Capítulo XXVIII - Impacto
Talvez seja a própria simplicidade do assunto o que nos conduz ao erro.
Edgar Allan Poe
NAWAKI NÃO REPAROU IMEDIATAMENTE EM NARUTO, eles nem mesmo estudavam na mesma sala, ele sendo um ano mais velho. Ele só sabia da existência do outro garoto pelo ocasional comentário de alguém que os dois eram meio parecidos.
E Nawaki ficou curioso com isso, claro. Não é todo mundo que pode dizer que conheceu seu sósia por aí. Porém, quando ele o viu no intervalo uma tarde, se perguntou como poderiam pensar nisso. O outro garoto era pequeno demais, até mesmo para a idade! Nawaki lembrava de ser quase do mesmo tamanho que era agora aos sete anos, mas o tal Naruto poderia estar na turma de seis, e com alguma generosidade.
O cabelo dele também era mais chamativo do que o seu e em geral ele não era muito popular, entre professores ou alunos. Exceto pela professora de arte, mas até disso ouviu alguns comentários sobre desenhos estranhos. Nawaki, que era uma criança bem querida e popular, apesar da sua personalidade barulhenta, achava isso a coisa mais bizarra.
Quando comentou isso com nee-chan, ela lhe disse que não deveria julgar ninguém pela opinião de outras pessoas. Nawaki se sentiu um pouco envergonhado, porque era exatamente isso que estava fazendo.
Por isso, depois de semanas o observando, resolveu que iria se aproximar. Depois do feriado de natal, o avistou debaixo de uma árvore no pátio, afastado das outras crianças. Ele tinha um caderno na mão, rabiscando algo com a ponta da língua de fora.
Notou olheiras escuras abaixo dos seus olhos e a forma como ele estava encolhido, ocasionalmente vagando seus olhos para algum espaço, a testa franzida. Nawaki nunca conseguia ver nada quando ele fazia isso e ficava mais e mais curioso sobre esse tal Naruto.
Então, de repente, aqueles olhos se viraram rapidamente e miraram em sua direção, apesar de estar escondido atrás de uma árvore. Eles se estreitaram, desconfiados. Nawaki reparou que a cor deles era estranha, não parecia de uma cor só ou não conseguia decidir de que cor era.
Azul? Cinzento? Violeta?
Naruto tinha olhos bonitos. Apesar de serem muito grande no rosto tão pequeno.
— O que quer?
Nawaki, que não esperava ser pego no flagra, ficou mudo e deu de ombros, saindo de trás da árvore.
O outro garoto o olhou ainda mais defensivo.
— Tu me seguiu.
Mediu o outro, os ombros encolhidos, os olhos largos demais medindo a distância entre eles. Optou por ser sincero.
— Fazer amizade.
Isso pareceu ser tudo o que o outro esperava, pela cara de espanto dele. Nawaki coçou a cabeça e deu uma risada.
— Foi mal por ficar te seguindo. Sou Nawaki.
— Naruto. — O outro falou após um tempo de hesitação. Ele parecia não saber o que fazer com Nawaki. Não importava, Nawaki sabia exatamente o que fazer.
— Você desenha certo? Posso ver?
Após mais hesitação o outro assentiu, ainda mudo, o olhando desconfiado.
Quando o elogiou ele sorriu timidamente e aos poucos se abriu, conversando mais animado. E Nawaki? Nawaki não achou que ele era tão ruim quanto os outros falavam. Meio distraído e estranho, mas não era uma coisa ruim
Tsuna-nee-chan tinha razão. Como sempre.
A partir de então os dois passaram a se encontrar com frequência no intervalo e Naruto se abriu mais. Eles eram uma dupla e tanto e Nawaki até mesmo o confessou a praticar de algumas pegadinhas. Ninguém nunca desconfiava dos dois, porque quase ninguém imaginava que eram amigos. Naruto estava menos arredio e aberto, até o dia em que ele se fechou novamente quando o irmão foi embora.
E foi piorando e piorando e piorando. Ele não deixava Nawaki o abraçar mais e se espantava por qualquer coisa. Nawaki o notou machucado várias vezes e ele parecia apavorado em ficar sozinho com adultos.
Eventualmente Naruto o contou o que estava acontecendo.
E Nawaki....Nawaki só tinha nove anos, Nawaki não sabia o que fazer, mas ele sabia que não podiam resolver a situação sozinhos.
— Nee-chan pode ajudar. V.você pode morar com a gente! Vem comigo!
— Não pode contar! — Naruto implorou, os olhos vermelhos enquanto mostrava as marcas roxas em seu braço, rouco de chorar ao contar tudo a Nawaki quando finalmente o pressionou em uma tarde atrás da escola. — Todo mundo que tenta ajudar desaparece, Nawaki. — Naruto limpou o rosto e Nawaki não sabia o que fazer, ele não sabia como ajudar. Ele não podia nem abraçar Naruto.
— A polícia...
— Ji-chan que cuida do jardim me levou até lá, me fizeram voltar e ji-chan sumiu. Você não pode contar, Nawaki. Promete que não vai contar!
