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Ironic Fate

HÁ UM DITADO que afirma que os olhos são janelas para alma de alguém e, através deles, podemos desvendar mistérios inimagináveis — acessar recantos mais profundos e sentimentos trancafiados.

E, pela primeira vez, compreendia o real simbolismo da afirmação, sobretudo, agora que tinha conhecimento sobre as suas e o que elas revelam com o significado oculto dos pensamentos e emoções. Essa força poderosa e sensível suficiente para explorar o mais profundo de todo ser, vendo sua essência. Independente de qualquer aspecto negativo, sentia-me privilegiada de ter esse poder tão nobre. Meu olhar se prendeu ao de Vergil, procurei meticulosa cada detalhe daquilo que ele possa estar escondendo atrás de tamanha frieza, tendo prudência e tomar cuidado para não mudar nada nesse tempo. Apesar de adorar o terceiro jogo, confesso que não há nada mais perturbador do que irmãos brigando ferozmente em um jogo de entretenimento. Existia um abismo de diferença entre uma discussão usual e uma rixa violenta. Não deve ser fácil para ambos terem que se sujeitar a isso.

O ambiente ficou silencioso e mortal, como se qualquer movimento em falso pudesse destruir a serenidade e iniciasse uma disputa — desvantajosa para mim. Convenhamos que se lutar com o Vergil, apesar das minhas incríveis habilidades defensivas, seria morta facilmente. Sou forte em um nível prático, porém não sou invulnerável tampouco uma exímia lutadora com vasto repertório. Pelos minutos seguintes, permanecemos na mesma posição. Esforçava-me para ignorar a estranha sensação: um misto de perigo sem motivo e a fascinação. A semelhança com Dante era óbvia por serem gêmeos, no entanto, nunca imaginaria que minhas emoções se confundissem dessa maneira. Um absurdo ainda maior simplesmente cogitar a possibilidade de desvendá-lo. Praguejei mentalmente por ser tão idiota e não manter o foco.

Afastei essa linha de pensamento desnecessária e dispensável, focando somente nos inexpressivos olhos azuis dele. Eu queria descobri o que primogênito de Sparda esconde nessa quase impenetrável couraça que o envolve. Permiti que minha aura se expandisse de maneira imperceptível, por um momento foi como se o tivesse tocado. Reconheci a mente que tentava pacientemente avaliar, e a partir disso, recuei da minha própria e aprofundei-me. Havia uma insondável escuridão e o vento gelado, cortante e desagradável. Instintivamente tateei o bolso da calça a procura de algo para ajudar, nem eu mesma entendi essa estranha e repentina atitude. Minhas mãos encontraram algo sólido com o formato que deduzi ser um isqueiro. Liguei-o, como não tinha uma coisa melhor e o jeito foi me contentar com a fraca e bruxuleante iluminação. Sons intermináveis de gotas caindo no piso úmido alcançaram meus ouvidos.

Sabia que era cedo demais para chegar a uma conclusão adequada, mas nunca pensei o quão sombria é a mente de Vergil. Essa, contudo, é diferente: A escuridão fora criada como meio de proteger algo que está muito além. Com isso em mente, percorri o caminho das sombras. Campas surgiram no meu limitado campo de visão, até mesmo estátuas assustadoras de mármore com formato de anjos. Aproximei cautelosamente o isqueiro de uma das lápides, percorrendo-os com a luz provinda do fogo. Perplexa e surpresa, encontrei um corpo recostado em o que sobrara de um com uma cruz entalhada. Quando cheguei perto do corpo, algo frio agarrou minha mão e olhos vermelhos se abriram no breu. Ele colocou o rosto perto do fogo e somente assim pude identifica-lo: a versão demoníaca de Vergil. Seu aperto tornou-se doloroso a ponto de jogar-me de volta a realidade. A subconsciência dele deve ter sentido a invasão e para se proteger, expulsou-me. A dor fora terrível quando voltei a mim, massageei a têmpora para aliviar.

