Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo XXXI - O balseiro

No alto, em longo crepitar, se atiram para o ocidente as plúmbeas nuvens, rolando em catarata, por sobre o ardente muro do horizonte.

Edgar Allan Poe

TOBIRAMA HAVIA CRESCIDO EM UMA FAMÍLIA RELIGIOSA E CONSERVADORA.

Sua mãe era uma mulher bondosa, mas submissa. Seu pai era um bom homem da comunidade e era um bom pai para Minato, o filho que acreditava ser o menos problemático. Ele havia sido um bom pai para Tobirama também, à princípio. Antes de começar a acreditar que existia um demônio dentro do seu filho.

Quando tudo começou, Tobirama nem mesmo compreendeu ao certo o que acontecia. Ele pensou que eram seus amigos imaginários. Sua mãe, uma Namikaze, nunca havia herdado a maldição da família, que só passava para os membros homens do clã. Ela também havia falhado em contar ao marido sobre a situação, temendo que ele fosse desistir dela.

Por amor, ela se alienou da família e colocou uma pedra na história Namikaze.

Era uma pena que o destino tinha outros planos.

A primeira vez que um fantasma o machucou, Tobirama tinha 5 anos. Seu pai não acreditou nele.  Nas outras vezes, a situação não mudou. E quando ele começou a contar as coisas que os fantasmas lhe diziam, eles ficaram terrivelmente perturbados. Os detalhes eram grotescos demais para serem inventados, apesar da sua mãe alegar isso.

Tobirama, que havia nascido albino, já era olhado torto pelos membros da comunidade, como se fosse fruto de um castigo para seus pais. Sua pele pálida, seu cabelo branco e, pior de tudo, seus olhos vermelhos, eram vistos com maus olhos.

Eventualmente seu pai começou a acreditar que o filho tinha algo de ruim nele. A temperatura que diminuía ao redor dele, as conversas sozinho, os arranhões que surgiam de nada em seus braços, o constante pavor e nervosismo. Ele gritava do nada, ele estava sempre mentindo. E então vieram as idas a igreja, os padres em casa. Quando ele tentou praticar um exorcismo no filho a relação dos dois acabou.

Tobirama, aos sete anos, aprendeu que não poderia nunca contar com os pais para nada, que ele nunca teria a compreensão deles. Ele sempre ficaria sozinho.

Então Minato nasceu.

Minato era o filho favorito dos pais, que haviam decidido que o filho mais velho não existia. Tobirama morava em um quarto fora da casa com tantas cruzes dentro que podia até ser engraçado. A porta tinha uma tranca por fora e ele raramente saia de lá, a não ser para as visitas do padre.

Minato tinha um quarto grande no andar de cima, podia ir para a escola e nem mesmo sabia da existência do irmão até os três anos, quando perguntou quem era o garoto estranho que havia visto no quarto dos fundos.

E ainda assim, Tobirama amava Minato. Ele amava seu irmão que ia o visitar escondido a partir do momento que descobriu sua existência. Ele amava Minato por ele o amar e ser o único que fazia isso. E foi por isso que quando Minato começou a ter as visões, Tobirama o proibiu de contar aos pais.

Minato sempre foi tão otimista e brilhante, tão inocente para as coisas feias do mundo, apesar das visões de morte. Ele não via o que Tobirama via. Ele não via o quanto o mundo era um lugar cruel e feio, o quanto o pai deles era um monstro e a mãe dele não amava os filhos o suficiente para os salvar  do marido. Minato não sabia odiar, como Tobirama sabia tão bem.

A única pessoa que Tobirama amava era Minato, ele faria qualquer coisa por ele.

Enquanto eles ficassem juntos, Tobirama sabia que as coisas ficariam bem.

— Você sabe que o que estou fazendo é o certo.

Falou, sentindo a sombra do seu irmão em angústia, tentando se aproximar, mas se recolhendo. Ele odiava ter que fazer isso com ele, mas não podia tê-lo o atrapalhando em um momento crucial.

— Eu faço isso por nós dois. — Removeu a lâmina da pele pálida do garoto e o olhou. Os olhos dele estavam fechados e ele não se movia, mas não estava preocupado. Ele ainda estava vivo, não havia o danificado a esse ponto. Iria contra o propósito no momento. — Eu sei que o ama, mas pense nisso como uma libertação. Não iria o querer sofrendo mais nesse mundo de merda, Minato.

Se afastou e observou seu trabalho. As linhas pareciam corretas. Havia praticado bastante.

— E no final, quando eu terminar aqui. — Tocou o rosto desacordado. — Vou ser forte o bastante para trazer você de volta também. Vou achar um bom corpo para você.

Saiu de cima do sobrinho e, por via das dúvidas, o arrastou até uma das barras do casco do navio, prendendo seu braço ali. Ele duvidava que ele fosse se mexer tão cedo, a droga ainda estava em efeito.

Com as mãos suja do sangue dele, finalizou o círculo e escreveu a estrofe na parede.

Feche os olhos anjo da morte, feche os olhos.

Que a esse mundo você nunca pertenceu, ele nunca o ganhou.

Feche os olhos, o balseiro te aguarda.

Hora de voltar para casa.

Tudo termina como começou.

Se afastou, subindo a escada até a proa, as sombras se encolhendo em seu caminho, o temendo como deveriam. Seus tormentos da sua infância agora não eram nada. E logo eles desapareceriam de vez. Quando tudo terminasse, Tobirama teria total controle sobre os mortos e a morte, ele seria o único Namikaze vivo.

Ele poderia trazer Minato de volta e os dois poderiam voltar a ser Kyuubi.