Era uma promessa que Nawaki não podia cumprir. Por algumas semanas ele ficou calado, mas quando Naruto chegou machucado de novo e nenhum adulto viu, Nawaki resolveu conversar com nee-chan. Ela não morava mais com ele, mas sabia que iriam se ver na reunião da família.
A reunião que Naruto pediu para ele não ir, a todo custo. Nawaki não podia não ir, não quando não sabia quando teria outra chance.
Naquela tarde, Nawaki Senju subiu no barco com uma determinação em mente. E era apenas por acaso que ele conseguiu reconhecer os sinais que viu em Naruto em outra pessoa. E Nawaki? Ele só queria ajudar.
Nawaki só queria ajudar.
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Itachi estava colocando as coisas na mala quando seus olhos caíram no vidro de remédio jogado no carpete. Se abaixou para pegá-lo. Lembrava de Naruto empurrando o remédio por sua garganta durante seu ataque. Nunca havia falado a Naruto sobre seu problema cardíaco, e tinha certeza de que Naruto nunca havia o visto tomando aquela medicação, ou mesmo sabia onde ele a guardava.
Apertou o frasco na mão e se virou para perguntar, curioso. Naruto estava a sua frente, tendo o observado da cama todo esse tempo. Com um pequeno sorriso triste no rosto, uma mão fria segurou onde a sua onde apertava o vidro de cor fosca, os olhos claros fixos ali.
—Sasuke me contou. — A voz respondeu sua pergunta muda da forma mais estranha.Sasuke. Seu irmão, que falava com Naruto, que estava por perto.— Agora está com medo?
A voz hesitante o fez olhar para baixo, vendo Naruto o assistindo atentamente, o rosto ansioso. Tocou a bochecha do outro com sua mão livre, passando os dedos no rosto frio suavemente. O viu fechar os olhos com o carinho, virando o rosto para recebê-lo. Um gesto tão entregue e inocente que o fez sorrir e passar os braços ao redor dele. Sentiu a tensão o tomar por segundos e então se dissolver quando ele o retribuiu, hesitante.
Tão machucado. Ninguém devia sentir tanto medo de contato, de rejeição, de ser machucado. Ninguém.
Seu queixo repousou no cabelo ainda úmido, as mãos acarinhando as costas de forma calmante. Minutos de silêncio, até que a questão o tomou.
— Ele sempre... Ele estava aqui o tempo todo...
— Claro que não!
Para sua surpresa, Naruto escondeu a cabeça em seu peito e sentiu o calor do seu rosto. Curioso o afastou um pouco e viu que ele estava vermelho, os olhos claros de vergonha.
— Não diga que...
—Claro que não! — Ele repetiu rápido, as palavras saindo emboladas de uma forma que nunca ouvira. — Até eles têm a decência de sair...em um momento...como aquele.
Itachi pensou um pouco, até entender do que ele falava.
Oh
Preferiu não comentar sobre isso, no entanto.
—Eles?
— Sasuke e Menma, quase sempre são os dois. Eles podem ser muito irritantes.
Naruto ainda estava tão envergonhado que teve que rir. Foi fitado perigosamente, e antes que saísse algo daquela boca suja, o beijou suavemente, o calando.
Sentiu as mãos, primeiro hesitantes, se enroscando em seus cabelos longos e soltos, puxando sua cabeça mais para baixo de forma tirana. Sorriu entre o beijo, o apertando mais contra si, uma mão entre os cabelos loiros da nuca, a outra nas costas, suavemente.
Quebrou o beijo longo, e recebeu para sua surpresa, uma mordida brincalhona na mandíbula, e as mãos frias rodearam seu pescoço o abraçando, os pés fora do chão com o ato balançaram no ar quando retribuiu o gesto tão atípico, os derrubando na cama atrás. Naruto o empurrou de cima com um resmungo, mas deixou a cabeça repousar em seu braço, os dois encarando o teto.
E ele lembrou. Lembrou daqueles atos de carinho, de Naruto saltando sobre si daquela forma, de o rodar no ar. Das cócegas que ele, Sasuke e Menma sempre faziam em um Naruto pequeno no tapete da sala.
Era como se o corpo de Naruto não tivesse esquecido aquilo. De alguma forma, ele havia apagado Naruto das suas lembranças, um ultraje. Sasuke, no entanto, ao que parecia nunca desistira de procurar pelo melhor amigo e o irmãozinho dele. Sasuke nunca esquecera de Naruto, e estivera com ele quando ele precisou, quando ele estava quebrado demais. Ele sentia o amor que Naruto nutria por Sasuke, estava nos olhos dele quando falava o nome de seu irmão.
Itachi tinha orgulho de quem Sasuke havia se tornado.
E tristeza por saber que ele poderia ter se tornado muito mais.
— Ele sempre está perto de você. — Naruto falou de forma quieta. Virou a cabeça e viu os azuis nos seus, sérios, mas estranhamente suaves. — No dia que você entrou no consultório, quando eu tocava piano, ele estava lá. Mas eu não consegui reconhecê-lo. Ele era só uma sombra.
