Conversei com todos e fui para a entrada do castelo. Esperava que a qualquer momento meu pai fosse passar pelos grandes portões e me parabenizar pelo belo trabalho que foi a recepção. Eu não o via, nem mesmo os guardas sabiam me informar quando ele chegaria.

— Está esperando alguém? Achei que seu futuro marido estivesse lá dentro.

Estava evitando ao máximo dirigir palavras a Clarice, não queria arruinar a felicidade daquela agradável noite com minha tia e meus três primos. Olav mal ficou no salão, sempre quando está aqui prefere aproveitar a biblioteca enorme que temos e, com certeza, já deve estar devorando algum dos livros que separei para ele em uma das estantes.

— Não é totalmente definido, Clarice, ainda não aceitei ser esposa dele. — Eu queria ser fria para ela notar que a escuridão estava encantadora demais para eu ter que desperdiçar meu tempo com ela.

— Sei… Cristian é deslumbrante! Estará sendo muito estúpida se não aceitá-lo. Além de charmoso e galante, ele é engraçado e divertido.

Estávamos falando do mesmo Cristian? Pois ainda não vi esses lado charmoso, galante, engraçado e divertido. Mas como ele tem um lindo rosto e um físico perfeito, Clarice deve estar o achando deslumbrante por simplesmente ser bonito.

— Com licença, eu preciso entrar, já tomei ar o suficiente.

Meus passos foram rápidos, porém sem demonstrar pressa para não chamar a atenção de todos ou perder a elegância. Perder a paciência tudo bem, mas a elegância? Jamais.

Peguei uma bebida que os criados serviam e tomei parada no canto do grande salão. Avistei Cristian vindo em minha direção e parei de beber.

— Você poderia ter caprichado mais na decoração, está bem razoável. Podia ter sido bem melhor que isso.

Me segurei para não revirar os olhos ou perder a classe. Eu apenas sorri olhando para seus olhos escuros. Aquilo me parecia dois grandes buracos  que gritavam por mim, eram atraentes e ao mesmo tempo misteriosos.

— Eu dei o meu melhor, sinto muito se não o agradou, majestade.

Ele apenas sorriu e sentou em uma cadeira ao meu lado, fiz o mesmo. Já estava cansada de permanecer em pé conversando e cumprimentando. Eu não tinha nenhum dever a cumprir, estavam todos se divertindo e conversando com os mordomos, chefes de guardas e alguns soldados. Como todos ali são plebeus, não se importam muito com quem estão falando.

— Queria lhe fazer uma proposta. — Olhei para Cristian que sorria. Fiquei curiosa e ao mesmo tempo com medo do que seria.

— Que tipo de proposta?

— Dance comigo?!

Aquilo era considerado uma proposta? Para mim era apenas um convite para dançar e eu realmente não queria dançar com ele.

— E o que eu ganho com isso?

— A oportunidade de irritar Clarice? Ela aparentemente quer muito dançar comigo e eu não a chamei ainda. E percebi seus olhares mortais próximo do portão, sou um soldado e sei muito bem quando é um olhar de guerra.  — Eu apenas ri baixo. Pude ver pela primeira vez um sorriso nele que transparecia felicidade. Ele estava se divertindo naquela noite e eu também. Há muito tempo não via o salão tão lindo e com pessoas dançando.

Minutos depois começaram a chegar alguns convidados do meu pai. Pessoas importantes como duques e ministros. Eu só notei quando já estava no meio do salão começando a dançar com Cristian e não poderia largá-lo ali para cumprimentar os que chegaram. Minha tia parecia ler meus pensamentos e foi fazer o meu dever por mim.

— Não se preocupe, eu pedi que ela me desse cobertura.

Aquela frase não fazia sentido para mim. Eu não sabia do que ele estava falando, mas sabia que tia Beatrici tinha algo a ver com aquilo.

— Do que está falando, majestade? — perguntei sem entender. Nós estávamos dançando lindamente e sozinhos no meio do salão, até que Beatrici puxou seu marido e começaram a dançar ao nosso redor.

— Você é um pouco mais lenta do que eu esperava. — Eu o lancei um olhar de reprovação e ia respondê-lo a altura, até que vi meu pai entrando no grande salão e cruzando com os convidados parados à sua frente.

— Eu esperei por esse momento. Vamos! — Meu pai falou fazendo um gesto com as mãos para que eu e Cristian apressasse algo e eu não sabia o que era.

— Seleste… — ele disse parando de dançar. Eu senti meu coração pulsar mais forte, mas não era de alegria e sim de nervosismo. Sabia, na hora que estava de joelhos, o que iria fazer.

— Cristian, não faz…

— Quer casar comigo? — ele disse mais alto do que eu tentava falar, abafando totalmente minha tentativa de impedir qualquer um de ouvir.

— Eu…

— Aceite, filha! Vamos!

Eu olhei para meu pai por alguns segundos e vi o tamanho do seu sorriso e do brilho em seu olhar. Ele estava realmente esperando o meu sim.

— Sim! Eu aceito.

Tinha sido mais um sussurro do que uma confirmação, mas valia pela felicidade que vi estampada no rosto do meu pai e da minha tia. Ela piscou para mim quando nossos olhares se encontraram e eu apenas sorri.

Alguém está com pena da nossa Seleste ou acham que essa foi uma escolha certa?
O que estão achando de Cristian? Um cavaleiro ou um tirano?

Deixem seus votos e seus comentários, amo vocês.