Trancou a porta e subiu pela proa, ignorando corpo ali.

Tobirama ainda tinha algum tempo até o detetive chegar. 

Ele precisaria dele para o ritual.

.................................................................

Assim que a porta se fechou, Naruto abriu os olhos.

Seu tio poderia ser um gênio, mas ele não sabia que o fato de Naruto ter passado um ano em Suna sendo drogado com frequência havia lhe dado tolerância a algumas drogas, em consequência o efeito delas não era tão longo quanto deveria.

E Naruto? Naruto tinha uma tolerância de dor alta demais para realmente perder a consciência fácil assim.

No mesmo momento as sombras surgiram, infestando ao redor. Algumas seguiram Tobirama, outras ele havia as banido por tentarem o atacar, mas as que permaneceram escondidas ainda estavam ali.

A sombra de Minato se aproximou, o rodeando em angústia.

Sua garganta doía de tanto gritar e havia sangue coagulado por todo seu corpo. Durante o tempo que fingiu estar inconsciente, Kyuubi havia soltado suas mãos das suas costas e agora apenas uma estava algemada em um cano de ar enferrujado na parede. A posição era terrivelmente incomoda com seus ferimentos, mas não insuportável.

Levantou a cabeça, com esforço, piscando os olhos. Até focar na imagem da parede do barco a sua frente.

Havia algo escrito lá, talhado a faca, e sujo de sangue. Provavelmente seu sangue.

A nona estrofe.

Seus olhos estavam pesados, havia perdido sangue. Ele tinha que sair dali e impedir Itachi. Itachi não podia chegar perto de Tobirama, ou do píer, do píer onde ele morreria. Ele não sabia quanto tempo teria antes de ele chegar, mas ele tinha que salvar Itachi.

E iria se certificar de que Tobirama encontraria o fim dele. Ele havia visto a visão, ele saberia quem o mataria no fim.

Se Itachi vier, ele virá também.

Ele só precisava o colocar no lugar certo para isso acontecer.

Menma e oka-chan estavam ao seu lado. Oka-chan estava a mais visível e sentiu ela o rodear em quase um abraço.

"As algemas. Quebre as algemas. Os outros estão o seguindo."

— O que ele quis dizer com trazer você de volta, otou-san?

"Necromancia. Ele vai poder fazer necromancia se for o único de nós."

— Mas como? — Naruto respirou fundo, seus olhos indo para a algema que o prendia a barra de ferro. Apesar de enferrujada, sabia que não conseguiria quebrá-la. — Ele falou de um corpo.

Minato pareceu hesitar.

— Bem?

"Transferência de um espírito para um corpo."

Naruto arregalou os olhos e se controlou para não erguer a voz.

— O quê?

"É assim que ele pretende escapar."

— Isso é possível!?

"Teoricamente."

— Isso não me assegura.

Olhou para a porta, tentando esquecer a fraqueza que o apoderava pela perda de sangue.

Naruto não sabia como Tobirama pretendia fazer isso, ou o corpo de quem ele queria tomar. Talvez fosse o seu, talvez fosse o de Itachi. Se ele estava esperando Itachi chegar havia chances que fosse o dele, mas se ele queria a tal proteção do Naruto poderia ser o do Naruto.

Ele não iria esperar para descobrir.

Hinata havia lhe ensinado uma vez a sair de uma algema. Prendeu a respiração, erguendo sua outra mão, e forçando seu polegar em uma posição dolorosa. Não tão forte para quebrá-lo, mas o suficiente para deslocá-lo. O barulho foi agourento. A dor foi esquecida em meio a todas as outras, e escorregou a mão para fora da algema, colocando o polegar no lugar logo depois.

"Bom garoto. Muito bom!" Ouviu a voz de Menma e ele estava quase ele mesmo novamente. Naruto não sabia como estava fazendo isso, mas um a um as sombras estavam se transformando. Oka-san, Karin, Menma e otou-san. Os outros haviam sido banidos quando era torturado ou não os percebeu lá.

Se erguer foi outro processo. O efeito da droga havia passado, mas a perda de sangue e os ferimentos eram excruciantes. Não tirou os olhos da porta, enquanto se apoiava na parede, tentando ignorar o estado do seu corpo no momento, cada parte do seu tronco estava marcada na frente.

"Naruto." A voz urgente e conhecida o fez olhar ao redor. Os dois surgiram do nada e Naruto sentiu seu coração apertar ao reconhecer quem era o segundo.

— Shisui?

O Uchiha sorriu, sangue escorrendo pelos seus lábios, o cabelo ensopado, como quando morreu.

— Eu sinto muito, eu tinha visto e eu... eu não disse nada.

"Sem tempo, baixinho." O Uchiha sorriu. "Está desculpado, de qualquer forma. Só pegue ele."

"Itachi já está aqui." Sasuke os interrompeu com urgência. "Ele já estava quase aqui quando recebeu a ligação. Tobirama não vai conseguir escapar. Se vai fugir dele, tem que ser agora."

— Você falou o nome dele. — Naruto olhou confuso, por um momento sem reagir.

Era Naruto que estava fazendo aquilo? Ele estava os removendo do controle de Tobirama?

Como diabos eu fiz isso?

Sasuke o olhou de forma impaciente.

"Agora! Naruto! Ele está vindo."

— Ah, certo.

Olhou ao redor, procurando algo, alguma coisa que pudesse usar como arma. Seus olhos caíram na madeira usada para fazer as redes. Pegou o tronco mais pesado que conseguiu achar quando ouviu o barulho da porta sendo destrancada.