— Sombra?
— É como eu os chamo quando não parecem... pessoas. É meio como... — Naruto sussurrou, erguendo uma mão para coçar o queixo, a esta franzida. — Como um estado antes de ele se tornar mais corpóreo, entende? Todos eles parecem sombras quando morrem e vão ficando mais reconhecíveis, outros sempre serão sombras. Alguns voltar a ser sombras.
Ele olhou depressa para Itachi, mas ao ver seu olhar atento e calmo, sorriu um pouco.
Itachi teria rido de como Naruto parecia achar que ele iria sair correndo.
— Então Sasuke era uma sombra.
Naruto assentiu: — Ele era, por isso não o reconheci. Era como se... — ele franziu a testa, pensativo. — Como se toda essa tristeza, essa raiva ao redor de você o estivesse sufocando, o tornando não mais que uma sombra, absorvendo todo a sua tristeza. Era como se você estivesse morto também.
"Dentro de você, Itachi. Tudo estava morto. " Era o que Sasuke havia dito no sonho. Agora tinha um significado ainda mais poderoso.
Itachi piscou com isso, lembrando do dia que vira Naruto tocando piano.
— Você disse que eu não deveria ter voltado para Konoha. — Lembrou — Quando tocou minha mão. Por quê?
— Eu não tenho certeza. — Naruto parecia confuso, desviando os olhos para baixo. — Eu só...senti isso. Não foi uma visão nem nada. Talvez tenha sido Sasuke, ou só...eu não sei. — Ele o olhou nos olhos novamente. — Eu não entendo metade do que acontece em relação a você. Eu não conseguia ver...sua morte. — Ele fechou os olhos ao falar isso. — Eu achei que você era como Menma e Hinata, eu não conseguia ver as deles também.
— Você não conseguia os ver?
—Não. Menma era como se ele fosse um escudo para mim. Hinata é parecida com Menma, em um nível maior. Menma era como um escudo ao redor de mim, Hinata é uma enorme redoma. As sombras somem perto dela. A energia espiritual dela é insana.
— Por isso ficava perto dela?
Itachi era um homem adulto, ele não devia sentir ciúmes de uma adolescente. Era um pouco ridículo,
— Ela não tinha medo de mim, nunca fez perguntas. — Naruto o encarou novamente, os olhos azuis sérios. — Ela me fazia me sentir...normal. Ela é uma pessoa importante para mim.
Os olhos escuros desviaram dos de Naruto voltaram ao teto, tentando não parecer afetado. Ele sabia que era estupidez esses ciúmes, mas não era algo que poderia controlar.
— Hinata foi a primeira pessoa que eu dormi porque eu quis isso. — Naruto falou com a voz estranhamente terna e divertida, parecendo alheio ao humor de Itachi. — Ela era tão fodida quanto eu, de outras formas, mas ainda assim. Entende? Somos amigos.
Itachi não respondeu com nada além de um som de entendimento. Quase um minuto se passou até que sentiu um peso sobre si e Naruto estava jogado em cima do seu peito, as mãos em seu rosto em concha o obrigando a encará-lo.
—Se não queria saber, que não perguntasse Uchiha.
—Não é fácil ouvir você falar sobre outra pessoa assim
Naruto franziu a testa: — Não exagere no territorialíssimo, psibláblá. E não seja tão hipócrita, como se a lista de pessoas que você fodeu não fosse imensa que eu duvide.
Com isso se calou. Naruto fez menção de sair de cima de si, mas Itachi o segurou, o abraçando.
—É meio ridículo, eu sei. — Confessou no cabelo loiro. — Eu fico agindo como um babaca, e você sempre tem que me perdoar.
—Você é ridículo. — Naruto sussurrou abafado em seu peito.
—Eu sei. Eu sei. Me desculpe.
Os dois ficaram calados, apenas absorvendo aquela primeira cena de ciúme dos dois, sem acreditar na baboseira disso tudo. Itachi quase quis rir disso, se não fosse tão mórbido. Itachi nunca fora inseguro, descontrolado daquela forma.
—Você foi o primeiro cara com que eu dormi porque eu quis. — Naruto sussurrou, se não fosse o silêncio total, Itachi nem teria o ouvido.
—É ridículo dizer que fico feliz por ter sido seu primeiro de verdade? — Itachi perguntou com um pequeno sorriso. Porque Naruto havia confiado nele a esse ponto.
— É bem ridículo. — Naruto respondeu. Então ergueu seu rosto, a expressão solene. —Quando essa chuva passar, a gente sair e tudo isso vai ficar para trás, mas...eu queria que soubesse disso.
Sentiu um aperto no peito, um sinal dentro de si, de que havia algo tão...saudoso na forma que ele o fitava. Como se tentasse gravar uma imagem que não veria mais.
— Eu não vou morrer Naruto. — Falou, baixo, ainda em cima do outro. Viu os azuis desviarem dos seus para o lado. Livrou uma mão, puxando seu queixo, e o obrigando a olhá-lo. — Eu não vou morrer. Não vou deixar você.