Não durou nem um milésimo de segundo tanto processo quanto o retorno, contudo foi uma das almas mais intrigantes que eu já vi na minha curta vivência com esses poderes. Vergil encarou-me com severidade, expandindo um clima carregado e ameaçador.

— O que faz aqui? — Arkham perguntou ríspido.

O bobo da corte fazia parte do jogo, tinha esquecido sua detestável existência por um instante.

— Hm? — desviei, meio relutante, a atenção de Vergil para o estranho homem. — Ah, estou dando uma volta nesse lugar sem graça.

Abri um sorriso selvagem.

Arkham cerrou os dentes, ainda conservando a compostura.

— Como ousa, mulher... Não vê que Temen-ni-Gru é uma gloriosa construção, com intuito de unir os dois mundos. — a voz dele se elevou à medida que eu fingia interesse. Dei um bocejo, provocando sua ira.

— Hm, que legal — afirmei descaradamente, andado de um lado para o outro. Então bati levemente na parede. — Para mim não parece grande coisa. Claro, além de ser um grande prejuízo para a cidade. Pega muito mal destruir patrimônio público, sabia?

— Sua...

— Não estamos aqui para perder tempo — objetou sério e ignorando as minhas provocações. Arkham olhou Vergil rapidamente e voltou-se para mim.

— Sim, tem razão. Temos assuntos mais importantes para tratar.

O assombroso de tudo fora a insensibilidade de Vergil a minha presença. Ele passou por mim com ar superior como se nem valesse a pena trocar uma palavra.

— Você tem certeza disso? — questionei depois que ele estava uns poucos centímetros de mim. Não era certo bagunçar os eventos passados, mas eu tinha pôr algum juízo naquele meio-demônio estúpido. — Vale mesmo a pena arriscar tudo por poder, Vergil?

Vergil parou, olhando-me por cima dos ombros.

— Como sabe meu nome?

Não respondi. O que diria?

“Você é um personagem de um jogo e eu vim do futuro?”

Seria um desastre anunciado.

Fiquei meditando sobre o que poderia falar. Já havia conseguido causar uma ligeira distorção no tempo devido a minha teimosia em influenciar os eventos canônicos. Dante erigiu uma fachada tão bem feita para se proteger da dor que pensar que esse foi um dos seus momentos mais doloridos me deixava bastante angustiada. Busquei forças para confrontar o mestiço e senti um aperto no estômago retorcendo-o por dentro.

— Responda — seu tom soou autoritário.

— Não importa — tentei ser segura em minhas palavras e falhei miseravelmente.

— Você ainda me deve explicações — exigiu, a suave brisa roçou minha pele alertando a presença de Vergil próximo ao meu espaço pessoal, e fora uma sensação aterradora e inacreditável.

Ergui o rosto para vislumbrar a feição de desprezo e impassibilidade; seus olhos fixos e semicerrados, tomado pelo brilho opaco. Devastada, recuei alguns passos articulando um plano para me tirar dessa enrascada. Usar as armas de fogo contra um espadachim de alto calibre seria uma desvantagem se for avaliar sua velocidade e tempo de resposta.

— Espera! — bloqueei o golpe com Blood. As lâminas riscaram e percebi que ele estava me testando. Conhecendo-o pelo jogo, ele não estava na lista dos personagens mais misericordiosos para poupar alguém que se interpôs no caminho. No entanto, Vergil é muito mais racional para não me acertar com um ataque fatal, a pressão que exercia mais parecia uma forma de romper minha determinação e que, por consequência, abrisse a boca e revelasse o que ele quer saber. Arkham ficou imóvel, observando o desenrolar da cena com um misterioso sorriso. A força comedida de Vergil me empurrou para trás, e a custo mantive-me firme no lugar.

— Quem é você? — inquiriu, sombrio.

— Eu poderia te dizer se não estivesse tentando me matar. Além disso, você devia me levar para tomar um chá antes de me interrogar. — respondi cínica. Joguei meu corpo para trás quando Vergil fez uma investida perigosamente quase certeira. Uma pequena mecha do meu cabelo retalhado flutuou, e involuntariamente toquei a parte mais curta.

