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Capítulo V - Nunca mais

E gelou-me o roçar sedoso das cortinas;

Impondo-me terrores que eu não conhecia. 

Edgar Allan Poe

A CRIANÇA NÃO DEVIA TER MAIS DE SEIS ANOS. A pele dele era bronzeada, os cabelos loiros em uma bagunça cacheada, ressecados pela água salgada e a exposição constante do sol. Sua aparência era iluminada, como um pequeno raio de sol pulando entre as poças de água do mar naquela tarde fria

As gaivotas soltavam seus sons e o vento era frio, mas agradável. De cima dos bancos de areia se ouvia os sons das ruas, do bairro calmo e do jazz em algum bar por ali. Apesar do tempo nublado, as pessoas que passavam pelo calçadão sentiam como se o sol brilhasse forte na areia. Muitos não se impediam de sorrir ao ouvir o som de uma risada infantil. Era o caçula de Kushina. O menininho que sempre viam correndo no bairro, animado, falando com todos, um tanto barulhento, mas adorável.

O garoto mais velho em sua companhia tinha os mesmos olhos azuis do garotinho e feições tão similares que era um pouco engraçado, devido ao contraste nas expressões entre os dois. Era como observar o dia e a noite: O garotinho era uma explosão de luz, muitos iam para a loja de antiguidades dos pais apenas pelo prazer de ouvir suas histórias. Não havia uma pessoa que não caísse nos charmes dele. Já o irmão mais velho era o puro símbolo da introversão.

Menma devia ter por volta de 15 anos, os cabelos de um avermelhado tão escuro que poderia ser confundido com preto. O rosto emburrado na típica face adolescente era visível e ele era universalmente conhecido por seu humor explosivo herdado da mãe.

Porém, era sabido de todos que apenas uma coisa acalmava o rebelde Namikaze, que o fazia perder a face agressiva: seu pequeno e travesso irmãozinho, que agora o arrastava pela praia facilmente, tagarelando alguma coisa de forma animada. O adolescente era massa de modelar nas mãos dele, todos sabiam disso.

— Devagar, pestinha! — Menma gritou e sorriu ao receber uma risada musical em resposta do pequeno fugitivo que havia soltado sua mão.

Seu irmãozinho era pequeno, mas corria que era uma maravilha. Quando finalmente o alcançou o levantou e o jogou nas costas.

— Casa!

Os protestos não demoraram, a voz em tom choroso e pedinte.

— Não Nii-San!! Eu quero brincar!

— Não mesmo, nem adianta fazer essa cara.

Evitou olhar para a cara do pequeno enquanto subia o banco de areia em direção ao calçadão. A casa que moravam era do outro lado da rua, acima da loja de antiguidades da família. A mãe deles estava esperando os dois já há mais de uma hora e sabia que receberia toda a fúria da Dona Kushina pelo atraso. Tobirama e Jiraya já deviam ter chegado e nenhum deles havia sequer tomado banho.

Sabia que se olhasse para o bico do irmão cederia, como sempre. Era um pouco vergonhoso, na verdade.

—Oka-san vai arrancar minha orelha, piercing e tudo, por ter te deixado se sujar todo de novo. Naruto?

Para sua surpresa o outro tinha parado de espernear. Isso nunca havia acontecido tão rápido, aquela coisinha sabia ser teimosa como ninguém.

Olhou intrigado e viu o pequeno empertigado em seu ombro olhando para trás, para algum ponto da praia. Um arrepio lhe percorreu a espinha quando viu o olhar compenetrado dele, os olhos azuis parecendo levemente ausentes. Sentiu o corpo dele tenso e do nada ele gemeu baixinho e o abraçou pelo pescoço, escondendo sua cabeça em seu ombro como se pedisse proteção.

— O que foi, Naru? — Perguntou com suavidade no ouvido do irmão, mas não recebeu resposta além de outro gemido baixo. O corpo dele estava trêmulo.

Procurou o ponto que ele olhava, não encontrando nada além de um grupo de turistas, coisa bastante comum de acontecer naquela praia. Eles haviam crescido no distrito Uchiha, mas há anos moravam ali, em um dos subúrbios menos abastados de Konoha, embora mais calmo que seu antigo lar.

Nesse pouco tempo já sabia que os turistas sempre vinham pela praia pouco conhecida. Menma achava que no fundo eram só um bando de riquinhos procurando algo exótico, tentando seduzir garotas pobres cheias de minhocas na cabeça ou em buscas histórias para contar na alta sociedade do tour diferente. Aquilo tudo o enojava.

