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Capítulo XXIV - Shukaku

 Quanta coisa pensei debaixo do sarcasmo da luz que se espraiava, frouxa, no veludo e parecia dizer-me com punhais:

Não hás de vê-la nunca mais!

Edgar Allan Poe

NARUTO FICARIA DECEPCIONADO EM COMO HAVIA SIDO FÁCIL PEGAR AQUELE TREM, caso a culpa por enganar Itachi não estivesse o corroendo.

Mesmo com seu rosto estampado na televisão e, não tinha dúvidas, a polícia em alerta sobre ele, bastou trocar de trem algumas vezes e cobrir os cabelos e o rosto com uma máscara e ninguém o parou. Ele esperava um desafio maior para escapar, o último grupo havia sido despistado em Ame.

Por via das dúvidas, depois das últimas trocas, ao descer em Kumo ele pegou uma carona para uma estação de trem e comprou uma passagem para Iwa, só para pegar um ônibus até a metade do caminho de Kiri, descer em um posto e caminhar alguns quilômetros até a praia mais próxima, seguindo dali até o local de destino.

Agora que estava finalmente fora de alcance, o rosto de Itachi não saia de sua cabeça.

Ele vai me odiar agora.

Talvez isso fosse uma coisa boa? Se ele o odiasse não morreria por ele. Madara havia dito que a presença de Naruto na vida de Sasuke poderia ter alterado o destino dele, e se houvesse alterado o de Itachi também? E se ele não havia visto a morte de Itachi antes, porque foi Naruto que fez com que ela acontecesse?

Sentiu seus olhos ardendo. Ele não queria... ele não queria que Itachi o odiasse.

Isso é tão fodido.

E para completar, iria chover logo. Por que tudo na sua vida tinha que ser complicado?

Olhou para o céu carregado e escuro de cara feia.

Hinata e Neji, caminhando ao seu lado, o observavam de forma enervante desde o momento no hospital. Neji parecia o medir com novos olhos (depois de fazer um comentário constrangedor sobre o traseiro de Itachi. Ao que parece ele agora achava que tinha essa liberdade, o cretino. E ele falar isso com o rosto tão estoico era mais estranho do que ele não mover a boca para isso.), enquanto Hinata parecia fazer um grande esforço para não comentar ou perguntar nada.

Claro que ela não aguentaria por tanto tempo.

Ela caminhou na sua frente (flutuou? Ele nunca tinha certeza de como eles se moviam) e começou a andar de costas, as mãos visíveis para uma conversa que não queria ter. Tudo o que ele menos queria era chorar, ainda por cima, na frente daqueles dois.

"Você. Gosta. dele."

A olhou e não havia acusação nos olhos dela, apenas curiosidade e algo mais que não conseguia entender.

Naruto ponderou apenas por um segundo, mas no fim deu de ombros. Não havia sido uma pergunta, afinal.

Ela assentiu, como se fizesse sentido.

"Eu sabia que você era gay também." Foi o comentário construtivo do outro Hyuuga, o olhando de cima com a mesma expressão estoica que tinha em vida.

"Bi." Hinata corrigiu quando não respondeu. Ela o olhou de forma especulativa. Naruto não disse nada, se perguntando quanto tempo faltava para chegar na cidade. "Acho."

Neji ergueu uma sobrancelha em direção a ela. Hinata, que Naruto não sabia a razão de tanta gente achar que era tímida, apontou para ela e Naruto e fez um sinal tão obsceno que não deixava dúvidas do que significava.

Se estivesse vivo, Neji teria tropeçado, sem dúvidas. Um arregalar de olhos sendo a prova do quanto estava escandalizado.

— Você. — Apontou para a Hinata. — Não tem vergonha na cara. E você. — Apontou para Neji, que olhava para a prima de forma traída, os dois tendo uma conversa no modo Hyuuga com as sobrancelhas. — Para um gênio, era bem denso não era?

"Quando!?"

Hinata fez um sinal de 'por muito tempo', parecendo orgulhosa de si mesma. Naruto revirou os olhos. Ela voltou a fitá-lo, a expressão muito atenta.

"Você. Ama. Ele."

— Amor é uma palavra muito forte. — E Naruto não tinha ideia de como funcionava. — Mas ele...Eu só...Ele é...sabe?

Os dois o olharam, revirando os olhos ao mesmo tempo com sua explicação.