— Você chegou naquela explosão de poder, não é?

— Explosão de poder? — sussurrei sem entender. A súbita dor pulsante despertou meus sentidos: cortes precisos marcaram linhas vermelhas na minha coxa e peito, o sangue escorreu em fracos esguichos. O ataque veloz com Yamato em junção com os movimentos meticulosos de Vergil me levaram ao chão, incapacitada.

Como ele conseguiu tão rápido?

As feridas não eram fundas, apenas o necessário para me fazer agonizar por um bom tempo.

— Agora acabou sua cota de piadas? — menosprezou, apático. — Ou pretende continuar brincando?

O sangue estancou e o corte fechou totalmente.

— Eu aprendi com o mestre — murmurei sorrindo. Espalmei minhas mãos no chão e investi um chute em contrapartida Oblivion disparou, em seguida joguei meu corpo para trás numa entrelinha. Coloquei-me o mais distante possível dele sentindo uma explosão de adrenalina. Ele nem fez menção de contra atacar, somente observou-me atentamente. Esperei paciente por alguma reação ou ato, ele simplesmente ficou parado e guardou a katana.

— Isso é um desperdício de tempo. — Vergil lançou um olhar de desdém, virou-se dando as costas para mim. — Não fique no meu caminho, garota estúpida.

— Uh, que mau humor — minha voz saiu num sussurro inaudível.

— É melhor que nos apressarmos — Arkham anunciou, impassível.

Guardei Blood, girei meu corpo e corri para direção oposta. Por um minuto acreditei que fosse partir dessa para melhor.

Encontrei um obstáculo à frente, aparentemente consideraria que eram restos da própria construção. Contornei-o com cuidado para não cair então saltei no piso inferior arenoso quase caindo nos braços — coincidentemente — de Dante.

— Acho que as "forças superiores" estão me presenteando. Todos os nossos encontros serão assim? — acabei rindo. — Estou contente em te ver inteira, doçura. — gracejou.

— Estava me procurando? Ou encontrou uma maneira de me seguir? — ironizei, colocando as mãos na cintura. — Pois fique sabendo que os homens perseguidores, geralmente não ficam com a garota.

— De qualquer forma, isso só diz claramente que tenho chance: Afinal, eu te encontrei por puro acaso.

— Você tem um bom timing, sabia?

— Com toda certeza. E achou quem procurava?

— Não, e até acho que vai ser muito mais difícil que gostaria. — dei de ombros.

— Se você me contar como essa pessoa é, talvez possa ser útil. Quem sabe não encontrei ele no caminho?

— Se tivesse encontrado, eu saberia.

Dante arqueou uma das sobrancelhas sem entender.

— O que aconteceu com suas roupas? — cruzou os braços. — Teve um encontro desagradável?

— Acho que posso chamar assim... — encarei Dante em um conflito de emoções. Por que, de tantos pontos dlinha temporal, caí justamente nesse?

— Algo no meu rosto te agrada?

Ri e o abracei forte.

— Sinto muito ficar sempre no seu caminho. — Dante esfregou gentilmente minhas costas. — Sei que tem outras coisas pra fazer, inclusive coisas mais importantes.

— Você tem razão, tenho outras coisas pra fazer. — murmurou com amabilidade. — Mas não custa nada dar um ombro pra uma garota bonita chorar.

— Não estou chorando — balbuciei. — Agora vá lá e dê o seu melhor — desfiz o abraço com o tom confiante.

— Antes de ir... Eu ainda terei outra oportunidade para te ver?

— Claro, sempre — abri um sorriso cheio de ternura vendo a expectativa crescente nos olhos dele. Até em situações assim Dante consegue me impressionar, mesmo seu "eu" passado.