Os tremores no corpo do irmão haviam aumentado, a voz saindo em um sussurro perto do seu ouvido: — Tem aqueles meninos, eles 'tão machucados, Menma.

Procurou na direção que ele apontava e não viu nada. Não havia crianças ou adolescentes no grupo e todos pareciam bem.

Se preocupou quando sentiu seu o ombro molhado.

— Ei, não chore. — Pediu assustado, sentando-se no banco de cimento de cima do calçadão e colocando o caçula no colo.

— Dando uma de babá, Namikaze?

Um garoto gritou do outro lado da rua acompanhado de um grupo de adolescentes que faziam baderna. Reconheceu como um grupo de idiotas do colégio em que estudava. Não tinha muitas amizades lá e nem pretendia ter. Não quando tudo o que eles tentavam perguntar era sobre a morte do seu pai e os rumores sobre o que aconteceu.

O grupo havia parado do outro lado da rua, chamando atenção de pessoas que passavam com a desordem e risadas altas. Menma os ignorou, se concentrando no pequeno soluçando em seu peito.

— A gente pode cuidar dele com você.

O tom malicioso o fez erguer o rosto de imediato.

O olhar do Menma os congelou no lugar. Por um momento, apesar de Naruto ali, ele queria que eles viessem até ele, porém eles recuaram após alguns segundos e andaram apressados resmungando. A única vantagem de ser filho do seu pai é que as pessoas o temiam por associação, talvez com medo de ele surtar também.

Menma havia decorado bem o rosto. Uma coisa que havia aprendido onde cresceu era nunca deixar um problema crescer.

Um soluço sentido quebrou seu pensamento e encontrou o rosto vermelho apertado contra seu casaco, parecendo tentar se esconder ali.

—Naru, pare de chorar. Eu te compro um sorvete, só pare. O que você tem?

Esqueceu de imediato os garotos, raramente via Naruto daquele jeito.

E lembrando da última vez em que havia visto.

Os soluços morreram aos poucos, mas os tremores não. As mãos pequenas se agarram com mais força em sua camisa.

— Eles estão gritando muito. Ele machucou eles.

— Quem machucou quem?

— Ele vai machucar a gente também.

O sussurro assustado lhe causou um arrepio. Afastou o irmão do seu peito e o olhou seriamente.

— Chega, ninguém vai machucar ninguém. Olha aqui. Acha que alguém vai vencer seu irmão aqui e chegar perto de você?

O garotinho pareceu distraído com isso e franziu a testa, ainda fungando.

O rosto pequeno se quebrou em uma expressão extremamente triste.

— E se você morrer? — O menininho sussurrou. — Que nem o papai.

Menma fechou os punhos. Era difícil se controlar quando falavam de Minato, mas sabia o quanto o irmão amava aquele homem. Para Menma ele não havia passado de um covarde. Ele nunca o perdoaria pelo o que ele havia feito com Naruto, mesmo que ele estivesse morto.

Havia acontecido há quase um ano. Menma estava na escola quando soube que Naruto havia tido um mal-estar e retornado para casa e que o pai havia ido buscá-lo.

Lembrava ainda da sensação em seu peito. Sua mão havia viajado e Menma se apressou para voltar para casa assim que soube da notícia. Nunca confiava em Naruto nas mãos de Minato, mesmo que a mãe deles se irritasse quando ele falava isso.

Minato havia sido um bom pai um dia, amoroso, inteligente, mas Menma tinha poucas lembranças de antes dele viver dopado em remédios. Não sabia em que ponto da vida a mente do pai se rompera, nos últimos anos da vida dele ele vivia trancado no escritório escrevendo. Ninguém entrava lá, a não ser Naruto às vezes, apenas para ser completamente ignorado. Odiava mais ainda Minato ao ver os olhos do irmão mais novo tão magoados quando isso acontecia.

Meses antes de tudo acontecer, em uma dessas tentativas de aproximação, o pequeno havia levado um desenho para ele. Naruto tinha um dom nato que às vezes deixava Menma até com certa inveja, já que o máximo que fazia em desenho era os gravetos com uma bola.

Naruto levou o desenho, e quando Menma ouviu o grito no escritório encontrou o irmão sendo suspenso no ar pelo pescoço por um Minato descontrolado, os pedaços do desenho em todo o lugar. A fúria o moveu, quando deu por si havia conseguido trancar o pai, que parecia estar com uma força estúpida pelo surto, e ligou para a mãe e uma ambulância. Naruto estava em choque, o pescoço roxo e tossindo em seus braços.

