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Dante's Inferno: A Heart That Refuses to Give Up

A FAMILIARIDADE DA SEQUÊNCIA desastrosa de eventos me providenciou um acervo mais que especial de lembrancinhas de má sorte — a lei de Murphy sendo o agente determinante para tal. Para alguém que a única perspectiva vinha de despencar loucamente do céu pra terra no mesmo efeito dos anjos caídos, imaginar que na vida real, no mundo de Devil May Cry, existia algo meramente semelhante ao conceito de céu e o que se considera entidades angelicais, como uma fã da franquia certas coisas começavam a ter uma lógica melhor com esse conhecimento.

Entretanto, apesar da nova base, não significava que estava segura e inserir mais uma ideia na minha cabeça abarrotada de preocupações não ajudaria em nada na missão proposta. E, para ser honesta, a pior parte de estar caindo rumo ao abismo era mais o que me esperava lá embaixo que a concepção da dor.

Certamente a queda, em si, indicava que seria bastante dolorosa e o que sobrasse de mim nem poderia ser reconhecido depois. No entanto, presenciar mais uma vez o tormento de Dante parecia mais tenebroso.

Reparei, com um nó na garganta, que estava caindo rápido demais, mal podia ver em meu entorno. Tudo passou num borrões e as únicas coisas que podia diversificar eram as cores; vermelho e marrom eram as principais. Não podia evitar, sequer adiar um pouco o impacto para sair ilesa. Nesse momento de realização, desejaria que tudo fosse apenas um sonho bobo que meu cérebro descargaria em forma de espasmo pelo meu corpo no segundo que estivesse prestes a dar de cara no terreno ermo do inferno, de preferência acordaria do lado de Dante como se o episódio em questão nunca tivesse acontecido. Mergulhada de cabeça, o ponto de colisão parecia mais e mais perto, um prelúdio do horror, me restando encontrar uma posição que seria a menos dolorosa enquanto o vento chicoteava meu rosto. Coloquei meus braços na frente do rosto para poder protegê-lo.

Fechei os olhos esperando pela dor.

Nada aconteceu.

Para o meu alívio absoluto.

Já não estava mais caindo.

O déjà vu me dominou ao sentir braços fortes e quentes me envolverem e a leve respiração fazer cócegas contra minha bochecha. A sensação de ser acolhida, de ter um refúgio, despertou uma onda de sentimentos em meu interior. Lembrei o momento em que cheguei a esse mundo, quando Dante me salvou da morte e me deu um propósito. Lentamente abri meus olhos, encontrando os olhos vermelhos do meu algoz. Estava indefesa nos braços de Dante. Meu coração se apertou fortemente em meu peito e meu estômago se revirou. Dante me encarou momentaneamente, com um ligeiro sorriso perverso. Ele emanava uma indefinível aura de ameaça. Os olhos rubros cortantes e gélidos dele me alertaram para o que tinha que fazer.

Não cai do céu sem um objetivo definido.

Não desperdiçaria a chance.

— Pensei que tinha me livrado de você — disse friamente. Apesar da hostilidade que ele emanava, continuei firme.

— E, no entanto, me salvou. Acho que isso é uma contradição, não concorda? Além disso, não é fácil se livrar de uma mulher apaixonada, sabia? — rebati, dando um sorriso mordaz. — Principalmente se essa garota tiver habilidades excepcionais e que com elas possa caçar qualquer um até nos confins do mundo.

— Diva — a voz dele se suavizou por um instante, uma consciência que iria para longe do meu alcance. — Talvez... Não tenha feito o trabalho direito.

Dante agarrou meu pescoço e me ergueu, como se meu peso pouco lhe afetasse. Era um aperto forte, capaz de quebrar minha jugular se estivesse viva — e um corpo mortal. Experimentei pela primeira vez a pavorosa sensação de ser sufocada, isso era um pouco estranho. Não devia sentir, afinal estava morta.

Finquei minhas unhas nos braços de Dante com toda força que possuíam, rasgando a carne e deixando um rastro de vermelho carmesim na pele morena. Me debati mais ferozmente para garantir minha sobrevivência do modo convencional, mesmo que, aquela altura, não carecesse tanto desse apelo.

Ignorando as minhas vãs tentativas, nem com as feridas infringidas ele afrouxou o aperto, sem o efeito desejado, sem rastro de compaixão. O oxigênio ficou um pouco escasso e tive consciência que não precisava respirar, mas meus pulmões estavam acostumados com ele. Sentir o ar entrar e sair eram uma forma de me ligar à vida — ainda que instintivamente lutasse com a dolorosa verdade de que estava morta, nada podia mudar isso. Enviei uma corrente elétrica para a ponta dos meus dedos. Aos poucos, Dante desapertou meu pescoço. Embora suas mão não estarem mais pressionando minha garganta,  aquele presságio, a dor que conservava-se latejando foi o suficiente para lembrar que ele não estava para brincadeira quanto a sua intenção de me matar. Eu ainda mantive minhas mãos agarradas em seus braços e em um impulso impensado, o beijei num ímpeto tempestuoso e atrevido.

Dante ficou surpreso e tenso e não retribuiu, ele ficou paralisado, de início, experimentando a impressão dos lábios colados e, no minuto seguinte, a aceitação e correspondendo quase que com mais fervor apaixonado que eu. Me enchi de esperança que o ato impensado rendesse mais que um constrangedor encontro e que ele voltasse a si, a sua real essência. Apreciei os preciosos minutos antes de ser rudemente puxada para longe. Os olhos vermelhos estavam semicerrados e em chamas.

— O que estava tentando fazer? — ele cuspiu rispidamente.

Meu coração deu um salto com a pergunta.

— Eu... Dizem que um beijo pode ser um bom agente de distração. — me recompus a medida que as palavras vieram a mim. — E eu te dei o melhor beijo da sua vida. — lancei a ele um sorriso desafiador. Tinha fé que a fagulha do verdadeiro Dante despertasse com isso. No fundo, sabia que não passaria disso; uma tola esperança.

— Sinto te dizer que não foi o melhor... Pode até ter sido o mais desesperado.

Dante queria abalar minha confiança, queria me quebrar. Não me permitiria se tragada pela escuridão e não me abalaria por nenhuma palavra que sair da boca dele. Esse Dante não era o meu Dante.

— Enquanto treinávamos, nunca consegui te derrotar realmente. Você sempre mostrava que estava vários passos a frente, mais habilidoso, mais forte e veloz. — admiti, sorrindo com as lembranças do curto período que estivemos juntos para me preparar. — Tenho muito que aprender sobre mim, meus poderes e até sobre você. Mas dessa vez... Dessa vez, quero mostrar que todo esforço não foi em vão!

A sufocante tensão ficou no ar, tornando-o pesado. Aproximei-me dele, sem hesitação ou medo. Por algum motivo, Dante ficou apenas me encarando fixamente. Vi por trás daquela máscara de indiferença, o genuíno Dante. O quente, sarcástico, badass e o homem que amava profundamente.

— Quer mesmo lutar comigo, doçura?

— De igual pra igual? Nunca seria capaz. — sorri. — Mas... Sempre fui boa pra correr, você sabe... — Dante também caminhou em minha direção, tão calmo e despreocupado que nem parecia estar de cara com um inimigo — apesar de eu não ser uma inimigo propriamente dito. Nenhum de nós ousou quebrar o contato visual.

Tomei impulso e disparei indo direto pra ele.

Eu tinha finalmente a chance para usar minhas novas habilidades. Deixei o poder fluiu pelos meus olhos, tentando ardentemente sair. Podia sentir a dor em meus olhos e tinha certeza de uma coisa; ser mais rápida possível e não errar. O Poder crescente moldou meus lábios para nomeá-lo pulsando em meus olhos. Canalizei sua energia para minha pupila.

— Olhar de Redenção — gemi sôfrega. A dor foi quase imediata, tive que piscar algumas vezes para aliviá-la. As minhas veias ardiam e todo meu rosto queimava. Por um segundo temi que o controle me escapasse, que acabasse não conseguindo usá-lo adequadamente e ficasse cega. E percebi que tudo parou. O tempo parou. Mas, me concentrei exclusivamente nas duas gemas vermelhas sem me importar com nada que não fosse ele.

Fechei os olhos e quando os abri novamente, não havia mais nada além de uma insondável escuridão.

Vaguei as cegas pelo breu, atraída por uma força que não compreendia. Desamparada, continuei caminhando vacilante sem saber ao certo por onde devia ir somente usando minha intuição. Estava completamente sozinha — e isso já era bem desesperador. E eu precisava sair daquele lugar agora. Não podia fazer muita coisa sem poder ver.

E era assustador. Muito assustador.

Cercada por nada além do silêncio, por uma infinita e assustadora escuridão. Concentro minha mente em nada que não fosse à paz que irradiava como sol, aquecendo e tomando tudo com seu poder, pois se ficar pensando continuamente em coisas que podem me confundir ou me fazer enlouquecer não ajudariam em nada. Sem contar que era capaz de estragar tudo. Confiando na força desconhecida para me guiar, me levar onde deveria estar.

A determinação inundou meu corpo, e um caminho começou a se formar mostrando a mim mesma por onde deveria ir. Levada somente pelos minhas intuições e o poder que não reconheci de onde vinha. Será que esse aura era Dante me conduzindo até ele?

Andei cada vez mais rápido, pela passagem em meio as sombra, que acabara ficando para trás. Agora estava perdida em um bosque.

E como uma experiente exploradora de bosques infernais, poderia facilmente encontrar uma saída... Ou não.  Entre antigos carvalhos e diversificação de vegetação, pisando nas folhas secas e mortas, encontrei uma mansão destruída.

Ouvi um grito estridente e cheio de agonia. O instinto me fez correr para ajudar quem tivesse em perigo — me lançando ao desconhecido sem nem pensar nos ônus.

Entrei na casa, testemunhando o cenário de um verdadeiro massacre. Minhas narinas inflaram com o odor pungente e enjoativo de carne humana; o cheiro de morte impregnava o ar.  Além das ruínas, sangue respingado por todas as paredes havia um corpo ensanguentado e dilacerado no chão. Caminhei cautelosamente até ele, tirando os cabelos dourados do rosto e foi um choque vertiginoso ver quem era. O corpo era Eva. Os olhos dela estavam vazios — totalmente sem vida —, e tinha sinal de lágrimas neles. A visão foi degradante e angustiante. Afastei-me, respirando fundo. Só então pude entender onde estava. Eu tinha penetrado a parte mais profunda das memórias de Dante.

A memória mais dolorosa: a da morte da mãe e o sumiço do irmão.

Naquele instante, queria muito chorar. Por mim, por Dante, por Eva. Simplesmente queria aplacar aquela dor que apertava meu coração. Esmagando e dilacerando. Sentei no chão, abraçando meus joelhos. E ouvi, mesmo que bem vagamente, sons de alguém chorando. Engatinhei até onde vinha o choro. Havia um pequeno armário, ele estava um pouco destruído e quase caindo aos pedaços, porém as portas permaneciam fechadas. Com esforço, abri a portinha que acabou cedendo.

Os olhos azuis familiares me encararam com pavor e revolta. O garoto me empurrou e correu para uma parte distante do pequeno cômodo. Se escondendo em um canto escuro. Vendo-o tão indefeso e assustado, senti que deveria amar e proteger aquele garoto de tudo que poderia feri-lo. Segurá-lo e acalentar sua dor, o apertando gentilmente em meus braços, capaz de enfrentar o mundo para mantê-lo seguro. E era justamente isso que faria.

Quase involuntariamente, as lágrimas brotaram em meus olhos, era um misto tão forte de emoções que não sabia o que fazer. E nem ao menos, entendi a razão do choro que tentava a custo reprimir. Tinha tantos tipos de sentimentos para simplesmente elencar em palavras. E naquele momento elas estouram como vulcão: intensa e dolorida. Pareciam se ampliar-se cada vez mais enquanto tentavam bravamente se dissolver em mais lágrimas. Queria mais do que qualquer coisa deixar aquela sensação esmagadora se libertar em um choro de consternação. E a resposta veio tão rápida e simples; eu estava sofrendo pelos olhos de Dante e isso desencadeou essa confusão dentro de mim.

Solucei alto e meu corpo tremeu.

— Dante? — chamei minha voz embargada pelo choro. O garoto levantou a cabeça, confuso. Toquei a testa dele, tirando os cabelos de seu rosto.

— Como sabe meu nome? — ele indagou num lampejo de voz.

— Eu sei muita coisa sobre você — dei um sorriso de conforto — Estou aqui para ajudá-lo.

— Me ajudar? — mecanicamente concordei.

Dante se afastou das sombras, e vi que segurava um cordão vermelho que dava algumas voltas em seu braço.

— O que é isso? — perguntei apontando para o cordão.

— É de alguém muito importante para mim e minha mãe disse que tenho que segurar firme e não soltar — explicou.

Eu já tinha me ajoelhado e tomado o menino em meus braços, e ele estava gelado. Não era de estranhar, as roupinhas que usava estavam rasgadas e sujas. Queria usar meus braços e todo imenso amor que projetava para acalentar e acalmar aquela pequena criatura. Abracei o pequeno corpo balançando-o suavemente, cantarolando bem baixinho. Esfreguei as mãos nas costas do menino para, de algum modo, aquecê-lo. A princípio, ele pareceu desconfiado e relutante. Aos poucos, ele relaxou se aninhando contra meu corpo. Dante se encolheu, afundando o rosto em meu peito.

Ele fungou.

— Sabe... Pode chorar se quiser.

— Não. Não posso. Tenho que ser forte! Mamãe disse que tenho que ser forte... Se eu fosse mais forte ela não teria morrido...

A imagem fresca de Eva morta me afogou em uma maré consternação.

— Não é sua culpa, Dante. Sua mãe queria que vivesse, que fosse feliz. — afaguei sua cabeça. — Ela te amou mais que qualquer coisa, tenho certeza disso.

Dante esfregou os olhos para não chorar e se apertou em mim.

— Prometo que vou proteger você. — garanti.

— Eu sei. — ele ergueu a cabeça. — Eu escutei.

— Escutou? — ri sem jeito. — Bem, vamos sair daqui, não é?

Recolhi uma manta e coloquei por cima da cabeça do pequenino Dante. Ele encarou-me seguindo cada movimento meu. Como se quisesse ter certeza que não iria embora e o deixasse sozinho — algo que nunca faria.

— Vamos?

Dante assentiu.

Peguei a mão dele, guiando-o para fora da casa. Fomos recepcionados pelo ar gelado e causticante. Andei com o máximo de rapidez que me era permitido. A vegetação chacoalhava e farfalhava sem parar, e as folhas pendentes voavam sem rumo. O vento bateu violentamente em meu rosto, deixando-o sem sensibilidade. Minha respiração formava vapor pela queda brusca de temperatura. A mão de Dante me apertou.

— Não fique preocupado, logo o frio passa — confortei, com os olhos fixos no caminho à frente.

Arquejei com o vazio em meus braços.

— Frio? — ouvi uma suave risada, quase sarcástica. A voz não parecia mais de um garotinho. Abruptamente, fui puxada indo de encontro com algo duro e quente. Na verdade, para ser específica, um peito nu. — Pelo contrário, princesa, está bem quente aqui. Estou mais aceso que nunca — arregalei os olhos quando vi que, no lugar da versão infantil de Dante, estava a versão que aparecia no Devil May Cry 3. Ele serpenteou minha cintura, me apertando contra si.

Compreendia agora a parte do “quente”.

— Isso foi... Repentino. — balbuciei.

— Relaxa que a melhor forma de nos aquecer através do calor humano, — Pisquei confusa, sentindo o rubor esquentar meu rosto — Está dando certo, você até ficou vermelha. Se bem que isso é mais pelo meu poder sobre as mulheres — ele deu um sorriso arrogante e sensual — Talvez eu te esquente como ninguém, não é?

Uma gargalhada irrompeu do mais profundo do meu âmago com o flerte descarado dele.

— Não era essa reação que esperava, mas se está rindo, então devo estar no caminho certo. — a mão dele se posicionou no centro das minhas costas, colando-nos ainda mais.

— Acho que não temos tempo pra galanteios.

— Admite então que faço seu tipo? — os cabelos claros criaram uma cortina desleixada pelo rosto dele.

— Temos que ir, garanhão.

— Mas já? Ainda nem comecei. — A voz era como veludo, quente e aconchegante. Senti um arrepio interior que parecia derreter — igual gelo ao sol. Dante não afrouxou o modo que me segurava, mantendo-me firme em seus braços.

Sem qualquer prévio aviso, ele se inclinou sobre mim, roçando seus lábios levemente contra os meus.

— Ei, ei, ei. — pigarreei. — Calma lá, meu parceiro. Isso está indo muito rápido. Venha. — me desvencilhei e segurei sua mão ao que ele, imediatamente, me fitou intrigado.

— Para alguém que disse que estávamos indo rápido, está até segurando minha mão. — ele escarneceu, mostrando nossas mãos unidas.

O malandro me venceu no argumento.

— Sem gracinhas.

— A senhorita que manda. — ele deu de ombros. — E para onde iremos, madame?

— Boa pergunta.

Um vulto, surgindo abruptamente, na minha visão periférica feito uma sombra amedrontadora prostrada me desestabilizou por um instante. E, para meu horror, arremeti com toda força contra o suposto inimigo. O ruído foi um forte estalado. Minha mão ardeu, e a chacoalhei para aliviar um pouco a queimação.

— Essa doeu! — massageou o local que bati, movendo o queixo. — Você tem uma boa de direita.

— Foi mal. Desculpa.

— Não tem problema. Minha sorte com as mulheres não é das melhores.

Dei uma risada envergonhada.

— Resolveremos isso quando voltarmos. Prometo!

Peguei na mão de Dante, praticamente arrastando-o.

— Olha, poderia ir para qualquer lugar que você quisesse — ele parou. — e com minhas próprias pernas. Mesmo gostando de mulheres com atitude, não acho que precise ser arrastado.

Isso vai ser mais complexo do que imaginei.

×××

Estou bastante curioso. — Dante exclamou. — O que te fez vir aqui atrás de mim? — esfregou o queixo com os dedos. — Um encontro? Ou estou te devendo algo? Se for a segunda opção, saiba que não tenho dinheiro- — pousei o polegar sobre os lábios dele para impedi-lo de falar mais do que já fazia.

— Você fica mais bonito bem quietinho. — brinquei.

— Não posso evitar. — ele segurou gentilmente meu pulso.

— Temos que centrar em... — chacoalhei a cabeça, impotente ante o charme de Dante. — Se apresse!

Me movi depressa.

Apesar de estar mais ligada ao nosso entorno, meu cérebro, hora ou outra, se voltava para Dante que decididamente me observava. Podia perceber o olhar fixado nas minhas costas, perfurando-me. Meus passos pareciam estudados milimetricamente pelos olhos do meu seguidor. Rodei em meus calcanhares para encontrar Dante agindo como se nada tivesse acontecendo. Ele voltou sua atenção inocentemente para o outro lado. Eu entendia que essa versão de Dante era uma verdadeira explosão hormonal — capaz de exalar testosterona por todo ar. Mas, acho exagerado ele agir assim.

— Qual é?

— O que foi? — ele sorriu desdenhosamente.

Nossos olhares se encontraram, consegui ver que ele se divertia em me incomodar — portanto um perfeito idiota. No entanto, o modo como ele me encarou fora tão intenso, senti-me corar com o calor subindo para meu rosto.

A vergonha borbulhou dentro de mim, e cruzei os braços usando-os como bloqueio.

— Faça o favor de parar de me olhar!

— Não sei do que esta falando — deu de ombros.

— Você esta me vigiando e me olha como se fosse me devora.

— Bem, — ele tomou a frente, dando uma risadinha dissimulada — a visão estava ótima. E você parece bem apetitosa.

Corei furiosamente.

— Não é hora pra isso!

— É sempre uma boa hora pra admirar a paisagem.

Balancei a cabeça, contendo o riso.

Dante continuou andando calmamente, e propositalmente fiquei para trás. E repentinamente, o jovem Dante do Devil May Cry 3 tornou-se o quase incógnito Dante do Devil May Cry. Era estranho ver a mudança na aparência dele. Contudo, tinha que considerar que estava na mente de Dante utilizando os poderes de Anjo concedidos a mim por Eva. E a variação, poderia ser, na verdade as fases da vida — da alma — de Dante.

— Dante? Você está bem?

Ele se virou para mim. A expressão dele era indiferença e confusão. Cautelosamente, me aproximei.

— Algo errado?

Ele não me respondeu.

— O que foi?

Dante segurou meu braço.

— Não disse que precisamos no apressar?

— Ah, claro. Claro!

Confesso que fiquei deslumbrada com a segurança irreverente que ele exalava naquela fase. Tinha que levar em consideração que estava enfrentando uma projeção da alma nua de Dante e ela esta em constante mudança e isso pode implicar em mudar até a personalidade.

Não estávamos no bosque. E o cenário era completamente desconhecido por mim. Porém Dante parecia reconhecer o lugar.

— Confie em mim. — Ele estendeu a mão para mim, fiquei apenas olhando desconfiada e depois de um longo tempo e percebendo que nada de ruim iria acontecer, a peguei.

Um bolo subiu a garanta quando percebi onde estávamos.

Um cemitério.

Por que estávamos em um lugar assim?

Essa era alguma memória? Um lugar que desperte algo em Dante?

Silenciosamente, seguimos para dentro daquele lugar ameaçador. Uma rajada volátil de vento soprou pelo cemitério, fazendo com que as folhas se agitassem no chão lamacento. Agora meu coração batia tão descompassado que parecia que iria sair pela boca. Nunca fui muito fã de cemitério, por que eram assustadores e me deixavam enjoada. Principalmente com a ideia da morte.

O caminho estava cheio de fileiras de amedrontadoras lápides de granito decadente, arbustos e ervas daninha que cresciam por entre as sepulturas. A visão só me fez apertar a mão de Dante e o seguir ainda mais rápido que podia. Vez ou outra tropeçava em pedras ou protuberâncias de gramas enroscadas.

Houve uma agitação repentina nas arvores próximas, paralisei de medo. Ok, eu detesto cemitérios, mas isso é ridículo. E uma punhalada de dor corroeu meu abdômen, soltei minha mão que estava entrelaçada com a de Dante e toquei minha barriga.

— Algum problema?

— Sim, — choraminguei — esse lugar me assusta.

— Não se preocupe que nada vai te acontecer comigo por perto.

Permaneci imóvel, incapaz de me mexer e Dante pegou novamente minha mão e sem resistência de minha parte me guiou para longe do cemitério, descendo uma pequena colina. As laterais da colina estavam cobertas por grossas lápides, algumas já desgastadas e em destroços e outras tão intactas que dava para ver as escrituras nelas.

Arregalei os olhos quando vi uma lápide com o nome de Eva e outra com Vergil.

Então isso também faz parte... Agora compreendia.

O céu estava meio morto, sem uma cor definida. Uma mistura de cinza com branco.

E estava terrivelmente frio.