— Se cuida e não arranje problemas. — ele pegou-me de surpresa plantando um beijo na minha bochecha, e partiu. Toquei delicadamente o local meio abobalhada. Meus passos ecoar pelas novas trilhas; corredores escuros de pedra e concreto, vastos salões alguns em ruínas cheios de estátuas ou pilares, caminhos perpendiculares e tive o desprazer de encontrar demônios e os matei facilmente.

Só espero que Dante esteja bem, porque pelo rumo das coisas esta próximo do desfecho. Conforme progredia no trajeto na minha incansável busca, mais tinha impressão que a torre estava prestes a desmoronar devido aos constantes tremores — um pior que o outro. Não sabia ao certo quanto tempo passara enquanto andava continuamente, a certeza de que não fora muito longo me estabilizou um pouco. Uma passagem numa curva espiral se estendeu a frente sendo iluminada pela luz suave da lua que aos poucos se perdia novamente na escuridão. Sinceramente estava ficando muito aborrecida e entediada. O chão tremulou sob meus pés e as paredes acompanhavam em terríveis sons de pedras cedendo e quebrando-se. Um cenário turbulento como se ocorresse um terremoto. E diferente dos anteriores este persistiu, pertinente e desestabilizador. Apoiei-me contra gosto nas paredes, pois temia não possuir equilíbrio suficiente para manter-me firme e acabar caindo pela força das oscilações. Havia minúsculas rachaduras se formando no piso, pondo-me em alerta máximo para o caso de ter que correr.

— Quando é que essa bagunça vai acabar? — se resmunguei impaciente. — Dante... Ayden onde vocês dois estão?

Estagnei no lugar vendo a figura aparentemente inconsciente em meio ao grande caos de entulhos; o brilho não fora o bastante para identificar quem podia ser. Antes que minha mente pudesse processar meus pés já se moveram em direção à pessoa. Abaixei-me, olhando para a figura com preocupação. A princípio pensei que fosse Dante, mas aproximando o foco de luz do rosto dele pude identificar que era Vergil. Pousei a cabeça no peito dele checando os batimentos cardíacos, elas estavam normais como deveriam estar. Em breve ele despertaria graças a sua capacidade demoníaca. Talvez eu devesse ajudá-lo. Concentrada, compartilhei uma pequena parcela de energia com ele, feito isso, esperei paciente.

Que grande ironia, não?

— Eu não entendo. Vocês tem valores tão diferentes assim para lutarem? — pronunciei incomoda. —  Vocês dois são tão irracionais as vezes. Mas... Ainda há algo que os mantém unidos, disso tenho certeza.

Fechei a cara, tomando coragem. No entanto, sabia que Vergil não ouviria então não terá sustos.

— Eu não posso dizer muita coisa... Acabei causando inconvenientes e por minha causa muita coisa que não deveria aconteceu. — mirei minhas mãos. — Sabe, Vergil, não importa quanto tempo tenha passado e tudo que os distanciou... Dante nunca te esqueceu, nem um pouco. A verdade é que vocês dois tem visões diferentes sobre o que é poder, um dia talvez você o entenda... Quando tiver algo para proteger.

Vergil se mexeu e prontamente levantou.

— Ah, acho que não é uma boa ideia sair dessa forma... — falei baixinho, insegura. — Você acabou de acordar e...

— Eu não preciso da sua ajuda — alertou curto e grosso, cortando qualquer tentativa que poderia ter para me socializar. — Eu preciso reivindicar o que é meu.

— Bem, ao menos descanse uns minutos. Ou deixe que eu o cure. — pedi esperançosa.

— Eu não pedi sua ajuda. — com a fraqueza o teimoso não conseguiu ir muito longe. Oh, homem orgulhoso!

Sentei perto dele e iniciei o processo curativo com ou sem o seu consentimento. A luta com Dante e o confronto com Arkham parece ter esgotado-o, seu corpo estava tenso e irradiava vigilância constante — obviamente não confiava em mim. Vergil permaneceu parado sem esboçar alguma reação. O silêncio incomodo deixou o clima estranho. Terminado, ele levantou-se e segui. Não esperava que me agradecesse por ajudá-lo, o conhecia bem para sequer crer nisso. Fui atrás dele acompanhando seus passos apressados.

