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Dante's Inferno: Bonds That Release, Return

TEIMOSA COMO NINGUÉM, me abstive da palavra somente para não ser mais o “epicentro” do tópico. Involuntariamente, incitada por um sentimento de estranheza e fora de órbita, tateei meu peito ciente que não mais teria a ponte para o outro lado. Não vou dizer que me arrependo de ter saltado de cabeça nisso para salvá-lo tampouco de combater o que combati, o que superei nesse curto tempo para realizar meu objetivo. Tudo valeu o esforço, nada foi em vão — independente do sacrifício.

Alexander permaneceu perto de mim, um guardião fiel ao meu lado para me defender do que viesse. Anestesiada da realidade, fitei meu mentor com admiração pelo seu caráter de ferro e moral ímpar, ele esteve comigo durante todo esse martírio e, mesmo plenamente certa que seria o fim, não arredou o pé daqui, se assegurando, acima de tudo, que estaria a salvo enquanto os dois meio-demônios brandiam bravamente as espadas para prover segurança. Não queria ser um peso pra ele, mas me sentia um pouco egoísta de ansiar por seus cuidados quase como um irmão mais velho — alguém cujos braços me amparariam.

Não podia reclamar da vista privilegiada que obtive, assistir de camarote os desenvoltos e bem coreografados ataques perpetrados por Dante e Nero não era para qualquer um. Afirmaria com convicção que nem a gangue toda teve tamanho prazer, um espetáculo para um grupo seleto.

Fechei os olhos para reunir em mim os resquícios de energia, apelando para as últimas reservas para sustentar a lucidez em meio a persistente letargia que me sugava para um abismo desconhecido. Não me agitei muito nos braços de Alexander para poupá-lo de mais trabalho, embora o grito de socorro preso na garganta fosse aversa a ideia.

Mexi os braços que mais pareciam desconexos com o restante do meu corpo e me preparei para o pior. Todas as provisões, a cautela, não serviram tanto para o plano maior, ajudaram sim, mas não para desempenhar um papel crucial: o anel que Alexander me presenteou para conter minha aura tinha virado farelo. E ela repelia as pedras ao meu redor, não importava o quanto suprimidas, insistia em crescer para fora do meu raio de alcance. Tirei toda tensão do meu corpo e limpei a mente. Não podia me deixar levar por pela frustração ou qualquer outro sentimento que pudesse me tirar o foco. Com esforço puxei minha aura de volta e a mantive presa, tornando-me uma garota aparentemente normal. Agora não teria que me preocupar em atrair demônios, no entanto, ao canalizá-la para seu respectivo lugar, a terra erma floresceu na área ao meu redor.

— Consegue levantar? — Alexander indagou, preocupado.

Assenti lentamente, não demonstrando mais fraqueza do que evidenciava.

— Finalmente tive o prazer de conhecer o famoso Alexander. — Dante gracejou ao se aproximar. — Agora posso dar uma cara ao fantasma camarada.

Alexander riu.

— É um sentimento recíproco, Dante.

O júbilo, uma noção de harmonia, me preencheu e pude aliviar o estresse que se apoderou de cada centímetro de mim com a possibilidade iminente de desaparecimento. No fim, eles três ficariam bem, quiçá muito melhor do que aparentavam.

Na corda bamba, me pendia de um lado para outro sem cair, fechei os olhos para aguardar meu destino cumprir sua parte e ir para sei lá onde iria. Rendida ao esgotamento, me recostei contra Alexander e sussurrei um adeus meio desconexo.

Um par de braços calorosos me tiraram da redoma letárgica e me embalou no abraço mais forte e, ao mesmo tempo, repleto de delicadeza. Quase que o suficiente para montar os fragmentos dentro de mim, completando com as peças que faltavam no grande esquema das coisas. Deve ser isso o conceito real de alma gêmea, dele ser o único com a proeza de estabilizar meu mundo, tranquilizar meu coração — um farol para as sombras que desejam me engolir.