Sem ter tempo para pensar, fechou os olhos para se proteger dos cacos de vidro e acertou a luz pendurada no teto com o objeto, deixando tudo no escuro. As cegas, foi para perto da escada, esperando. Sentiu o homem paralisar no topo da escadaria, o barulho da madeira gemendo, e som da chuva lá fora, sentindo mesmo a umidade pela porta aberta. Prendeu a respiração.

—Finalmente acordou. Pensei que Itachi chegaria e você estaria dormindo ainda. Seria rude.

A voz do homem saiu casual, mas Naruto sabia, que ele estava vasculhando nas sombras, tentando ver se ele ainda estava preso ou não. Viu uma luz de uma lanterna vasculhar o quarto e se encolheu mais na parede, enquanto Tobirama fechava a porta, a trancava novamente, enquanto descia devagar a escada. Naruto esperou. Ouviu a respiração de Tobirama acelerada, a luz da lanterna varrendo tudo, estava quase onde estava. 

Então voou de sua mão e quebrou contra a parede, arrancado por um dos fantasmas.

Ouviu gritos enquanto ele começava a os banir, mas estava tendo dificuldades. Ele não tinha mais controle de todos eles. 

"Naruto."

A voz de Menma foi clara, em seu ouvido. Podia quase sentir sua presença atrás de si.

"Nós vamos atrapalhá-lo." Seu otou-san falou. "Acerte-o e corra. Não tente enfrentá-lo. Apenas corra."

"Corra para Itachi." Ouviu Sasuke "Ele está no porto."

"Corra, otouto!"

A presença sufocante cresceu ao redor. Naruto se segurou para não gemer. As outras sombras estavam todos lá.

—Saiam de perto de mim! Kushina! – Ouviu o grito raivoso. A respiração dele estava mais acelerada e forte. Ouviu o som pesado quando ele tropeçou nos degraus.

Não sabia o que eles estavam fazendo, se podiam tocar em Tobirama agora queria dizer que Naruto havia os libertado realmente dele.

— Não vão poder protegê-lo de mim!

Tobirama gritou, e Naruto ouviu o barulho de algo acertando a parede.

Ele estava parado perto, olhando para todos os lados.

Sabia que ele não o estava vendo, preso nos outros.

"Agora!" Karin sibilou "Mire e acerte com força!"

Naruto moveu o braço, os dentes trincados com toda a raiva que sentia. Não sabia onde estava acertando, costas, pernas ou cabeça.

Apenas acertou e ouviu o grito e o barulho quando ele foi ao chão.

Deu um segundo golpe. Ergueu para um terceiro, mas recebeu um puxão abrupto.

"Corra! Para Itachi!"

Pulou por cima do corpo, ouvindo-o gemer. Uma mão tentou ainda agarrar seu tornozelo, mas o chutou, sem saber nem mesmo onde estava chutando. Esperava que na cabeça. Sentiu que quebrara algo.

"As chaves! Elas caíram dele!"

Naruto xingou baixo, sua mão procurando no escuro pelo chão. Pareceu uma eternidade até envolver o punho no metal. Pausou um segundo ao sentir que tocava a adaga e a pegou também.

Subiu a escada, a adrenalina a mil em seu corpo, o fazendo se mover, nem mesmo sentia a dor.

Ouviu o barulho de Tobirama tentando se erguer, começando a banir quem havia ficado atrás.

A chuva o ensopou no instante que pisou fora. Correu pela proa, mancando da perna ferida. Estava tudo escuro, as luzes dos postes no píer mal iluminavam algo devido à chuva forte.

Tropeçou em algo, caindo de cara. Suas pernas em cima de algo frio. Deu um grito quando percebeu que era um corpo. O corpo de Nagato.

"Levante!"

Obedeceu a voz, ignorando seu choque, e saiu tropeçando para fora da proa, não parando nem mesmo na ponte que levava ao píer. Quando pisou fora do barco, suas pernas doíam, ainda assim continuou correndo.

Ele sabia que Tobirama estava já atrás de si.

Shisui e Sasuke, os únicos que conseguiram escapar de Tobirama, estavam ao seu lado.

— Madara está aqui também? — Perguntou, arfando.

"Sim. Abaixo do caís."

— Ótimo. Me levem até ele.

Naruto saltou atrás de container, entrando por uma pequena fresta ali. Ele não conseguiria ir muito longe com aqueles ferimentos, Tobirama iria o alcançar logo e seria seu fim.

Seja o que acontecesse, ele não faria o ritual, ele o deixaria o levar de volta ao barco. Naruto não morreria ali, ele sabia disso. Tobirama iria falhar, de uma forma ou de outra.

E se ele não conseguia se livrar de Tobirama, o guiaria até sua morte.

....................................

Naruto estava na área de carga. Os containers ficavam para serem despachados pelos navios ali. Próximo do caís, em uma parte elevada, podia ver os barcos abaixo. Era uma área mais alta, onde cordas de aço prendiam algumas das caixas. Era uma altura considerável e a correnteza arrastava o que caísse ali para baixo do caís.

E era o lugar onde vira três mortes, mas onde só duas iriam acontecer, se ele tinha algo a dizer sobre isso.

Tropeçou novamente, zonzo pela falta de sangue e o cansaço, caindo para frente. Tentou se levantar, ficando de quatro. Ele não conseguiria ir mais longe, tinha que servir.

—Naruto!

Ouviu o grito e paralisou. Levantou a cabeça do chão onde a chuva o castigava e viu Itachi correndo por uma das rampas. 

Sabia que ele não havia vindo sozinho. O porto já devia estar cheios de policiais e homens de Madara naquele momento. Eles deviam ter cercado todo o perímetro e Tobirama não fazia ideia de que eles já estavam lá, então seria pego de surpresa. Esse tempo havia o impedido de ter acelerado o ritual, mas Itachi não deveria estar naquele lugar.