— Por quanto tempo pretende ficar me seguindo?

— Hm? — tombei ligeiramente a cabeça, inocente. — Eu só queria sair daqui e pensei que pudesse descobrir o caminho se te seguir. — foi à primeira desculpa que veio a minha mente.

Vergil parou. Por muito pouco não esbarrei nele. Será que o irritei de verdade pela minha insistência?

— Se pensou nisso está completamente equivocada — sua voz adquiriu um tom frígido e cortante. Sua hostilidade era tangível. — Sua presença é um empecilho, então fique fora do meu caminho.

Ele continuou ignorando-me. E embora esteja nervosa e aflita, ainda o segui deixando um grande intervalo de espaço entre nós.

— Eu entendi que não suporta minha presença, embora não entenda muito a razão. — comecei engolindo em seco — Além disso, você poderia ser menos arrogante e prepotente com a pessoa que te amparou.

Ele me mirou de esguelha.

— Não precisaria te seguir se tivesse outra opção — reclamei — Eu realmente preciso da sua ajuda: eu sei que você não compreende ou não quer, mas tem pessoas importantes que eu quero proteger. — uma lágrima solitária escorreu e só então percebi que estava chorando, esfreguei os olhos.

— Se for para ficar chorando é melhor que nem dê mais um passo — disse impassível — e não estou aqui para lhe fazer favores, eu tenho meus próprios objetivos.

— Eu sei... — antes que pudesse terminar Vergil me tirou do caminho justamente quando uma pequena montanha de pedras e pedaços de concreto caiu em minha direção, e em consequência abriu-se uma nova passagem e ele se foi deixando-me completamente atônita. Havia um risco apontando para frente entalhado na parede. Vergil é um homem bastante enigmático — e no final das contas, me ajudou. Com um longo suspiro, iniciei uma corrida com o máximo de rapidez que minhas pernas permitiriam. Através de um longo caminho de escadas, corredores finitos até finalmente chegar.

— Eu tenho o poder de Sparda — a forma grotesca guinchou.

— Não é muito elegante para as ultimas palavras de alguém — Vergil disse jogando Ebony para Dante. Em meio a massa se decompondo emergiu Force Edge. Os gêmeos correram em direção à abertura e desapareceram.

— Pelo visto você se divertiu com o meu "eu" passado, doçura — ergui a cabeça e em um dos destroços mais altos sobre mim estava o meu Dante com o típico sorriso atrevido.

— E você estava aí o tempo todo?

— Não, mas estou tempo suficiente para ter um dejá vu. — confessou calmamente — É como se estivesse vendo uma fita do meu passado.

— Isso te incomoda?

— Muito pelo contrário, só reafirma o que eu escolhi.

Dante saltou elegantemente para perto de mim sem desfazer o sorriso encantador.

— E Ayden?

— Eu não o encontrei, sinto muito, doçura.

— Não é sua culpa. É melhor irmos embora antes que tenhamos um encontro cheio de reviravoltas — brinquei.

— Quer dizer que você sou eu? — a voz familiar falou. Foi muito mais breve do que pensei. Será terrível para os meus nervos ver os dois se encontrando e era exatamente isso que queria evitar pela afobação.

Dante passado rodeou o Dante futuro (Isso é muito confuso!), estudando-o detalhadamente. Um sorriso satisfeito brotou em seu rosto.

— Hm... Pelo que vejo estou na minha melhor fase. — declarou, exultante.

— Você não sabe o quanto, garoto.

Ambos cruzaram os braços e ficaram de frente um ao outro.

— É melhor irmos, Dante. — arrastei o meu Dante.

— Agora faz sentido, você estava procurando ele - ou eu. E o que nós somos? — perguntou diretamente para mim, pisquei inúmeras vezes e meu rosto esquentou. Ele riu da minha reação.