Me entreguei ao gesto sem hesitação, apreciando nosso contato, esquecendo até da minha limitação.

— Eu escutei cada palavra sua — sussurrou em um tom que somente eu ouviria. — Cada parte da sua apaixonada confissão.

— Não foram ditas no calor do momento — assumi sem recuar.

Ele me comprimiu delicadamente em si.

— Você esta horrível — Dante brincou, enterrando o rosto em meus cabelos. Eu devia estar mesmo horrível; meu rosto devia estar marcado pelas já secas lágrimas de sangue, meus cabelos estavam sujos e bagunçados e minhas roupas estavam cheias de sujeira e rasgadas.

Soltei um riso esganiçado.

— Isso é o tipo de coisa que se diz a uma pessoa depois de reencontrá-la? Você realmente não tem jeito com mulheres. — me agarrei a ele com uma necessidade exasperante. — Queria ficar assim pra sempre, por mais egoísta que fosse. — me afastei, pousando a mão sobre o peito. — Mas não posso... — esfreguei o local. — Minha Ponte do Coração foi rompida.

— O que isso quer dizer? — Nero questionou confuso.

— Significa que, em tese, ela está tão morta quanto eu — Alexander esclareceu.

— Isso é brincadeira, não é?

Alexander negou com a cabeça.

— Não vamos sair daqui sem você.

— Por que acha que vou te deixar aqui? — Dante resmungou e ficou de frente comigo, com os braços cruzados. — Agora que sei que é caidinha por mim, não posso deixar que escape. Além disso, sou um homem de palavra.

As primeiras lágrimas ameaçaram cair, respirei fundo e reprimi a vontade de chorar. Sabia que sem uma algo para me ligar a vida, estava condenada a partir. Não ir por um breve momento, mas ir para sempre. Sem retornar mais. Eu ia para um lugar onde só poderia observá-los, um lugar onde não podia alcançá-los. Dante ergueu o braço e pude ver que ainda havia um cordão vermelho enrolado nele, do mesmo modo de como estava na sua versão criança.

— Estive um bom tempo com isso. Não me lembrava a razão exata, mas agora parece ter um sentido agora.

O fio brilho suavemente. E lembrei-me das palavras do pequeno Dante:

"É de alguém muito importante para mim e minha mãe disse que tenho que segurar firme e não soltar"

Aquilo era? Todo esse tempo?

Engoli audivelmente, impressionada e pasma.

— Isso não é possível...

— Não sou do tipo de me limitar a algo que muitos consideram impossível — Dante desenrolou calmamente o cordão e o deixou livre para que voluntariamente se prendesse ao meu peito. Consegui sentir novamente a pulsação do outro lado, na ponta do cordão.

— Caramba, que susto de merda. — Nero resmungou, rindo.

— Isso foi surpreendente até pra mim que estou habituado com a estranheza.

— Você é o rei do estranho, Alexander. — sorri.

— E eu achando que eu ocupava esse cargo. — Dante protestou, mordaz.

— Ambos estão empatados. — disse.

— Agora precisamos voltar. — Alexander proferiu, me encarando. — Dessa vez é com você, Diva.

— Eu?

Ele assentiu.

— E como faço isso? Quem tem o poder de “abrir portas” é você.

Alexander segurou minha mão e, magicamente, um ardor percorreu meu corpo feito uma linha direta que convergia com a aura púrpura dele. O dourado se misturou ao processo e tão prontamente estendi o braço imitando meu mentor.

— A sensação é boa, não é? — ele indagou com simpatia. — É bom liberar, não é? Poder colocar pra fora o que, em anos, nunca conseguiu. — franzi o cenho com o quão descritivo ele estava sendo. — Ter a oportunidade de revelar pra si o real potencial escondido.

Enquanto ele entoava aquelas sentenças bem específicas, um rasgo emergiu diante de nós, alimentado pela nossa energia em conjunto, então um portal se desdobrou. Bateu-me um misto de alegria desenfreada, ansiedade e expectativa. E minha mente operou no automático. Deixei que a exaustão tomasse conta do meu corpo, e de repente, tudo ao meu redor parecia um sonho que logo terminaria.

