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Capítulo XXVII - Tempestade


E de todas as torturas acabou-se a pior,

a terrível tortura da sede do fulgurante rio da maldita paixão.   

Bebi a água que mata qualquer sede.

Edgar Allan Poe


ITACHI ANUNCIOU SUA CHEGADA, pendurando seu casaco e sua bolsa no cabide, deixando a capa de chuva do lado de fora, pingando. Caia um temporal em Konoha, típica chuva de verão.

Arqueou a sobrancelha quando Sasuke não veio correndo de dentro dos quartos ao ouvir sua voz, como sempre, para contar algo da escola, ou, o que era mais comum, reclamar de Shisui.

Estava tudo muito...quieto.

— Pegamos dessa vez!

Percebeu as sombras que vinham por trás da estátua da entrada (um dos gostos estranhos de Madara), e quando deu por si estava derrubando os dois atacantes no carpete que levava a sala.

—Menma! A gente não anuncia antes de atacar, seu idiota!

Ouviu o grito raivoso do irmãozinho e riu, tendo os dois garotos caídos de bunda no chão, Sasuke bem seguro abaixo de si.

— Boa sorte da próxima, Sasuke. — Zombou, e foi quando sentiu dois bracinhos em seu pescoço por trás.

No susto quase caiu para frente quando sentiu o peso em suas costas.

— Naru pegou ele! Bom trabalho! — Menma falou vitorioso e Itachi se ajoelhou, virando o outro de frente e viu os grandes olhos azuis e o sorriso brilhante a centímetros do seu rosto.

— Ao menos um de vocês três sabe fazer uma emboscada. — Ouviu a voz de Obito na sala e viu que Madara tinha visitas. Os pais do garotinho estavam lá.

— Claro que ele sabe. — Itachi falou, sentindo os braços em seu pescoço, o abraçando apertando, lhe dando boas-vindas.

Ergueu-se de onde estava de joelhos e balançou o outro no ar, ouvindo a risada alta e bonita, enquanto fazia cócegas, só para ouvir mais daquele som, mesclado com as outras risadas que tomavam a sala.

— Ele sempre sabe de tudo!

......................................................................

Itachi não dormiu, mesmo que o cansaço estivesse lhe pesando.

Ouviu o barulho suave da chuva pela janela, sem ter certeza de quanto tempo havia se passado. Eles não conversaram após o que ocorreu, nenhum deles bem o bastante para isso.

Naruto havia adormecido usando seu braço como travesseiro. Mesmo com a dormência que sentia, não o removeu pelas horas que se seguiram. O observou silenciosamente. Os cabelos loiros estavam caindo suavemente ao redor do rosto sereno e cansado, o fazendo parecer diferente durante o sono, mais jovem.

As mãos dele caídas entre os dois, alcançou uma delas com a sua. Contornou a cicatriz no pulso de forma suave e, quando levantou os olhos, ele o fitava intensamente. Itachi parou o carinho, prevendo alguma reação de rejeição a qualquer toque agora que a situação de estresse havia passado, mas Naruto o surpreendeu mais uma vez, prendendo os dedos entre os seus, não se afastando nenhum centímetro.

Os olhos azuis estavam fixos nos seus, os rostos a poucos centímetros de distância um do outro. As mãos menores começaram a brincar com seus dedos. A única e pouca luz no quarto vinha da janela de vidro ao lado, passando por entre as cortinas brancas. Os olhos azuis não largavam os seus e havia uma tristeza absurda neles.

Itachi estava preso àquele garoto agora. Talvez estivesse desde a primeira vez que o viu. De repente, ele percebeu que em pouco tempo Naruto havia se tornado o centro de seu mundo. Era o motivo pelo o que acordava, pelo o que não tinha mais pesadelos.

