engraçada. — E o abismo?

— Você tem que pular nele para voltar, Dante te espera.

— Pular? — encarei chocada, negando veemente a simples possibilidade de fazer uma loucura dessas.

— Quem não tem coragem para pular abismo nunca terá coragem para enfrentar a si mesmo. Eu sei que você pode, Diva.

— Alexander... Não tenho como te agradecer... Eu... Você foi muito importante pra mim...

Deixei um suspiro escapar, e vislumbrei a imagem de Alexander acenando para mim antes de tomar coragem e impulsionar-me para o buraco. Estiquei a mão, em um último recurso, para alcançar Alexander roçou ligeiramente em minha mão antes da gravidade me tragar.

— Adeus — dissemos em uníssono.

Tudo que sentia era o vento batendo contra meu corpo, arrepiando minha pele e levantando o vestido. Durante o voo mudei para uma posição mais confortável. As paredes ganharam luz e formas, deixando a escuridão para trás. E notei que estava caindo ironicamente  para o “lado” como se invés de realmente cair, estivesse correndo no ar. O susto me desequilibrou, então meus pés tocaram o chão e pelo impulso tropecei até rolar e bater contra uma parede.

Gostaria de saber como coisas assim só acontecem comigo!

Meio tonta tentei me reerguer, no entanto, algo me parou. Alguém usando a força desnecessariamente exagerada para me prender ao chão. Quando meus cabelos foram puxados bruscamente para trás, pude enfim ver o meu algoz.

— Você está onde desejava, minha cara. Temos muito que conversar, afinal há coisas pendentes desde nosso ultimo “encontro”. — o puxão em meus cabelos fora uma garantia que pudesse ver claramente, e não houve duvidas quem seria. — Temos assuntos muito importantes para tratar, Diva.

— Eu não tenho nada a tratar com você — rosnei na defensiva.

— É o que veremos.

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