Era ali que havia o visto morrer.

Itachi paralisou por um instante, o encarando. Seus olhos medindo seu corpo ferido, sem camisa. Mesmo de longe, podia sentir, ver as emoções ali. O alívio, o medo, a raiva.

—Recue! — Naruto tentou gritar por cima da chuva, tentando se erguer. A voz histérica, mas baixa e sem volume pelos gritos que havia dado nas últimas horas. — Você tem que sair daqui!

Ele sabia que Itachi devia saber o que era aquele lugar. Ele havia visto também.

Não entendia o que ele fazia ainda ali, e  ainda correndo para perto, correndo para Naruto.

"Cuidado!"

Naruto virou e viu que Tobirama, pouco metros de distância de onde estava. Arma em punho. Seu coração doeu, seus olhos arregalaram. Itachi não havia o visto saindo dos containers.

— Itachi!

E quando o viu era tarde demais, o disparo o acertando em cheio no peito.

—NÃO!

Os estampidos foram ensurdecedores.

Seus olhos não conseguiram sair da cena do corpo de Itachi sendo jogado pelo impacto do tiro no peito, direto para trás. Outro tiro e ele caia da rampa, direto para dentro de um dos containers que estavam pendurados pela corda de aço.

Naruto correu, tentando o impedir. Shisui correu para Itachi, Sasuke havia alcançado Tobirama e o acertado na mão, arrancando sua arma que escorregou na lama para dentro de um dos containers, mas não antes de Tobirama atirar na roda de engenharia que os prendia e todos eles caíram no mar, em um estrondo ensurdecedor mesmo acima da tempestade.

E Naruto sabia que, ferido, Itachi não conseguiria sair dali. Ele iria morrer.

Itachi havia mentido.

Em um grito de fúria, que não sabia se era seu ou dos Uchihas, Naruto saltou em cima de Tobirama  a adaga em punho. O homem tentou lutar, banindo os fantasmas no processo, mas Naruto teve a distração que precisou para acertar seu rosto, a adaga passando pelo olho dele. Não o acertou como queria, mas o sangue pareceu o cegar de forma momentânea.

Itachi ainda está vivo. Eu não o vi ainda, ele ainda está vivo. Ainda dá tempo.

Sasuke se reformou imediatamente e logo todos os outros estavam ali. No momento em Tobirama os bania, Naruto os trazia de volta. Sem os ver, ele não conseguia os parar tão rápido antes de ser tocado.

Juntos eles estavam o empurrando até a rampa.

Ouviu gritos atrás, mas os ignorou, tentando o acertar novamente. Tobirama tomou a adaga da sua mão quando tentou o acertar no peito e Naruto sentiu uma dor aguda em seu abdômen e gritou, mas não parou.

Partiu para cima dele novamente e Tobirama o derrubou com uma pancada em seu peito, gritando em fúria, a mão tentando limpar o sangue e enxergar. Naruto, sem ar, caiu tossindo. Tentou para o sangue do ferimento no abdômen e sua visão escureceu momentaneamente.

Sentiu seu cabelo sendo puxado para trás e dor em seu rosto quando foi acertado nas costelas. Rolou, caindo na beirada da rampa, perto onde Itachi havia caído. A adaga, recuperada quando partiu para cima dele, bem presa em seu punho.

Tobirama continuava vindo.

— Se ele não cair, o empurrem na água. — Ordenou baixo, tossindo sangue enquanto o via se aproximar, o rosto já limpo com ajuda da chuva. — O maldito tem que cair na água.

Tobirama o alcançou. Tentou o acertar, mas ele o bloqueou e o ergueu pelo cabelo.

Viu o sangue saindo do nariz quebrado do homem, um corte na cabeça onde o havia acertado. Naruto viu quando ele apertou uma faca e o encarou nos olhos. Não havia mais sanidade nenhuma ali. Nenhuma. Nenhuma sombra de Tobirama se quer, do que ele fora um dia.

Naruto viu a lâmina e apertou a adaga, seu coração acelerado.

Era igual a sua visão, exatamente igual. Ele havia aceitado o que aconteceria nos próximos momentos, mas ainda estava com medo.

"Naruto?" Ouviu a voz de Menma, se reformando, fraco demais ainda para intervir. "O que está fazendo!? Lute!"

Me desculpe, Menma.

Tobirama puxou seu cabelo, o fazendo ficar de pé.

"Reaja! Faça algo!"

Itachi teria uma chance. Itachi poderia viver, apenas se sua visão se cumprisse. Apenas uma chance, mínima que fosse. Ele viveria. Apenas uma chance.

Parou de se mexer e sentiu a lâmina deslizar na sua garganta em um golpe. Segundos antes de ela o tocar, a adaga em sua mão foi de encontro à  barriga de Tobirama.

Sentiu o sangue inundar sua boca quando tentou respirar. Por reflexo, a mão foi ao ferimento, tentando estancá-lo. Seu corpo em desacordo com sua mente. Tentou puxar com a outra a adaga de Tobirama, mas não tinha mais forças. Não conseguia o trazer com ele para a beirado e nenhum deles estava reformado o bastante para o empurrar.

Eu vou falhar. Pensou com desespero. Ele vai fugir.

Quando o aperto soltou do seu cabelo, tropeçou para trás, seus pés na beirada. Tobirama tentou golpeá-lo mais uma vez, mas parou no ato quando um tiro o acertou nas costas.

