A Little Piece Of Heaven
NÃO ERA DIFÍCIL IMAGINAR OS SINUOSOS CORREDORES apinhados com vida, o fluxo constante de moradores em uma atmosfera familiar mais aconchegante e também mais restrita. E, de igual forma, poderia ver a solidão oculta pelas paredes de pinturas claras e luxuosa decoração coberta de poeira dos anos negligenciados de cuidados. Deslizou o indicador pelos móveis para definir exatamente quanto tempo o local não recebia uma visita real desde o último morador, não se surpreendendo com a camada fina que fora removida com um simples toque.
O casarão preservava a refinada estética de sua época próspera e, sobretudo, possuía uma força invisível, diferente de tudo que experienciou sendo incapaz de identificar as propriedades inibidoras, que a mantinha indiferente a ação devastadora do tempo, intacta em sua antiga glória e intocável por outros seres. Revelando que não era somente a cidade a detentora de tal poder, mas tudo que estivesse dentro de seus limites, abrangendo uma área muito maior do que se supôs, e que a fonte vinha dali. Os antigos residentes deveriam mesmo ter muito mais que uma simples influência política e econômica pela região, atuando como uma espécie de guardiões.
Os passos ritmados produziram ecos a medida que adentravam mais os domínios dos Lockhards, vislumbrando, no que seria um dos salões principais, uma grande estátua esculpida em mármore carregando nós braços uma ampulheta e usando, como um excêntrico acessório, uma máscara de leão que escondia parcialmente a face feminina. Franziu o cenho com a imagem, se questionando se seria a mesma que já vira numerosas vezes antes. Percorreu com o olhar sedento de curiosidade para os pés onde se encontrava a placa que a nomeava: Monumento do Divino. Uma representação de uma entidade feminina que também cultuavam.
— Eles não parecem tão especiais — comentou com Amara que seguia em seu encalço. — Esperava um pouco mais.
— Há muitas coisas que ainda precisam ser descobertas. — replicou enigmática. — Além disso, se estiver procurando informações reais sobre essa família, é aqui que as encontrará.
Se existia uma ínfima possibilidade de achará respostas naquele lugar, Trish o dissecaria para chegar onde tinha que ir: explorando as salas, os quartos, os cômodos mais secretos e intimistas.
— Tem algo a mais que você sabe? — interrogou a mulher mais velha.
— Veja com seus próprios olhos — disse com segurança assim que a mulher demônio girou a maçaneta de um dos cômodos. — Vá em frente.
A loira franziu o cenho intrigada, porém não hesitou em abrir a porta, entrando no espaço com destemor. A primeira vista, seus olhos se toparam com um grande retrato de uma família disposto orgulhosamente na parede acima da escrivaninha, e prateleiras repletas de livros e uma discreta decoração. Trish averiguou o ambiente com minúcia, ignorando o aroma forte de poeira que permeava o ar.
— Terei um longo trabalho, pelo visto. — franziu o cenho.
— Eu voltarei aqui em outro momento. — Amara informou, partindo.
Se deslocando pelo escritório, leu a lombada da fileira de livros e sacou um deles do lugar, folheando algumas páginas brancas conservadas: o conteúdo, escrito em letras cursivas bastante caprichadas, apresentava uma vasta coleção de informações feitas a mão com esmero. Alguém dispôs de muito tempo pra preencher os livros com estudos e dados coletados — de onde, nunca saberia.
Se acomodou e se preparou para uma longa pausa para leitura, interpretando e decifrando as notações.
— Imagino o tempo que tomou pra escreverem tudo isso — ponderou. — E parece que foi uma pessoa só considerando a caligrafia... Mas... — seu olhar varreu toda extensão do local com um vinco se formando em sua testa. — Essa pessoa estava desesperada para contar uma história.
×××
NUNCA, EM MINHA VIDA, CONSEGUI ME SENTIR tão bem com um abraço apertado — daqueles que a vontade é de permanecer ali nos braços da outra pessoa e se agraciar com a dose extra de dopamina. A proximidade me permitia sentir o calor emanando dele e a fragrância licorosa e almiscarada que entorpeceu meus sentidos, me incentivando a desejar mais contato. Ele tornava o meu esforço de não me apaixonar um tremendo desafio e, pra ser honesta, até gostava de desafios.