Naruto não lhe respondeu. Apenas o beijou.
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—Foi só um pesadelo, Naruto.
Sasuke tentou consolar o garotinho, agarrado a si na cama, chorando sem parar. Ele levantou a cabeça olhando para o umbral da porta do quarto, pedindo uma ajuda muda para Menma, que parecia tão perdido quanto ele mesmo. Karin entrou no quarto com um copo de leite, o rosto aflito. Tudo o que conseguiu foi ter a mão estapeada pela criança quando tentou tirar Naruto de Sasuke para acalmá-lo.
— Ele está assim há quase duas horas Sasuke. — Menma falou, a voz trêmula.
Ele sempre parecia mais confuso que o próprio Naruto quando o irmão tinha um dos seus ataques. Geralmente Naruto chamava por ele, e só conseguia dormir quando ele deitava a seu lado, como quando era menor. Ele dizia que Menma espantava os sonhos ruins. Mas daquela vez ele gritara por Sasuke, desesperado. Não havia deixado ninguém chegar perto até que Menma não teve escolha a não ser ligar para Sasuke vir.
E desde então se agarrara a ele chorando.
—Naruto...
— Fica aqui, não vai. — O loirinho falou soluçando. — Fica aqui.
— Naruto, Sasuke tem uma viagem amanhã cedo, uma viagem importante. — Karin falou, recolhendo o copo que derramara no chão, a voz trêmula por ver o garoto daquela forma. — Quando ele voltar ele pode...
—NÃO! NÃO! NÃO VAI, SASUKE!
O grito fez todos se assustarem. Sasuke levantou a cabeça do garotinho do seu peito com esforço e viu os olhos azuis apavorados, as pupilas dilatadas, a respiração tão forte que logo ele teria outro ataque de asma. O rosto inchado pelo choro fez seu coração apertar.
— Tudo bem Naruto, não vou a lugar nenhum.
—Sasuke...
—Tudo bem, Karin. Eu posso adiar isso. Eu vou ficar aqui com ele. Eu vou ficar aqui com você Naruto, não vou a lugar nenhum. Não vou te deixar. Apenas respire.
O loirinho assentiu, voltando a se agarrar a suas roupas. Sasuke se deitou na cama o trazendo para perto, até que ele começou a se acalmar, a parar de soluçar.
— Não vou a lugar nenhum.
O loirinho assentiu novamente, ainda trêmulo. Menma entrou incerto no quarto, sentando-se ao lado deles na cama, uma mão acarinhando o cabelo suado do irmão mais novo, aliviado que ele se acalmava.
—Obrigado, Sasuke. — Sussurrou. O outro o olhou de soslaio, antes de voltar a abraçar o outro garoto mais forte.
— Ele é meu irmão também.
— Eu sei que a viagem era importante.
—Você faria o mesmo.
—É, eu sei.
— Então não agradeça, imbecil. Ele é meu irmão também, eu disse.
Eles ouviram um fungado e olharam para baixo para verem quase um pequeno sorriso no rostinho inchado. Eles brigariam a noite toda para isso.
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Itachi estava mais inquieto do que nunca. Era o nono dia e a chuva havia parado totalmente, mas as linhas ainda não funcionavam. O nono dia significava que Kyuubi iria agir e contra Naruto e eles estavam sozinho naquela pousada, sem apoio e sem ter notícias.
O levar sem saber como estava a situação era arriscado.
— E se o Kyuubi é uma pessoa diferente do primeiro? Por isso ele mudou a forma como matava as pessoas?
Itachi pausou onde vigiava lá fora da janela e o olhou.
Naruto estava deitado na cama, olhando para o teto, brincando com uma cruz que tinha no peito.
—Já foi comprovado que é a mesma letra. Não pode ser um imitador.
— Eu sei, mas... E se eram duas pessoas desde o começo?
Naruto se sentou, o olhando seriamente.
—Todos aqueles reportes, o modo de como ele operava ser tão preciso, quase inumano. A resposta podia ser que mais de uma pessoa fosse Kyuubi, trabalhando juntos. — Itachi abriu a boca, mas Naruto não o deixou falar. — Pense bem. Duas pessoas. Um deles responsável pelo modus operandi, então se essa pessoa saísse de cena, o outro assumiria a identidade sozinho. A letra seria a mesma, porque ele estava lá desde o começo, mas o modo de fazer as coisas mudaria, porque talvez essa outra pessoa fosse quem matasse.
Itachi considerou isso por algum tempo, ainda não totalmente convencido.
— Se Kyuubi tivesse ajuda, ou fosse duas pessoas, tudo faria sentido. Ele, ou eles, mataram 4 pessoas, certo? Então se passou, o quê, quase oito anos sem ele dá as caras. Até voltar, e você pegar o caso. Pensa bem, por que parar por oito anos? Se eu fosse ele, e se meu parceiro tivesse, sei lá, morrido, desistido, eu teria ficado incapacitado por um tempo também.