A pancada o empurrou até Naruto, que mais do que depressa o puxou junto quando viu que iria cair. Ouviu alguém gritar seu nome, mas já era tarde. Um passo para trás e caia no vazio. Seu corpo, por milagre, não impactou com nenhum dos containers que afundavam na água, mas caiu no mar gelado, se desvencilhando de Tobirama no impacto.

Não sabia se sufocava pelo afogamento na água ou no sangue. Era algo assustador e ao mesmo tempo de alguma forma belo. Todas as sombras dançando ao redor dele. Sentiu a inércia o tomando, uma paz estranha, seus olhos abertos na água, suas mãos e pés parados, afundando mais e mais.

 Morrer não era ruim como imaginava, era a primeira vez que sentia aquela paz em muito tempo.

Fechou os olhos. 

E então a paz foi interrompida por uma mão o içando para fora da água.

.................................................................

Tobirama saiu da água, tossindo. Sentiu a adaga ainda presa em seu abdômen, estancando o sangramento ali. O tiro havia o acertado em seu ombro. Não iria morrer por aquilo.

Aquele maldito garoto.

Tobirama estava tão perto.

Eu ainda tenho uma chance. Ele não vai sobreviver àquilo. Posso conseguir outro corpo, ainda serei o último Namikaze. Só tenho que sobreviver.

Tobirama era um sobrevivente, desde criança.

Tossiu, se arrastando para baixo do caís. Eles pensariam que estava morto na água, seria sua chance.

"Ni-san."

Ergueu os olhos e sorriu. Minato estava ali. Ele o olhava com olhos azuis tristes e decepcionados. Havia sentido falta de o ver assim, tinha que mantê-lo como sombra por anos, desde que havia aprendido a os prender com ele.

— Minato. — Sorriu, respirando rápido. — Não se preocupe, vou conseguir.

"Ni-san." Minato sussurrou e Tobirama olhou alarmado as sombras surgindo ao seu redor, o rodeando, gritando. Tobirama trincou os dentes. Ele não conseguia os banir tão rápido, o maldito garoto havia feito alguma coisa. Ele não os controlava mais, por enquanto. " É hora de ir, ele está esperando por você."

Ele?

Algo tocou seu ombro e se virou, tentando o banir, mas não era um fantasma. Era alguém de carne e osso. E percebeu tarde demais, algo já havia o atravessado.

Olhou confuso a lâmina saindo pelo seu peito e encontrou os olhos escuros de Madara Uchiha.

— Eu lamento. — O homem sussurrou no seu ouvido por trás, a voz suave. — Por ser tão rápido, mas tenho algo mais importante do que você me esperando.

Antes que pudesse reagir ele arrancou a lâmina e Tobirama caiu, cuspindo e tossindo sangue, seu corpo adormecendo nas extremidades.

— Eu espero que sofra no inferno.

Tobirama tentou se mover, mas não conseguia.

Eu não posso morrer aqui.

Arrastou uma mão e ergueu o rosto, encontrando o olhar de Minato. Atrás dele, estavam as sombras, grotescas, esperando.

"Ele está te esperando por nós, Ni-san. Temos um acerto de contas." Minato se agachou. "O balseiro quer te ver."

Arregalou o olho, a expressão em pavor. O rosto do seu irmão se retorceu, decaindo. A escuridão o tomou, os olhos brancos tristes, as extremidades se erguendo como caudas.

Tobirama teria uma morte rápida, mas o que viria depois seria bem pior.

E ele morreu sabendo disso.

....................................................................

Mesmo quando alcançou a superfície, Naruto continuou se afogando, dessa vez em sangue. Uma mão pressionou sua garganta e gemeu.

—Peguei você.

Kakashi. Ele queria gritar para Kakashi o deixar se afogar. Se ele o salvasse, Itachi morreria. Itachi tinha que viver.

Não conseguiu falar nada, sufocando em sangue. Seu corpo tremia pelo frio e o choque enquanto o içavam para a rampa e para a madeira do píer. Outra pessoa o pegou e colocou um cobertor ao redor de si e começou a correr com ele nos braços até não sentir mais a chuva. Naruto foi deitado em algum lugar com cuidado e ainda não conseguia respirar.

— Temos que estancar o sangramento. Aqui, segure isso na garganta, não parece que atingiu a laringe. Eu tenho que parar o do abdômen, é o mais grave. — Sentiu um aperto em suas costelas e tentou gritar, mas o sangue não permitia. — Costelas quebradas. E a ambulância?

— A caminho.

Eles não deviam ter o tirado da água, teria doido menos se tivesse ficado. Se sentiu a deriva, as vozes sumindo.

—Naruto! Abra os olhos, não ouse desistir!

Essa voz...Itachi. Abriu os olhos, confuso.

Era Itachi.

Por um momento, pensou que fosse seu fantasma, ali, sobre seu rosto, as luzes do sinaleiro fazendo uma aura ao redor dele, o corpo ensopado, os cabelos soltos no rosto.

Como um anjo.

Sentiu a mão em seu rosto, um pano em sua garganta, tentando parar o sangramento. Tentou falar algo, e mais sangue saiu da sua boca.

Queria falar algo, ainda mais ao perceber que ele usava um colete. Que ele estava vivo. Suas mãos caíram no tecido, e o homem sorriu, mesmo que estivesse chorando. Naruto sabia que deviam ter muitas pessoas ao redor deles, mas seus olhos só estavam nele. Apenas nele.

—Eu prometi que não morreria, cumpri minha promessa. Agora foque em mim! Fique comigo!

Ele queria. Queria muito.

"Lute! Naruto!"

"Não desista assim! Otouto!"

"Itachi precisa de você!"