Tudo que povoava meus pensamentos era que não houvesse separação, que a conexão não se cortasse e que ficássemos ali, unidos no calor um dos outro, sem a possibilidade de cada um ter que seguir um caminho diferente e... Nunca imaginei que a experiência passada tivesse tanto efeito em mim para perceber quanta saudades de alguém poderia ser capaz de sentir. Que meu coração que galopava no peito se desfizesse com a ínfima chance de perdê-lo de vista, e sabia que cruzar a linha seria demais pra mim, pra que um crescente sentimento não ocluísse meu julgamento.
Enterrei meu rosto no peito de Dante memorizando, nesse curto período, sua respiração ritmada, seu perfume e até mesmo suas formas. Finquei as unhas no casaco dele, escutando uma leve risada.
— Sei que a saudade é grande, mas você precisa mesmo marcar meu casaco? — provocou, me arrancando um riso baixo. — É algum tipo de costume do seu mundo?
— Não, na verdade não.
Fala sério, eu não sinto que deveria, só que a vontade de beijar ele é quase tentadora demais.
Ouvimos um pigarreio.
— Se soubesse que iria segurar vela, teria ido embora. — Nero comentou. — Você demorou, Dante. Por sua culpa a Diva passou dias chorando.
Mexi as mãos para que ele não prosseguisse com o falatório e me envergonhasse mais ainda. Ele literalmente contou pro Dante o embaraçoso momento de vulnerabilidade que deveria ser omitido. Ninguém precisava dessa informação e, também, não deveria ser um tópico de conversa. Adorava o Nero, mas ele tinha um ar de graça que as vezes me tirava do sério.
— Espero que tenha vindo resgatar, porque ela com as crianças é a pior zona.
— Olha a petulância — arquejei incrédula e reprimindo a risada. — Você é pior, viu?
— Parece que se deram muito bem. — Dante alternou atenção entre mim e Nero. — Agora que te encontrei, vou ter certeza de nunca perdê-la de vista — Dante disse, lançando um sorriso despreocupado. — Nunca conheci alguém, principalmente sendo uma garota, tão difícil de encontrar.
— Nem é tão ruim. Você me encontrou. — contestei, alegremente. — Finalmente. Temos tanta coisa pra conversar, pra pôr em dia... Muita coisa na verdade.
— Ace?
Assenti.
— Se prepare, vamos partir agora.
— O que? Assim? Eu nem me despedi dos meus amigos. — argumentei indicando Nero. — Tenho que falar com a Kyrie, pegar minhas coisas... — arregalei ligeiramente os olhos. — Eu não quero sair às pressas como uma fugitiva... — minha voz morreu a medida que a sentença chegou no clímax. — Eu sou uma fugitiva.
Balancei a cabeça para me recompor.
— Nero... Pode me acompanhar? — pedi.
Ele assentiu.
— Pode me esperar aqui, Dante?
O mestiço relutou com a solicitação, porém, após um suspiro de rendição, ele retomou a postura despreocupada.
— Podem ir, não sairei daqui. Não é como se tivesse muitos lugares pra ir, não é?
— Estava começando a gostar da sua companhia, mesmo que você roncasse feito um porco. — Nero proferiu com sarcasmo. Ultrajada, o empurrei de leve o que não o abalou em nada, mostrando a nossa gritante diferença de força. — Agora que vai embora, não terei que me preocupar em racionar comida.
— Você não vale nada. — repliquei rindo.
Paramos frente a casa que dividia com Nero e Kyrie, recordando as peripécias vividas naquele lugar tão especial. É doido pensar que não se precisa muito para se apegar fortemente a algo ou alguém. O processo de pegar as coisas que consegui em semanas anteriores não tomou muito tempo, o que realmente tratava como essencial guardava.
Recolhi uma das fotografias nossas, sorrindo.
— As semanas passaram bem rápido. — Nero disse, também contemplando a foto.
— Mas foi divertido.
— É. — ele rematou. — Vai ser estranho não te ver.
— Own, que fofo. Já está sentindo minha falta? — Nero balançou a cabeça, sorrindo.
— Vamos, tem que se despedir de todo mundo.
×××
Não estou chorando.
Não estou chorando.