—Eu pensei nisso, na época. Mas quando eu peguei o caso, o modus operandi ainda era o mesmo. — Itachi arguiu.
—Sim. Ele podia estar tentando. Digo, como um imitador. Vendo os casos que você pegou e os antigos, pense bem. Havia alguma diferença nas mortes?
Itachi pensou um pouco. Até que entendeu onde o outro queria chegar.
— As mutilações passaram a ser feitas com as vítimas ainda vivas. E se tornaram mais simbólicas.
Naruto assentiu: — E a escolha das vítimas. Pensa bem, Itachi. As vítimas anteriores era uns monstros. Até mesmo a 5 e 6 também. Mas Sasuke...foi sem planejamento. E Neji. Neji parece ter sido apenas para começar a nona estrofe. Esse Kyuubi, ele não é o justiceiro de antes. Esse Kyuubi tem um propósito diferente. Ele quer terminar isso a todo custo.
Itachi prendeu a respiração e se sentou na cama.
Não conseguia um argumento para isso.
—Se você estiver certo isso...muda tudo. De onde veio isso?
Naruto parou de brincar com a cruz e a mostrou.
— Nawaki. Eu costumava fazer isso com ele. Ele gostava de causar caos. — Naruto sorriu suavemente. — E eu sempre ajudava. Ninguém nunca pegava, porque não sabiam que eram duas pessoas.
Itachi ficava surpreso como a mente daquela criatura funcionava. Como era tirar ideias das coisas mais inesperadas?
Então repentinamente lembrou de algo.
Com tudo o que aconteceu depois, ele não teve a oportunidade de contar a Naruto o que conversou com Tsunade naquela noite sobre a morte de Nawaki.
Ele tinha uma vaga lembrança dele, de tê-lo visto algumas vezes quando frequentou a casa dela. Uma criança sorridente e bagunceira, até um pouco parecida com a lembrança que tinha do próprio Naruto. O que ele mais lembrava, de fato, era o quanto Tsunade ficara destruída após a morte do irmão de não mais que nove anos de idade. Fora uma tragédia na época. O menino se afogara durante um passeio ao cair da balsa que atravessava para uma ilha. A corrente foi muito forte, e acabou levando-o. A guarda costeira só encontrara o corpo semanas depois.
— Nawaki. — Itachi repetiu. — Tsunade me contou algo interessante, sobre o que falamos. — Naruto ergueu um olho azul em questionamento. — A sexta vítima da Kyuubi, ele estava na área da balsa quando Nawaki caiu. Uma garota ficou pendurada, mas foi salva. Ele disse que o impulso da barca havia os jogado, mas Tsunade disse que não seria impossível que ele tivesse os empurrado.
— Por quê?
Itachi hesitou por algum momento, mas por fim resolver que era melhor ser honesto: — Tsunade desconfia que ele estava a abusando na época. Houve alguns comentários depois que ele foi morto. Era a irmã mais nova dele. Alguns meses depois da morte de Nawaki ela foi embora de Konoha e os pais o deixaram aqui. Foi quando ele se envolveu com alunas, também menores de idade.
Naruto virou o rosto totalmente, o fitando, a expressão mudando de surpresa, para entendimento e então angústia.
— Naruto?
— Antes...Antes disso ele havia notado em mim. Eu o fiz prometer que não contaria nada a ninguém, porque todo mundo que tentava ajudar era silenciado.
Itachi entendeu. Se Nawaki sabia sobre Naruto, se ele entendia os sinais, não era de se surpreender que ele o perceberia em outra criança e tentaria ajudar. E se ele havia flagrado a situação e tentando intervir... Era a conexão. A cabeça da sexta vítima era o presente para Naruto, o assassino de Nawaki.
— Ele morreu porque eu...
—Naruto. Olhe para mim. — O interrompeu, segurando seu rosto. — Não foi sua culpa, nem de Nawaki, nem da menina. Foi apenas desse homem.
Naruto concordou devagar, mas Itachi viu nos olhos dele que ele não estava convencido.
— Mas... — Após algum tempo ele pausou, como se organizasse os pensamentos. — Você disse que os comentários só vieram depois que ele morreu?
— Foi o que ela me contou.
E deveria ser verdade. Tsunade teria dado um jeito de dar um fim no sujeito se fosse antes. Ou mais precisamente, Madara faria isso por ela.
— Naruto?
O garoto ainda estava com a testa franzida.
— Não é nada. — Ele murmurou por fim. — Eu acho.
Não parecia não ser nada, ele parecia confuso.
A televisão do quarto ligou de vez, sozinha, os assustando. Seu celular tocou na mesinha.
As linhas haviam retornado.
Atendeu de imediato, Naruto se erguendo da cama, ansioso para se aproximar.
— Onde diabos você estava, Uchiha?
O grito que recebeu quase o fez largar o telefone.
— Estou bem Kurei. Achei Naruto, estamos em Kiri.
A prima parou os xingamentos que lançava a si e perguntou preocupada.
— Vocês estão bem?
— Sim.