"Você é louco por ele, Namikaze." Neji falou com propriedade. E desde quando esse puto havia se tornado íntimo dele para discutir isso? "Pelo menos tem bom gosto. Nos dois."

Naruto aumentou o passo, ele já estava cansado desse dois. Onde estava Sasuke e Menma quando precisava? Nunca mais reclamaria deles.

"Vocês. Já...?" Hinata fez um círculo com uma mão e enfiou o dedo ali, a expressão curiosa.

Naruto sentiu seu rosto esquentar terrivelmente, negando  com a cabeça, antes de pausar. Aquilo não era da conta deles!

— Foda-se, Hyuuga.

"Qual de nós?" Neji perguntou.

— Os dois! Não tem mais o que fazer? Morram.

Ambos o olharam de forma estoica e Naruto grunhiu, ajeitando a máscara acima do seu nariz ao ver que alguém passava do outro lado na estrada, perto da orla. Colocou as mãos no bolso e tentou ser o menos suspeito possível. O que incluía não falar sozinho.

"Nós. Não. Daríamos. Certo."

Hinata comentou e Neji assentiu resmungando 'Hinata era boa demais para você.'

Naruto, incapaz de responder, apenas os olhou enviesado. Pausou ao notar que por trás da expressão brincalhona, Hinata parecia quase triste.

Naruto desviou os olhos. A chuva começou a cair e se ajeitou mais no casaco.

— Me fale mais do Gaara.

Ela olhou para a praia, então virou para ele e sorriu, começando a mover as mãos com o primo intercedendo onde podia.

Naruto os olhou e sentiu uma pontada de nostalgia e algo a mais. Algo quase agridoce.

Hinata havia sido a primeira pessoa com quem havia transado por escolha própria, com quem havia percebido aquilo que Sasuke falou anos atrás. Havia balanço entre os dois, na forma como sempre se batiam, nunca recuavam um do outro.

Ela o havia ensinado tanto, principalmente sobre ele mesmo e ainda assim, ele nunca revelou muito para ela, como ela nunca revelou muito a ele. Ele nunca havia ouvido falar desse Gaara, apesar de ele parecer tão importante na vida dela. Naruto nunca contou a ela nem mesmo que tinha Uzumaki no nome.

Os dois coexistiam em um universo próprio dos dois e ao sair de lá deixavam de ser quem eram um para o outro.

Talvez, em outro universo... Pensou, sentindo uma pontada no peito. Hinata talvez um dia tivesse ousado como Itachi e passado por toda a névoa de Naruto. Talvez ela teria o aceitado mesmo ao ver o que havia do outro lado, mas não aconteceu.

Ele nunca saberia se haveria dado certo ou não, porque não havia mais essa opção.

Olhos escuros lhe vieram à mente. Só havia uma opção para ele agora. Talvez ele fosse como Madara nisso.

Mesmo que Itachi me odeie, eu vou mudar isso. Ele não vai morrer.

Naruto não iria deixar que lhe tirassem mais nada.

.................................................

Itachi sabia que Naruto era mais inteligente do que tentava demonstrar, mais uma de suas máscaras. Ele sabia disso mais do que ninguém.

Naquele momento ele queria que aquela genialidade não estivesse sendo virada contra si.

— Ele não tem como ter saído da cidade Itachi, sem ninguém o ver. Não com seu rosto estampado em todos os jornais e todo o policiamento nas fronteiras. E também, para onde diabos ele iria?

Era isso que ele queria saber. Itachi encontrou seu carro abandonado do outro lado de Konoha, no estacionamento da estação de trem. Através das câmeras de segurança e testemunhas conseguiram descobrir que ele comprara um bilhete para Suna, imediatamente o trem fora parado na fronteira para a cidade, mas não havia sinal dele lá.

Itachi desconfiava que ele parara estações antes, no meio tempo que eles levaram para rastrear o carro e entrara em outro trem. Sasori rastreara uma ligação sua do aparelho celular, através do grampo que haviam colocado no mesmo e foram até Kumo. Encontraram o celular com uma criança, a quem Naruto havia entregado na estação em Iwa. O último sinal dele nas câmeras de segurança, antes de ser engolido pela terra, havia sido em Ame, na estação em que partiam os trens para ao menos metade das cidades do país de hora em hora.

Ele podia ter ido para qualquer lugar.

Um adolescente havia conseguido enganar todo o policiamento das fronteiras, e pior, Itachi.