Não importa o quanto quisesse me convencer que que estava bem com toda situação e que sairia de Fortuna plena, sem deixar cicatrizes para trás e não choraria. O ponto de inflexão certamente foi o percurso para encontrar Kyrie, até criei todo um script para desenvolver melhor como declararia meu agradecimento e a profundidade dos laços formados através de uma genuína preocupação e afeto mútuo.
Nossos passos ecoaram na calçadeira, um lembrete da arquitetura pitoresca ali.
O ar estava fresco e com um suave aroma de maresia; o céu limpo num azul claro e ofuscante. O orfanato ficava poucas quadras do apartamento que compartilhava com o shipp mais fofo do jogo — não mais fictício — e era uma construção simples, não muito diferente das demais da cidade. Embora, tivesse convicção e a alegria, não ansiava tanto me encontrar com Kyrie. Só para me despedir e eventualmente não vê-la mais.
Sempre odiei despedidas.
— Assim Kyrie vai achar que aconteceu alguma coisa ruim. — Nero me consolou com um gentil afago no ombro.
Assenti, enxugando as lágrimas e sorri.
O prédio se ergueu sobre nós com sua presença imponente e fria. Lancei-lhe um olhar de complexidade e compreensão: estar naquele lugar reabria velhas feridas nele — ele não gostava muito de ficar lá dentro, até porque passou uma efêmera parte da sua infância ali e pelo que sei não foi muito agradável. Talvez não conseguisse esquecer o completamente o passado. Nero encostou-se a uma árvore, braços cruzados e deu um sorriso gentil. Fui recebida por um grupo de crianças e uma Kyrie super atarefada. Deixei escapar uma risadinha. Percebendo minha expressão de felicidade, Kyrie prontamente me puxou para um lugar reservado.
— Porque essa carinha de alegria? — ela perguntou, tocando minha mão. — Estou curiosa para saber quem foi que te deixou tão feliz.
— Ele veio! Dante veio me buscar! — afirmei solenemente. Ela arregalou os seus olhos castanhos.
— Então... — ela deu uma pausa — isso é uma despedida? — indagou, o sorriso desapareceu dando lugar a um olhar triste. O tempo que passei com Kyrie, fez com que me apegasse a ela. Temia que esse dia chegasse.
— Bem, acho que sim. — dei um sorriso reconfortante para ela.
Kyrie pegou-me desprevenida com um abraço forte e um tanto desajeitado. Retribui apertando-a, tentando a custo reprimir a vontade de chorar. A situação já estava triste o suficiente, se acabarmos chorando desmoronaríamos feito duas criancinhas.
— Eu queria te acompanhar, mas tenho muito trabalho — Kyrie explicou, sorrindo sem jeito.
— Não se preocupe, entendo. — anui serenamente – Mas posso ajudá-la um pouco com as crianças antes de ir.
— Sério? – afirmei com a cabeça – Obrigada, Diva!
Ficamos um bom tempo conversando, depois ajudei com tudo que era necessário — até na leitura de historinhas infantis, tive até que interpretar os personagens. Demorei um pouco, mas consegui me despedir de todas as crianças do orfanato. Sai rapidamente, dando um rápido aceno. Encontrei Nero ainda encostado na árvore. Ele veio em minha direção assim me viu sair.
— E como foi?
— Lágrimas e histeria — brinquei, o cutucando de leve.
Engoli o soluço antes de correr para os braços de Nero, chorando baixinho.
— Odeio despedidas!
— Isso não significa um adeus. — ele me animou. — Teremos outras oportunidades de nos vermos.
Instintivamente entrelacei nossos dedos mindinhos como um gesto bizarramente familiar e que Nero não recusou. Nos fitamos com um semblante semelhante: um misto de confusão aterradora e amabilidade. Refizemos o caminho para o píer, caminhamos entre o usual tumulto de pessoas nas ruas, uma rotina normal e tranquila que conferia ao local uma espécie de atmosfera solene.
— Vou sentir falta disso.
— Pode nos visitar em outro momento. — sugeriu.
— Se eu voltar pro meu mundo, será difícil isso acontecer.
— Nesse caso, sempre que jogar lembre de nós.
Sorri.
Ele me abraçou de lado.
Encontramos com Dante de costas para nós, olhando para o mar. Assim que chegamos, ele se virou.