Minato foi internado, e só voltara meses depois, porque a mãe deles tinha a ideia estúpida de que ainda poderiam ser uma família. Menma não nunca acreditou nisso. Por isso havia corrido para casa naquela tarde. Ao chegar em casa tudo o que encontrou foram papéis voando pela casa, as janelas abertas e um choro baixo. Havia corrido em direção ao som, com o coração na mão. Quando entrou no escritório o que viu foi o corpo de Minato no chão, a arma que disparara ainda na mão enquanto sangue fazia uma poça no piso de madeira. Naruto estava encostado na parede, coberto de sangue, abraçado aos joelhos e se jogando para trás, batendo a cabeça em um ritmo constante.

Por três dias ele ficou em choque, sem falar, parecia não ouvir ninguém. Ao fim do tempo, quando questionado, ele não parecia se lembrar de nada entre o intervalo de estar na escola e acordar com o corpo de Minato na sua frente. E, por Deus, era melhor que não lembrasse. Para todos os efeitos, enquanto Naruto não percebesse o que de fato ocorrera, podia acreditar que foi um acidente e não seu pai se matando na sua frente.

Eles mudaram de casa e tentaram esquecer disso, mas parece que não seria tão fácil.

Encarou os olhos azuis e suspirou, passando a mão na cabeça loira.

— Eu não vou morrer, Naruto — Riu, colocando o irmão no chão enquanto ele limpava os olhos com a manga da camisa. — Eu sempre vou proteger você, afinal, irmãos servem para isso. Nada vai chegar perto de você enquanto eu estiver por perto.

O garotinho fungou e sorriu, mais calmo.

— Promete?

— Claro! Agora vamos para casa.

Segurou na mão pequena e quente, o fazendo caminhar com ele. Os olhos azuis pareciam mais claros, o rosto sorridente ainda um tanto molhando enquanto o olhava com tanto amor e reverência que sentia seu coração acelerar em satisfação.

— E meu sorvete?

Menma resmungou 'aproveitador'.

Naruto deu uma risadinha com isso, balançando a mão na sua.

Antes de atravessarem a rua em direção a sorveteria do outro lado, olhou para trás e viu os três rapazes perto do mar, ainda o encarando.

O primeiro deles tinha o corpo escurecido, queimado. O segundo tinha ferimentos por toda parte, o terceiro estava ensopado e trêmulo. Quando ele ergueu a cabeça Naruto arfou ao ver que no lugar dos olhos havia dois buracos vazios.

Agarrou mais forte a mão do irmão. Ainda olhando para trás, sentiu seu coração disparar, querendo voltar a chorar. O garoto sem olhos moveu os lábios falando algo que não conseguia ouvir. Sentiu aqueles buracos vazio em si e desviou os olhos para frente, se prendendo ao calor da mão do irmão.

Estava tudo bem, ele o protegeria certo? Estava tudo bem. Ele prometera.

E de fato ele nunca mais viu nada enquanto estava com Menma.

Essa foi a única parte da promessa que Menma cumpriu.

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Trabalho escravo. Era isso que estava fazendo.

Tsunade Senju era uma aproveitadora.

Itachi suspirou depois do terceiro paciente, todos casos estranhos, sua especialidade, ou seu karma.

Tsunade havia pedido que ele desse total atenção aos casos, mas não disse o que queria que ele observasse exatamente.

Mulher complicada.

Itachi, no entanto, precisava fazer isso e ficar nas boas graças dela ou ela não lhe daria o que queria. Não confiava nos dados da polícia e se alguém tinha as informações que precisava seria Tsunade. A mulher tinha mais contatos até do que Madara, não se limitando ao submundo de Konoha.

E por isso, cá estou. Suspirou, conformado.

Na próxima pasta havia um bilhete de Tsunade avisando que era um caso especial e que os dados deviam ser lidos com cautela. Pegou a pasta e começou a ler, se interessando pela primeira vez no dia, enquanto passava os olhos pelos detalhes.

Alucinações audiovisuais.

Tendências suicidas.

Psicose.

Introversão e auto isolamento.

Transtorno de Estresse Pós Traumático.

Um ano internado em Suna.

Esse detalhe o pegou de surpresa. Suna era o que podia se chamar antigamente de manicômio, onde os pacientes saiam piores do que entravam, se saiam. Ao que parece, o paciente em questão ficara lá dos 11 aos 12 anos, muito jovem para que tomassem uma atitude daquelas.

Olhou com desgosto. Odiava esses lugares tanto quanto Tsunade.

Detalhes a parte, o paciente tinha perdas súbitas de memória, que denominava apagões. Eles aconteciam, segundo as anotações da pasta, diante de algum choque forte, geralmente eram de horas na maioria, sendo que o mais longo havia sido de uma semana.

A vida dele não havia sido fácil, para dizer o mínimo. O pai havia se matado na sua frente quando tinha cinco anos, foi quando teve o primeiro apagão. Um ano depois saíra com a mãe de casa e a mulher havia sido encontrada morta em um beco. Ele sumiu por dois dias e foi encontrado do outro lado da cidade vagando em uma praça. O segundo apagão.

Havia ido morar com um tio, juntamente com o irmão. Não havia muitos detalhes na ficha sobre isso, mas passara cinco anos na casa do parente e após isso foi internado em Suna, com o diagnóstico de esquizofrenia e psicose. Havia saído um ano depois, onde foi morar com o irmão.

Nesse momento alguém bateu na porta e fechou a pasta.

— Pode entrar.

Uma morena lhe sorriu, trazendo o paciente.

Itachi se viu interessado e curioso em ver o rosto por trás do caso tão complicado. Quando encarou dois olhos azuis, pensou que devia ter chutado filhote de cães em outra vida, ou então havia algo importante ali que o destino queria que soubesse.

"Você não devia ter voltado para essa cidade."

Na sua frente estava a pessoa que com uma frase lhe deixou sem dormir por toda a semana.

— Esse é Naruto Namikaze. — A mulher falou. — Seu paciente.

O garoto parou na porta, o encarando com que lhe pareceu um misto de surpresa e desconfiança por alguns segundos. Seus olhos passaram de Itachi para um ponto nas costas dele, antes de retornarem para seu rosto novamente, as expressões sumindo e se mascarando em falsa apatia.

Itachi apenas o olhou com seu rosto controlado e profissional, ignorando a peça que o destino podia estar pregando agora.

Ele não sabia, mas ali estava a chave para tudo que buscava, incluindo sua destruição.

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Sempre havia sido ele, desde o início, tudo era para ele. Por ele mudava até seu modus operandi, tudo para atrai-lo, enredá-lo, até trazê-lo direto para si. Para debaixo de suas garras, de suas caudas. Seu filhote.

O choro abafado não o comoveu.

Pulou por cima do jovem rapaz encolhido no chão do bosque, amarrado, como um animal. Todos eram animais sujos, cheios de monstros no armário. Eram todos pecadores, atolados na lama. E ele era o responsável por limpar isso.

Tinha que limpar a passagem para seu anjo vir, tudo tinha que ser perfeito.

Pegou seu material especial. Abriu a bolsa sob o olhar assustado do belo rapaz caído no chão, as roupas mesmo sujas mostravam seu alto poder social. Eram os piores, realmente. Apesar disso, esse não era de todo mau, havia tido apenas o azar de estar na posição perfeita que precisava. Ele seria apenas mais uma peça de seu jogo.

Ele deveria se considerar sortudo, o limparia antes que ele pudesse se atolar na lama de Konoha. Ele o libertaria, na verdade, do que inevitavelmente iria se tornar nessa maldita cidade corrompida.

Começou a cantar baixinho enquanto abria a bolsa com os fórceps, separando-os e pegando as lâminas. Pegou o vidro com o formol. Dentro dele, guardado por tantos anos, estava o órgão que um dia havia batido no peito de outro anjo. Um anjo que lembrava o seu anjo: sabendo tanto sobre a dor em uma vida tão curta.

Havia arrancado dele aquele mal que o consumia o peito, o libertado também.

Todos os outros havia sido um castigo por seus pecados, ele não. Como extirpar a dor de alguém que tudo sente, se não arrancando o próprio mal?

"Apieda-te de mim e dize, dize, vamos, se um termo existe a dores tão cruciais!" — falou com a voz rouca.

O rapaz gritou por trás da mordaça, tentando se soltar em puro terror ao ver o instrumento em sua mão.

Kyuubi sorriu, dando seus leves passos em direção a sua presa. Se agachou e o pegou pela nuca, sentindo o seu cheiro, acariciando os cabelos escuros em um gesto quase amoroso, um pedido de desculpas.

Ele faria isso por seu filhote. Seu filhote era um anjo e ele tinha que livrar aquele anjo do mundo sujo que o jogaram. E para isso sacrifícios precisavam ser feitos.

Sorriu para o olhar apavorado, os olhos claros que imploravam por uma piedade que nunca viria. Seu rosto bonito, como uma bela flor carnívora, se contorceu em um sorriso ainda maior, a voz em um tenor rouco e gentil

— "Mas disse o corvo: Nunca mais." 

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