— A questão não é para onde ele iria, Shisui. — Kurenai se manifestou, sentada no sofá da casa do primo, que olhava pela chuva que caia forte através da janela.

Desde que Naruto sumira, a tempestade não passara. Todos os canais meteorológicos anunciavam que o dilúvio continuaria por todo o dia e noite. Toda a equipe que Ibiki designara a Itachi estava à procura do Namikaze ainda assim. Tinham que achá-lo antes que caísse em alguma notícia sensacionalista sua fuga. Isso só iria atrapalhá-los mais ainda.

— A pergunta é: o que ele foi fazer?

Itachi continuou calado, mas muitas teorias fervilhavam em seu cérebro desde que Naruto o deixara plantado naquele hospital. Uma delas, e primeira, era que Kyuubi teria entrado em contato e o atraído de alguma forma com o fato de ter machucado a garota. Porém, realmente queria acreditar que Naruto não seria tão tolo, como todos os outros que ele pegara dessa forma.

A possibilidade de Naruto estar se escondendo também era válida, afinal, ele tinha motivos para não confiar na polícia. Isso dizia que ele não confiava em Itachi também.

(Itachi odiava essa opção).

Para onde Naruto iria era a questão mais urgente. Não restava mais ninguém a quem Naruto poderia recorrer. A não ser que Naruto tenha mentido para todo aquele tempo, o que também não podia mais duvidar. 

Ele não podia duvidar de mais nada, pois tivera a confirmação que não o entendia tanto quando acreditava. Ele era um psiquiatra, um dos melhores. Seu trabalho sempre fora entrar na mente de pessoas que ninguém mais conseguiria. Muitas vezes, pessoas verdadeiramente perigosas. E ainda assim não conseguia, e nunca conseguira, prever Naruto.

Ele não podia se precipitar e cometer mais erros agora. Tinha que se pôr na cabeça de Naruto, limpar a sua, e tentar pensar como ele. Sem família, um assassino no encalço, o rosto estampado nos jornais, uma das últimas pessoas com quem se importava havia sido atacada pelo Kyuubi, e seja o que fosse que ele havia decidido fazer, acreditava que havia sido no meio tempo em que estivera no hospital.

Ele não tinha ninguém a quem recorrer, que soubesse. Tinha pouco dinheiro, o que excluía Taki e Oto, em parte, por serem muito longe.

— Na verdade a pergunta que não quer calar. — Shisui atrapalhou seus pensamentos novamente, esticando os braços no sofá ao lado de Kurenai, os dois o olhavam como se ele fosse um programa de televisão curioso desde que viera de Suna, onde Naruto os enganara primeiro. — Como um moleque como aquele conseguiu passar a perna no gênio Uchiha.

— Shisui! — Kurenai repreendeu o outro com um tapa na nuca. — Não piora a situação!

— Ai, Kurei! Só estou curioso! Afinal, ele sumiu em cima dos olhos do Itachi, roubou a carteira dele e ainda passou a mão nas chaves do carro, o que se diga de passagem foi um ato e tanto...

— Isso não importa agora!

— Ele me deixou beijá-lo. — Itachi os interrompeu, olhando a janela de forma estoica.

Os dois se calaram de imediato, os rostos naturalmente inexpressivos ficando atordoados. A mão de Kurenai que ia de encontro ao braço do ex-marido, parada no ar, enquanto ela o olhava de boca aberta.

Kurenai nunca tivera exata certeza sobre a orientação sexual de Itachi. Aliás, nada sobre Itachi, tudo nele era dúbio demais. Durante todos aqueles anos ela nunca o notou ter real interesse em ninguém, mesmo no breve relacionamento (muito breve) que os dois tiveram. Sasuke costumava dizer que Itachi talvez só se interessasse em alguém um dia quando encontrasse quem não poderia viver sem. Que talvez nem aí.

Itachi sorriu pequeno com o silêncio dos dois. Seus olhos, no entanto, não mostravam humor algum: — Ele me fez beijá-lo e fugiu. Era isso que queria saber, Shisui? Itachi Uchiha foi enredado.

Kurenai encarou o outro que os olhava por cima do ombro.

Isso, ela podia entender mais do que Shisui, que parecia ainda em choque.

Isso explicava o descuido de Itachi, o zelo excessivo, e que nada daquilo era para pegar Kyuubi, não mais. Ela sabia que Naruto dormia no quarto com ele todas as noites, todos eles sabiam. Itachi não agia assim com ninguém.