Fechei os olhos, certa de quando despertasse estaria em um lugar seguro.

Não ouvi mais nada.

Antes de abri meus olhos, sabia que havia algo diferente.

A brisa terna agitou a cortina, lançando sobre mim, parcialmente desperta, uma luz serena que não interrompeu meu curto ritual de assimilação. Senti o roçar em minha pele, fazendo-a se arrepiar com a invasão de espaço pessoal. Pisquei algumas vezes para aplacar a ligeira sensação de queimação natural ao expor os olhos desacostumados a uma nova fonte de iluminação. Desorientada e exaurida, não tinha ideia de onde me encontrava e busquei, através de registros de imagens mentais armazenadas na memória antes de apagar, se havia alguma coisa familiar e me permitisse identificar com maior precisão.

Parecia um quarto; paredes brancas, uma comprida janela ao lado da cama, um guarda roupa simples de mogno e tinha alguns enfeites e um vasinho de flores na mesinha proxi. O doce cheiro que elas exalavam encheu o cômodo trazendo uma sensação de paz para todo meu corpo. Era o meu quarto no casarão que estava hospedada. Quase não o reconheci, logo que passava muito mais tempo no quarto de Dante que nele. Sentei na cama. Toquei em meu rosto, sentindo o calor e a textura da minha pele. Puxei o máximo de ar que meus pulmões podiam suportar e, em seguida, soltei lentamente. Repetindo esse processo até minha mente estar convicta que estava viva.

Um tremor percorreu meu corpo e observei as diferentes tonalidades entrando pela vidraça.

Durante alguns minutos fiquei olhando a paisagem pela janela enorme que dava para varanda, desfrutando a visão mais incrível do mundo; o nascer de um novo dia. Contraste de rosa e laranja, que se misturavam em meio ao azul. O sol mostrava sua gloriosa luz no horizonte em tons de dourado e creme trazendo calor, lentamente formando uma luz de alaranjada, mudando todas as cores. Agora o azul celeste tomava o céu — o mesmo azul do céu no paraíso.

Deixei um suspiro escapar.

Meu coração batia em seu ritmo normal, minha pele tinha calor, meus pulmões tinha necessidade de ar e meu corpo doía. Todas as limitações de estar viva.

— Estou viva — murmurei deleitando-me com a verdade. Ouvi sons de algo caindo no chão, tirando-me de minha meditação. Olhei para onde sairá o barulho e dei de cara com Rain completamente desconcertada e no chão alguns utensílios de primeiro socorros.

— Oh! Meu Deus! — Rain balbuciou surpresa — Você esta viva!

Por um momento, Rain estava paralisada e olhando para mim e eu para ela em uma curta distância. Parecia prestes a desmaiar. Então, com um movimento ligeiro, jogou-se sobre mim.

Seus dedos tocaram levemente meu rosto, como se estivesse procurando algo nele. Era um toque quase imperceptível, um carinho tão delicado quanto a brisa da manhã. Rain queria, através daquele contato, ter certeza que realmente era eu, que estava de volta. Em seguida, hesitante, colocou suas mãos entre meu rosto contemplado meu retorno com lágrimas de alegria.

— Estou feliz que não tenha morrido... Por um minuto...

Ela esteve cuidando de mim esse período?

A abracei em um ato de agradecimento.

— Todos ficarão contentes em saber que esta bem! — anunciou, sorrindo abertamente — A ilha inteira se prontificou a rezar pelo seu retorno! E vejo que todas as preces deram certo!

— Fico agradecida pela preocupação de todos — peguei as mãos de Rain e as apertei gentilmente entre as minhas — E o Dante? Onde ele está?

— Sabia que seria a primeira coisa que iria perguntar — meu rosto esquentou — Ele já acordou e está bem. Quer vê-lo?

— Sim, mas antes preciso te pedir um favor.

— Pode pedir.