Se no começo achava que era por Sasuke, pelo Kyuubi, por vingança, depois de tudo o que fora dito e não dito, sabia que não era aquilo, que nunca mais seria por isso. Ele não conseguia mais ver seu mundo sem ele por perto. Tudo parecia cinza, e torto como foram os últimos anos. Ele não queria mais aquilo. Ao mesmo tempo que estava com medo de todo o poder que um garoto estava exercendo sobre ele, ele sabia que era inevitável.

A dor de Naruto era sua dor, o medo dele era seu medo.

Foi naquele momento que lembrou do sonho que tivera com Sasuke, de seu irmão lhe dizendo que Itachi estava morto por dentro. E isso era verdade. Ele havia vivido quase morto por anos, até conhecer Naruto. Naruto, que via os mortos, que via a morte.

Era um pouco poético, se não irônico, se pensasse bem.

Repentinamente, percebeu um brilho nos olhos azuis. Eles estavam marejando.

Nenhum deles falou nada.

As lágrimas começaram a descer pelo rosto dele sem que suas feições ao menos mudassem. Sentiu um aperto no peito. Tão depressa quanto elas desceram o garoto fungou e desvencilhou uma das mãos das de Itachi para limpá-las com a manga muito longa da camisa que usava, se aproximando mais, escondendo o rosto no peito de Itachi.

Talvez fosse o medo que o estivesse fazendo agir assim, mas Itachi pouco se importava. Apenas o puxou para mais perto com uma das mãos firmemente. Houve um tremor ali, mas logo o outro relaxou a tensão ao ter as costas acariciadas de forma calmante. A respiração desacelerando, fazendo-o pensar que ele havia voltado a dormir.

Até ouvir a voz rouca cortar o silêncio abruptamente.

— Você não parece com medo de mim.

Não havia qualquer entonação na voz que lhe desse uma pista do que ele falava, e demorou um pouco para entender o contexto. Tentou ver o rosto do outro, mas ele agora estava totalmente enterrado na sua blusa. Sua mente ainda estava muito lenta para concluir algo. Só sabia que medo era a última coisa que sentiria em relação a ele.

Não, ele não tinha medo de Naruto.

— Não tenho o porquê. — Sussurrou.

Sentiu-o ficar tenso, para então relaxar mais uma vez.

— Menma tinha. Ele sabia que era verdade. Quando eu vi a morte do bebê, ele foi embora. — Ele terminou com a voz baixinha.

— Bebê?

— O filho deles. Quando eu toquei na barriga da Karin eu vi...ele ia ser igual a mim. E eu vi que ele nunca ia nascer. Então ele me deixou com Nagato e foi embora. E o bebê morreu ainda assim.

Itachi absorveu a história, apertando mais Naruto.

— Seu irmão não te abandonou, ele tentou buscar você. Por isso ele foi atrás de Sasuke. Você sabe disso, não sabe?

Segundos depois o sentiu assentir de forma positiva.

O Menma que ele lembrava nunca ab andonaria Naruto, e ele sabia, de alguma maneira, que por mais que o outro pudesse realmente estar com medo, ele nunca faria isso com o irmão sem pensar que poderia buscá-lo.

— E a culpa sobre o bebê não foi sua,Naruto. — Completou. — Eu ainda não entendo ao certo como funciona, mas ao que entendi você não tem controle sobre essas visões, estou certo?

Naruto assentiu depressa e continuou agarrado a ele.

Claramente alguma coisa havia mudado entre os dois depois da visão. A última barreira havia caído. Itachi se sentiu ainda mais culpado por não ter tentado entender Naruto antes ao perceber isso, ao se dar conta do tamanho do fardo que ele carregava. Ele estava pedindo sua ajuda na sua casa, naquele dia. O quanto de confiança ele havia tido nele para se abrir assim, quando mal conhecia Itachi, apenas para se deparar com mais uma porta fechada?

— Eu sinto tanto. — Sussurrou. — Eu deveria ter acreditado em você antes.

— Está tudo bem. Quem acreditaria?