— Ainda bem.— Ela suspirou. — Você não sabe o inferno que está aqui. Precisamos que volte agora mesmo Itachi, vamos encontrar vocês aí, Madara não quer que deixemos vocês sozinhos.
—O que aconteceu?
Naruto o olhava de cara feia, tentando ouvir a conversa sem sucesso. Empurrou sua cara para longe com a palma da mão.
— Um dossiê inteiro foi parar na imprensa, o dossiê que Sasuke escreveu, Itachi, e que deu aos Uzumaki para livrar Naruto de Suna. Eles descobriram que Nagato sofreu abusos quando criança, assim como até a própria mãe de Naruto, e por isso ela fugiu com o pai dele. Eles falavam sobre Karin, sobre Menma e sobre Naruto. Os Uzumaki estão acabados, está sendo uma caça às bruxas.
Itachi voltou a olhar para Naruto de soslaio.
—O que mais. Tem mais, eu sei.
—Apontaram Nagato como Kyuubi. A idade batia. O trauma. A ligação com Naruto. Ele tinha o dossiê. Ele nunca tinha saído de Konoha e o sangue encontrado nos apartamentos era dele. O Hatake tentou entrar em contato com você, deram voz de prisão a ele e tudo mais. – Ela parou de falar com ele de repente, parecendo estar falando com alguém, sua voz voltou, arfante, como se ela estivesse andando. – Me diz onde você está Itachi, estamos indo, Shisui e eu.
—O que aconteceu Kurenai?
Ouviu um suspiro exasperado.
—Eu não sei! Estávamos sem área também, liguei logo para você. Sei que não encontraram Nagato. Madara queria vocês imediatamente seguros. Se for mesmo esse desgraçado, ele deixou o apartamento antes da tempestade. Ele pode estar agora mesmo aí, vigiando vocês.
Itachi olhou a janela, pegando sua arma. Seu rosto duro.
—Diz logo o endereço, Itachi! Estamos indo para aí. E fique alerta.
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Quando Itachi desligou o telefone, se virou para encontrar dois olhos azuis em seu rosto. Não sabia o quanto da conversa ele havia ouvido, e não havia pistas na sua expressão para falar isso. Naruto começou a se vestir sem falar uma palavra, ajudando Itachi a jogar tudo de volta na mala.
Havia dado um endereço perto a Kurenai, não arriscando a segurança da linha. Assim poderia ir até lá de carro e olhar bem o local, o meio do caminho, antes de se aproximar. Tinham que sair dali rápido. Antes de saírem pela porta, no entanto, Naruto o parou e Itachi lembrou do que ele havia falado sobre o que aconteceria quando saíssem dali.
Os olhos azuis estavam fixos nos seus por segundos, em que ele puxou seu rosto para baixo e o beijou por um breve momento. Sentiu o corpo de Naruto tremer e se separou dele apenas para encontrar os olhos opacos no nada. Dessa vez, não houve gritos, ele não se debateu. Apenas a respiração acelerada, o corpo trêmulo, os olhos vazios.
—Naruto!
O chamou duas, três, cinco vezes. Quase um minuto se passou e teve que apoiar seu corpo, a mala caindo no chão. Vendo o sangue saindo de seu nariz. Até que ele ofegou, como se voltasse a respirar, emergindo de um lago profundo. Os olhos azuis desesperados, nos seus. Os braços agarrando os seus como uma tábua de salvação.
Itachi o abraçou respirando também forte. Até que ele pareceu se acalmar, mesmo que não parasse de tremer.
— Ela ficou clara, agora. — Naruto sussurrou, parecendo desorientado.
—Naruto, o que você viu? – O virou para si, o encarando, mas ele parecia ter escondido o pavor que estava ali, mesmo que aquela fragilidade fosse difícil de ocultar. Seja o que fosse dessa vez, tinha realmente o aterrorizado. – Naruto!
Ele se desvencilhou de si, ainda trêmulo, e pegou a mala do chão. Tentando acalmar a respiração, limpando o sangue do rosto com a manga da camisa.
—Vamos apenas dar o fora daqui.
E sem dar chances para ele falar nada ganhou o corredor, os ombros ainda baixos, o passo trôpego. Itachi amaldiçoou a teimosia do outro e o seguiu, tomando a mala das suas mãos.
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A tensão era quase palpável. Mesmo que estivessem lado a lado no carro, Itachi sentia como se estivesse a milhares de quilômetros de distância um do outro. Nada era dito, nada se ouvia além do barulho suave do carro na estrada, e da chuva caindo no capô.
Naruto olhava pela janela, os azuis vidrados no nada, e Itachi sabia que ele pensava no que havia visto, na visão que não lhe contara. Ele via o medo nos azuis que ele tentava esconder. A maneira como os punhos dele estavam fechados em seu colo com força.
Seja o que fosse que ele vira, o estava apavorando ao ponto dos sinais escaparem a olhos vistos. Voltou os olhos para a estrada, vigiando o outro de soslaio.
—Você acha que Nagato é o Kyuubi?