Aproximei uma mão à sedosa massa castanha que caia sem controle sobre meus ombros.

— Gostaria que cortasse meu cabelo.

— Por quê? Algo errado como ele?

— Hm, não. Apenas quero mudar um pouco.

Apesar de achar bonito, por hora, queria voltar a ser só a Diva comum e não a encarnação de outra pessoa.

— Esta bem, vou pegar uma tesoura e volto já! — Rain saiu do quarto e não demorou muito para retornar com a tesoura.

Levantei um pouco trêmula, mas mantive-me firme para não acabar tombando. Rain me guiou até uma cadeira, e colocou uma manta sob meus ombros. Passei a mão novamente em meus cabelos. Não que eu não gostasse deles longos, mas com ele curto seria mais pratico. Rain escovou meus cabelos e consegui ouvir a tesoura cortar mecha por mecha. Pude visualizar os pequenos tufos caindo no chão.

— É estranho que meu cabelo tenha crescido comigo desacordada — comentei.

— Sim, um pouco — Rain deu uma risadinha, e começou a repicar as pontas já curtas — Mas deve ser por que seu corpo se adaptou a aparência de Arya, não?

— Pode ser, mesmo sendo a reencarnação dela, somos muito diferentes. Não sou a Arya e não quero viver sob a sombra dela. — suspirei entediada — Simplesmente aceitei quem era... Em parte. É difícil de engolir ainda a coisa toda.

— Eu já esperava que você dissesse algo assim.

— Sou tão transparente assim?

Rain riu.

Não demorou muito para Rain terminar o corte. Agora meus cabelos estavam mais curtos que antes. Eles emitiam mais brilho e vida, e com visível clareamento nos tons de castanho. Depois que ela foi embora, me dizendo que precisava avisar a todos as boas noticias, fiquei um bom tempo olhando minha imagem no espelho. Avaliei o trabalho bem feito dela e me perguntei se o corte mais “Joãozinho” seria um componente de atração.

Corei ao perceber para que raciocínio meus pensamentos começavam a ir.

Corri para fora do quarto, caminhando pelo corredor deserto até parar diante da porta do quarto onde Dante estava. Minha pele se arrepiou e meu coração bateu fortemente no peito. Eu não consegui descrever o que sentia. Não era só alegria... Era uma espécie de prazer por conseguir algo muito importante. Agora tinha Dante de volta, seguro e inteiro.

Dei uma leve batida na porta.

— Pode entrar — ouvi a voz dele do outro lado.

Respirando profundamente, abri a porta.

— Espero não estar atrapalhando.

— Não está — Dante sinalizou para que me aproximasse. — Eu não mordo, quer dizer, só se me pedir.

Típico dele: se arrebenta todo, mas não perde a piada.

— Como se sente?

— Meio quebrado, mas acho que estou pronto para outra — brincou.

Sentei na cama desarrumada.

Dante parecia relaxado, e mesmo sem olhá-lo diretamente eu sabia que ele estava me encarando, focando intensamente cada movimento meu. Um olhar fixo e penetrante, suficiente para me fazer corar todos os tons possíveis de vermelho. Podia sentir minhas bochechas queimavam e pulsavam ao mesmo tempo.

Ficou um clima meio constrangedor no ar.

— Posso ver seu ferimento? — essa tentativa para iniciar um assunto foi meio patética. Dante segurou os lençóis e começa a tirá-los. Ouvi um clique em minha cabeça, eu não tinha prestado atenção nisso e quase engasguei quando percebi.

— Não espera... — o impedi de continuar. Dante arqueou as sobrancelhas, intrigado com minha estranha atitude. — Você está vestido?

— Veja por si mesma — com um movimento ágil tirou o lençol e automaticamente usei minhas mãos para cobrir meus olhos, corando furiosamente. Dante deu uma leve risada e afastou minhas mãos. E percebi, para meu alivio, que ele estava de calças.

— Por que não disse logo em vez de fazer drama?

— Não teria tanta graça quanto ver você vermelha.

Balancei a cabeça.

Fitei o ferimento, tocando-o gentilmente.

Eu já estava acostumada a cuidar da enorme — não tão grande, já que diminuirá bastante desde a última vez que virá — ferida de Dante. Antes de decidir ir ao Inferno, passei muitos dias cuidando dele. No entanto, isso nunca impediu que me sentisse envergonhada em tocá-lo, e principalmente agora totalmente consciente. O bom é que com ele vivo e desperto, o ferimento logo cicatrizaria.

— Preciso de um banho — afirmou, olhando o sangue seco em volta do machucado.

— Realmente! — concordei, rindo.

— E você também — engasguei e o encarei perplexa.

Dante olhou para mim, sua expressão mais serena, e diz:

— Pode me ajudar a ir ao banheiro?

— Sim — respondi mecanicamente, ainda absorta. Dante saiu da cama com um pouco de dificuldade e se apoiou em mim para caminhar, tentando não colocar todo o peso em meus ombros. Sem pressa, marchamos para dentro do banheiro. Dante encostou-se na parede e liguei a torneira para encher a banheira. Coloquei alguns sais de banho e verifiquei a temperatura. A água estava quente e cheirosa, um misto de alecrim, rosas e lavanda.

— Acho que está boa para tomar banho — comentei distraída — Vou aproveitar e tomar um banho também... No meu quarto — dei ênfase na ultima parte.

— Já que esta aqui poderia me fazer companhia. — arfei, e meu coração bateu descompassadamente. — Isso pouparia seu trabalho.

— Que pedido. — forcei uma risada para disfarçar a vergonha. — Por que não?

Mortificada com o súbito ímpeto de coragem, fitei Dante com minha melhor e mais convincente expressão de inocência.

— Estou surpreso por você ter aceitado assim tão fácil. — ele me fitou com ar de provocador. — Respeito seu espaço nisso, então fique tranquila que não farei nada que a deixe desconfortável.

— Não estou desconfortável. — admiti apressada, queria dar a impressão errada. — Na verdade, é a primeira vez que faço algo assim, é mais por isso. Engraçado, não é?

Ele negou com a cabeça.

— Não julgo sua escolha. Talvez só me faça parecer um canalha por sugerir — ele encostou na beirada da banheira.

— O quê? Nada disso. É a chance única que tenho de estar íntima do meu “personagem favorito”, não posso perder. — recorri a minha veia humorística para me livrar do nervosismo. Ele agindo tão protetoramente, sendo compreensivo e ainda suave com as circunstâncias.

— Se você está bem com isso.  

— Estou ótima! — respirei fundo, afugentando pensamentos desnecessários — Precisa de ajuda? — indaguei corajosamente, percebendo o esforço de Dante para retirar as calças. Cada movimento que fazia, sua expressão dava a entender que ainda sofria pela dor do ferimento.

— Acho que posso fazer isso sozinho — ele sorriu, e seus olhos nublaram — Mesmo que seja bem excitante a simples ideia de você tirá-las para mim. É, dessa vez... Consigo sentir como um humano. — seus dedos percorreram a ferida com extrema cautela. — Foi por pouco, huh.

— Agora precisa limpar bem pra finalizar o processo de regeneração. — comentei.

Dante começou a desafivelar o cinto. A cena não podia ser mais constrangedora e comprometedora — exceto se alguém entrasse e flagrasse. Não desviei o olhar por mais embaraçoso que fosse, atraindo o olhar curioso do meio-demônio que arqueou uma das sobrancelhas.

— Pra alguém que segundos atrás estava bem constrangida, você está bem interessada agora.

Virei e fiquei de costas, sob a risada de Dante.

Olhei para a banheira cheia de espuma e engoli em seco assim que ouvi o som de tecido bater no chão. Aquilo significava que Dante estava nu. Uma parte minha estava me tentando, induzindo-me a virar e vê-lo exposto, mas bloqueei a voz jogando-a no abismo da minha mente. Houve outros sons distintos. O primeiro foram passos, que parecia se aproximar perigosamente de mim. Não sabia se aquilo era coisa da minha imaginação ou a realidade. Todos os pelos do meu braço se arrepiaram. Paralisei no lugar, aliviada ao escutar o suave som de alguém entrando na banheira.

— O perigo já passou, pode olhar — debochou e completou: — Agora pode se juntar a mim.

— Feche os olhos. — pedi, sem jeito.

Ele sorriu e fez o que solicitei.

Tirei o vestido branco de detalhes dourados, com todo cuidado possível. Deixei que ele deslizasse livremente pelo meu corpo, caindo no chão com um mudo tilintar. Resfoleguei, retirando as ultimas peça de roupas. Insegura, mergulhei os pés na água para sentir sua temperatura. Então, imergi e dobrei os joelhos, abraçando-o firme contra meu peito.

— Posso olhar?

— Pode. — despreocupadamente, ele abriu os olhos e me encarou, com curiosidade. Diferente de mim, Dante mostrou-se estar à vontade e manteve os braços largados na beirada da banheira. Apertei mais forte meus joelhos, para evitar nos tocar diretamente. Deitei minha cabeça em minhas pernas e me deixei levar pelo delicioso calor da água e o misto doce de cheiro.

— Ei, doçura — Dante me chamou, levantei a cabeça — Vem. — pediu, estendendo a mão.

— O quê? — pisquei desconcertada. Meu corpo entrou em combustão por dentro, e um estranho sentimento borbulhou e ardeu em minhas veias, meus olhos se arregalaram. Minha expressão era tão perplexa quanto de um anime.

— Não me olhe assim. Não é nada do que está pensando, apenas quero lavar seus cabelos. — esclareceu.

Corei. Parecíamos mesmo um casal em toda regra, sem nenhuma malícia e com uma atmosfera intimista revigorante. A vergonha de antes que corroía meu estômago com ideias impróprias e com uma crescente insegurança, de repente, perderam toda potência, se reduzindo ao rubor sutil que não mais interferia em minhas ações. Nus, numa banheira em segurança, juntos e com a verdade exposta para quem quisesse sinalizar. Diria que isso servia como um exercício de confiança.

Virei de costas para ele, experimentando uma série de novas sensações e contemplando o ápice da intimidade. Dante jogou um pouco de água sob minha cabeça e pegou um frasco de xampu cremoso. As pontas de seus dedos massagearam meu couro cabeludo com a proficiência de um especialista.

— Suas mãos são mágicas. — anui com satisfação. — Isso é muito bom.

— Tenho outras finalidades para as mãos — replicou com jocosidade. — E se é do seu agrado, posso te mostrar mais do meu leque de habilidades.

— Mostre — sussurrei absorta.

Não mentiria dizendo que não esperava um avanço, contava um pouco com isso na verdade. A adrenalina somada a implosão de hormônios me proporcionou um nível completamente diferente de vontade — uma carência absurda e inexplicável por ele. Uma fome real pelo toque, pelo sabor do fruto proibido.

Serpenteando um dos braços em minha cintura, Dante colou mais nossos corpos como se pertencêssemos ao mesmo espaço em uma união única. Sem qualquer pretensão ou intenção dúbia, ele descansou o queixo na curva do meu pescoço me desarmando.

— Agradeço por ter ido ao Inferno me ajudar. — estremeci com o sopro quente de sua respiração. — Mas não deveria ter ido lá, foi muito perigoso.

— Eu sei... Mas valeu a pena. — acariciei seu braço. — Faria de novo, sem nem duvidar. Se for por você. — ruborizo com uma declaração tão impensada, proferida tão espontaneamente.

Sem sair da confortável posição no qual nós encontrávamos, inclinei levemente a cabeça para trás para saborear, verdadeiramente, seus lábios. Ansiei tanto por aquilo que nem me liguei se seria o certo a ser feito, ainda que estivéssemos tão ligados fisicamente. Dante moveu o braço livre em meu peito para nos juntar o máximo possível, tornando o quer seria um selinho experimental em uma conexão apaixonada e tórrida do melhor beijo da minha vida.