A voz dele foi tão resignada.

Itachi o puxou para mais perto e encostou o rosto em seu cabelo.

—Não está tudo bem. Eu nem sei o porquê que confiou em mim na época, mas eu fico feliz que não tenha desistido de mim depois daquilo.

Naruto pareceu respirar fundo em seu peito. Itachi sabia que ele queria falar algo, mas estava com receio.

— Naruto?

— Sasuke... — Naruto falou devagar, a voz trêmula. — Sasuke me disse para confiar em você.

Oh. Itachi não...eles não haviam conversado depois do que havia acontecido, os dois exaustos demais, mas agora que ele falava isso a realização lhe veio como um soco no estomago. Sasuke.

— Você pode o ver. Você disse que ele...

Naruto havia dito que Sasuke havia explicado a ele sobre estar apaixonado por Itachi. Isso queria dizer então que... Ele estava comigo. O tempo todo. Ele estava comigo!

Naruto ergueu um pouco a cabeça, o fitando por baixo dos cabelos com certo receio.

— Eu não estou com medo. — O assegurou. — Só... surpreso. Eu nem sei por onde começar.

Naruto pareceu relaxar um pouco com isso.

— Eles...Menma, você perguntou por Menma ontem. E então no dia em que Karin...E sobre a certeza de que Jiraya e Tobirama estavam vivos... Você os vê.

— Eles estão aqui. — Naruto sussurrou, inclinado a cabeça e o olhando, olhos largos e tristes e cheios de tanto luto que não conseguia desviar. — Mas não é como... não é a mesma coisa. É só a prova de que todos eles me deixaram no fim. E eu fiquei para trás. E eu posso os ver, Itachi, mas não dói menos. Por que só eu fiquei para trás?

Itachi lembrou da foto, aquela foto no apartamento de Karin. Também lembrou de Sasuke, da lembrança de Sasuke e de seus pais que sempre carregou. Aqueles eram os seus fantasmas. Como seria para Naruto, que via isso no sentido literal? Como seria ver as pessoas que mais amava, tendo uma lembrança do que havia perdido de novo e de novo?

A visão lhe veio à mente e naquele momento Itachi fez uma promessa.

— Eu não vou te deixar também.

Naruto negou com a cabeça, os olhos ainda tão tristes.

— Não pode me prometer isso, Itachi.

Itachi deu um pequeno sorriso, segurando o rosto do outro entre as mãos.

— Eu falei para você, não falei? Eu acredito em livre-arbítrio.

Naruto piscou lentamente, a expressão confusa, incrédula e então sorriu de volta. Era um sorriso pequeno e seus olhos ainda tristes, mas era alguma coisa.

— Você é tão estranho, psibláblá.

Itachi sorriu um pouco mais em resposta.

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Naruto sabia que havia muito o que eles precisavam conversar, mas sua mente não conseguia focar em muito no momento além das reações absurdas que estava tendo.

Havia um conflito dentro dele, uma mistura de sentimentos e sensações que eram uma novidade e não sabia o que fazer. Havia o medo, o alívio e uma fome quando olhava para Itachi que não conseguia entender.

Acima de tudo havia a necessidade quase dolorosa de manter Itachi por perto, de o tocar e ter certeza de que ele estava ali, que era real. A visão da morte dele continuava surgindo, como flashs que não iam embora. Como se a decisão de Itachi estivesse mudando coisas, o fato de ele saber o que iria acontecer estivesse mudando seu futuro. Porém, ele continuava morrendo e morrendo na frente de Naruto, que não queria contar a ele o que estava acontecendo.

Ele só queria desligar aquilo por um momento, para conseguir pensar no que fazer.

Itachi claramente estava planejando uma forma de ficar vivo como havia prometido, mas ele estava falhando. E Naruto só estava o vendo morrer de novo e de novo.