Naruto perguntou de forma repentina. Itachi apertou a direção.
—O perfil bate.
—Não foi isso que perguntei.
Ele o fitou de soslaio, olhos azuis atentos.
Por mais que tudo levasse a Nagato, algo não parecia certo. O que Kyuubi fazia era seu ritual, ele esperaria o momento certo para agir, mesmo que levasse anos. Kyuubi... ele saberia que Nagato seria o primeiro suspeito a ser indicado, depois de tudo o que fizera. Kyuubi era insano, mas esperto. Nagato era insano, e só isso.
— O que você acha? — Retornou a pergunta.
Naruto franziu a testa e ponderou um pouco, então negou.
— Nawaki. — Naruto falou devagar. — Tsunade disse que os Senjus só desconfiaram do sujeito depois de ele morto. Se não havia ninguém além dos três quando Nawaki caiu, como Kyuubi poderia saber que ele havia matado Nawaki?
Itachi arregalou os olhos. Naruto pareceu que iria falar mais, a expressão cada fez mais inquieta, mas nesse momento o telefone dele tocou. Apertou o viva-voz com o celular no suporte ao ver que era Kakashi.
— Hatake?
— Uchiha! — A voz do homem estava agitada. — Onde diabos você está? Encontrou Naruto?
— Sim, estamos saindo de Kiri. Kurenai falou com a gente sobre Nagato.
Ouviu um som atrás, Kakashi passando a informação para alguém antes de retornar, a voz frenética.
— Ouça, não é Nagato. Ou se é, é uma chance bem pequena. Invadimos o apartamento, a oitava estrofe eram as mãos decepadas dele apodrecendo lá dentro. Ibiki acha que quem seja implantou o sangue dele nas cenas para jogar a polícia no rumo errado.
E Itachi não se sentia nenhum pouco surpreso com isso.
— Encontraram Jiraya também. — Naruto prendeu a respiração ao seu lado. Kakashi pareceu o ouvir, a voz ficando mais asseguradora. — Ele está vivo, um pouco em mal estado, mas...O encontraram em um povoado, ele parece ter naufragado de algum lugar. Os locais cuidaram dele até que acordou por um breve momento. Eles não conseguiam o entender pela...pela falta da língua.
Naruto estava com os olhos marejando e a respiração acelerando. Itachi parou o carro no acostamento, ele parecia que iria hiperventilar.
— Mas lhe deram um papel. Ele só conseguiu escrever uma letra e um número antes de apagar.
— Letra e número?
— É, foi para a criptografia, ninguém está entendendo. F6.
Naruto arregalou os olhos ao seu lado, empalidecendo.
— Naruto?
— Chibi? Alguma ideia do que seja? — Hataki perguntou do outro lado.
—Não é F6. — Naruto falou, a voz trêmula. — São 6 Fs.
— Humm. — Kakashi ponderou do outro lado. — Como a cor branca?
— É. — Naruto sussurrou. — A cor branca.
Os dois homens ficaram silenciosos do outro lado.
— Kakashi? — Naruto sussurrou. — Acharam Tobirama?
O homem pausou, antes de responder devagar: — Não.
Naruto olhou para Itachi: — Eu desenhei a morte de Nawaki, só uma pessoa viu meus desenhos, Itachi. Só uma pessoa que viu podia saber quem o matou.
— O que disse?
— É como Jiraya chama Tobirama. — Naruto passou a mão nos olhos e sussurrou. — Ele estava os banindo quando falavam, eu sou tão idiota.
— Kakashi. — Itachi soltou o ar devagar, olhando Naruto. — Ouviu?
— Não entendi tudo, mas o suficiente. Se Jiraya estava vivo, então... — Kakashi parecia estar correndo do outro lado, uma porta bateu. — Saiam daí imediatamente! Se for ele, pode estar em qualquer lugar agora!
Itachi começou a ligar o carro.
—Há alguma coisa errada... — Naruto sussurrou, olhos azuis olhando ao redor em pavor. – As sombras estão em toda parte.— Naruto gemeu, colocando as mãos nos ouvidos.
—Naruto? — Abriu o cinto, se inclinando sobre o outro, que o olhava, em pânico. — Ei!
Olhos azuis se abriram em alarme e ele gritou.
— Itachi!
Não houve tempo para resposta. Ele não soubera de onde veio, apenas sentiu o impacto quando um carro veio direto contra a lateral deles, jogando-os para fora da estrada.
Itachi tentou recuperar a direção, mas era tarde quando sentiu o mundo virar de cabeça para baixo. Vidro explodiu a sua frente em um barulho ensurdecedor. Com o impacto, sem o cinto, seu corpo foi arremessado para fora, caindo na lama. Apagou por segundos, a chuva o castigando. Seus olhos piscaram, seu corpo doía.
O carro estava há alguns metros de distância, virado de cabeça para baixo por conta da capotagem, fumaça saindo do radiador. Tentou se mover, mas seu corpo não respondia.
—Naruto...Naruto...
Nada se movia no carro. Naruto não podia...não...
Passos, chapinhando na lama. Alguém vinha...alguém...
—Naruto...
Tudo escureceu.
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Eles ouviram o barulho antes de ver a fumaça.
—Shisui! Chame a emergência!
Kurenai apontou para onde a fumaça subia pela mata. Era perto, perto do ponto onde teria de encontrar Itachi e ele não atendia o celular. Aceleraram o carro.
Quando chegaram no local viram um veículo maior, desconhecido e parado no acostamento. A porta aperta, os faróis acessos, os limpadores ligados e a frente amassada. Shisui pegou sua arma, em segundos Kurenai, que vira primeiro o rastro de destruição no barranco, já havia saltado do carro.
—Kurenai!
Shisui pulou, a seguindo. A mulher já descia, escorregando pela lama. E foi quando avistou o carro de Shisui, o carro que Itachi usava, lá embaixo, virado.
—São eles!
Shisui xingava atrás. Kurenai rapidamente viu, através da chuva que os ensopava, um corpo no chão. As nuvens escuras a impediam de ver completamente quem era, mas bastou chegar mais perto para ver que era Itachi, imóvel. Se abaixou depressa, olhando o primo.
Mediu os sinais vitais. Ele estava vivo. Shisui escorregou a seu lado, respirando rapidamente.
—Ele está vivo, vivo. — Sussurrou. — Kami, obrigada.
Viu Shisui respirar aliviado, apenas para logo depois congelar.
—Naruto.
Os dois olharam para mais abaixo, onde o carro estava caído. Itachi devia ter sido cuspido. Kurenai se ergueu, tentando enxergar onde pisava na terra com declives.
E foi quando viu. Havia mais alguém, perto do carro. Talvez o dono do carro no acostamento. Um desconhecido, removendo algo do carro. Alguém.
Naruto.
—Talvez ele tenha causado o acidente e esteja tentando ajudar.
—Ei! — Kurenai gritou, caminhando até o local. O estranho parou, uma sombra, carregando Naruto. — Você não pode movê-lo assim! Ele pode estar com algum trauma. Chamamos a emergência.
O estranho parou e ela podia sentir que era encarada. Kurenai estancou no lugar. Havia algo de errado, muito errado. O estranho apertou o corpo desacordado de Naruto contra si. E ela pode ver um pouco do seu rosto. No lado esquerdo, havia uma faixa branca cobrindo parte do seu rosto, totalmente o olho e se enrolando nos cabelos grisalhos.
—Solte-o. — Falou com firmeza. Shisui se ergueu devagar atrás dela.
Em um momento a arma estava apontada contra ela. Viu o cano, e então ouviu o tiro.
—KURENAI!
Em segundos Shisui estava a puxando para o chão.
E tomando o tiro direto no peito.
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"Abra os olhos."
Gritos. Ele conhecia essa voz. Estavam o chamando, mas ele não conseguia se mover, abrir os olhos. Era como estar preso, em uma água escura, tentando alcançar a superfície em vão.
— Ele está vivo, vivo. — Um sussurro. — Kami, obrigada.
"Ni-San! Abra os olhos!"
—Naruto
"Abra os olhos!"
Essa voz...
—Talvez ele tenha causado o acidente e esteja tentando ajudar
Naruto.
Um acidente. Aconteceu um acidente.
"Você tem que acordar! Agora!"
—Ei! Você não pode movê-lo assim! Ele pode estar com algum trauma. Chamamos a emergência.
Vozes, se afastando.
"Eles precisam de você, Itachi!"
—KURENAI!
Tiros.
Gritos.
Mais nada.
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Tobirama chapinhou na chuva, deixando o caos para trás. Não havia tido tempo de levar o Uchiha também, já ouvia o som da ambulância. Não poderia arriscar e perder tempo de alguém mais interferir.
O Uchiha viria até ele. Ele iria para onde levasse seu anjo.
Colocou o garoto no banco de trás, deitado.
Ele estava vivo, claro. Foi uma atitude desesperada, detestava ter que chegar a isso, mas não lhe deixaram escolha. Eles não podiam atrapalhar seu ensaio.
Entrou na outra porta, ensopado, com calma, deixando a arma no colo, virou para trás, olhando um ferimento que sangrava na testa do outro, mas de resto, ele estava inteiro.
Saia do lugar, quando a mulher gritara, saindo do choque.
A dor vinha com o amor.
E aquilo, aquele grito, só provava isso.
Notas finais
É, eu menti. Dessa vez deixei tantas pistas que bato na cara de quem deixou passar, mas calma que tem mais desse mistério ainda. No próximo saberemos sobre o mistério da identidade do Kyuubi (sim, tem mais sobre isso do que apenas Tobirama).
E sobre Jiraya, eu ri um pouco porque tanta gente pensou que era Tobirama quando Jiraya pensou (!) o nome do Naruto. Sei que vão voltar lá para conferir, não resisti o comentário haha
Obs: #FFFFFF é a cor branca. Uma alusão aos cabelos brancos de Tobirama. E sim, foi uma referência descarada ao canon.
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