Olhou ao redor, lentamente, e viu que os fantasmas estavam ali. Todos ao redor dele, com seus corpos transparente. Sorriu entre o sangue ao ver que os ferimentos deles havia sumido.

Eles finalmente poderiam ir embora.

Ouviu um arfar surpreso e ergueu os olhos do seu lado direito, encontrando os olhos verdes de Sakura, a médica que cuidava dele no chão. Haviam o trazido o abrigo do cais, o protegendo da chuva.

Ela estava olhando para o lado de Naruto, onde Sasuke estava nas costas de Itachi, a expressão quebrada, antes de voltar imediatamente a cuidar dele, as mãos trêmulas. 

"Eles podem nos ver?" Ouviu uma voz hesitante.

— Shisui? — A voz de Obito falou de algum lugar ao redor. — O que está acontecendo? É um surto coletivo?

Naruto quase sorriu com isso.

"Itachi, Sakura." Sasuke sussurrou, a voz suave e terna. "Vocês são dois idiotas."

A médica deu uma risada quebrada e Naruto viu Sasuke cutucar a testa dela, que ainda tinha os olhos em Naruto, sem parar de cuidar do seu ferimento nem por um segundo.

"Deviam ter vivido mais do que por um fantasma." Sasuke continuou. "Não foi culpa sua, Itachi. Mas se quiser perdão, cuide de Naruto por mim."

— Claro. — Itachi sussurrou, a voz embargada. — Claro, otouto.

— Sasuke. — Sakura sussurrou, as mãos o estabilizando. —Sinto sua falta.

"Não desperdice sua vida em quem não pode voltar."

Ela deu uma risada: — Idiota.

"Cuidem de Kurenai."  Shisui avisou, a voz embargada. "Eu amo vocês, todos vocês. Eu sinto muito, tio Madara." 

— Vá em paz, Shisui.

Madara? Naruto tentou virar o rosto. Se Madara estava ali, Tobirama já deveria estar morto. Bom

Naruto sentiu um toque suave em seu rosto, um beijo em sua testa que sabia ser da sua mãe. Alguém passou a mão no seu cabelo e um dedo cutucou sua testa. Percebeu confuso que eles começavam a sumir da sua presença também, as vozes ficando distantes.

— Eles sumiram. — Alguém sussurrou. — Me digam que não foi só eu que vi isso?

Naruto sorriu. Pela primeira na vida, ele estava sozinho sem eles, mas se sentia feliz.

Ele havia conseguido ao menos isso, ele os havia dado ao menos isso antes de... Seu pensamento divagou. Ele não conseguia mais sentir seu corpo, nem mesmo a dor.

Eu estou morrendo. Entendeu. Por isso não posso os manter aqui.

— Naruto! Sakura?

— Tem algo de errado. — Ela o cutucou, a voz urgente. — A queda, as costelas estão perfurando pulmão, ele está com hemorragia interna também. O coração dele está...Onde está a droga da ambulância?

—Naruto! Aguente um pouco! Fique acordado! Naruto! Eu amo você...não me deixe...aguente...

Mais sangue. E lágrimas. Tentou responder, de verdade, tentou. Esperava que Itachi visse a resposta em seus olhos.

Eu também te amo, psibláblá. Me desculpe.

Sua visão começou a escurecer, como se entrasse em um túnel, escuro. Frio. A última coisa que viu foram os olhos de Itachi.

Me desculpe.

..............................

O som da água era calmo em seus ouvidos. Lembrava desse som, sabia decorado. O vai e vem da água batendo no casco de um barco. Abriu os olhos de forma preguiçosa e se viu deitado no banco vermelho desbotado de uma balsa.

Lembrava daquilo, até mesmo do cheiro da madeira e da tinta. Era a balsa que atravessava as ilhas, Anebelle, no fim de tarde, quando ele e Menma vinham da escola, que ficava na outra ilha. Oka-chan estaria esperando-os no porto, com takoyaki. Nos bons tempos, seu to-chan estaria voltando do trabalho no antiquário, e o abraçaria, sujo de poeira, e lhe contaria uma história.

Se ergueu e sentiu o sol do fim de tarde na janela, em seu rosto. Uma brisa gostosa em seus cabelos. Ele usava até mesmo o uniforme da escola, a calça negra e a blusa branca, como os de Menma.

Estava mais velho, mas não sabia ao certo o quanto. Não sabia de nada ao certo. Se ergueu, espreguiçando-se. Não havia ninguém mais ali dentro, podia até mesmo ver as partículas de poeira no ar. O som no rádio, tocando uma moda antiga que sua mãe tanto gostava.

Seguiu para a proa, e lá estavam as redes nos cantos, e a velha lambreta do Max, um Italiano que morava perto da sua casa, e que sempre vinha naquele horário da segunda ilha, atravessando com a lambreta na balsa.

Procurou por alguém, até perceber que estava realmente sozinho, exceto pelo balseiro, que estava na cabine. Ele lhe deu um sinal de mão, que Naruto respondeu. O viu descer pela escada, e parar na sua frente.

Não era o condutor que lembrava.

O velho Saru, com sua barba branca e frases sábias. Aquele condutor era jovem, na casa dos trinta. E estranhamente, ele parecia um pouco com Naruto. Tinham os mesmos olhos, o mesmo tom de azul, e o mesmo formato do rosto. Os lábios eram mais finos, e o cabelos eram um vermelho vivo, mas eram estranhamente parecidos.

Ele tinha uma familiaridade.

—Olá, pequeno Namikaze. — A voz dele era calma e confortante. — Estamos quase chegando.

Assentiu, sem saber o que falar. O homem se encostou no balcão para a água e tirou um cigarro do bolso, o oferecendo um. Aceitou e o deixou que ele acendesse para si, então acendesse o seu próprio.

