Leiam o aviso no final, por favor.

Quando ela saiu, pude saborear minha maçã na paz do silêncio daquele ambiente florido e verde. O jardim daquele castelo realmente lhe dava um ar mais natural, romântico e nítido. Sinto falta dos terrenos cultivados com flores exóticas e das plantas ornamentais que existiam no meu reino, das viagens que eu fazia antes de me tornar um monarca e de tudo que pude aproveitar antes das obrigações reais.

Na hora do almoço, observei que a Princesa comia sorridente e o Rei estava mais calmo. Eles tinham um olhar distante, seus corpos estavam presentes, mas seus pensamentos não. Os talheres de Seleste eram levados vazios a sua boca. Aquilo já bastava para uma manhã. Limpei a garganta, fazendo os dois recuarem em seus assentos.

- Estão viajando? - Seleste ri discretamente como uma bela dama, enquanto o Rei se endireita na cadeira e voltar a comer, dessa vez mais concentrado na comida. Pelos olhares, os dois estão felizes. Mas com o quê? Isso eu não saberia.

O almoço acabou na mesma quietude que havia começado e todos foram para lados diferentes. Hans estava à minha espera nos meus aposentos.

- Me chamou, Majestade?

- Sim, Hans! Quero que reúna minhas tropas e estabeleça uma aliança com Rei de Islerin. O Reino está sobre ameaças de guerra e não quero que meu futuro império seja devastado antes mesmo de eu tomar o poder.

- Sim, Vossa Majestade. Mas não será arriscado tirar as tropas do seu território com sua ausência? O Reino ficará sem vigilância e sem governantes.

Hans estava certo. Mesmo dando a eles o tormento e o sofrimento diário, não poderia deixar que uma guerra os matem.

- Você está certo, não estava pensando com clareza. - Estou preso demais a Seleste e seu pai que esqueci do meu próprio domínio. - Deixe alguns guardas e traga os outros que achar necessário - ele assentiu e se foi.

Comecei a relembrar dos olhos de Seleste que brilhavam ao me ver fracassando na árvore. Percebi que achava engraçado o meu insucesso, mas se alegrou quando me viu morder a maçã que estava realmente boa.

Eu não a entendo. Seleste parece ter duas identidades: alguns dias ele é hostil, ambiciosa e desafiadora e em outros me faz vê-la como uma mulher de verdade... Uma princesa pura e cheia de qualidades. Mas Seleste não é qualquer princesa, sempre terá um defeito nela que me irrita tremendamente.

No dia seguinte, como prometido, cheguei no jardim abaixo da janela do meu quarto. Não demorou mais de dez segundo e ela cruzou os portões vindo na minha direção. Pude vê-la pela primeira vez de panos de pernas. Não ficou parecida com um homem ou um soldado, mas sim com uma mulher guerreira cuja armadura lhe dá segurança, assim como preserva sua feminilidade.

- Não pensei que seria pontual.

- Uma princesa tem que ser! Vamos começar? - ela se posicionou de modo errado, pegando uma das espadas que eu segurava e erguendo alto demais. Poderia lhe desferir um golpe bem no estômago e lhe matar no mesmo instante. Suas pernas abertas demais não davam apoio, muito menos segurança. Podia ver em seus olhos a euforia. Com certeza mostraria de primeira qual o golpe iria lançar só com o olhar. E seu peito estava inclinado demais para frente.

- Você é um desastre - falei e cai na risada. A imagem dela segurando a espada e se sentido uma profissional, mas sendo um total fracasso, era hilária.

Ela me olhou com raiva e cruzou os braços. Agora quem estava fraquejando era ela e eu achava graça. Notei que ela apertava a espada com raiva e tentei parar de rir.

- Bom, nunca aponte a espada se você não estiver pronta para tudo. Só aponte se você tiver coragem de matar. - Me aproximei dela e ela deu passos para trás. A encarei sem entender. Ela por acaso tem medo ou nojo de mim? Eu nunca a fiz nada para ficar na defensiva desse jeito.

- Certo, mas e depois? - Me aproximei de novo e dessa vez ela permitiu. Eu endireitei seu corpo, deixando suas pernas com o apoio certo no chão, seus braços na altura correta e sua postura ereta.

- Agora desfira um golpe naquela árvore, sem desfazer sua posição.

Ela se aproximou da árvore. Foi fácil para ela manter a posição de ataque, já que tem aulas de etiquetas e, sem dúvidas, equilíbrio e postura. Desferiu os golpes enfiando a espada, esse também era um erro.

- Princesa, vamos colaborar um pouco... Iniciantes não devem desferir os golpes certeiros assim, ataque para cortar.

Me encostei por trás dela, segurando seu braço que estava com a espada e com minha outra mão segurei sua cintura, lhe mantendo na postura correta. O cheiro do seu perfume estava concentrado em seu pescoço e eu conseguia senti-lo do melhor jeito possível: com seus cabelos amarrados batendo em meu pescoço e a nuca dela bem próxima dos meus lábios. Quase não resisti a tentação de beijar sua pele macia e lisa; não tinha imperfeições ali como ela tinha como princesa.

- Agora... - falei retomando o foco e o ar que havia perdido. Ainda bem que não existia ninguém além de nós naquele local.

Fiz três cortes laterais na árvore, mostrando que dessa forma ela não teria que usar da força para arrancar a espada do corpo do soldado e isso lhe pouparia tempo.

Expliquei alguns golpes e observei ela os repetir, as vezes erros lamentáveis e outras vezes magníficos. Era difícil saber se ela era extremamente boa ou ruim. Mas de uma coisa eu sabia... Ela era assustadoramente sexy de armadura, espada e fazendo pose de guerreira brava.

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