Quando retornou do banheiro do pequeno quarto, após controlar os tremores de mais uma visão, de sentir aquela dor toda de novo, Itachi estava sentado na cama, o olhando de forma preocupada.

— Você está bem?

Naruto queria chorar. Ele queria que os dois ficassem ali, naquele quarto para sempre. Ele queria o manter ali, a salvo. Naruto queria...Naruto queria ter mais tempo.

Assentiu mudamente, e pela expressão dele de descrença era óbvio que não estava enganando ninguém.

Itachi o olhou suavemente. Ele não havia perguntado o que Naruto esperava. Sobre aquela maldição, sobre a razão de ele ter vindo a Kiri, sobre Sasuke. Itachi não havia perguntado, mas estava esperando por Naruto. Sem julgamento algum e Naruto apenas...ele não sabia o que fazer com isso.

Seu peito expandiu e sua respiração acelerou, seus olhos pinicaram e ele queria mais tempo com Itachi.

— O que eu posso fazer?

Se aproximou dele, que ainda não havia se erguido da cama. Naruto não disse nada, apenas parou na sua frente e o olhou, sentindo aquele turbilhão em sua mente, tentando compreender a dimensão do que estava sentindo.

Itachi o olhava de forma tão paciente. Uma mão grande segurou seu pulso com suavidade e beijou ali. Um arrepio percorreu seu braço e ele pausou, os olhos negros o fitando, medindo sua reação.

Naruto o analisou, seus olhos passando pelos cabelos molhados e soltos, o rosto suave e os olhos, quase sempre tão pacientes. Quando não estavam glaciais ou furiosos, e até furiosos eles pareciam o sugar.

E aquele sentimento na sua cabeça, aquela fome desconhecida, parecia aumentar sempre que o olhava assim.

Sua respiração acelerou e fechou os olhos.

— Naruto?

A voz suave o chamou e tentou organizar sua confusão. Ele queria ter mais tempo para entender aquilo, mas quanto mais tempo ele teria?

Sentiu os dedos em sua bochecha e abriu os olhos. Itachi estava sentado e Naruto havia se aproximado mais. Observou a confusão dele com seu silêncio, a preocupação e algo a mais naqueles olhos. Algo que estava refletido nele mesmo.

Fome.

Suas mãos tocaram o pulso de Itachi, estáveis como há muito não as sentia.

Respirou fundo e resolveu se entregar ao seu instinto.

Com mais um passo tocou nos ombros dele e se inclinou para baixo, pausando por um segundo em incerteza antes de colocar a boca na de Itachi, que não se demorou muito em surpresa antes de responder.

O primeiro beijo deles havia sido infantil, o segundo quase uma experiência de veneração.

O terceiro foi para saciar uma fome.

Itachi o puxou para seu colo e se sentou ali, comandando seu corpo a não recuar, a não ter medo.

Não era como Hinata. Com Hinata havia um diferente tipo de fome, foi quando aprendeu que não precisava ter nojo ou aversão por se sentir assim, mas ele nunca havia dado tanto poder a Hinata sobre ele quanto estava dando a Itachi. E isso era mais assustador, Naruto havia jurado que nunca deixaria ninguém o controlar mais e dar esse controle a alguém nesse nível...

Itachi sussurrou seu nome entre um beijo e o puxou para mais perto, as mãos quentes tocando sua pele fria. Sentiu um beijo em suas pálpebras fechadas, seu queixo e então de volta à seus lábios que haviam começado a tremer.

A tensão que sentia se dissolveu, todo seu corpo esquentou, correspondendo a o beijo de uma forma que não sabia que seria capaz. Ergueu as mãos de onde apertava os ombros dele de forma provavelmente dolorosa até os cabelos soltos, o puxando para mais perto.

Quando uma das mãos dele invadiu de forma hesitante a camisa grande demais para seu corpo, já havia parado de tremer.

Se afastou o bastante para remover sua camisa e jogá-la em um lugar qualquer. Fez o mesmo com a dele, passando-a facilmente por sua cabeça sem resistência alguma. Empurrou Itachi para a cama que pareceu feliz em seguir, devendo saber que mesmo que Naruto lhe desse algum controle, ele que teria que comandar o passo.

Sasuke tinha razão. Foi seu último pensamento coerente antes de se entregar a fome.

............................................................

— Naruto. — Abriu os olhos, um gemido escapando de sua boca antes de sentir seu corpo amolecer, se moldando na cama.

O rosto de Itachi saiu de onde estava enfiado em seu ombro, as mãos que estavam acariciando sua cintura subiram por seu corpo e foram até suas mãos, as entrelaçando. Um movimento dentro dele o distraiu e flexionou o pescoço para trás. Sentiu um beijo perto da sua orelha e ele repetiu seu nome.

— Naruto.

— Hmm?

— Eu amo você.

Seu rosto, já quente e vermelho pareceu esquentar ainda mais. Suas pernas que estavam enroladas na cintura dele caíram com a surpresa e a primeira coisa que saiu de sua mente em tela azul foi um sussurro surpreso: — Você é emocionado demais, psibláblá.

Itachi enfiou o rosto em seu pescoço e riu.

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Naruto abriu os olhos ao sentir uma caricia em suas costas. Virou de lado e encontrar o olhar de Itachi. Seu rosto ficou vermelho e grunhiu, enfiando a cara no travesseiro sem se importar na procedência dos lençóis.

Podia sentir os olhos dele e ficou ainda mais encabulado. Ele não sabia como agir naquela situação. Antes...antes ele não queria nem pensar. E com Hinata geralmente eles se xingavam e depois iam treinar alguma coisa.

Itachi... Itachi era diferente. Ele não sabia nem por onde começar sobre a situação deles com todas as declarações dramáticas do Uchiha e sua falta de jeito sobre como lidar com elas.

Quem fala que ama uma pessoa enquanto está fodendo ela?A gente mal se conhece.

Exceto por todo o trauma compartilhado dos últimos dias... e... é, talvez isso contasse.

Todo Uchiha é dramático assim?

E Itachi não parava de lhe olhar assim.

— Para. — Sibilou. — Seu esquisito.

Itachi deu uma pequena risada e só resistiu um pouco quando ele o puxou para perto.

Relaxou nos braços dele, com ao menos um sentimento confuso resolvido.

Eu fodi com o irmão mais velho do Sasuke. Era uma péssima hora para pensar nisso.

— Você está bem?

— Se perguntar isso mais uma vez...

Itachi deu outra risada. E ele não estava muito risonho?

Ele pareceu ter alguma piedade dele e de sua mortificação por estar pirando em razão de uma simples frase, porque no fim mudou de assunto.

— Você me disse que havia vindo fazer algo em Kiri.

— Puta merda! O cartão de memória!

A cabeça de Naruto se ergueu rapidamente e ele enfiou o cotovelo no estômago de Itachi ao se erguer. Itachi o deixou ir com relutância, enquanto o outro tropeçava nos lençóis da cama e ia até as roupas que deixou para secar.

— Cartão de memória?

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— Você acredita que a identidade do Kyuubi está aqui.

Falou seriamente, olhando para o objeto metálico em suas mãos, dentro da caixa ainda ensopada, o cartão de memória estava, felizmente, ileso.

Naruto assentiu, cabelo molhado do chuveiro e olhos azuis largos e inocentes depois de contar uma história cheia de furos de como conseguiu o objeto.

Ele se recusou a dizer de quem lhe deu isso, aparte de que foi um amigo da Hyuuga. Também não lhe dissera onde fora quando fugira de Itachi de forma específica para pegar isso.

— Deixe-me adivinhar: A pessoa que lhe deu isso poderia ser presa se eu a encontrasse.

Naruto assentiu e então negou rapidamente. Itachi rolou os olhos.

— E você fugiu sozinho, porque ficou com medo de seu comparsa ser preso?

— Ele não é meu comparsa. — Naruto retrucou, o que não era o ponto da conversa. — E não apenas.

— Que bom, porque eu ia achar que era menos inteligente do que é. — Naruto o olhou, piscando confuso. — Naruto, quem é meu tio?

Naruto ficou muito vermelho e cruzou os braços.

—N.não foi por isso apenas!

Itachi sentiu um pouco de vontade de apertar as bochechas daquele idiota.

— Você não acreditaria em mim quando eu contasse quem me falou disso.

—Oh?

Foi a vez de Naruto o olhar como se fosse um idiota.

— Um fantasma?

Naruto suspirou e se sentou ao seu lado na cama, a expressão ficando séria.

—Neji estava saindo com alguém, um cara, a mesma pessoa que ele estava vendo no dia que morreu. Essas fotos foram tiradas do restaurante, de uma noite que ele saíra com essa pessoa. Estava tendo um evento social no restaurante, e eles saíram no pano de fundo por acidente, provavelmente. Quando Neji...foi morto, levantei essa questão com Hinata, e ela pediu para o amigo dela pesquisar sobre isso. Bem, ele foi bem-sucedido. Hinata tentou me avisar, o que me faz pensar que ela conhecia a pessoa na foto, seja quem for, e então ela fez algo estúpido e acabou no hospital.

—E como sabe de tudo isso?

Naruto voltou a deitar a cabeça no colchão, olhando o teto. Foram segundos antes de ele falar algo.

— Ela me disse, no hospital.

Itachi piscou, tentando não parecer aturdido.

— A Hyuuga não está morta.

— Não diga. —Retrucou ácido. Itachi ergueu uma sobrancelha e Naruto bufou. — Eu também não entendo. Não é como se eu tivesse um manual de instruções disso tudo.

Itachi assentiu em entendimento e Naruto franziu a testa, a expressão ácida sumindo, os olhos buscando algo no rosto de Itachi para então sacudir a cabeça.

— Você realmente não tem medo.

Itachi deu um sorriso.

— Você é mesmo estranho, psibláblá.

A expressão do outro continuou tranquila, mas Naruto reconheceu um brilho ali.

— Sou só emocionado.

Naruto fez um som mortificado: — Calado, seu cretino!

..........................................................................

Eles não tinham muito o que fazer além de esperar a chuva passar e continuar a tentar se comunicar com os outros.

Naruto observou Itachi conversando com a dona da pousada na porta e tentou não focar nas visões. Elas continuavam mudando, mas Itachi continuava...

Fechou os olhos e se encolheu.

— Ei. — Sentiu uma mão em seu cabelo. — Tudo bem?

— Cansado.

Sentiu o peso na cama e uma mão em sua nuca.

— Eu pedi comida. Durma um pouco.

Naruto não sabia se conseguiria, mas ainda assim fechou os olhos e se entregou a deriva.

Era o ancoradouro.

Naruto se sentou no cais, letárgico. Na paisagem, o farol, os barcos pesqueiros e o grande cargueiro assumiam um ar de pintura desbotada de um sonho antigo. Lembrava de brincar ali na infância. Agora, no lugar do sentimento nostálgico, sentia algo de aflição. Fora ali, bem perto, no beco que descia para o cais que oka-chan fora assassinada.

E era ali, em meios aos containers que esperam o embarque nos navios que a cena da morte de Itachi iria acontecer.

— Eu gosto desse lugar.

Se virou e viu os cabelos loiros como os seus e os olhos azuis que não lembrava mais daquela forma: inteligentes e lúcidos. Tudo o que recordava do pai era o azul vazio da loucura. Minato se sentou ao seu lado, os dedos acariciando seus cabelos.

—Lembro de trazer você e seu irmão para ver os barcos trazendo os peixes logo cedo.

Naruto quase sorriu, aquilo era uma lembrança nebulosa, não devia ter nem quatro anos. Lembrava do cheiro, dos gritos que vinham dos barcos logo pela manhã. Do calor dos braços, talvez fossem de Minato, talvez fossem do irmão.

— Naquele tempo eu ainda achava que cada vida houvesse um valor diferente. — Minato suspirou. — Uma pessoa boa, por exemplo, teria uma alma mais valiosa do que a de um crápula. Talvez dez crápulas pudessem valer uma pessoa honesta. Por um tempo achei mesmo que eu estivesse certo.

— Isso é burrice. — Murmurou.

— Sim, você é mais esperto do que eu, filho. — O homem sorriu. — Não é a pessoa, mas o sentimento. O sentimento rege o preço.

Naruto franziu a testa.

— Sentimento... — repetiu baixo, os pés balançando na água.

— Um sentimento forte, como o que você sente agora. Ou não faria tudo o que está fazendo.

Naruto o fitou com esperança, quase desespero. Talvez ele pudesse ajudar.

— Tobirama disse que você havia achado um meio de vencer isso. O que eu faço, to-chan?

Minato sorriu de forma triste: — Oh, Naruto. Não há como vencer a morte. Nunca.

Sentiu sua esperança morrer, seus olhos marejando. Minato passou os braços ao redor do seu ombro e o puxou para perto.

Naruto quis chorar ainda mais.

— A única coisa que ela aceita é uma barganha, mas não qualquer uma. Não se pode enganar a morte. Ela sempre cobra o preço dela.

— Barganha?

— Haverá sempre um preço. — Minato o fez o olhar. — Entende, Naruto? Não se foge do preço.

— Eu não trocaria a vida de ninguém por outra de novo. — Rebateu fechando os olhos. — E de qualquer forma, não há ninguém no mundo agora, mais importante que Itachi para mim.

— Não havia ninguém no mundo para mim, mais importante do que você. — Minato sorriu e Naruto arregalou os olhos. Seu to-chan tocou sua testa, os olhos tristes. — Você sempre foi meu orgulho e alegria desde o primeiro momento em que peguei você no colo. Mais do que Kushina, mais do que seu irmão. Eu o amava como minha própria vida.

Foi quando Naruto finalmente entendeu.

...................................................................

Naruto abriu os olhos  em um ofego.

E a visão mudou.

...........................................................

A febre de Naruto retornou na tarde e ele continuou dormindo.

Itachi estava preocupado, ele não havia comido nada.

Deitado do lado dele, mesmo contra sua vontade, em razão dos dias sem dormir acabou cochilando.

Quando acordou, não fazia ideia de que horas eram. Encarou o teto branco, um pouco encardido e com rachaduras e virou de lado vendo a cama vazia. Sentiu um desespero imediato, se erguendo. Se xingou baixo por ter dormido.

Procurou Naruto ao redor, preocupado que ele houvesse saído do quarto no estado em que estava. Já havia pego a arma quando ouviu o barulho do chuveiro e de uma tosse inconfundível.

A porta do banheiro estava encostada apenas, por isso a empurrou devagar. Era um banheiro relativamente pequeno, de azulejo cinza e sem banheira, apenas uma pia branca encardida e um box de vidro, agora embaçado pela água quente, que estava quebrado com uma rachadura o marcando de cima a baixo. A porta dele também estava aberta, por isso conseguiu ver as costas tatuadas para si, os braços apoiados no azulejo cinza.

Lembrava bem de ter percorrido os desenhos daquela tatuagem com sua boca. De como a pele dele toda era fria, diferente dos lábios, e se arrepiava rápido demais

— Itachi.

Acordou do devaneio ao ouvir a voz rouca e viu-o o olhando por sobre o ombro. Os cabelos loiros caindo pelo rosto com a força da água o impediam de tentar entender o que ele pensava através dos olhos azuis

Ele voltou a olhar a parede e desligou o registro.

Há algo de errado.

— Vem aqui.

O pedido o surpreendeu, mas não o recusou.

Itachi colocou a arma sobre a pia e removeu as roupas. Se aproximou e entrou no box.

Naruto se virou e Itachi levantou a mão devagar, acariciando o rosto do outro, removendo os cabelos molhados para ver os olhos, entender o que se passava ali. Lhe frustrou que os azuis estivessem em branco, o rosto um pouco quente. As mãos menores tocaram seus pulsos.

— Eu não quero assustar você. — Comentou com a expressão suave. — Mas o que eu disse é verdade. Eu realmente amo você.

Naruto ficou calado, os olhos nos negros, enigmáticos.

— Não se ama uma pessoa tão rápido. — Ouviu a voz rouca e baixa.

— Eu te conheço desde que você tinha poucos meses de vida. — Rebateu, acariciando as bochechas do outro, dando um beijo em sua testa. Sentiu as mãos largarem seus pulsos devagar. Ele ficou em silêncio, por algum tempo. Como se estivesse tomando alguma decisão. Podia ver nos vincos formados na testa pálida. E então, eles sumiram.

— Seria mais fácil se você não me amasse. — O sussurro foi quase inaudível, letárgico, depois de um tempo que não definiu. —Tudo seria mais fácil.

— Madara disse que não facilito minha vida. — Itachi passou os dedos suavemente pelas costas, vendo por cima algumas marcas que lembrava ter feito. O corpo do outro ficou tenso, e logo relaxou, aceitando o carinho. Testando devagar sua sorte, beijou o ombro menor, as mãos trabalhando cuidadosas pela coluna. Sentiu a respiração do outro acelerar e parou. Mas então eram as mãos de Naruto que deslizavam nas suas costas, a outra ligando de volta o registro, fazendo a água cair sobre os dois.

Havia algo errado. Ele sentia isso, algo que Naruto não lhe falara. Algo que o estava impulsionando daquela forma, a lhe beijar como ele fazia naquele momento. Tinha o mesmo pressentimento de quando ele lhe beijara e roubara suas chaves.

Havia algo ali, logo atrás dos olhos azuis, algo que ele estava escondendo de si. Algo relacionado com ele estar o beijando com tanta necessidade contra a parede fria do box, aceitando cada toque, revidando com tanta vontade. Como se não fossem se ver mais.

Havia algo, mas que ele deixou escapar da sua mente em meio a tantas sensações. Que não o deixou notar em meio a toda a água que caia sobre eles, que quando aquilo tudo começou, Naruto estava chorando.

.......................................

A tempestade não havia passado e as linhas não haviam retornado.

Em Iwa, Kurenai e Shisui tentavam descobrir o paradeiro de Itachi, sem contato com as pessoas de Konoha devido à queda da torre.

Em Konoha, a polícia recebia na delegacia alguém de Uzushio, dando notícias de um homem que havia sido encontrado em um pequeno povoado próximo o qual ninguém sabia sua identidade, mas que ele havia reconhecido por uma das imagens divulgadas sobre o caso.

Em algum lugar, Kyuubi preparava seu último espetáculo.

Em comum, todos eles procuravam duas pessoas, que no momento, em Kiri, estavam cortados de qualquer comunicação com o mundo do lado de fora.


Notas finais

Esse foi um dos capítulos mais diferentes do original, porque foi uma condensação de dois e mudei muita coisa. Isso faz com que haja um capítulo a menos do que o original também. Então esse capítulo foi mais leve, o próximo não será. 

[E não, não havia anda explícito no original e nem vou colocar nesse, apenas não é o que imagino para a história] 

O próximo não vai vir muito rápido, vou estar bem ocupada essa semana. Não corrigi esse capítulo ainda também, então depois volto aqui e passo o pente fino. E uma dica, para esse e os outros capítulos: se liguem nos detalhes.


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