Ficaram em um silêncio confortável.

Naruto o observou pelo canto dos olhos, enquanto o homem soltava a fumaça, olhando para o céu de fim de tarde.

Familiaridade.

Foi então que percebeu, que ele parecia com Karin também. E o que achou parecido consigo, na verdade, era de Menma. Aquele homem, era a exata imagem do que sempre pensava que seria o filho de Menma e Karin se ele tivesse vivido para tanto.

— Gosto de você.— O homem falou, interrompendo seu pensamento. — Não gostava dos outros Namikaze. Acham que podem dominar a morte. Você foi diferente. — O homem apontou o cigarro na sua direção. — Não foi fraco como seu pai. Ou arrogante, como seu tio. Desfez a barbaridade que ele fez, libertou aquelas almas para mim. Tenho honra de atravessar o último Namikaze.

O homem o olhou e sorriu. Naruto ficou vermelho.

Ele sabia quem aquele homem era, ou o que representava, agora. Sabia por instinto. Era como se o conhecesse a vida inteira.

— Embora. — O homem sorriu. — É de se esperar, você sempre foi meu. Se eles não tivessem interferido, você estaria comigo desde o começo.

Uma criança da morte. Naruto pensou. Que teria nascido morta.

—Já...nos vimos. — Sua voz saiu em um tom de certeza e o homem sorriu mais.

O sorriso de Menma.

—Oh sim. Naquele banheiro sujo do hospício de Suna, anos atrás. Pensei que havia esquecido.

Naruto negou, tendo sua dúvida confirmada. Embora lembrasse de um homem parecido com Nawaki mais velho. Talvez a morte sempre mostrasse o rosto de alguém querido que morreu, alguém que gostaria muito de ver. Naruto nunca havia visto o fantasma de Nawaki.

Colocou as mãos na bancada, olhando para a água.

— Por que não quis me levar naquela época? Eu já tinha vivido bem mais do que deveria. Eu não deveria nem ter nascido.

Ele pausou, olhando o cigarro.

— Eu sabia que você me ajudaria com meu problema e estava certo.

Pelo menos a morte era honesta.

Os dois ficaram em silêncio por um tempo.

— O que vai acontecer? — O balseiro o olhou em questionamento. — Com os dois.

— Ah sim. — Ele assentiu. —Eu me resolvi com seu pai há algum tempo, ele vai pagar sua dívida comigo, por ter começado essa bagunça. Ter deixado você vivo no fim me serviu, afinal.  — Naruto não sabia se havia entendido, mas ficou com medo de perguntar. — Seu tio...seu tio você não vai querer saber.

Naruto se arrepiou e concordou rapidamente.

—E Itachi. — Perguntou, temeroso. —Ele está bem?

Vivo, que ele esteja vivo.

Naruto havia feito uma troca, afinal.

O homem o olhou com certa diversão, apesar de Naruto também ter o enganado em seu jogo. Ele não parecia irritado.

—Sim.

— Ele vai ficar bem?

O homem soltou a fumaça, em silêncio por algum tempo. Naruto o olhou ansioso, e o homem riu.

—Até os oitenta anos, sim.

Soltou o ar que segurava e riu, tragando seu cigarro. Ergueu a mão, o dedo mindinho a mostra.

—Promete?

O homem rolou os olhos, mas segurou seu dedo. Sua mão era calorosa.

Estranho.

Nunca imaginou que a morte fosse calorosa, mas como sempre, não sabia de nada.

—É o mínimo que posso fazer, depois de tudo. Como disse, a morte é justa.  Não era a hora dele, realmente. 

Ficaram em silêncio por mais um tempo, até que Naruto avistou o porto.

Havia pessoas lá. Reconheceu sua mãe. Menma estava sentado no píer, com Karin a seu lado. Sasuke estava conversando com Shisui. Neji estava lá também.

Não sabia onde estavam os outros. Ou se estariam ali.

—Para onde eu vou agora? O que acontece?

O homem riu, alto.

—Para onde acha que vai?

Ele passou as mãos em seus ombros, em um gesto de camaradagem.

Naruto não tremeu. Era estranhamente reconfortante.

Talvez eu seja mesmo uma criança da morte.

— Eu não sei. — Falou hesitante. — Nunca me achei uma boa pessoa.

O homem piscou. —Não há como alguém como você ir para um lugar ruim.

Naruto ficou vermelho, mas sorriu.

— Por mim. — O homem confessou. — Eu manteria você por perto de mim, você sempre foi minha criança favorita, mas isso não depende mais de mim. — Naruto abriu a boca para perguntar, mas ele não deixou. — Nope. Sem perguntar sobre a existência ou não de Deus, logo vai descobrir.

Fez um bico e o outro sorriu. Naruto sorriu de volta. Era estranho como se deu tão bem com o sujeito, considerando que havia culpado a morte por tudo o que sofreu por tanto tempo.

Seus olhos foram de novo para as pessoas no porto e acenou. Menma e Karin acenaram de volta. Então era isso.

Sua família.

Exceto Itachi. Mas Itachi seria feliz. Ele tinha que ser feliz.

Eu amo você...não me deixe

Seu sorriso ficou triste. O vento bagunçava os cabelos loiros e ruivos. Eles estavam quase chegando no porto.

—Ele vai ser feliz, não vai?

O homem o olhou de modo triste. Sabendo de quem ele falava.

—Isso eu não sei dizer.

De repente, ele sentiu frio. Era como se ele pudesse sentir, mesmo dali, a dor de Itachi.

Eu amo você...não me deixe.