Precisei de todo espírito e razão para romper a bolha de paixão para retornar a realidade, corada e com a respiração irregular.

Sem perder o ritmo, Dante enxaguou minhas curtas madeixas.

— Se soubesse que pra ganhar um beijo, teria que ir ao inferno teria tentado antes.

— Céus, não diz essas coisas. — acabei rindo. — Não quero passar por isso de novo. Foi um susto infernal.

Dante roçou o nariz em minha nuca e inspirou profundamente, e minha pele se arrepiou.

— Sabe... Enquanto esteve no inferno, aconteceram coisas bem... Estranhas.

— Estranhas? Em que sentido?

Dante prontamente virou-se, e assumi seu lugar como lavadora de cabelos.

— Sabe aquela reação do pessoal quando chegamos? Não foi somente por você, por ser filho de Sparda. — respirei fundo. — Meio que sou a reencarnação da Arya — passei um pouco de água em sua cabeça, imitando o processo que ele fizera no meu.

— Isso explica o porquê de serem tão parecidas — murmurou reflexivo — E também essa estranha marca nas suas costas, era a mesma que havia na estátua do templo.

— Marca? Que marca?

Orion já havia comentado comigo sobre uma suposta marca, mas acreditava que fosse uma bobagem e que ele estava ficando louco. Tudo indica que há mesmo uma marca. Isso fazia um pouco de sentido agora, só precisaria arranjar um meio de vê-la.

Vou mesmo ter que me acostumar com o lance de ser uma reencarnação.

Terminado meu trabalho voltei a minha posição, mas não pude desviar meus olhos de Dante que estava com a cabeça inclinada para trás, apoiando-se na borda. Seus braços pendiam para fora da banheira.

Respinguei água no meu rosto para me acalmar.

De súbito, meu campo de visão se encheu de bolhas. Olhei confusa e percebi que Dante estava soprando a espuma em minha direção. Formando salpicos de espuma e bolhas. Parecia neve brilhante e pura. Não pude deixar de sorrir, ele estava tentando fazer meu desconforto sumir. E posso garantir que deu certo, por que já havia me juntado a ele nessa brincadeira.

 Depois de uns bons minutos curtindo o ambiente pacífico e a companhia um do outro, Dante saiu para se vestir e fiquei na banheira me dando conta de que não tinha trazido roupas extras e meu vestido jogado no chão estava molhado. Não dava para percorrer o caminho do quarto dele ao meu de toalha.

— Dante você tem alguma roupa para me emprestar? — gritei.

Ele me entregou uma toalha e uma camisa enorme.

— Obrigada — peguei a camisa, que mais parecia um vestido para mim. Quando sai, Dante já estava coberto com uma calça e secava o cabelo com uma toalha.

— Diva! — Rain irrompeu pelo quarto. Ela travou quando nos viu. — Eu... Espero não ter atrapalhado nada...

O rosto de Rain adquiriu um leve rubor.

Ela deve ter achado que tínhamos... Bem, não importa. Entretanto, tinha que admitir que a situação favorecia esse tipo de pensamento; Dante seminu e meio molhado e eu usando uma camisa dele, igualmente molhada como a óbvia aparência de que acabamos de sair de um banho — o que tinha mesmo acontecido — e estarmos sozinhos dentro de um quarto.

— Ah — dei uma risada nervosa — Ah... O que foi?

— Talvez fosse melhor dizer outra hora

— Não! — gritei. Sabia que tinha sido abrupta e até um pouco rude, mas não podia evitar me sentir nervosa — Pode falar.

— Todos querem ver e falar com vocês.

— Esta bem, diga que já estamos indo...

Rain praticamente correu feito um jato para fora do quarto. Essa vai para minha lista de momentos vergonhosos.

Balancei a cabeça, afastando o constrangimento.

Chegou a hora de encarar a realidade e agradecer a todos que oraram pelo nosso retorno.

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