— Você se apaixonou. — Disse suavemente, e o primo franziu a testa e voltou a olhar pela janela. — Itachi...

— Chega, Kurenai.

A mulher suspirou, mas se manteve em silêncio.

Kurenai não tinha certeza de muito sobre Itachi, mas ela sabia de uma coisa: apesar de aparentar ser totalmente diferente, de muitas formas Itachi era exatamente igual a Madara: Ele não media esforços para ter o que queria. Se um dia ele gostasse de alguém, ele a teria.

Só esperava que aquela história toda terminasse bem. Pela sanidade dele.

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Gaara se considerava uma pessoa sensata e objetiva.

Para todos ao redor, ele era estoico e insensível. Na universidade, onde cursava o segundo ano de programação, era um aluno invisível, com notas medianas, afinal, eles não precisavam saber de nenhum dos seus...talentos.

Para a família, ele não fazia ideia de como o viam ,em boa parte. Não via o pai há anos, desde que era muito novo, desde que seu irmão mais velho, Kankuro, havia sido morto por um maluco. Mas nem antes tivera muito contato com o velho. Morava com o tio, irmão da mãe, desde pequeno. Sua irmã vinha lhe ver às vezes. Ela era legal, mas achava que ele era gay, por isso não tinha namorada e não saia do computador.

Exceto por Temari e o tio, Gaara estava pouco se fodedo para todos eles. Sabia que o irmão mais velho era bem perturbado, pelo pouco que sabia dele durante as visitas que seu pai fazia trazendo os filhos legítimos para visitar o filho bastardo. Lembrava do irmão matando o gato do seu tio enforcado numa brincadeira  e Gaara, com cinco anos, levara a culpa. Então, que ele se fodesse. Assim como seu pai.

Só existiam duas pessoas no mundo para quem Gaara levava em conta a opinião. Uma era seu tio, que não fazia ideia do que o sobrinho fazia por suas costas (E por Gaara nunca saberia). Para Yashamaru, Gaara sempre seria seu garotinho genial. Ele era um bolsista na universidade e trabalhava no bar do campus por meio período. Yashamaru nunca saberia de sua conta secreta até que precisasse. Para onde ele mandava aos poucos, pequenas quantias que desviava avulsas de algumas contas, ou dos pequenos serviços que fazia desbloqueando senhas e levantando relatórios completos de algumas pessoas. Nada grande o bastante para deixar rastros.

A outra pessoa que lhe importava, era a única pessoa que era melhor do que ele no que fazia. Se conheceram quando ele estava no terceiro ano do colegial. Naquele ano, ela foi expulsa do colégio depois do site mais engenhoso que já vira, a rede de cola online mais bem feita que presenciara. E que quando ele tentou rastrear, conseguiu um vírus em seu computador que quase o fez soltar fumaça.

Gaara respeitava Hinata Hyuuga. Ele não negaria nada a ela. E por isso não parava de pensar no porquê ela o ter procurado pessoalmente, sendo que fora a mesma que sempre pregara que nunca deviam se encontrar pessoalmente se possível.

Quando a viu, ficou ainda mais preocupado. Poucas coisas surpreendiam Gaara, até ver Hinata naquele estado.

Isso, claro, até aquele sujeito tampinha aparecer no banheiro do bar da sua universidade. Ao encarar pelo reflexo do espelho enquanto lavava as mãos, lá estava ele. Quando ele removeu o capuz ensopado, Gaara achou que era uma criança. Uma criança muito ensopada e perdida.

Ao ver os olhos azuis fixos nos seus verdes , os cabelos loiros grudados no rosto pálido, teve a plena certeza de ter visto aquele rosto em algum lugar.

Optou por fingir que não o notava, voltando os olhos para as mãos enquanto pensava no que fazer.

— Shukaku. — O garoto falou, a voz saindo trêmula pelo frio.

Gaara parou de se mover, o som da água sendo desperdiçada tomando o lugar.

Apenas uma pessoa o chamava assim.

— Ela me mandou. Sou Naruto.

— Não sei de quem está falando. – Disse seriamente o fitando brevemente, sem mudar sua expressão um segundo se quer. – E você não devia estar aqui, isso é um bar, para maiores de idade.

O garoto suspirou, ficando estranhamento corado, olhando de um lado para outro, encabulado com algo.

Isso despertou sua curiosidade. Gaara se virou devagar, a testa levemente franzida.

— Eu sei, cacete! — Ele sibilou de repente, para o nada.

Gaara se encostou na pia, ainda mais intrigado. Viu-o bufar, e para sua surpresa, abrir o capuz, o removendo, e começar a tirar a camisa preta de mangas escuras pela cabeça. Mesmo tendo ficado abismado, o rosto do ruivo não demonstrou nada além de um leve erguer de sobrancelhas.

— Eu não sou gay. — Disse, a voz monótona, cruzando os braços. — E conheço uma chave de cadeia quando vejo uma.

— Vai pro inferno. — O estranho retrucou, virando de costas para si.

E então Gaara viu. Seus olhos verdes se arregalaram com a imagem. Ali estavam, as famosas tatuagens. As runas que vinham lhe tirando o sono desde que a Hinata o havia mandado as fotos para que descobrisse a origem. Algo que o deixou, claro, obcecado, já que não encontrou quase nada.

Quase esticou os dedos para tocá-las, mas recuou e o garoto lhe olhou por sobre o ombro, o rosto corado e azedo.

Era até engraçado como ele era igualzinho como a garota sempre falava. Como hinata havia mesmo dito?

Ranzinza, boca suja e irritante.

Check.

Cresce em você tipo um fungo, meio adorável quando quer.

Isso, Gaara duvidava.

— Satisfeito?

Aquela havia sido a primeira surpresa da noite mais longa da sua vida.

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Kyuubi havia sido descuidado.

Ele nunca havia planejado matar a criança Hyuuga em primeiro lugar. Ao contrário dos outros, ela não havia feito nada de errado. Apenas de ter tido que mudar seus planos, aquilo o deixava louco. Perder o controle da situação era algo que não podia acontecer.

Sabia de seus limites, não podia arriscar mais. Entrar ali e terminar seu trabalho não era impossível, mas era um risco que não podia ter mais. De qualquer forma, aquilo terminaria logo. Que soubessem quem ele era, quando ela pudesse falar, tudo teria terminado. Toda aquela peça armada, os últimos atores cairiam e a cortina seria abaixada com louvor.

Ele terminaria o que haviam começado. Era a última coisa que faria.

Ligou o carro e saiu de frente do grande hospital, agora rodeado pela polícia. Não perderia mais seu tempo. Ele subestimara a menina Hyuuga. Não iria subestimar mais ninguém.

Iria armar seu palco, iria caçar seus atores.

E ele? Ele era o juiz, júri e executor.

Ele controlava a morte. Ele a escravizara.

O anjo da morte não fugiria mais.

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Gaara viu o garoto passear rapidamente os olhos por seu quarto bagunçado de duas camas, onde dividia com um colega que, por sorte não estava ali. Tentava imaginar ao certo no que ele estava pensando. Haviam trocado poucas palavras desde que saíram do bar. Era impossível conversar lá com o outro chamando tanta atenção ensopado daquele jeito.

Deixara uma colega cobrindo seu horário, e o garoto não se opôs quando o chamou para seu alojamento, parecendo estranhamento aliviado de sair de um lugar público.

Sabia que estava sendo precipitado e descuidado. Mesmo que aqueles desenhos fossem os mesmos que Hinata mostrara, mesmo que ele parecesse igual ao cara estranho de que ela lhe falava, poderia não ser ele. Ser uma fraude. E ao mesmo tempo, tinha certeza de ter visto aquele rosto já, em algum lugar. Só não o ligava ao nome. Hinata nunca havia mandado fotos do rosto do 'cara misterioso que fodia ocasionalmente' (do qual Gaara tinha ciúmes, mas nunca admitiria), só das benditas marcas que lhe tiraram o sono tanto quanto da Hyuuga.

Ele não tinha ideia no porquê de estar confiando naquele garoto.

— Toma! — Jogou uma toalha que o outro pegou no ar, apesar de parecer estar prestando atenção na sua estante de livros.

Ambos estavam cautelosos, apesar de aparentarem estar tão tranquilos.

O garoto tirou a jaqueta de capuz encharcada, a deixando cair no chão, tentando remover o excesso de água o máximo que podia. Gaara apenas o analisava sentado na cama cuidadosamente arrumada (diferente da do seu colega de quarto, o porco).

Se o olhar perturbou o loiro, não percebeu.

— Você parece ter passado por muita coisa. — O garoto parou de se enxugar e o olhou com curiosidade. — Para ter chegado aqui, digo. Está uma tempestade lá fora, o transporte entre as cidades parou há horas. Eu posso arriscar dizer que andou bastante.

Ele deu de ombros, enxugando os cabelos que grudavam em seu rosto. Gaara não estava acostumado a ser ele quem falava durante uma conversa.

— Se veio de longe, pode dizer o que quer aqui.

— Eu já disse, ela me mandou. — A voz do outro era ligeiramente rouca e baixa. Ele tinha certas pausas durante as palavras, e conheceu aquele sotaque como sendo da região leste. Konoha provavelmente. Os olhos azuis estavam em si agora, analíticos. O viu franzir a testa. — Eu não entendo.

A frase pareceu ser mais para si mesmo, mesmo assim o deixou curioso, deixando isso evidente em seu rosto. O outro sorriu de lado, um sorriso que lhe pareceu falso, que não combinavam nada com o olhar dele.

— Você é muito diferente dela, não sei como podem ser amigos. — Falou como explicação.

Quase rebateu "digo o mesmo", mas se limitou a ficar calado. O garoto riu, jogando a toalha na cadeira ao lado.

— Eu vou ser breve. — Ele deu um longo suspiro — Alguém tentou matar Hinata ontem. Atiraram em sua cabeça, mas ela sobreviveu de algum jeito.

— Quem tentou matá-la? — Gaara manteve a voz baixa, apertando os lençóis com força, seu coração batendo muito rápido no peito.

— Kyuubi.

O nome o fez se retesar, abrindo mais os olhos verdes.

— Ele é...

— Eu sei quem ele é. Ele matou meu irmão muitos anos atrás. — Dispensou a explicação irritado, se erguendo. Viu que o outro mudou sua postura, os olhos seguindo seus movimentos enquanto andava de um lado para o outro. Gaara sabia, se aquele garoto estava falando a verdade, que aquilo deveria ter ligação com as atitudes estranhas da Hyuuga, sendo que o Kyuubi havia matado supostamente seu primo há pouco tempo... — Ele estava atrás dela?

Parou para enfrentar os azuis e o viu negar.

— Não especificamente como costuma fazer. — Negou devagar. — Assim como há muito tempo Hinata pediu a você que fizesse um relatório sobre minha tatuagem, — Disse isso com desgosto evidente, franzindo a testa — Semanas atrás ela pediu que o fizesse sobre outra pessoa. Seja o que for que você descobriu, foi o motivo dela ser atacada, e pode ser o motivo de virem atrás de você também. Não sei como não aconteceu ainda, eu arrisco dizer que ela fez algo depois de vir ver você que atraiu a atenção para ela.

Gaara se sentou novamente, atordoado. Ele havia enviado o relatório há pouco tempo para ela, e logo depois ela bateu em sua porta perguntando sobre as informações, parecendo muito perturbada. E agora, tentavam matá-la.

— O que ela pediu para você investigar exatamente?

— O primo dela. — respondeu ainda aéreo.

— E você descobriu algo. — Não foi uma pergunta, mas uma afirmação.

— Sobre o namorado dele. — Falou, passando a mão no rosto. — Foi isso que a deixou perturbada.

— Eu preciso ver o que descobriu. Eu preciso ver esse cartão de memória.

Gaara colocou a mão no colar no pescoço, pensativo, o que não passou despercebido pelo garoto.

Até que levantou a cabeça bruscamente após segundos pensando na situação, os olhos estreitos: — Como sabe que é um cartão de memória?

— Eu disse, ela me mandou aqui.

Gaara sorriu sem humor, se movimentando devagar em direção ao outro. Naruto se retesou, seus olhos azuis em um claro aviso de ameaça se estreitaram ao ver o outro pôr a mão no bolso.

— Mesmo? E como ela te mandou aqui, se está no hospital e levou um tiro na cabeça?

Os olhos azuis ficaram obscuros e Gaara sentiu o metal frio do canivete que trazia consigo. O garoto não recuara, os olhos se mantendo nos seus, sérios. Gaara nunca admitiria que sentiu um arrepio de medo percorrê-lo repentinamente, tanto pela situação perigosa, como pelos olhos do outro.

Era a primeira vez que Gaara sentia medo desde que era criança.

Fechou a mandíbula.

— Você não acreditaria, Gaara. — O outro falou baixo e duro. Já estavam muito perto. A faca brilhou em sua mão, e piorava tudo ao ver que o outro não demonstrava nenhum medo. — Terá que confiar em mim.