Fixei meus olhos no chão, tomando todo cuidado para não escorregar e quando voltei minha atenção para Dante, ele estava diferente. Agora era o Dante do Devil May Cry 4 — o primeiro e originalmente conhecido por mim.

Talvez essa fosse a última mudança.

A última e definitiva, a alma verdadeira.

Tremi quando uma brisa passou por nós. Dante tirou o longo casaco e colocou em mim e me encarou, indulgente.

— Finalmente te achei! — disse soando inesperadamente calma demais.

E ficou ali, parado me olhando por tempo demais. Nada, porém, parecia ter importância. E eu não perdi tempo, e o afrontei com mais intensidade, admirando sua beleza selvagem. Perdi-me nos azuis intensos que me faziam lembrar o céu límpido e perfeito.

Os olhos de Dante eram como um pequeno pedaço do paraíso que parecia pertencer somente a mim.

Com um suspiro, ele me trouxe para perto. Eu queria mostrar e fazê-lo sentir toda emoção que me tomava quando o encontrei, mostrar todos os meus pensamentos e que, apesar das circunstâncias, confiava plenamente nele.

— Agora que te achei, posso resgatar sua alma — e não precisaria usar o outro poder.

Dante não disse nada.

A escuridão tomou conta dos meus olhos, tentei lutar contra ela. Eu sabia que significava, meus poderes estavam me deixando, não tinha muito tempo. A queimação começou a consumir e queimar dolorosamente meus olhos. Era como se tivessem jogado ácido em meus olhos. Ainda consegui sustenta-los em Dante e com um ultimo apelo, gritei:

— Olhar da Salvação!

Uma forte e miraculosa luz tomou minha visão.

Não houve mais nenhum som, nem mesmo ouvia minha respiração.

— Diva?

A voz chamou, me trazendo para a realidade. Tentei usar meus sentidos para descobrir quem era que me chamava, mas não consegui reconhecer a voz.

Minha visão estava borrada, em uma cegueira vertiginosa. Havia algo que escorria pelas minhas bochechas como lágrimas, porém quentes e mais densas. Não podia dizer o que era. Elas deslizaram até chegar perto dos meus lábios, e usei minha língua para saborear o que quer que fosse.

O gosto era desagradável de ferrugem.

Minhas lágrimas eram de sangue.

— Diva... Pode me ouvir?

Fiz um gesto positivo com a cabeça.

— Pode ver? Sabe quem esta falando com você?

— Hm, não... — era uma resposta direta para ambas as perguntas.

— Sou eu; Alexander.

— Onde está Nero? — indaguei preocupada.

— Estou aqui — senti Nero tocar meu ombro.

— Eu consegui? — pisquei e a nebulosidade começou a se dissipar. E mesmo sem poder enxergar cem por cento, olhei ao redor à procura de Dante. Vagando cada canto daquele lugar, até para na cruz onde Dante deveria estar. Não havia nem sinal dele.

Não o encontrei.

Tentei levantar e percebi que meu corpo cintilava. O brilho cresceu para fora de mim, como a luz do sol; dourada e enérgica. Olhei mecanicamente para onde o anel que Alexander me deu deveria estar. A pequena pedrinha púrpura estava quebrada. Isso significava que minha aura estava livre.

— Merda! — resmunguei.

E entendi o motivo da preocupação de Alexander em relação a minha aura, e principalmente quando surgiu um verdadeiro batalhão de demônios que marchavam em nossa direção. Eu, sem querer, os estava atraindo.

— O que faremos?

— Só nos resta lutar! — Nero se posicionou para atacar.

— Tem razão garoto, — uma voz enunciou alto o suficiente para voltarmos à atenção a ele — mas não comecem a festa sem mim. Afinal, sou o convidado principal.

Dante pousou teatralmente na nossa frente, e me olhou por cima dos ombros.

— Eu te devo essa, doçura — ele deu um sorriso e juntamente com Nero, foi em direção ao enorme grupo de demônios. — Isso sim que chamo de diversão.

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