— Vamos?
— Sim!
Dante estendeu a mão e rapidamente a peguei. Ele puxou-me de encontro ao seu peito e me ergueu. Acenei para Nero, me despedindo.
— Bem, como pretende nos tirar daqui? — perguntei curiosa.
Ele sorriu.
Aquele sorriso fez todos meus pelos do braço de eriçarem. Algo me dizia que não nada bom.
— Voando — ele respondeu tranquilamente, com um sorriso debochado.
— Como? — disse alarmada. — É brincadeira né? Não é?
Engasguei.
— Não tive como fazer os melhores preparativos, vim assim que soube onde estava.
De repente, a aparência de Dante mudou. Sua pele se tornou escura, entre vermelho sangue, escuro e preto; e de contraste duro e frio. Fiquei muito emocionada — do que possivelmente com medo — e surpresa ao ver o Devil Trigger de Dante tão de perto e totalmente consciente. Reprimi um grito de euforia ao mesmo tempo que tentava não surtar por pela viagem de “primeira classe” no aconchego do meio-demônio.
— Não olha pra baixo. — repeti, cerrando as pálpebras. Inflei o peito e soltei em um exercício de respiração para conter o medo. Por mais apavorante que fosse, Dante nunca iria me deixar cair. Confiava na boa fé dele e também por ele ser praticamente meu protetor nesse mundo maluco.
— Se me deixar cair, juro que vou te assombrar pelo resto da vida. — ameacei, escutando sua risada mais grossa. — Nunca vai se livrar de mim.
— Não tenho essa intenção. — ruborizei com sua irreverente resposta.
Respirei fundo, reprimindo os sentimentos fervilhantes que ameaçaram escapar. Meu coração já batia descompassadamente devido ao medo de sobrevoar um espaço relativamente longo do oceano em direção a cidade mais próxima, acrescentar na lista mais uma razão para ele continuar acelerado não soava como uma ideia sensata.
Relaxada nos braços de Dante, sem o pânico me induzindo ao frenesi, senti a maneira revigorante como o vento nos envolvia enquanto nós deslocávamos em uma incrível velocidade. Agarrei-me firme ao corpo – com uma couraça dura e áspera – de Dante e ele tentava não me pegar com força demasiada. Naquela forma, para Dante, era tão frágil quanto uma peça de porcelana.
Nunca fui muito fã de altura — tinha pânico de locais altos, não era pouco não, era do tipo que me fazia borrar de medo —, mas voar em segurança era algo inexplicável.
Para minha satisfação, o percurso não durou mais e logo nos encontrávamos no porto. Sem dizer qualquer palavra, Dante retornou a sua aparência humana assim que pousamos, o que nos poupou de olhares estranhos cheios de terror. O alívio e a alegria me encheram ao constatar, real oficial, finalmente ter terra firme sob meus pés não muito estáveis.
— Vamos, doçura.
Apertei o passo para acompanhar Dante, indo a uma rua e vagando até uma sinuosa estrada parcialmente remota. Reconheci o carro de Dante estacionado ali, atestando o que ele dissera antes de não ter tempo pra “preparativos”.
— Ei! Diva! — uma voz estranhamente familiar saudou.
Uma figura acenava animadamente para nós. Os cabelos loiros tremeluzindo e o gosto diferenciado de roupa, um estilo lolita bem peculiar, inconfundível permitiu uma rápida identificação de quem se tratava: Maya, a irmã mais nova de Eryna.
— O que ela...
— A irmã dela ajudou a te localizar.
Algo estalou em minha mente, uma percepção que me arrancou o fôlego.
— Alexander? — chamei, esperando seu súbito aparecimento fantasmagórico. — Alexander, ainda está aqui?
A história dele ser um espírito que perambula por aí, obviamente, iria acabar uma hora. Pelo meu leigo conhecimento sobre entidade como almas que vagavam no plano terreno, nem todos atravessam o pós mortem serenamente e ficam presos, porém, ao resolverem as pendências que servia como um fator que impede o ser a subir um novo patamar no processo de elevação ou o que fosse.
Alexander com toda sua aura de mistério deveria ter algo que o atrelava a esse mundo e que não o libertava, mas com seu desaparecimento em certas ocasiões, sobretudo, durante boa parcela da estadia em Fortuna cogitei que sua hora tinha chegado e não pude me despedir.
— Ainda estou aqui. — gritei com o sussurro sutil da sua voz.
Maldição.
— Que merda! — grunhi, rindo. — Nunca vou me acostumar com isso.
— Sinto muito, Diva.
— Onde estava? — indaguei.
Alexander suspirou longamente.
— Juntando as peças. — disse com melancolia. — Já estive em Fortuna antes, estava explorando o lugar por conta própria. O bom de ser um espírito é que não preciso de autorização para entrar nos lugares que o público não pode acessar. — abriu um sorriso.
— Achou alguma coisa?
— Não muito.
Encerrei a conversa ao notar as sobrancelhas arqueadas de Maya, um rascunho engraçado de confusão e fascínio.
— Olá, Maya — saudei.
— Estou feliz que finalmente esteja bem e conosco.
— Eu também.
Teria dormido durante todo percurso se não tivesse com Maya que tagarela a sobre coisas que não compreendia e, a custo, lutava para conciliar. Ela pareceu interessada na dinâmica que desenvolvi com Alexander e que ela categorizou como “Espirito-Guia”. Me foquei nesse tópico, absorvendo as novas informações e as assimilando com cuidado.
Espírito-Guia se encarregava de orientar e proteger uma determinada pessoa para que possa cumprir o papel dela e aprimorar possíveis habilidades latentes não reveladas. Basicamente sendo um mentor para seu protegido e fornecendo uma capacitação para a evolução deste.
Analisando o que Alexander fez por mim, esse título caía bem pra ele.
Pela janela, pude ver o tom laranja e amarelo encobrir o céu. Depois de alguns minutos, o sono ganhou terreno e Maya acabou dormindo no meu colo. Por mais que ela se auto afirmasse como uma bruxa e declarasse ser madura, sem toda fachada, ficava mais aparente seu ar mais infantil. O manto da noite substituiu a variação de tonalidades quentes assim que chegamos no museu.
— Sem armadilhas dessa vez. — resmunguei para Maya assim que ela despertou.
Ela riu.
— Não terá. — bocejou. — Minha irmã ficará feliz em te ver.
Meu primeiro passo foi vacilante, muito mais do que acreditava. Percebendo minha relutância, Maya pegou minha mão e puxou para dentro. Olhei Dante por cima dos ombros, ele parecia se divertir com a situação.
— Olha, irmã. — Maya disse alegre. — Diva esta aqui!
Eryna que segurava um livro, voltou sua atenção para Maya e para mim.
— Olá Eryna — sussurrei insegura.
— Que bom que está conosco, Diva — ela sorriu.
Assenti.
— Está tarde. Amanhã temos que conversar, por hora aproveite para descansar — aconselhou aproximando-se cuidadosamente, tocando minha mão em seguida. — Tenho um quarto para você.
— Obrigada. — agradeci, Dante pegou minha mão. — Mas eu...
Vai soar bizarro se eu disser que preferia dormir no mesmo quarto que Dante?
— Acho que não precisa, Diva dorme comigo — Dante se pronunciou, tirando o peso da vergonha de admitir sobre meus ombros.
Alexander riu discretamente, se acomodando em uma das poltronas mais afastadas.
— O quê? — Maya o fulminou com os olhos. Se olhar matasse, Dante estaria morto. — Nem em sonho deixaria a Diva em suas mãos pervertidas.
— Ele não é um pervertido. — arqueei uma das sobrancelhas. — Eu tive essa ideia e gosto assim. Se ele não se incomoda, então não tem o que se preocupar, Maya.
— Vocês são um casal mesmo? Achei que o feioso só estava afim de... — Cobri a boca da Maya antes que ela soltasse alguma pérola.
— Não somos um casal, é uma questão de segurança. — encerrei o assunto, implorando a Dante com um olhar pra irmos logo.
Me joguei na cama, abraçando o travesseiro.
— Se eu não tivesse tão cansada da viagem, contaria como foi... — suspirei. — Aconteceu muita coisa. Ace disse que você tinha morrido.
— Como vê, não morro fácil.
Instintivamente o abracei, aproveitando meu pequeno paraíso no amparo dos braços dele.
Ficamos assim até o sono reivindicar terreno.
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