— Ela é a nossa garota. — seus olhares me perfuraram tamanha veemência.

— Hm, isso está ficando bem interessante. — sussurrou perigosamente próximo.

Prendi a respiração, em alarde.

Senti um estranho formigamento na nuca como se estivesse sendo observada por um longo tempo, só que mais profundamente. Olhei para trás e Dante estava logo no me encalço, prendendo-me entre ambos os corpos — tanto o Dante que permaneceu prostrado na minha frente quanto o outro imóvel atrás de mim. Uma posição comprometedoramente tentadora, para todos os envolvidos.

×××

Espreguicei meu corpo.

Andar por horas até finalmente sair da torre fora realmente cansativa e tortuosa. Já não bastava ter que fazer passagem sem descanso ainda tinha que aguentar ambos os Dantes me atormentando — entre piadas sobre minhas aventuras.

— Então você não lembra disso? — perguntei.

— Não. Se lembrasse teria te reconhecido quando nos conhecemos — Dante pousou o braço em seu ombro.

— É um paradoxo, suponho.

O sol surgia sobre as ruínas da cidade, enviando a luz quente para todos que poderiam desfruta-la. A primeira pessoa que vimos foi Lady e ela estava acompanhada; Ayden. O pequeno menino percebeu nossa presença e correu em minha direção, desajeitado. Ajoelhei para poder ficar na sua altura e recebê-lo. Seus braços envolveram-me, agitados.

— Que bom que está bem, pequenino — sorri, maternal. — E trouxe uma pequena surpresa...

Pressionei seu corpo contra mim impedindo-o de se mover, fiz um corte no meu pulso banhando minha mão com o liquido rubro. Respirei fundo, em seguida finquei as unhas na nuca dele e puxei impetuosamente. A voz infantil deu lugar a um grito estridente e doentio.

— Pare, está machucando ele — Lady exigiu, apontando a pistola para mim.

Ignorei o pedido.

Eu tinha consciência sobre o quão doloroso seria para Ayden, contudo, eu não podia permitir que aquela coisa ficasse alojada nele. Apesar dos berros de agonia me deixar meio atordoada, continuei inflexível puxando até a coisa sair de dentro dele. Ayden tombou fraco e o apanhei. A massa escura de energia se expandiu criando forma.

— Volte para onde veio. Seu lugar não é aqui, você é só um pesadelo. — afirmei convicta.

— Eu não sou um pesadelo. — alegou e seu corpo ficou maior — Se eu for, vou levar você comigo.

Encarei-o inabalável, sua presença não causava o mesmo efeito de antes: o medo irracional. Esperei que o golpe viesse, já não tinha forças para me proteger o que me restava limitadas opções — dentre elas usar meu corpo de escudo para proteger Ayden. O ataque partiu ao meio se desfazendo. As duas figuras de vermelho atravessaram na minha frente — cortando o ataque com Rebellion.

— Que tal brincar com alguém do seu tamanho? — ambos disseram apontando Ebony e Ivory e atirando sem piedade.  A criatura urrou e um desenho circular apareceu sob ele; correntes e mãos o seguraram e o tragou para dentro. Embora nunca tenha visto algo meramente semelhante, sabia que aquilo era um poder de contenção e selamento.

— Isso é apenas o princípio — murmurou olhando fixamente para mim, em resposta todo meu corpo paralisou. Ele desapareceu sem deixar rastros e em seu lugar apareceu um portal. Dante pegou Ayden e estendeu a mão para que o acompanhasse, peguei sua mão e forcei meu corpo a se mover no mesmo ritmo que o dele. Estava tão exausta que permiti que Dante me levasse; deixando para trás o passado e por fim, chegar ao nosso tempo.

O chão desapareceu dos nossos pés e, repentinamente, tudo ficou claro demais para ficar de olhos abertos. Senti que alguém me segurava, e mesmo meio entorpecida reconheci que os braços não eram de Dante.

— Bem vinda de volta, garota — Ana sorriu. Dante apareceu com Ayden nos braços.

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