— Eu não confio em ninguém.

.........................................................................................................................................

Era um lugar estranho.

Por onde olhava, havia apenas o branco leitoso da névoa densa, e pássaros voando a seu redor. Podia ouvir o som das asas barulhentas.

—Itachi...

O sussurro fez com que sua arma fosse removida rapidamente do coldre e girasse ao redor do próprio corpo, procurando sua fonte. Atrás de si?

— Itachi... — Não, do lado. – Itachi! – Frente!

Era como o vento, estava em todo lugar.

Ouviu uma risada travessa e vislumbrou rapidamente a mancha luminosa em meio a imensidão leitosa. Correu em sua direção, mas ele parecia vir de outra, estar em toda parte e em parte nenhuma. Quando achava que o alcançava, ele sumia.

A risada se tornou um choro baixinho, e o chamado por seu nome.

— Itachi...

— Naruto!

Gritou pelo nome, e ouviu um soluço mais alto, ofegante. Uma respiração pesada.

— Eu não consigo ver nada. Naruto!

— Está frio aqui... está escuro...tem tantos corvos aqui.

Se desesperou quando o choro ficou mais alto, e logo se tornou um grito de dor. Seguido por outros, gritando por seu nome, se distanciando. Correu na direção deles, a névoa densa e sombria o rodeando.

Estava quase alcançando a fonte dos gritos quando ela parou.

Parou também, com medo do que iria ver.

Recuou um passo, ofegante. E foi quando sentiu que esbarrava em algo. Virou e se deparou com Naruto o fitando de pé, os olhos antes azuis apagados, as mãos apertando seus braços com força fazendo com que ambos caíssem de joelhos.

— Itachi, estou com medo, Itachi.

Itachi respirou depressa, ao notar que os cabelos loiros ficavam negros, a pele mais pálida. Naruto não estava mais ali, mais sim Sasuke, o fitando tristemente, a boca sangrando, chorando enquanto se engasgava. As imagens dos dois ficavam sobrepostas diante de seus olhos. Naruto e Sasuke, Sasuke e Naruto. Ambos morrendo, ambos agonizando sozinhos.

— Não me deixe sozinho aqui. Não me deixe morrer Itachi.

Sasuke se explodiu em uma revoada de corvos, a voz dele ecoando no espaço vazio em um sussurro.

"Não o deixe sozinho, Ni-san."

—ITACHI! — Kurenai acordou o primo, dessa vez o estapeando forte.

Ele parecia em meio a mais um pesadelo que se acostumara a ver quando cuidara dele após a morte de Sasuke, gritando durante o sono. O viu se sentar no sofá ofegante, a mão no peito. Correu os olhos depressa até a mesa de cabeceira encontrando o remédio e a água que ele sempre deixava postos. Mais do que depressa o acudiu.

Apenas após medicado ele pareceu respirar direito, sentando-se na cama com os pés no chão, as mãos nos cabelos bagunçados.

Ficou de pé o olhando sem saber ao certo o que fazer. Itachi não parecia nada bem. De repente ele se ergueu de supetão, se vestindo diante de seus olhos assustados.

— Itachi! O que está fazendo? São três da manhã!

Ele a ignorou, prendendo o cabelo e saindo pela porta. Chutou o sofá onde Shisui estava cochilando na sala e o primo acordou atordoado.

— Suas chaves. — Itachi pediu autoritário, o primo, ainda não totalmente acordado, apenas o olhou confuso.

— Hein?

— As chaves do seu carro.

— Ah, aqui. — Meteu a mão no bolso bocejando e entregou. — Coloca combustível.

— Shisui! — Kurenai gritou. — Não dê a merda das chaves, ele não está fazendo sentido nenhum!

Itachi os ignorou, alcançando a porta.

— Itachi! Para onde está indo?! Shisui gritou, já bem desperto.

— Eu vou o buscar. — Disse se virando, os olhos desesperados a fazendo se calar. — Eu sei onde Naruto está.

E com isso ele bateu a porta, sumindo na chuva. Em poucos segundos eles ouviram o barulho do carro.

— Bem... — Shisui cortou o silêncio, a voz tensa. — Qual de nós vai ligar para Tio Madara?

Kurenai o olhou com a expressão nada impressionada. Shisui teve a decência de parecer culpado.

O idiota que deu as chaves do carro.

Era o que temia que iria dizer.


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