Apertou a mão no peito.

—Eu não...morri ainda.

Olhou para o outro, esperando por confirmação. O balseiro suspirou.

—Não, ainda não. Estamos quase chegando no porto.

Naruto olhou para o porto, cada vez mais perto. Olhou tristemente para quem o esperava ali. Sasuke sorriu, assentindo com a cabeça. Sua mãe fez o mesmo, Menma e Karin pareciam tristes, mas acenaram em entendimento.

"A única coisa que ela aceita é uma barganha, mas não qualquer uma. Não se pode enganar a morte. "

Naruto puxou o ar e fechou os olhos.

—E.eu tenho uma proposta.

O balseiro o olhou curioso, o cigarro entre os lábios. Naruto esmagou o seu na madeira e o encarou, soltando a fumaça que havia tragado no ar.

—Uma barganha. Tudo tem um preço, certo? E você prometeu que Itachi ia viver. — O homem franziu a testa, curioso. — De dedinho.

O balseiro riu com a última parte e então esmagou seu cigarro, como ele havia feito. O silêncio durou tanto tempo, que Naruto pensou que o homem havia o ignorado.

O balseiro se virou para frente, encostando as costas na bancada e cruzando os braços. As sobrancelhas erguidas.

— Muito bem. Estou ouvindo você. 

.......................................

Itachi nunca sentira um desespero assim, desde Sasuke.

De certa forma, dessa vez era pior, muito pior. Tinha uma vaga noção de Kurenai ao seu lado, ainda aérea por causa de Shisui. Madara estava em algum lugar.

Ele não viu nada. Nem mesmo quando levaram o corpo de Tobirama. Ele só viu Naruto. Ele só viu a cara dos médicos, nas palavras não ditas, das poucas chances que Naruto tinha de sair vivo dali.

Ele não ligava para poucas chances.

Naruto era um sobrevivente, eles estavam errados.

— Fique comigo. Por favor, fique comigo, Naruto.

Sentiu os braços de Kurenai ao redor de si, de repente, o abraçando forte. Ela não reagiu desde Shisui. E eles nem mesmo haviam feito a cerimônia de cremação ainda, por conta de tudo que acontecera. Ele ainda não havia contado a ela sobre o que aconteceu no porto, sobre aquele momento em que todos os presentes viram os fantasmas.

Eram muitos, quase transparentes, antes de sumirem sem rastros. Sasuke e seu pequeno sorriso e humor cortante, Menma ao seu lado, sem tirar os olhos do irmão, a expressão tão apavorada quando a de Itachi naquele momento. Kushina e Karin, Neji Hyuuga, Shisui.

Naruto havia dado a chance a eles de se despedirem, mas agora ele....

—Itachi!

Ergueu a cabeça quando Madara o chamou, uma jovem médica loira, com a roupa suja de sangue estava falando com ele. Sakura ainda estava lá dentro e não sabia o que pensar sobre isso.

A mulher estava cansada, e não havia nada no rosto dela que entregasse se as notícias eram boas ou ruins.

Por favor, ele não. Ele também não.

Até que Madara sorriu. Nem percebera que havia caminhado até ela.

—Conseguimos estabilizá-lo. Foi o choque que o levou a ter a parada cardíaca, mas o trouxemos de volta, temos que esperar que acorde para verificar se houve alguma sequela pela falta de oxigenação, mas estamos otimistas. Ele vai ficar em coma induzido até se recuperar. Ele é forte. É um garoto muito forte.

Sentiu os braços de Madara o engolfando, a mão de Kurenai em seu ombro.

—Shh, vai ficar tudo bem, Itachi. — Seu tio falou em seu ouvido, a voz calma da sua infância. — Vocês conseguiram.

Não havia percebido que estava chorando.

........................................................................... 

Notas finais

Naruto, o ser humano que é descarado ao ponto de fazer barganha com a morte na cara dela, mesmo depois de a ter enganado. Ele tem sorte que a morte gosta da ousadia do filho da puta.

Ei, só dois capítulos, depois os extras.

Não tão ruim, hã? Mas ainda tem os termos da barganha, então não fiquei tão empolgados, mas o dois ficam vivos e bem, então, yay!

Teremos mais respostas no próximo capítulo, com drama, mas também com fluffy.

Eu tenho uma observação:  Kushina e Nagato, Naruto e Menma, Tobirama e Minato, Itachi e Sasuke.  Todos perceberam os paralelos entre eles? Irmãos que se amavam demais e esse amor ou não os salvou, ou os arruinou. Todos os sobreviventes enfrentaram o destino na mesma noite também, e Tobirama e Nagato morreram.  E tem as mudanças cruciais, como Menma voltou por Naruto, mas Kushina não voltou por Nagato. Como Tobirama ajudou Naruto a nascer, mas Naruto não impediu a morte do sobrinho. Como Tobirama controlou a vida de Minato, mas Itachi não fez isso com Sasuke e os dois morreram ainda assim. E então tem o fato de que todos eles viam algo em Naruto que lhes lembrava o outro irmão a principio, mas que depois mudaram de ideia. Nagato via Kushina em Naruto, mas também via muito de Minato e o odiava por isso. Tobirama dizia que ele tinha os olhos do pai, mas era parecido demais com Kushina, e o odiava por isso. Itachi o achava com a personalidade de Sasuke, mas ficou feliz quando viu que eles eram na verdade muito diferentes (por motivos óbvios né Itachi, ia ser estranho se se atraísse por alguém que lhe lembrava o irmão.) Enfim, só uma observação. 

P.S: Eu ia colocar o titulo como nona estrofe, mas não queria matar ninguém do coração.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro